Everything Has Changed escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 6
Death. Pain. Tragedy. All at once


Notas iniciais do capítulo

Foi um pouco difícil escrever esse capítulo. Vocês entenderão o por que.Espero que gostem. POR FAVOR deixem reviews para me fazer feliz.



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Cheguei em casa depois do dia louco e cansativo que tive no colégio. Jéssica aparentemente começara a me ignorar e Ângela também. Isso realmente me surpreendeu, pois Ângela sempre me apoiava. Dessa vez talvez a errada fosse eu. Talvez eu não devesse ter posto pra fora aquelas verdades. Jéssica era muito patricinha e eu sabia disso.

Emma e Melanie continuavam falando comigo, pelo menos. Mas eu não estava me importando muito com essa discórdia momentânea no meu grupo de amigos. Eu sabia que eventualmente Ângela iria obrigar Jéssica a falar comigo e ela iria acabar chorando e pedindo desculpas. E eu, é claro, pediria desculpas de volta. Tudo voltaria ao normal.

Parecia que todo o resto não importava. O que mais marcou aquele dia para mim, foi como o Edward me ajudou do nada, e sem motivo algum, afinal, éramos somente parceiros de biologia.

Até ontem, nós nunca trocávamos mais de duas palavras, nem sei se isso poderia ser consideradoamizade.Ou ele era prestativo por natureza ou ele gostava de mim.

A segunda opção me deixava um pouco nervosa.

Balancei a cabeça e fui direto para meu quarto, sem parar para falar com a minha mãe. Talvez ela estivesse fazendo o jantar. Tomei um banho relaxante e coloquei um vestido azul, soltinho. Desci as escadas, preparada para comer até pedra, pois com toda confusão no refeitório, eu mal tinha almoçado. Chegando à cozinha percebi que minha mãe não estava lá. Provavelmente ela estava no quarto, fazendo osei lá o quêque ela sempre faz.

Reesquentei o resto da lasanha do dia anterior, e o cheiro estava maravilhoso, despertando meus sentidos. Esperei ansiosa enquanto ela girava dentro do micro-ondas. Comi feliz, e o sono já estava começando a chegar. Eu parecia uma velhinha.

Enquanto eu subia as escadas num ritmo lento, ouvi meu celular tocar dentro do quarto então dei uma apressada no passo, para atendê-lo.

– Alô?

– Bella? – era minha mãe do outro lado da linha.

– Mãe? – eu comecei a rir. – pensei que você estava aqui no quarto.

– O quê?– eu ia repetir mais alto, mas ela continuou:

– Preciso que venha me buscar – o tom de sua voz estava meio estranho. Não consegui identificar variações de emoções na sua voz.

– O quê? – perguntei, confusa. – o Scott não vem trazer você hoje? O casalzinho brigou, foi? – Brinquei. Scott era um colega de trabalho dela, que fazia questão de trazê-la para casa todo dia. Tava na cara que ele gostava dela, mas ela fingia que não via, e só aceitava carona por que nosso carro quebrava toda hora e gastava muita gasolina.

– Não estou no trabalho – ela ignorou minha provocação. Estranhei sua resposta.

– Onde você está, então?

– Huh... Pegue um papel e uma caneta, rápido – ela ordenou e eu o fiz.

Ela citou um endereço numa parte estranha da cidade para mim. Nunca estive lá.

– Pegue o carro e venha aqui me buscar. Não demore – disse e desligou, ignorando as minhas perguntas que estavam por vir. Mesmo achando tudo aquilo muito estranho, achei melhor fazer o que ela disse. Não havia brigas com a minha mãe. Ela era inquestionável.

Prendi o cabelo num coque rápido e desci as escadas, saindo de casa e fechando as portas. Por alguma razão, eu estava um pouco nervosa. Meu coração estava batendo um pouco rápido demais e eu estava respirando forte.

Balancei a cabeça, eu era uma paranoica.

Entrei na picape, ignorando a poeira e o cheiro de mofo devido à falta de uso. Abri as janelas com um pouco de esforço e dei a partida. Levou três tentativas para o carro finalmente funcionar, e eu saí cuidadosamente, com medo de bater no muro da vizinha.

Dirigir aquele carro pesado me incomodava. Era muito mais fácil dirigir o carro de Jéssica.

Ah, Jéssica. Suspirei. Ela era uma vadia, mas eraminha amigavadia.

Demorou um pouco para eu chegar ao local indicado pela minha mãe, por que tive que parar duas vezes para pedir informação. Conferi no papel duas vezes para ter certeza de que eu estava no local certo. Era uma rua escura, só dois postes funcionavam à distância. Eu estava de frente a um armazém aparentemente abandonado. Será que minha mãe estava usando drogas? Por que só isso a faria me mandar buscá-la num local como esse.

Por poucos segundos questionei a sanidade de minha mãe, e então o medo ocupou meus pensamentos. Eu não queria sair do carro. Eu queria ir embora. Eu não queria ser espancada e quase estrupada novamente. Tremi com o ar frio que vinha de fora das janelas.

Eu só ia sair rapidinho. Bater na porta. Qualquer coisa era só sair correndo.

Calma. RESPIRE.

Eu estava apavorada quando desci da picape e fechei a porta. Me aproximei do armazém e bati na porta. Ela se escancarou na minha frente, me pegando de surpresa. Coloquei uma jorrada de ar para fora, e andei um passo à frente, agora dentro do local, tentando ver alguma coisa no meio da escuridão. Andei um pouco mais, eu tinha que ter certeza de que minha mãe não estava ali.

– Mãe? – minha voz não passou de um sussurro por causa do medo que tomava conta dos meus sentidos.

Andei mais um pouco e comecei a conseguir distinguir formas de objetos no local. Uma mesa mais à frente. Cadeiras. Duas portas. Nada mais além disso.

Comecei a dar meia volta para saída, mas percebi uma porta entreaberta à esquerda, que eu não tinha prestado atenção. Uma claridade vinha de dentro do quarto, então decidi me aproximar, um pouco mais rápido. Quando eu estava prestes à entrar no cômodo, vozes desconhecidas vindo de dentro dele me fizeram parar.

– Temos que pegá-la antes que eles a peguem. Essa é a chance perfeita – falou uma voz fina, mas convicta.

– Você está ficando louca com os anos, Lydia. Não entendo por que ela é tão importante – outra voz feminina argumentou.

– Você ouviu a vampira vidente – disse, suspirando.

– Não, não ouvi. Eu nem estava lá.

– Ah, sim, eu tinha esquecido. Você estava transando com o vampiro italiano. Enquanto eu fico com o trabalho árduo, você fica do lado dos inimigos – Lydia retrucou.

– Nós já falamos sobre isso. Eles não são nossos inimigos.

– Você está se deixando levar demais só por um rostinho bonito. A rivalidade que existe entre nós não irá acabar somente por que você e Esme decidiram trocar de lado.

Ouvi um suspiro.

– O fato é que já falamos sobre isso, Liz. Fizemos um acordo. Eu não mato você e seu namoradinho como manda a tradição e você me ajuda nisso.

Um momento de silêncio se passou. Eu não conseguia entender completamente nada.

– Tudo bem, o que Alice disse de tão importante? – Liz disse, por fim.

– Disse que ela eraespecial. Que poderia acabar com a guerra entre espécies ou incendiá-la de vez.

–OK, deixe-me adivinhar... E você que as coisas peguem fogo, não é?

– Exatamente.

Ouvi passos e uma loira passou pela brecha por onde eu observava e abriu a boca em choque, ao perceber minha presença. Um sua mão havia um objeto preto, fino e pontudo. Ela o balançou e a porta se abriu. Eu pulei, assustada. Antes de pensar em correr, pude ver todo o cômodo e as três pessoas que estavam dentro dele. A loira que tinha me visto, uma ruiva mais atrás, e...

Minha mãe caída no chão e uma poça de sangue que vinha de um corte enorme em seu peito.

Gritei, completamente apavorada.

Lágrimas caíam sem parar de meu rosto enquanto eu corria em direção ao seu corpo imóvel. Me ajoelhei ignorando o sangue que parecia estar em todo lugar. Sacudi seu corpo diversas vezes gritando por ela. O corte em seu peito era muito profundo. Minhas mãos estavam cobertas de sangue e meu rosto de lágrimas quando minha mãe entreabriu os lábios e abriu os olhos, brilhantes de tanta dor.

– AH!

– Mãe! Mãe! Precisamos ir para um médico! – eu tentava levantar seu corpo, mas ela não queria ser levantada.

– Não há tempo.

Continuei tentando levantar seu corpo.

– É tarde demais.

Continuei tentando.

– Olhe para mim, Bella – fiz o que ela mandou e vi lágrimas em seus olhos.

Parecia que toda força se esvaiu de mim como água entre meus dedos. Não havia tempo. Eu não podia salvá-la. Vi em seus olhos que ela já tinha aceitado a morte.

– Diga que me desculpa... Que me desculpa por todos esses anos – Meu coração perdeu uma batida ao ouvir suas palavras.

– Claro que sim, mãe – não precisei pensar sobre isso.

Ela sorriu e então fechou os olhos.

Fechou os olhos para sempre.

Me curvei sobre seu corpo imóvel, chorando como nunca chorei. Sentindo uma dor que nunca senti. Tão forte que tomou meus sentidos, tão paralisante que destruiu cada centelha de pensamento meu. Eu não conseguia pensar, mas lembranças apareciam e desapareciam de minha mente. Parecia que uma parte de mim foi tirada e jogada pra longe, onde eu não podia alcançar. Eu tentava de todas as formas me mover, mas não conseguia. Estava muito longe, estava desaparecendo...

– Isso foi totalmente desnecessário. Olhe o estado da garota – ouvi a ruiva dizer, Liz.

A outra, Lydia, riu.

Eu conseguia ouvir o que elas estavam dizendo, mas não conseguia exibir nenhuma reação. Eu queria me mover, queria sair dali e levar o corpo de minha mãe para ser enterrado do lado da lápide de meu irmão, com deveria ser. Mas eu sabia que nós duas ficaríamos aqui. Nós duas morreríamos aqui. Eu era a próxima.

– Olhe, eu realmente não queria ver um momento tãodreprêcomo esse, Bella. Mas foi necessário. Você entenderá – a loira disse falsamente, mas eu não conseguia ver seu rosto.

Eu já estava preparada para a morte, mas o que ela disse me deixou intrigada, mesmo em meio à tanta dor. Juntei toda a força que pude e levantei a cabeça vagarosamente. A loira me olhava sorrindo e a ruiva estava de braços cruzados, eu via uma centelha de descontentamento em sua expressão.

– O que vocês querem de mim? – sussurrei. Eu precisava saber por que eu iria morrer. Por que minha mãe morreu.

Um pequeno silêncio se seguiu até que eu ouvi um estrondo ensurdecedor. A porta voara em direção à parede ao meu lado, abrindo um buraco de meio centímetro devido à força que foi jogada. Mesmo com o susto e o barulho, não me movi um centímetro. Eu ainda estava imersa na dor.

Uma silhueta masculina surgiu na abertura, onde antes estava a porta. O estrondo que a porta fez ao bater na parede não me surpreendeu tanto quanto ao ver o rosto do homem que havia chegado.

Era Edward.

– Elas não terão nada de você.

Fiquei tão perdida e confusa olhando para seu rosto que não percebi que as duas mulheres haviam sumido completamente e do nada. Eu ainda podia sentir o chão abaixo de mim, o corpo de minha mãe, o sangue em minhas mãos e as lágrimas em meu rosto. Tudo aquilo era real. Edward suspirou e finalmente olhou para mim. Ao ver meu estado, ele correu, tão rápido que me assustou. Ele me sacudia gentilmente e perguntava coisas que eu não conseguia responder sem desabar completamente em lágrimas.

Coisas como“O que aconteceu?”e“Você está bem?”.

Minha mãe morreu. E eu não estou bem.

Essas eram as respostas. Eu só não sabia como colocá-las para fora.

Edward checou o pulso de minha mãe e me olhou com um olhar torturado. Com enorme pena. E então com raiva.

– Eu vou... – ele não conseguiu terminar a frase. Eu podia quase sentir o ódio mortal emanando de seu corpo. Mas não consegui responder a isso. Não conseguia responder a nada.

Ele me olhou por alguns segundos, esperando de mim alguma reação, alguma frase,algo. Mas eu estava tão imersa à dor, que parecia que eu estava nadando em sangue, sem conseguir encontrar a superfície.

Edward me pegou de surpresa e me puxou para seus braços, abraçando-me, envolvendo-me com seu corpo. Eu podia sentir seu cheiro incomum e embriagante em contraste com o cheiro enferrujado do sangue. Se eu não estivesse se afogando num mar de sangue e dor, eu estaria numa nuvem.

Mas eu estou no mar.


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Notas finais do capítulo

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