Everything Has Changed escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 7
Numb


Notas iniciais do capítulo

Cap novo procês ♥Deixem reviews, please?



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Abri os olhos e minha visão ficou desfocada por alguns segundos, devido ao excesso de claridade no aposento. Não lembrava como eu chegara ali. Não me lembrava de ter desmaiado. Não me lembrava da inconsciência.

Só me lembrava de minha mãe, seu pedido de desculpas, seu último olhar e seu corpo imóvel em meus braços. Me lembrava da dor. Me lembrava do topor. O cheiro metálico do sangue. O cheiro de Edward. E depois mais nada.

Depois de alguns segundos fiquei um pouco mais alerta, lembrando-me das coisas com mais clareza. As duas mulheres. Falavam de alguém importante. E minha mãe morreu por isso. Por alguém que eu não fazia ideia de quem era.

Olhei um pouco a redor e percebi que estava em um quarto de hospital. Novamente. Mas dessa vez eu não precisava me recuperar. Eu precisava morrer. Não havia mais nada para mim. Minha mãe era a única pessoa que eu tinha.

Alguém entrou no quarto. Um homem de meia idade, com cabelos louros e bem penteados. Ele não estava de terno, mas ainda sim parecia vestido de uma forma culta. Quando percebeu meu olhar, ele arregalou os olhos, claramente surpreso de que eu estivesse acordada. Ele parecia desconfortável, mas ainda sim eu via piedade em seus olhos, enquanto ele se aproximava da cama em que eu estava deitada.

– Olá, Bella – murmurou, nervoso.

Não respondi. Ele parecia não saber se portar diante de uma pessoa que estava em total e completo luto.

– Lamento que tenhamos de nos conhecer num momento tão delicado – ele suspirou. Estava sendo difícil para ele escolher as palavras certas para colocar para fora.

Assenti levemente. Não sabia quem ele era, mas sabia que estava ali para tratar de meu novo e grande status: A órfã adolescente. Eu sabia o que vinha pela frente. Só viriam problemas.

Eu não via como eu poderia enfrentá-los.

– Temos muito que conversar, mas por agora, ficarei restrito ás apresentações – ele disse, olhando pela janela. – Meu nome é Scott Swan.

__

Dois meses se passaram como um borrão depois do dia em que conheci meu tio. Embora fosse um pouco pessimista, ele era um homem bom. Ele tinha a minha guarda, com a morte de minha mãe. Sua mulher tinha morrido e ele não tinha nenhum filho. Ele morava sozinho numa casa enorme até a minha chegada.

Minha mãe nunca tinha me contado sobre a existência dele. Agora eu sabia mais sobre o passado de minha mãe do que eu sabia quando ela estava viva. Sua família era rica desde os anos 30. Tinham muito dinheiro.

A vida na família era boa e harmoniosa até o dia da morte de minha avó. Ela, cansada e moribunda em seu leito de morte, confessou para seu marido que minha mãe era uma filha gerada de um adultério. Ele ficou tão furioso que nem sentiu a dor da perda após a morte de sua esposa. Expulsou minha mãe – grávida de mim na época – junto com meu irmão de sua casa sem hesitar. O meu pai, vendo que minha mãe não era mais rica, a abandonou facilmente. Meu tio acabou ficando com toda a herança da família.

Todo sofrimento depois disso eu conhecia. Minha mãe nunca mais falou com seu irmão, por pura inveja. Meu tio tentou ajudá-la, mas ela nunca aceitava, orgulhosa. Preferia o sofrimento à aceitar esmolas.

Mas agora meu tio era a única pessoa que eu tinha. Eu não o conhecia, mas ele não parecia uma pessoa ruim. Ou pelo menos eu acho que não. Depois que me mudei para casa dele, as coisas pareciam melhorar. Ele mal ficava em casa, mas não era como se eu fosse desesperada por sua atenção. Nós conversávamos muito.

Depois que minha mãe morreu, fiquei uma semana sem voltar ao colégio. Quando conseguir ver as coisas, quando consegui ignorar um pouco a dor da perda e a confusão devido à história do meu tio, voltei ao colégio, mas procurando por Edward. Eu queria explicações. Ele me devia explicações. Mas ele não apareceu, assim como o resto de sua família.

No começo isso me deixou irritada e furiosa. Por que ele tinha ido embora? Ele com certeza sabia quem eram aquelas mulheres. A polícia não sabia quem elas eram. Eu, muito menos. Eu precisava de Edward para descobrir a identidade delas. Eu precisava dele para ter minha vingança.

É claro que eu queria vingança. É claro que eu queria aquelas duas num caixão.

Mas com o sumiço de Edward eu não poderia fazer nada. Era torturante. Procurei por ele em todas as fontes que pude encontrar, mas nada. Dois meses e eu ainda não conseguira tirar isso da cabeça. Eu não conseguia voltar para o que a minha antiga vida era.

Eu não andava mais com o meu antigo grupo de amigos, por que meu tio me fez mudar de colégio. Um colégio mil vezes mais caro do que o meu era. Ás vezes eu falava com Ângela pela internet, outras vezes por telefone. Meu novo colégio era enorme, mas eu não tinha nem dois amigos.

Não que eu me importasse. Eu tinha outras coisas mais importantes para pensar. Por exemplo, como achar Edward. Ou como me matar.

Demorei um pouco para me acostumar com a vida de rica. Eu não precisava mais trabalhar, ou fazer meu próprio jantar. Eu tinha mais tempo livre do que jamais tive. No começo foi ótimo, mas agora eu tinha que achar coisas para preencher esse tempo, e isso não era muito fácil. Se eu já tenho muito mais do que eu preciso, em que mais posso gastar dinheiro?

Um dia eu estava indo jantar num restaurante perto de casa, pois meu tio tinha ficado até mais tarde no trabalho. Eu odiava comer naquela casa enorme sozinha. Então, sempre que meu tio estava fora eu pegava o carro e vinha para um restaurante à duas quadras de casa. O restaurante não era muito grande, mas era aconchegante e era assim que eu gostava das coisas. Eu podia obsevar as pessoas, e era disso que eu mais gostava. Perceber como as pessoas agem diante de outras pessoas. Era fascinante para mim.

Comi em silêncio e fui ao banheiro antes de ir embora. Me olhei no espelho e prendi o cabelo. Lavei as mãos rapidamente, e as sequei. Me virei para sair do banheiro, mas parei assustada.

Tinha um homem parado em frente à porta. Ele estava usando um capuz e óculos escuros. Sua posição era quase de ataque. Sua pele estava completamente coberta, além das roupas escuras, ele usava botas e luvas.

Meu coração estava à mil.

– Isabella Swan – ele murmurou, num tom tão assustador que me deixou apavorada.

Gritei.

Ele se jogou em minha direção e eu desviei, tentando correr até à porta. Seus braços fortes me impediram, e ele me puxou em direção ao seu corpo, que fedia a morte. Ele levantou a mão direita para me dar um murro, mas isso me ajudou a me soltar de seu aperto e correr para dentro de um dos boxes do banheiro, fechando a porta. Ele começou a bater na porta, com toda a força que tinha, e alguns minutos depois vi a formação rachaduras na madeira. Me desesperei e comecei a gritar por ajuda, o mais alto que pude.

Por que não as pessoas não vinham me ajudar? Como não conseguiam escutar meus gritos estridentes?

Olhei ao redor, desesperada. Não havia nada mais que eu pudesse fazer. No momento em que ele quebrasse a porta, eu estaria morta. Ele com certeza era milhares de vezes mais forte que eu.

O pior e o mais assustador de tudo era que ele continuava a falar meu nome entre rosnados. Como um cachorro faminto que está preso, mas pode ver sua comida há dois metros de distância. Soltando latidos de frustração, pois o acorrentamento o impede de consegui-la.

Eu respirava alto, esperando a estrutura da porta se romper, para encarar minha morte.

Ouvi a porta do banheiro se abrir. As batidas na porta do box cessaram. Ouvi corpos se chocando e alguns minutos depois, a minha curiosidade falou mais alto que o medo e eu abri a porta.

Vi o homem que há pouco queria me matar, tentando lutar com Edward, que estava acima dele, dando-lhe murros. Arregalei os olhos, mais feliz do que jamais estive. Eu não ia morrer. Edward estava ali, e eu iria conseguir minhas respostas. Iria conseguir minha vingança.

Quando percebeu que o homem estava inconsciente, Edward parou de esmurrá-lo e se levantou, olhando-o com mais atenção. Ajeitou as roupas e caminhou em direção à porta passando direto por mim sem olhar, como se eu não estivesse lá.

Ah, não. Ele não iria embora assim tão fácil.

– Espere! – gritei, exasperada.

Ele parou onde estava, mas não se virou para mim. Ele não falou nada por vários segundos, então continuei:

– Você me deve explicações.

Ele se virou para olhar pra mim, e não consegui decifrar sua expressão.

– Não sei do que você está falando – mentiu.

Ergui as sobrancelhas.

– Ah, não? Então por que está aqui? – falei, andando alguns passos em sua direção.

Ele me deixou sem respostas. Eu já estava ficando irritada.

– Como sabia onde eu estava naquela noite?

Ele não falou nada.

– Por que querem me matar?

Ele continuou calado e eu deixei escapar um palavrão devido a minha raiva. Aparentemente eu iria ficar sem minhas repostas. Aquilo não era justo. Comecei a sentir as lágrimas vindo, devido a raiva que eu estava sentindo. Virei a cara, não querendo demonstrar mais fraqueza do que eu já havia demonstrado na frente de Edward e esperando ver o homem caído do outro lado do banheiro, mas ele tinha desaparecido. Algumas lágrimas caíram sobre minhas bochechas.

Me virei para Edward novamente, surpresa.

– Onde ele foi? – eu disse.

– Uns dizem para o céu, outros para o inferno. Alguns até dizem que não há absolutamente nada. Acho que é nisso que acredito.

– Ele morreu? – falei, surpresa de que ele tenha me respondido.

– Sim.

– Você o matou – não foi exatamente uma pergunta, mas ele assentiu.

Um pequeno silêncio se seguiu. Pensei em como aquele homem rosnava meu nome. Como ele desapareceu do nada. Ele não parecia normal.

– O que ele era? – murmurei, quase que inaudivelmente, mais para mim mesma do que para ele.

– Um inferi – Edward respondeu.

– Um o quê?

Ele suspirou.

– Você merece explicações, Bella. Mas não sei se posso... Não sei se devo... – Ele parecia lutar com as palavras. Ele pensou um pouco e depois balançou a cabeça.

– Venha comigo – ele disse e começou a andar para fora do banheiro.

O acompanhei, e quando saíamos, percebi que todos no restaurante estavam parados. Como estátuas. Uma mulher segurando o garfo na mão, estática. O garçom parado, prestes a andar. Crianças sorrindo. Completamente parados.

– O que...? – murmurei, ainda seguindo-o, mas com os olhos arregalados.

– Um feitiço. Deve ter sido a bruxa responsável por aquele inferi.

Eu estava completamente confusa, os olhos vasculhando o restaurante, em busca de algum movimento. Mas nada se movia, parecia que todos tinham parado para tirar uma foto, mas nunca voltavam ao normal.

– Mais rápido, Bella – Edward falou.

– Por que tanta pressa?

Ele balançou a cabeça e puxou minha mão, obrigando-me a andar mais rápido.

– Há outros – ele exclamou, raivoso. O pavor tomou conta de mim novamente.

O que?

– Tem mais deles vindo para cá.

Tão rápido que minha cabeça girou, Edward me pegou em seus braços e começou a correr. Ele saiu do restaurante em disparada e me colocou em seu carro, um volvo prata brilhante que eu reconhecia da escola. Não sei como, mas antes dele me colocar no banco do passageiro, percebi três homens iguais ao cara do banheiro, virando a esquina.

Edward!

– Eu sei!

Ele saiu com o carro, e eu coloquei o cinto. O carro ia tão rápido pelas ruas que eu duvidava a possibilidade dos homens ainda estarem nos seguindo. A expressão de Edward era de alívio. Não falamos nada por muito tempo, eu só sentia o ar da noite entrando na janela e enrolando o meu cabelo.

– Pra onde estamos indo? – decidi perguntar, enquanto ele entrava com o carro numa floresta.

– Para minha casa.


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Notas finais do capítulo

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