Quando Mais Precisava escrita por AnaMM


Capítulo 13
Após a Tempestade


Notas iniciais do capítulo

OPA! O que vejo aqui? SIM! Momento LiDinho!!! Modéstia à parte, está a coisa mais fofa!

http://www.youtube.com/watch?v=oGvXf1j_t10 pros momentos de LiDinho do capítulo
"Everything will be alright
If you just stay the night
Please, sir, don't you walk away, don't you walk away, don't you walk away"



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Adriano voltou para casa após uma tarde com os melhores amigos. Lia olhava pela janela, escondida atrás da cortina. Abraçou-a por trás. A roqueira sentiu um arrepio ao sentir alguém envolver seu corpo desavisadamente.

– Tranquila, marrentinha, sou eu. - Dinho sussurrou.

– Você quer apanhar de novo? - Lia protestou se afastando da janela com Dinho a tiracolo.

– Sim. - Adriano brincou. - Vem, o jantar está servido.

O aventureiro a levou pela mão até a sala, onde a família a esperava.

– Amanhã é a sua primeira consulta com o Dr Hernandez, filha. Ele vai vir pela manhã. - Lorenzo anunciou.

– Não, não! Eu não vou receber ninguém! - Lia titubeou sob o olhar confuso de Dinho.

– Lia, você precisa de acompanhamento psicológico. O Dr Hernandez vem, sim, e você vai deixar a teimosia de lado.

– Não vou! Nenhum homem estranho entra nessa casa! - Protestou a roqueira.

– Lia, ele não é um estranho, é um amigo meu da faculdade. - Lorenzo garantiu.

– Quem garante? Hein? Ele pode estar usando um nome falso!

– Lia... - Dinho enfim entendeu a preocupação da loira. - Ele não é nenhum capanga do Sal. - Percebeu a ex tremer à menção do nome. - O Lorenzo falou com ele pessoalmente e pode garantir que é o amigo da faculdade.

– Vocês estão cegos! Cegos e ingênuos! Quando menos esperarem, aquele maluco vai vir disfarçado de psicólogo, vai me levar de volta e a culpa vai ser da minha própria família! - Lia se levantou da mesa subitamente.

– Lia! Lia, espera! - Adriano correu atrás da roqueira, que voltava para seu quarto.

Os pais da garota se entreolharam preocupados. Seria uma longa jornada.

– Calma, Lia, vai dar tudo certo. - Dinho assegurou. Sentou-se na cama com a ex, acariciando suas costas. - Eu vou ficar aqui com você, tá bom? A gente deixa uma foto com o Severino pra garantir.

– Mesmo assim, você fica comigo durante a consulta? - Lia perguntou segurando tremulamente a mão de Dinho.

– Do começo ao fim. - Adriano respondeu levando uma mecha à orelha da loira com cuidado e beijando seu rosto. - O que você acha de dormir agora, hein? Pra ficar mais tranquila.

Lia se acomodou onde estava, deitando a cabeça contra o travesseiro.

– Você fica comigo essa noite?

– Todas que você precisar. Até troco a sua roupa, se for necessário. - Dinho sorriu.

– Você não presta! - A garota riu, empurrando o ex.

– Eu sei. - Adriano respondeu com a voz triste. - Vem, vamos botar um pijama!

Dinho puxou a ex da cama, arrastando-a até o armário.

– Sai, Dinho! Eu não vou trocar de roupa com você aqui!

– Qual o problema? Até parece que eu nunca vi!

Lia riu ao se lembrar do garoto dizendo a mesma coisa durante os ensaios para a peça do colégio. Aos poucos, Dinho se aproximou da roqueira e levantou sua blusa com cuidado.

– O seu pijama é esse, não é? - Apontou para uma blusa de caveiras no topo da pilha de roupas de dormir.

Lia confirmou com um aceno de cabeça, com o rosto levemente rosado. Tirou seus shorts antes que Dinho os alcançasse e levantou os braços para ajudar o garoto a vesti-la. Beijou-o no rosto, agradecida. Com a proximidade, percebeu o estado da face de Adriano.

– Ei, me perdoa?

– Por?

– Pela briga de hoje de manhã.

– Que nada, você sabe que eu adoro apanhar de você. - Dinho respondeu piscando o olho sugestivamente.

– É sério. Eu... Eu nunca agradeci por você ter me salvado. - Percebeu.

– Você me perdoa pelo que eu fiz?

Percebendo a que Adriano se referia, Lia ficou séria.

– A manhã foi esclarecedora. - A roqueira respondeu. - Por alguma razão, durante o meu desabafo, e quando eu finalmente estava podendo descontar toda a raiva em você, eu pude perceber de fato, pela primeira vez, o que aconteceu. Não foi inteiramente sua culpa, eu entendo o porquê de você ter feito o que fez, tanto ter ficado com a Valentina, quanto ter mentido pra mim. Se eu perdôo? Sim, eu te perdôo, Dinho.

Adriano sorriu hesitante. O tom de Lia dava a entender que viria um porém.

– Eu te perdôo, mas não esqueci. Eu ainda não confio em você, pelo menos não nesse sentido. Eu confio e preciso de você como meu protetor, não como namorado. Eu sinceramente não sei se algum dia vou poder me entregar de novo a uma relação com você.

Dinho olhou para o chão, tentando esconder a decepção em seu rosto. Lutou contra algumas lágrimas, flexionando o rosto com força. Sentindo-se um pouco mais calmo, conduziu a ex até sua cama, parando antes de deitá-la. Enlaçou sua cintura delicadamente, beijando-a perto da boca. Lia empurrou um pouco o rosto contra os lábios de Adriano, sentindo sua respiração contra o contorno de sua boca. Beijou-o como estava, também quase nos lábios. Encostaram suas testas tão logo afastaram os rostos e se olharam por alguns segundos, de mãos entrelaçadas.

– Obrigada. Por tudo. - Lia agradeceu.

– Obrigado por me deixar continuar ao seu lado apesar de tudo. - Dinho sussurrou. - Eu te amo.

– Também te amo. - A roqueira respondeu beijando novamente o rosto de Adriano e deitando-se, enfim.

Dinho sentou no chão ao lado da cama, observando-a cair no sono. Quando Tatá chegou ao quarto, Adriano estava desconfortavelmente debruçado contra a lateral da cama de sua irmã mais velha.

– Ei. - Lorenzo chamou o ex-genro com a voz baixa.

Dinho se revirou onde estava, levando a mão às costas.

– Você pode dormir no sofá, se quiser, eu garanto que é mais confortável.

Sem jeito, Adriano acompanhou o ex-sogro. Na sala, Lorenzo hesitou antes de voltar para o quarto.

– Você tá me surpreendendo, moleque. - O pai de Lia confidenciou.

Comovido, Dinho apenas fez uma reverência com a cabeça. Lorenzo fez o mesmo e saiu da sala com a mão coçando a cabeça. Estava impressionado com a dedicação de Adriano.

– Dinho?

Uma voz trêmula despertou o adolescente durante a madrugada.

– Outro pesadelo? - Adriano perguntou.

A roqueira confirmou silenciosamente.

– É o psicólogo, não é? - Dinho perguntou cuidadosamente, ao que Lia acenou com a cabeça.

– Você... - Procurou as palavras. - Você dorme comigo?

Dinho sorriu de leve, apesar do cansaço, levantando-se do sofá e segurando a mão de Lia. Aproximou-se da roqueira inevitavelmente ao se erguer de onde estava, levando seus rostos a estarem separados por apenas alguns centímetros ou menos.

– É só... Só dormir, tá bom?

– Eu entendi. - Respondeu tranquilizando a garota com a voz doce.

Suas bocas quase se encostavam. A tempo, Lia se afastou e puxou o garoto para seu quarto. Deitou-se, abrindo espaço para Dinho se deitar ao seu lado. Acomodou-se nos braços de Adriano, que enlaçou seu corpo inocentemente. Assim voltaram a dormir, tranquilos nos braços um do outro, com apenas o luar de cúmplice.

–x-

Ao acordar, Tatá teve uma feliz surpresa. A sua frente estavam a irmã e o ex-namorado abraçados sob as cobertas, com um ar tranquilo nos rostos. Os cachos de Dinho encontravam a maçã do rosto de Lia, que deitava a cabeça contra o braço do garoto. Travessa, Constância tirou uma foto e sorriu. Precisava ter uma prova de que não estava sonhando. Retirou-se para a sala de estar, onde ligou a TV para assistir a desenhos. Deixaria o ex-casal à vontade.

–x-

No intervalo das aulas, na manhã seguinte, o terceiro ano do colégio Quadrante discutia a situação de Lia.

– Aí, galera, a gente tem que animar a Lia de algum jeito. Sabem o que eu acho? Que a volta do meu melhor amigo merece uma festa de comemoração! Assim a gente dá uma melhorada no espírito e, de quebra, tira a Lia daquele apartamento por uma noite.

– Ela tem muito medo de sair de lá, Orelha, talvez não seja a melhor ideia. - Ju lembrou.

– Mais um motivo pra gente armar uma festinha! A Lia tem que esquecer o que aconteceu por uma noite, pelo menos, ou ela vai ficar mais pirada do que já é! - O nerd apontou.

– Aí, eu concordo com o Orelha! É nosso dever, como amigos, ajudar a marrentinha a sair dessa.

– Não sei não, gente. A Lia tá mal, mesmo, não é uma brincadeira. A gente tem que respeitar o desconforto dela.

– Trancada naquela casa sozinha que ela não vai melhorar! - Pilha argumentou. - Aí, na moral, nada melhor que uma comemoração com os amigos regada a muito funk!

– Os meninos têm razão, Ju. A minha mãe sempre fala que a música é o melhor remédio. - Morgana acrescentou.

– A Lia ficou bem mais tranquila naquela noite, lembra, Ju? E mais: eu também tô precisando espairecer. - Gil concordou.

– Então partiu! Resta saber onde e combinar com a Lia e com o Dinho! - Pilha comemorou.

– Aí, os meus pais estão viajando, pode ser na minha casa! - Anunciou Orelha.

Vitor observou de longe os amigos acertarem os detalhes do evento. Não sabia se iria, não depois da última discussão com Lia. Nem tinha estômago para encará-la com Dinho depois do que Ju lhe havia dito. Fatinha percebeu o afastamento do motoqueiro.

– Ei, vem com a gente.

– Não tô nem um pouco afim, Fatinha.

– Por causa da Lia? Vocês brigaram? Ou é porque o Dinho vai estar lá?

– Os dois.

– Sabe o que eu acho? Que você tem que se jogar, que nem eles. Todos aqui perderam uma pessoa muito querida e tiveram que encarar a tensão de ter uma amiga sequestrada. É uma reunião, acima de tudo, pra melhorar o astral da galera. Principalmente da Lia e do Gil, mas eu acho que pra você também, afinal, foi o seu irmão, né? Deve ser mó barra. Vem, o melhor que você tem a fazer é encher a cara e se esquecer de Sal, de Lia, de Dinho... Eu garanto. Nós somos seus amigos também, lembra?

– Tem certeza? Ontem tudo que eu ouvi foi vocês insistirem em como a Lia era muito mais feliz com o Dinho e em como eu tô por fora.

– Não é isso. A gente te adora, Vitor! É que a Lia e o Dinho são um casal que a gente acompanhou por anos, sabe? É natural que a gente se apegue mais a eles. Olha, vem com a gente, e talvez você até, sei lá, encontre alguém, dê uns beijinhos... Vai toda a galera.

O motoqueiro tentou decifrar a funkeira. Fatinha parecia sincera. Era bom saber que não havia sido tão facilmente deixado de lado. Talvez fosse melhor ir à festa, mesmo. Não por Lia, nem para esquecê-la, mas para aceitar o abraço coletivo simbólico de seus novos amigos.


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Notas finais do capítulo

Adivinhem o que está chegando? Guardem a trilha desse capítulo, vai se repetir.