Fire On Ice - Hiatus escrita por tbagmari


Capítulo 6
06


Notas iniciais do capítulo

Aqui está a escritora retardada de vocês que esquece de postar os capítulos. Sério, gente, desculpas por não postar sexta. Eu esqueci e só fui me lembrar agora. Mas em compensação o capítulo é maior que os outros, e no final aparece um novo personagem que é bem importante na trama da história.
Uh, leiam as notas finais. Há um aviso importante lá.



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Feel The Sunshine.

Essa era a música que saía de meus fones de ouvido. Eu estava tranquilamente sentada em um dos bancos atrás do refeitório sentindo os raios solares em minhas costas. Estava tranquilamente, já que vejo um garoto se sentando à minha frente. Sim, esse garoto se chama Travis.

Fiquei o encarando, já sabendo o que ele queria. Revirei os olhos e retirei os fones, desligando a música enquanto ele sorria e começava a falar.


– Bom dia, Mellery. Como foi sua noite?



– Boa, sonhei com maças – falei dando de ombros.



– Maças? - perguntou franzindo o cenho.



– Tenho problemas com maças – falo chacoalhando o pulso, onde se encontrava várias pulseiras, e uma delas tinha um pingente de maça.



– Você é...



– Estranha, eu sei – o interrompo. - Tem como parar de falar isso? Sério, eu não fico falando o tempo todo que você é irritantemente educado e gentil, então não precisa ficar falando que eu sou estranha o tempo todo, ok? - falei rapidamente, gesticulando com as mãos.



– Ok – respondeu reprimindo um sorriso. Bufei. Quem em sã consciência fica sorrindo essas horas da manhã? - Você está livre hoje à tarde? Pra estudar?



– O que mais eu estaria fazendo? - falei conçando os olhos. Não havia dormido bem, pois a ideia de ter que ficar até segunda-feira no mesmo ambiente que minha irmã era atormentadora. Pelo menos eu sonhei com algo bom.



– Hm, então hoje depois das aulas? Pode ser?



– Pode. Me encontre na biblioteca do centro ás 14h, lá na frente – disse após um bocejo.



– Por que lá? - Travis perguntou inclinando a cabeça pra esquerda e franzindo o cenho. Ele pareceu um gato fazendo isso. Gato no sentido animal.



– Os livros fornecidos pelo colégio são uma droga, nada de conteúdo completo – falei levantando da mesa. Faltavam poucos minutos pra bater o sinal.



– Tudo bem, nos vemos na aula de Inglês – disse acenando.



– Não vamos ter a última aula, o Sr. Winkles faltou – o informo e continuo meu caminho. Ontem quando sai para o intervalo ouvi o professor comentar com outro professor do ensino fundamental.


Hoje eu iria ter duas aulas de educação física e duas de história. Pelo menos coisas que eu gostava.

Sim, eu gosto de educação física. Talvez porque o treinador é conhecido do meu pai e sabe que eu não gosto de me misturar com a turma para fazer jogos. Então ele me aplica duas provas para preencher o espaço das notas de atividades práticas. Por isso eu fico sem fazer nada nessa aula. Eu e mais dois garotos nerds que não gostam de atividades físicas.

Logo que cheguei na sala, me sentei no fundo. O treinador vinha pra sala apenas pra fazer a chamada.

Hoje eu ainda teria prova de história. A professora daria a segunda aula pra estudar e revisar a matéria e quando voltássemos do intervalo iria aplicar a prova. Conforme terminássemos a prova, poderíamos sair pra ficar no pátio ou coisa parecida. Eu estava tranquila em relação à prova, já que iria ser sobre um assunto que eu sabia.

Pelo que vejo esse será um dia cheio de lembranças do passado, já que não terei nada pra ocupar a cabeça.





– Os alunos que terminaram a avaliação podem me entregar e se retirar da sala – a professora disse e poucos alunos levantaram para entregar a prova. Eu terminei de assinalar a última alternativa e me levantei para entregar a prova, já levando meu material comigo.



Ao sair da sala, fui direto para o fundo do refeitório, mas ao invés de me sentar na costumeira mesa, me sentei debaixo de um das árvores.

Fiquei lá sentada, pensando. O que eu deveria fazer em relação à minha irmã?

Eu poderia desistir disso tudo e ir pra casa da minha mãe. Deixar o Travis se virar sozinho nessa prova. Daí eu ficaria sem comprar a bota.

Ou eu poderia ficar em casa e evitar ao máximo minha irmã. E deixar ela longe de Travis. Bem longe.

Eu não sei qual é pior; ficar sem a bota ou perto de minha irmã.

Vai você...”

Só de pensar nela lembranças terríveis daquele dia voltam à minha mente. Sinto o nariz arder. Respirei fundo e consegui conter o choro que queria vir. Olhei a hora e percebi que o sinal iria bater em pouco mais de 15 minutos. Havia passado tanto tempo pensando que nem vi a hora passar.

Me levantei e resolvi ir pra sala de português, já que o inspetor iria passar lá para nos liberar. Como nem havia batido o sinal, a sala se encontrava vazia. Ótimo, lá vamos nós pensar mais um pouquinho.

Eu tenho que me decidir logo, pois se desistir terei que avisar Travis.

Falando nele, adivinha quem entrou na sala. Sim, ele. Mas nem bateu o sinal ainda. Franzi o cenho.


– Por que está aqui tão cedo? - perguntei, mesmo sabendo que faltam menos de dez minutos pro sinal bater.



– Eu sabia que você ia estar aqui – ele disse sorrindo e se sentando ao meu lado. - E não queria te deixar sozinha aqui.


E foi nesse momento que eu percebi que não poderia desistir de ajudar ele com a prova de biologia. Ele nunca faria isso comigo. E eu me sentiria muito culpada se ele fracassasse na prova.

Eu já tenho culpa demais na minha vida. Mais do que eu possa suportar.


– Eu gosto de ficar sozinha – disse olhando pro quadro na frente da sala.



– Não, não gosta – responde e eu o encaro, já abrindo a boca pra retrucar. - E não venha com essa história de que eu não te conheço direito pra saber algo sobre você – me cortou. - Ninguém gosta de ficar sozinho, não o tempo todo pelo menos.



– Não enche o saco – resmunguei e depois de alguns minutos de silêncio o sinal bateu.


O inspetor logo veio na sala e avisou da aula vaga. Ouve alvoroço, obviamente, mas logo a sala se silenciou para sermos liberados. Fui a última a me retirar da sala, com Travis ao meu lado. Caminhamos em silencio até a saída do colégio.


– Quer uma carona? - ele perguntou apontando o polegar pra trás de seu ombro, indicando o estacionamento.



– Não, quero andar um pouco – respondi arrumando a mochila nas costas.



– Então tá, até mais tarde – disse e se virou pro estacionamento.



– Até – murmurei e segui meu caminho para casa.




Desci as escadas cantarolando uma música qualquer e fui direto para a cozinha. Lá meu pai estava fazendo um bolo.


– Mellery, você está bem? - perguntou me olhando por cima do ombro.



– Sim, por que? - abri a geladeira e retirei de lá uma maça.



– Nada não – balançou a cabeça. - Tem certeza que vai ficar aqui em casa com sua irmã? - perguntou, mudando de assunto.



– Está me expulsando? - arquei a sobrancelha.



– Não, mas gostaria que a casa durasse algumas décadas sabe... - bufei mesmo sabendo que era um pensamento realista.



– Tchau – saio da cozinha.



– Aonde você vai mocinha? - ouço ele gritar.



– Sair com Travis – gritei de volta, colocando a maça dentro da bolsa e saindo de casa.


Peguei um ônibus para ir a biblioteca, já que era meio longe de casa. Em pouco minutos já estava caminhando pra entrada da mesma. Logo avistei Travis sentado em um banco de frente a biblioteca. Ele estava com os braços cruzados e parecia meio irritado.


– Acho que me atrasei um pouco – falo parando em sua frente.



– Não tem problema – me encarou, tirando aquele olhar irritado e sorrindo.



– Não está bravo? - perguntei encolhendo os ombros.



– Não, claro que não. Foram apenas meia hora – respondeu e eu serrei os olhos, tentando achar sarcasmo em sua frase. Não havia. - Vamos? - se levantou do banco e nos dirigimos à biblioteca.



– Você parecia irritado.



– Não é nada.



– Ok.


Entramos na biblioteca e nos dirigimos pra sessão de livros de biologia. Ficamos lá estudando a tarde inteira. Travis estava indo muito bem, muito bem mesmo. Acho, sinceramente, que ele irá se sair bem na prova segunda-feira. Enquanto ele lia um capítulo de um livro, eu fui fazendo algumas perguntas numa folha e logo depois o entreguei para respondê-las. Conforme ele respondia, eu ia comendo minha maça. No final, ele havia acertado pelo menos metade das perguntas.

Com o tempo a coisa começou a ficar pesada e era claro que já estávamos cansados de estudar.


– Hm, eu sei que estamos estudando a tarde inteira, mas que tal só mais esse capítulo? - perguntei apontando pro livro.



– Acho que está bom por hoje – respondeu bocejando. Franzi o cenho. - Que foi?



– Nada – bufei. Acho que não dava mais pra tentar fugir. Teria que ir pra casa.



– Você parece bem pensativa hoje. Algo está te incomodando? - perguntou me encarando. Desviei o olhar pra uma estante de livros.



– Não é nada demais – mentira.



– Mentira – o encarei. Hã? Como assim? Esse garoto leu meu pensamento? - Dá pra perceber que você está incomodada com algo.



– Eu só... - suspirei. - Eu só não quero ir pra casa tão logo. Minha irmã vai estar lá – franzi o cenho.



– Você tem irmã? - perguntou surpreso.



– Sim, mas ela mora com minha mãe. Só vem passar uma semana com meu pai a cada dois meses.



– Você não se da bem com ela?



– Não, absolutamente não. Por isso eu vou pra casa de minha mãe quando ela vem pra casa do meu pai. Mas eu não vou ir nessa semana, pois preciso colocar algumas coisas sobre biologia na cabeça de um certo garoto – o olhei acusatoriamente.



– Você pode ir na sua mãe e continuar dando aulas pra mim – respondeu óbvio.



– Não, ela mora do outro lado da cidade, literalmente. Na fronteira de Wichita. E trabalha a tarde, então só da pra ela me levar e buscar no colégio. Não daria pra eu lhe dar aulas – expliquei.



– Bom, eu acho que não vai ser tão terrível assim ficar com sua irmã.



– E eu aqui achando que você iria dizer “Tudo bem, Mellery, não precisa me dar aulas. Eu consigo achar outra pessoa pra me ajudar. Mas mesmo assim te darei o dinheiro.”– falei forçando uma voz grossa. Travis riu.



– Não, eu preciso de você, então não vou falar isso, porque sei que você vai sair correndo dessa biblioteca antes de eu terminar a frase – continuou rindo mais um pouco.



– Cala a boca e leia esse capítulo – revirei os olhos apontando pro livro.



– Desencana, Mellery. Vamos guardar os livros e ir até a cafeteria aqui perto, já que você não quer ir pra casa – falou se levantando e pegando metade dos livros. Peguei a outra metade e os guardamos nas respectivas estantes.


Não neguei o café, até porque eu sou obcecada por cafés.

Fomos à cafeteria de carro e rapidamente chegamos lá. Com os pedidos feitos, ficamos em silêncio na mesa, encarando um ao outro.


– Sinto cheiro de tédio – resmungo.



– Você está entediada com minha presença? Impossível. Eu sou super empolgante! - ele exclamou.



– Ah, claro – ironizei.



– Beleza, vamos ver – ele colocou a mão sobre o queixo, ficando numa pose pensativa. - Já sei. Vamos nos conhecer um pouco mais, porque é estranho passar tanto tempo com uma pessoa que eu não sei nem qual é a cor favorita – falou e eu o encarei incrédula.



– Ah, como se fosse super normal saber a cor favorita de todo mundo – olá ironia, você novamente aqui? - E a propósito, é preto. Não é óbvio?



– É, mas era apenas uma pergunta retórica. Sabe como é, cor favorita, flor que mais gosta, livro predileto, sabor de sorvete que acha mais gostoso, filme favorito... Essas coisas que perguntamos normalmente pras pessoas – falou gesticulando com as mãos. Nesse momento o nosso pedido chegou.


Bebi um pouco de meu café.


– Preto, odeio todos os tipos, Jogos Vorazes, morango e Atividade Paranormal.



– Hã? - Travis indagou confuso.



– As respostas para as perguntas – revirei os olhos.



– Ah, sim – ergueu as sobrancelhas.



– E você? Qual a cor favorita e essas outras baboseiras? - perguntei.



– Hm, laranja, orquídeas, As Crônicas de Nárnia, creme e Eu Sou o Número Quatro – respondeu.



– Laranja? - perguntei.



– É, mas não o comum. É mais ou menos o laranja ao pôr do sol– explicou.



– Vai me dizer que dá nós duplos nos cordões dos sapatos, dorme com as janelas abertas, nunca coloca açúcar em seu chá e ama pintar e cozinhar? - arqueio a sobrancelha. Bom, é um pouco de coincidência ele falar que a cor favorita dele é laranja ao pôr do sol, logo após eu falar que meu livro favorito é Jogos Vorazes.



– Não, eu não sou a réplica do Peeta – disse rindo. - E sim, já li Jogos Vorazes. Mas eu sempre gostei da cor laranja. Aliás, eu não coloco açúcar no chá.



– Sério? - perguntei surpresa. Ele apenas assentiu. - Eu gosto do meu chá bem doce – falei franzindo o cenho.


E ficamos lá conversando por mais algumas horas, duas no máximo. Mas chegou o momento de eu ir pra casa, e como já era tarde, Travis me deu uma carona.


– Tchau, Mellery, até amanhã – disse pela janela do carro.



– Tchau Travis – falei já na porta de casa e logo a fechei, assim que ele deu a partida no carro.



– Quem é Travis? - ouço aquela voz tão conhecida e me viro. Lá estava ela sentada no sofá, com um sorriso malicioso estampado no rosto.


Lá estava minha querida irmãzinha.


– Ninguém que lhe interesse, Ammy – respondi com os dentes cerrados e fui em direção à escada.


Que o meu inferno particular comece novamente.


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Notas finais do capítulo

Bem, como eu disse no capítulo anterior, a partir desse capítulo as coisas vão começar a ficar mais emocionantes. E bom, mesmo com as ameaças da Lucy Costa sobre eu ficar falando que no próximo capítulo vai acontecer isso ou aquilo, eu tenho que dizer que no próximo capítulo vai acontecer algo chocante - nem tanto - e uma revelação irá surgir.
Ah, já ia me esquecendo - pra variar -, se vocês quiserem, podem me mandar mp's pra me lembrar de que tenho que postar quarta-feira novamente. Isso ai, o próximo capítulo sai quarta-feira, se eu me lembrar...
Hm, essas notas finais estão ficando maiores do que eu imaginava, mas só mais uma coisinha: Estou lançando um desafio.
Vocês sabem ou imaginam o que a irmã da Mellery fez pra ela de tão grave, a ponto de elas não conseguirem conviver juntas?
Quem acertar irá ganhar uma loja de doces! Só que não. Eu não tenho nada pra dar em troca pra quem acertar, pois eu só quero ver até onde vai a imaginação de meus leitores e ver se minha história é previsível ou não.
Enfim, pra facilitar a vida de vocês, deixarem ás vezes algumas dicas nas notas finais #DICA
Acho que vai demorar pra revelar o porquê desse ódio todo, então vocês terão bastante tempo pra pescar as pistas nos capítulos e juntar as peças do quebra-cabeça...
É isso, espero que pelo menos metade dos leitores tentem descobrir =/
#DICA - O motivo por trás desse ódio é o motivo do porquê Mellery é o que é.
xx'



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