Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 5
SMSs, dramas e ver mais do que devia.




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Nem preciso falar que não participei de merda de festinha nenhuma, certo? 

Ninguém ousou caçoar de mim enquanto eu dormia, então tive um sono maravilhoso e fui a primeira a acordar. Levantei-me e caminhei até o banheiro, me arrumando. Prendi os cabelos numa trança e peguei uma maçã na fruteira. Passei algum tempo distraída com a internet no celular e ouvindo músicas diversas. Enquanto cantarolava Arctic Monkeys, meu celular vibrou.

Sentindo minha falta, pequena?

Beijos, sua vida.

Pelo amor de Deus, como esse bostinha havia conseguido meu número agora?

Faça um favor a si mesmo e vá encher outro, ok? Já viu que horas são?!

Bufei e continuei ouvindo música. Então o celular vibrou novamente.

Nem li o que dizia na mensagem, mas me antecipo: Mais uma e eu lhe quebro ao meio.

Ele estava superestimando minha capacidade de autocontrole, coisa que eu mesma não faria.

Então vem, pequena!

Grunhi uns palavrões, tomando coragem pra enfrentar a nevasca e atravessar o campus. Agora ele conheceria quem é Amanda Froidefond! Saí trotando até a secretaria, a fim de conseguir seu número e invadir seu quarto. Não fora muito difícil, já que tudo na vida tem um preço, você só precisa descobri-lo.

Após descobrir o da tia da Secretaria, caminhei até o bloco F, quarto 430, onde jaziam todos os amiguinhos que eu havia conhecido anteriormente. Adentrei o quarto e encurralei Gabriel na parede. O garoto mantinha um sorriso cínico nos lábios.

— Ui, que selvageria.

— Você duvidou que eu viesse.

— Muito pelo contrário, minha pequena.

Thiago e Rodrigo me olhavam com cara de paisagem, enquanto os demais dormiam pesadamente. Acho que não é sempre que uma garota chega assim do nada, quase matando Gabriel.

— O que o pimpolho fez agora? – perguntou Thiago.

Apenas peguei o celular e mostrei a ele, fazendo beicinho. Thi riu e estapeou a cabeça do irmão.

— Como você é chato, Gabriel, coitada da menina.

— Se eu for James Dean, ela é minha Audrey Hepbourne

— Patético.

Honestly, I could sing you a song but I don’t think words can express your beauty, it’s singing to me. How the hell did we end up like this? You bring out the beast in me…

— Sleeping with sirens é apelação, sabe.

— Você tá bem? – perguntou Thiago.

Assenti. Aquela música mexia comigo de uma maneira inexplicável. Caio adorava cantá-la pra mim apenas para me ver daquele jeito. Bem com aquela estrofe. I fell in Love from the moment we kissed, since then we’ve been History...

— Mandie.

— Eu to bem.

— Não, você tá mais pálida que o normal. Senta.

Rodrigo me puxou até o sofá, onde me sentei. Respirei fundo, porque havia prometido – tanto a mim mesma quanto a ele – que não voltaria a chorar por sua causa. Muito menos pela maneira com que ele me deixou.

— Quer me falar o que está acontecendo?

— Não tem nada acontecendo.

— Ei – disse Gabriel – Eu posso ser o maior babaca do mundo,mas eu sou um ótimo ombro.

— Meu namorado – sussurrei.

— Eita, que merda é essa de...

— Namorava. Ele...

— Ele te traiu?! – gritou Rodrigo.

— Cala a boca, vai acordar os outros. Ele morreu, tá legal? Simples assim – disse, fitando o chão – Em um acidente de trânsito, há seis meses, quatro dias e oito horas. Mas quem está contando? – sorri triste – Ele me deixou. E você não tem noção de quanto me lembra dele, Gabriel.

— Puxa, eu devo ser um pitel – disse, fazendo-me rir – Hey! Alguém filmou isso? Eu a fiz rir!

— Calado – miei.

— Ela vai é arrancar essa sua cabeça de pinto daqui a pouco.

Ele riu e se sentou. “Don’t rain on my parade” começou a tocar, fazendo com que eles se encarassem assustados.

— É a Bruna, fique quieto.

— Me sinto seu amante, e...

— Se ela conta alguma coisa pra mamãe, ela me tira daqui e me manda pra Rússia. Então caladinho – disse. Ele se encolheu – Diga, Bruninha.

Cadê você?!

— Leu meu bilhete?

Que bilhete?!

Desliguei. Ri comigo mesma e Gabes apoiou a cabeça sobre meu ombro, passando o braço em volta do mesmo.

— Pouco folgado, né.

— No fundo desse coraçãozinho de pedra, eu sei que você me ama.

— Não abuse da sorte.

Gabriel fez beicinho e eu ri, dando os ombros. Ajeitei-me onde estava e continuei ali. Rodrigo sentou-se ao meu lado, cutucando minha costela e arqueando a grossa sobrancelha ao me encarar.

— Achei que o odiasse.

— Ah, ele é minha sina. Se eu mandá-lo embora, ele gama de vez.

— Isso é um fato.

— Quer que eu o tire daí a força? – perguntou Thiago, sambando.

— Faria isso por mim?

— Claro! É o mais próximo que eu tenho de uma melhor amiga.

— E eu sou seu irmão, porra!

Rodrigo e eu rimos. Thiago estralou os dedinhos e Gabes se desencostou de mim. É, talvez o irmão realmente o desse medo. Lea Michele começou a cantar novamente no meu celular.

— Alô, alô, responde! Com toda sinceri...

Amanda?

— Não, não. Você ligou para o Bom dia e companhia. Que prêmio você deseja ganhar na roleta?

— Playstation, Playstation! – gritava Rodrigo.

Amanda.

— Diga!

O que você tá fazendo no dormitório deles?

— O Gabes me...

Para. Parou. Você acabou de chama-lo do que?

— Gabriel!

Ok. E eu tô louca agora, né? 

Senti minhas bochechas corando furiosamente, o que me deixava ainda mais fula. Não apenas com o fato de ter me enrolado, mas com o fato de ele ter percebido e estar com aquele belo sorriso presunçoso brincando com os lábios grossos.

— Conversamos mais tarde.

Mandie, eu te amo.

— Tá ok.

Não gosto de você brava.

— E eu gosto de você viva, mas pode ser que não continue assim por muito tempo.

E desliguei. Gabes... Digo, Gabriel, me fitava co aqueles olhos azuis perfeitos. Digo, com seus grandes olhos emoldurados pelos enormes e perfeitos cílios... Não! Ok, ele me encarava. E seus olhos tinha uma expressão satisfeita. Bufei.

— Que é?

— Gabes. Você me chamou de Gabes.

— Gabes?! – gritou Lucas – Macacos me mordam! Pelas barbas do profeta!

— Puxa, isso soa tão culto saído de você. Parece algo que um velho sábio diria.

— Você acha mesmo? Costumam me chamar de antiquado por soltar expressões como esta, e... Não me distraia, pequena salafrária!

— Ei!

Fiz beicinho, cruzando os braços. Lucas riu, deitado na cama. Jogou o travesseiro sobre minha cabeça e eu levantei.

— Vou para o meu dormitório. Tenho contas a acertar.

— Não vai dar um tiro em ninguém, né? Não no rosto. Tem que ficar bonito pro velório!

— Não vou mata-la, Lucas – sorri maliciosamente e ele me jogou um travesseiro – Levarei isso a ela de lembrança.

— Ótimo, obrigado. Quer levar minha cueca pra ela fazer macumba?

— Não vou encostar minha mão nisso aí,

Saí andando com travesseiro de Lucas até a porta, quando o garoto pulou da cama para pegá-lo. Oh, merda. Lucas era o tipo naturalista que preferia dormir do jeito com que veio ao mundo. Corei, fechando os olhos.

— Tá legal... Eu não precisava ter visto isso. Se você puder se vestir, eu vou ser bem grata.

— Eita lelê! – gritou, rindo e tapando suas partes com as mãos – Desculpe.

— Tchau, meus amores. Tchau, Gabriel.


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