Everything Has Changed escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 5
Fight


Notas iniciais do capítulo

Reviews, please? Desculpem a demora pra atualizar.



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Certo. Ele é meu parceiro de biologia. Tudo bem. E daí? Eu não preciso ficar tão nervosa.

Gaguejei praticamente três vezes enquanto fazíamos a segunda tarefa do semestre proposta pelo professor. Eu estava em um estado trágico. Que horror.

Ele agiu como um completo cavalheiro todo o tempo em que estivemos juntos, ou seja, duas aulas. Não falamos de nada além do assunto do exercício e ele não respondeu como sabia meu apelido. Queria perguntá-lo novamente, mas eu mal conseguia falar sem gaguejar. Outra coisa que eu percebi, mas decidi ignorar, foram seus olhos. Eles mudaram de cor. Eu até pesquisei no Google sobre isso, e pelo que vi, pode ocorrer a mudança da cor dos olhos, mas demora um bom tempo para isso acontecer. Anos.

Seus olhos estavam da mesma cor que os de seu pai, dourados. Será que ele usava lentes de contato? Eu acho muito improvável. Eu uso lentes e sei identificar quando alguém também usa. É fácil. Mas todas as vezes que eu tentei, não percebi nada. Talvez fosse por que ele estava sentado um pouco longe demais de mim.

Uso lentes por que sou uma cega. Miopia é a minha maldição. Já meio que fui ridicularizada por usar óculos no ensino fundamental, e isso meio que me traumatizou. Então, decidi optar por lentes de contato, que eram bem menos chamativas, e bem mais irritantes. Com o tempo me acostumei.

Talvez eu devesse perguntá-lo se ele usava lentes também. Não custaria nada, não é uma pergunta suspeita ou restrita à melhores amigos. Só curiosidade da parceira de biologia. Só.

Bom, mesmo com essa linha de pensamento, não consegui perguntá-lo nada sobre isso.

Semanas se passavam e eu continuei com minha rotina tediosa. Escola, trabalho, maratona de seriados na TV. A estranheza de Edward também meio que virara tediosa para mim. Toda semana a mesma coisa. Fazíamos os exercícios somente perguntando o necessário. Eu tinha parado de ficar tão nervosa.

Sempre o via almoçar com a sua família e nunca o via falar com ninguém além deles. Eu não contava comigo por que nós éramos basicamente obrigados a nos falar. Eu também não contava com professores por que eles o obrigavam a falar.

Por um tempo eles foram A novidade do colégio. Todo mundo falava sobre a família Cullen. Era até irritante. Mas com o tempo Jacob traindo sua namorada com uma garota do primeiro ano roubou os holofotes. Eu fingia não ligar para o que falavam deles, mas eu ligava. Até que eu parei de me importar.

– Mike vai dar uma festa no domingo. Ele quer todas nós lá – Jéssica falava durante o almoço num dia comum.

– Não posso ir – tentei escapar.

– Por quê?

– Minha mãe não deixa – eu realmente estava sem desculpas. Só não queria ir.

– Vamos lá, Bella, todas nós sabemos que sua mãe não se importa.

– Ok, joga na minha cara que a minha mãe é uma desnaturada – eu pretendia falar num tom de brincadeira, mas minha voz saiu raivosa.

– Por que você fica tentando criar desculpas toda vez que a gente te chama para uma festa? – Jéssica falava um pouco alto demais.

– Por que eu não quero ir! Por que diabos você quer que eu vá? Pra ficar falando como sua relação com o Mike é perfeita? Pra eu fingir que me importo e você fingir que acredita? – falei, agora realmente com raiva. – O fato é que eu não me importo, Jéssica. Não me importo com nada.

– Ah, é? E por que você finge? Por que você anda com a gente, se não se importa? – ela estava quase gritando, agora estávamos de pé. Vários olhares se voltaram para nós no refeitório.

– Não me importo com seus dramas, Jéssica.

– Você é uma falsa.

– E você é uma vadia.

O que eu vi em sua face foi ódio mortal. Ela não suportava ser chamada de vadia. Ela pulou para cima de mim, puxando meus cabelos, e eu me desvencilhei de seu abraço, deixando vários fios em suas mãos. Dei um tapa tão forte em seu rosto que ela se desequilibrou. Ela me olhou com mais ódio do que antes, pulando novamente em minha direção e nos derrubando no chão. Ela estava em cima de mim, todo seu peso apoiado em meu corpo. Sua mão veio em direção ao meu rosto, mas eu a segurei antes que pudesse fazer algum estrago, e nos virei com toda força que pude. Agora eu estava em cima dela, mas alguém me puxou para longe.

Jéssica tinha se levantado, mas Mike rapidamente a segurou em seus braços. Uma rodinha de alunos tinha se formado ao nosso redor e eu mal tinha percebido. Não sabia quem estava me segurando.

– ME SOLTA, MIKE! EU VOU MATAR ESSA VACA! – gritava Jéssica, o que me fez ficar com ódio novamente.

Tentei me soltar várias vezes, mas a pessoa era extremamente forte. Jéssica gritava obscenidades, mas eu só me concentrava em tentar me desvencilhar do aperto da pessoa que me segurava. Eu parei por um momento, exausta.

Me. Solta. – falei pausadamente, com raiva.

– Não posso – era a voz de Edward. Edward estava me segurando. Ele estava me segurando.

Eu deveria ter percebido. Sua pele era dura, assim como naquela festa, quando eu esbarrei em seu corpo. Aparentemente Mike não teve força o suficiente para segurar Jéssica por muito tempo, e quando eu vi ela estava correndo em nossa direção. Edward nos virou e Jéssica começou a bater em suas costas. Ela desistiu tão rapidamente, que eu estranhei.

Ah, as costas dele deveriam ser duras como concreto, assim como o resto de sua pele. Que estranho.

O diretor chegou, mandando todos os alunos de volta para as suas salas aos gritos. Pediu para Mike e Edward levar a mim e a Jéssica para a diretoria. Eu estava totalmente e completamente ferrada.

– Esperem aqui, vocês três – disse o diretor, levando Jéssica para dentro de sua sala e nos deixando do lado de fora.

– Mas Sr. Stewart, eu não fiz nada, só estava tentando segurá-la... – Mike tentou escapar.

– Preciso ouvi-lo como testemunha, Sr. Newton, assim como o Sr. Cullen. Esperem aqui.

Um silêncio completamente constrangedor se seguiu. Me sentei numa cadeira próxima à porta, mas os dois continuaram em pé.

– Por que você fez isso, Bella? – Mike perguntou, depois de um tempo.

Eu? Ela pulou para cima de mim! – tentei me defender.

– Você a provocou!

– Mike, não vou discutir com você. Sabemos muito bem que começou a briga. Eu nunca iria machucá-la se ela não tivesse me machucado primeiro.

Ele ficou calado. Ele sabia que era verdade. Mas tenho certeza que ele irá fazer minha caveira para o diretor, por sua namoradinha. Eu tinha que achar um jeito de me safar dessa.

Vários minutos se passaram, e Jéssica saiu da sala, sem olhar para mim. Ela deu um olhar demorado para Mike e eu sabia o que aquilo significava. Era o olhar de: “Me defenda, seu estúpido, ou faço greve de sexo”. Ao olhar melhor para o seu rosto percebi que sua boca estava sangrando. Aquele tapa que dei foi um pouco forte demais, e isso não ajudava em nada. Jéssica foi embora, sem dizer uma palavra.

O diretor chamou Mike, o que eu estranhei, pois pensava que eu seria a próxima. Mais alguns vários minutos de um silêncio super constrangedor. Talvez eu devesse pular da janela e morrer.

– Ele vai dizer que você começou a briga – Edward disse, quebrando o silêncio.

Ele tinha a mesma intuição que eu. Talvez tivesse percebido o olhar de Jéssica.

– Eu sei – disse, suspirando.

– Você sempre se mete em brigas desse tipo? – ele perguntou, soando indiferente.

– Essa foi minha primeira vez. Na verdade, foi muito divertido – falei, sarcástica.

Ele riu pela primeira vez na minha frente. Sorri para ele.

– Obrigada – eu disse, lembrando-me que lhe devia agradecimentos.

– Pelo quê? – ele parecia confuso.

– Por me afastar dela. Não sei se ela sairia viva dessa se não fosse por você – falei, e ele riu.

– Tenho certeza que não – ele disse, ainda sorrindo. Sorri para seu rosto perfeito e baixei o olhar, tentando pensar numa forma de sair dessa sem que minha mãe soubesse.

Talvez eu devesse chorar na frente do diretor. Dizer aos berros que era tudo mentira. Ou talvez eu devesse fingir um desmaio. Essa seria boa, mas não me faria escapar completamente dos problemas.

Se isso fosse um desenho animado, tenho certeza de que uma lâmpada acendendo apareceria acima de minha cabeça nesse exato momento. Era simples:

Passo 1: Finjo que estou indignada sobre as acusações de Jéssica, como qualquer criminoso culpado.

Passo 2: Depois de uma boa conversa, de um bom blah blah blah e enrolação, admito nervosamente que comecei a briga, e digo estar arrependida. Mesmo isso sendo mentira, são dois contra um.

Passo 3: Eu digo ao diretor que minha mãe está viajando para um lugar a, pelo menos, 1000 quilômetros daqui.

E finalmente o Grand Finale: Peço para ele contatar meu pai (sujeito que já saiu da minha vida faz anos) através de um número que eu vou lhe informar, com cara de inocência.

O problema era que eu não tinha ideia de quem poderia me ajudar com isso. Eu conheço alguém com idade o suficiente para fingir ser meu pai? Só me lembro de professores, e isso não ajuda em nada. Todo esse esforço mental e eu penso num plano sem pé nem cabeça.

Suspirei. Eu sou uma idiota.

A porta se abriu.

– Sr. Cullen, me acompanhe – o diretor disse enquanto Mike se retirava.

Edward nada disse e entrou na sala rapidamente. Passaram-se dez minutos. Vinte. Trinta. Eu já estava começando a ficar paranoica.

Finalmente, antes que eu tivesse um colapso nervoso, Edward e o diretor saíram da sala rindo, o que foi muito estranho. Eu me levantei, pronta para ser a próxima interrogada e Edward piscou rapidamente para mim antes de ir embora. Franzi o cenho antes de entrar na sala do diretor, e sentei-me rapidamente, ainda nervosa. Suspensão não, por favor. Eu ainda prezo muito pela minha vidinha tediosa.

– Bom, Srta. Swan, que tal você me explicar tudo o que aconteceu enquanto assistimos pelas gravações da câmera de segurança do refeitório? Tenho certeza de que a história será muito mais interessante contada pela senhorita do que pelos seus amigos. – AH! Câmeras de segurança! Talvez eu ainda tivesse chance de sair viva dessa.

Assistimos claramente Jéssica pulando em cima de mim e eu me defendendo com o tapa. Foi muito estranho me assistir batendo em alguém. Parecia mais o CSI.

– Acho que ficou claro que... Que... Eu só me defendi, senhor – tentei me explicar, minha voz irregular.

– Sim.

– Eu... Eu...

– Srta. Swan, não se cria uma briga sozinho. Você participou do ato e terá que arcar com as consequências. Irei mandar uma observação para seu tio imediatamente.

Tio? Que tio?

– Desculpe?

– Lamento pela sua mãe.

O quê?

– Ela não merece ser incomodada com esses assuntos na situação em que está.

Eu estou completamente confusa, mas decidi não falar mais nada. Tentei ler o que ele estava escrevendo, sem sucesso.

– Pode voltar para sua aula agora, Srta. Swan – Ele finalmente disse.

Demorou alguns segundos para eu processar toda a situação. Só isso? Sem suspensão? Tio, que tio? Me levantei devagar e me retirei do aposento totalmente confusa e um pouco tonta. Andei com uma lerdeza exagerada em direção a meu armário, visando pegar meus livros para a próxima aula quando sinto uma presença ao meu lado.

– Mas o que...

– De nada – Edward disse, sorrindo irônico.

Então tinha sido ele? Ele tinha feito a mente do diretor?

– O que você disse a ele? – perguntei, agora também sorrindo.

Ah, sua mãe está muito doente. Internada no hospital em que meu pai trabalha. Meu pai cuida dela todos os dias e mencionou que era uma mulher muito simpática. Não seria muito gentil importuná-la com um assunto desses num momento tão delicado – ele falou e seu eu não soubesse a verdade, acreditaria com toda certeza em suas palavras.

– E o tio? – perguntei, ainda impressionada.

– Seu tio?

– Não tenho tio.

– Bom, não tenho nada a ver com isso – pude ver que ele estava falando a verdade. Estava tão confuso quanto eu em relação a isso.

– E como o diretor disse que ia mandar uma observação para ele e não para minha mãe? Tem certeza que você não inventou nenhum tio para mim?

– Absoluta.

Talvez eu tivesse um tio de verdade e minha mãe nunca mencionara isso. Iria perguntar sobre isso no jantar. Vi Edward assentir levemente, mas não entendi.

– Bom, acho melhor voltarmos para aula – ele escapou, começando a se afastar.

– Ei, espere! – chamei antes que ele se afastasse muito. Ele esperou e eu continuei:

– Como você fez aquilo?

Eu me referia a ter convencido o diretor que minha mãe estava no hospital, mas não sabia se ele tinha entendido.

Ele riu.

– Grande poder de persuasão.


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Notas finais do capítulo

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