Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 6
"Chamou de Gabes?", bexts e nostalgia




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— Eu sou seu maior amor, Amanda, não disfarça.

Lancei-lhe um olhar mortal e o dedo do meio. Fechei a porta do quarto com um baque surdo e saí caminhando pelo campus. Ao caminho do dormitório, deparei-me com uma cena um tanto patética de Natalie devorando um donut como se sua vida dependesse daquilo. Acho que vi algumas lágrimas caindo de seus olhinhos e sua maquiagem estava um tanto borrada. Fingi que não a vi, já que ser encontrada naquela situação, ainda mais por mim, não seria algo muito bom pra ela. Desviei para que ela não me visse e subi até a cobertura.

— Cá estoou! – gritei, me jogando no sofá.

Chloe cambaleou pelo quarto até mim e jogou-se sobre minha perna, sorrindo boba e cheirando minha blusa. Empurrei sua cabeça e a encarei, meio assustada. Ela sorriu e enfiou a cabeça na minha barriga de novo.

— Que foi? Você tá com o cheirinho do Rodigo – disse, rindo baixinho – Mas espera aí... O que você tá fazendo com o cheirinho do meu homem? Já não basta conquistar o coraçãozinho do Gabriel?

— Olha, meu amor, sem ofensas, mas grandões sem cérebro não fazem meu tipo. Ele só estava sentado ao meu lado e tem um perfume muito forte.

— Hey! Sem cérebro não – disse ela, fazendo beicinho.

— Tô brincando, pequena.

Ela bufou e Bruna levantou-se de sua cama, ainda temerosa. Era incrível como ela podia me conhecer a quantos anos fosse, que ainda teria medo de mim. Acho que é justamente porque me conhece que age assim, porém ok.

— Você o chamou de...

— Rodigo? – perguntou Chloe, sorrindo – É fofo, né?

— Não. Gabes!

— Claro que não, Bruna, o nome dele... – resmungou. E no meio da frase, se tocou - Espera... Chamou?!

— Chamou?! – perguntou Heloise, da cozinha, queimando um ovo.

— Chamou?! – berrou Desirèe, cuspindo pasta de dente em todas nós.

— Chamei, minha gente, chamei.

— Own! – gritou Chloe, apertando minhas bochechas – Você gosta dele e ele de você.

— Como o Rodrigo e a Chloe, o Henrique e a Dê...

— Eww – resmungou Desirèe – E o Lucas e a Bruna, futuramente.

— Não. Cite. Este. Nome.

Na minha mente, veio a imagem daquele rapaz nu segurando um travesseiro. Não é uma imagem que eu vá querer guardar pra sempre em minha memória. Sacudi a cabeça e Chloe me encarou.

— Que aconteceu?

— Descobri de uma forma não muito legal que o Lucas não dorme de pijama.

— E o que tem o garoto dormir...

— Sem nada?

— Oh, merda.

Bruna começou a fitar o nada e por um momento achei que ela estivesse imaginando-o nu. Contei-as todas as histórias, principalmente para fazer com que Bruna parasse de ter pensamentos pervertidos com o garoto. Por Deus, acabamos de chegar nesse internato e não quero que ela veja ninguém como veio ao mundo. Foi nesse momento que Natalie entruo no apartamento e se deitou na cama novamente.

— Enfim – desconversou Desirèe – Quem deseja dar uma maravilhosa caminhada nesse dia de sol, porém um frio desgraçado?

— Eu – disse, rápido.

As outras nos seguiram. Saímos da cobertura depois que eu havia pego um casaco mais grosso, o celular e os óculos.

— Cara, como alguém consegue dormir nu com esse frio?! – perguntei. Elas riram e depois me encararam. Ok, já era o momento certo para fofocarmos sobre Natie – O que aconteceu?

— Ela pediu pra ficar com o Gabes e ele deu um pé na bunda dela – disse Desirèe, chutando uma pedrinha.

— Ih, caralho – disse, abaixando a cabeça – Um fora assim, explícito.

— Ele disse que tava interessado em outra.

— Ah, coitada.

— E acho que é você.

— Por favor, Desirèe, não comece.

— Você já reparou no jeito com que ele te olha?

—Ele me jogou uma bola na cara! Já reparou no jeito estúpido com que ele fala comigo?

— E você realmente é um amor com ele, não é?

Dei os ombros. Continuamos andando e conversando sobre quão tonta uma garota precisa ser pra ir atrás de um cara que visivelmente não está interessado nela, quando meu celular vibrou. Mensagem.

— Mas eu juro por Deus que se for dele, eu...

— Quer fazer o favor de ver logo, Fondue?

— Froidefond – resmunguei.

Kdkd você? – Thi

— Me expliquem como essas pessoas conseguem meu número!

— Ah, os meninos pediram e eu passei – disse Dê, simplesmente.

— Ah, ok, obrigada, Desirèe. Muito obrigada.

— Disponha, amiga! – disse, doce, me abraçando.

Away. Sambando pelo campus. Por quê? – Mandie

Elas se inclinaram em cima de mim a fim de ver o que eu estava falando com o garoto. Encarei-as.

— Quer apostar quanto que ele vai querer vir?

— Um croissant. E se o Lucas começar a encoxar a Bruna, outro.

— Apostado!

— E o Gabes com você – resmungou Brubs

— Se eu deixar.

— Um croissant e um cappuccino.

Apertamos as mãos e continuamos andando. Até que meu celular vibrou novamente. Todas se curvaram em cima de mim.

Diga-me as coordenadas que estou indo até você. – Thi, seu bext.

Ri alto com a parte do seu bext, e as meninas me encararam. Ao lerem o final da mensagem, começaram a rir junto comigo.

— Coordenadas para o bext.

— Ele não escreveu isso.

— Escreveu sim.

— Estou sendo trocada! – resmungou Bruna.

— Menos, Bruna, menos.

Ela abaixou a cabeça e eu ri. Heloise tirou o celular de minha mão, rindo alto.

Quadra de tênis. E que cachaça é essa de bext, garoto? Bruna está com ciúmes – A bext Mandie.

Após enviar o sms, sentamo-nos num banco de frente para a quadra, enquanto assistíamos ao jogo de alguns garotos. Não eram feios, devo admitir. Estava eu trocando olhares com um deles, até o doce som da voz de Rodrigo ecoar em meus ouvidos.

— E aí, moçada bonita!

— Ah, acabou sossego, acabou paz, acabou tudo – resmunguei.

— Ei, pitoco! Eu ouvi isso!

— E eu falei alto!

Ele deu os ombros, me empurrando e abraçando Chloe, tirando seus pezinhos do chão e beijando sua testa.

— Hey, pequena!

Chloe sorriu e deu-lhe um selinho estalado. Os dois partilhavam o olhar e o jeito de criança, e era a única coisa em comum entre eles. Se ele queria pizza, ela queria um jantar caseiro. Se ele ouvia The Beatles, ela queria ouvir Beethoven. Ela era yin, ele yang. Era uma relação maravilhosa, o fato de eles serem tão opostos que chegavam a serem idênticos. Era tudo tão errado e tão perfeito entre Chloe e Rodrigo... O que me fazia lembrar-me dele. Incrível como Caio podia neutralizar toda a minha raiva. Como nós nos completávamos de uma forma inexplicável.

Encolhi-me no meu canto, abaixando a cabeça, enquanto o dia em que nos conhecemos girava em minha cabeça como um flashback.


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