Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 59
Stand-ups, "amor próprio" e culpa.


Notas iniciais do capítulo

Eu nem vou mais pedir desculpa pra vocês, porque nem sei onde enfiar a cara D:
Mas agora devo lhes dizer que ACABOU O TCC
e estou livre pra escrever pra vocês até arranjar um emprego hahaha
(esse capítulo foi editado, porque por algum motivo, as travessões sumiram)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/369744/chapter/59

Menos de um mês se passou aquele inferno havia tomado conta da vida de Lis. Nós o chamávamos de Gossip B, em homenagem ao melhor seriado de todos os tempos.

Ok, não o melhor, mas com certeza é muito bom.

A reunião de pais seria dali a dois dias e eu estava desesperada. Tinha muito que ser dito a minha mãe e não sei quanto a pobre mulher poderia aguentar ouvir sobre sua filha. Mas, ao menos, minhas notas eram excelentes e eu poderia retornar à escola para fazer o terceiro ano letivo. E o quarto. E a outra metade do quarto ano.

Porque mamãe não estava satisfeita em me colocar numa escola com quatro anos letivos. Eram quatro anos letivos E MEIO.

— Ei — disse Bernardo, subindo em minha cama e me mostrando um vídeo de amor próprio da garota — Eu acho que vou divulgar esse.

— Bê — disse, fitando-o — Você não acha que...

— Tarde demais.

— O QUÊ?!

— Jarvis trabalha mais rápido do que nós dois juntos. Por Deus, o 4G desse lugar é maravilhoso! Nós podemos passar as férias aqui? Não quero voltar pro Brasil.

— Estou pensando em um mochilão pela Europa — disse, sorrindo.

— Isso vai ser ótimo. Vamos levar seu namorado nas costas? Porque ele é um mala.

E riu. Quando digo que ele estava rindo, é porque Bernardo gargalhava tanto quanto estaria gargalhando se estivesse vendo um maldito stand-up do Fábio Porchat. A saudade do país o fazia entrar no netflix todos os dias e assistia a um stand-up. Não havia muitos. Tinha o do Danilo, do Rafinha, do Porchat e Fabio Lins. Eu já havia decorado todas as malditas piadas de todos eles.

Enfim. Voltando ao foco, ouvimos um baque no banheiro. Depois um grito estridente vindo do mesmo cômodo.

— Oh, merda — gemi — A garota vai se matar.

Pulei da cama e saltitei até o banheiro. Como pessoa falsa e mau-caráter que eu sou, bati ritmadamente na porta e encostei a cabeça na mesma

— Ei Lis — sussurrei — Como você está?

— Não muito bem, na verdade — gemeu — Eu... Acho que vou vomitar.

— Abra a porta para que eu possa segurar seus cabelos.

Ouvi uma semi-gargalhada vinda de Desirèe, que já me conhecia o suficiente para saber que eu não tinha a mínima dó da garota. Bernardo apenas soltou um ai, ai, ainda na minha cama. Ouvi o barulho da chave em contato com a fechadura e a porta foi aberta. Seu rosto estava coberto pela massa corrida que ela chamava de maquiagem, agora escorrida (piada infame. Isso vem dessa mania legal de assistir stand-ups com o melhor amigo), e o rímel e delineador estavam à altura do nariz.

— Como está se sentindo? — perguntei, pacientemente, enquanto ela suspirava e se escorava na parede — Lis, eu...

— Eu ouvi — sussurrou — Péssima, eu diria.

— Caralho!

Esta palavra tão bela saiu dos lábios de Rodrigo. Este estava com o celular em mãos, e apertava a coxa da namorada enquanto tentava não rir. OK, aquele vídeo havia sido realmente espalhado para Deus e o mundo. Fitei Bernardo, que sorria satisfeito. Ele, com certeza, estava mais engajado na vingança que eu. Sorri cúmplice e ele mandou beijo. Pedi o celular e Bernardo o jogou para mim.

Froid diz: Morzão

* Preciso de você.

Casiraghi diz: Agora, né? Não quero mais também. To aqui com meu minecraft.

Froid diz: Para.

Casiraghi diz: To indo, princesa.

Froid diz: Te amo.

Casiraghi diz: Everything you do is super fucking cute and I cant stand it.

Froid diz: Nem tanto. Mas a gente conversa sobre isso quando você estiver aqui, okay?

Casiraghi diz: Eita porra, tá ok.

E parou de responder. Sentei-me ao lado de Bernardo na cama e ele balançava suas perninhas, vendo a reação de todos que comentavam na foto da garota. Naquele mês, havíamos gasto mais com chips do que com comida. Encostei a cabeça em seu ombro e ele beijou minha cabeça.

— Ei, leia isso — sussurrou, mostrando uma mensagem no Whatsapp.

Private Number: Acho que ninguém mais quer uma vida como a da Lis

My life as Lisssss diz: O que caralhos você quer pra me deixar em paz, cara, sério?

Private Number: Quero que você entenda que mexeu com a pessoa errada e agora vai tomar no cu todo santo dia pra aprender como dói

— Você tá muito vingativo com isso — sussurrei — Para.

Ele deu os ombros e continuou mandando mensagens. Gabes entrou no quarto e tratou de despachá-lo da cama. Deitou-se ao meu lado e ficou ali me encarando com os olhos azuis por um tempo. Sorri e beijei demoradamente sua testa, mordendo-a logo em seguida e o fazendo rir.

— Que tipo de ser humano morde a testa dos outros, Amanda?!

Apontei para mim mesma, fazendo-o soltar aquela gargalhada deliciosa que eu amo. Foi então que eu percebi o monstro que havia sido e que não podia contar a ele sobre Lis. Que merda de ser humano ele acharia que eu sou?!

Ok, eu de fato sou uma merda de ser humano. Ele deve saber disso porque estamos juntos há uns seis meses. Não namorando há seis meses, mas.. Juntos. Nesses mimimis da vida, já faz bem isso.

— O que de tão grave você fez que não é super fucking cute?

— Eu fiz drama — miei — Pra você vir logo.

Ele abriu um sorriso lindo e me beijou. Percebi que não podia de forma alguma deixa-lo descobrir a respeito do monstro que eu sou. O que me torna, sim, ridiculamente egoísta e uma namorada pior ainda. Mas a vida tem dessas, e eu iria aprender a conviver com a culpa.

Seria mais fácil do que viver com a ausência do meu menino.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Colégio Interno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.