Wellington, Nova Zelândia

Adriano havia acabado de chegar de um dia bem movimentado. Trabalhava de guia para brasileiros na cidade e hoje tinha rodado a cidade inteira com eles pela capital. Tinham ido visitar o famoso bunggie jump da cidade. Não pode evitar pensar nela. Sua marrentinha. Como sentia sua falta! Todos os dias, toda hora. Desde que havia deixado o Rio com Valentina, já no avião estava arrependido de ter seguido com a argentina. Logo que chegaram na África do Sul, Dinho não conseguia ficar mais nenhum segundo próximo da gringa, só fazia lembrar que por causa dela, tudo tinha virado de cabeça para baixo. Uns três dias depois, Valentina provava que era mais volúvel do que aparentava. Partiu do país sem o rapaz, só deixando o mesmo mais revoltado. Tinha ficado com uma garota que só o encarou como um desafio, destruiu o seu relacionamento com o amor da sua vida e simplesmente cansou em menos de um mês. Mas devia admitir, uma parte dele estava aliviado por não ter mais a presença da sereia, Valentina era passado, apesar de nunca ter sido um presente.

Encontrou então um emprego de guia em viagens para um empresa e assim, em quatro messes conheceu países que sonhava desde sempre em visitar. Falava todos os dias com sua mãe, para saber como andava sua futura irmã, Mário e seu irmão Tico, que havia se mudado com Bárbara para os EUA também por arranjar um emprego em um retiro espiritual, o mesmo que ela foi a algum tempo, para repassar "seus ensinamentos", mas acabava por somente fazer a diversão dos hospedes, afinal Bárbara era ... especial, podemos dizer. Falava também com Fatinha no inicio, mas com essa rotina de país em país, alguns sem internet, o fez largar a internet de mão, só o uso do telefone com a família.

Não podia evitar uma coisa somente: sonhar com ela todas as noites. Como na noite passada, por exemplo:

Noite passada, Hotel de Wellington, quarto do Dinho

Eles estavam se beijando com fome, com paixão, com loucura. Aquela saudade estava matando os dois igualmente. Quando eles se separam por falta de fôlego, Adriano fala:

"Eu senti tanto, tanto, tanto sua falta marrentinha, eu não consigo mais ficar longe de você, eu não consigo" falou ofegante e com um tom levemente desesperado.

Lia não falava nada, somente o olhava com seus olhos verde-escuro, espelhando o desejo que sentia pelo rapaz. Então Dinho a puxou para seu colo, fazendo a garota enrolar suas pernas na cintura do mesmo e a beijar novamente na boca, no pescoço, no rosto. Não sabia por onde começar, era uma vontade absurda que ele tinha dela. Quando finalmente chegaram na cama, despertou sobressaltado, era tudo um sonho novamente. Soltou um grunho de decepção e voltou a se deitar, mirando o teto até se render ao cansaço novamente.

Após relembrar seu sonho da noite passada e sacudir a cabeça para afastar os pensamentos da sua amada, Dinho olhou o e-mail profissional, que era o único que ele usava corriqueiramente e confirmou o que estava planejando. Iria para São Paulo, trabalhar na cede da empresa, pois realmente era uma vocação que ele tinha com o turismo, ele se encantava com cada cidade, a forma que ele buscava a história do local era algo. Além de claro, aproveitar sua vaga na USP para o curso de turismo, que havia feito o vestibular à um mês atras, quando foi a cidade. Pensou em ir ao Rio, mas só de lembrar de Lia chorando inconsolável por sua causa, não quis causar mais sofrimento a garota, fora que se a visse, não conseguiria partir depois e já tinha se comprometido a ir para São Francisco, nos EUA, logo após o período da prova. Era isso, Dinho iria voltar ao Brasil.