Antes Que Seja Tarde escrita por Mi Freire


Capítulo 25
Ainda somos os dois.


Notas iniciais do capítulo

Para todos aqueles que não estavam nenhum pouco satisfeitos com as atitudes de Malu em ter que enganar Fernando se envolvendo em segredo com Daniel, aqui está o capítulo onde tentei da melhor forma esclarecer essa situação para que não seja má interpretada. Boa leitura.



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Como eu gostaria de dizer que descansei tranquilamente enquanto esperava por notícias de Malu. Mas não foi bem assim. No dia seguinte a minha chegada, as aulas na faculdade já retornariam. Pelo menos ainda podia acordar tarde, pois estava de férias do trabalho por mais uma semana.

— Então vocês estão namorando de novo? – perguntou Júlia na hora do intervalo.

— Sim, estamos – confessei com um grande sorriso. — Mas ela ainda precisa resolver a sua situação do outro lado. E só depois poderemos nos assumir diante de todos.

— Que maravilha! É bom saber que ela ainda o ama e é capaz de vencer todas as barreiras para voltarem a ficar juntos – ela sorriu.

— E você e Miguel? Como foram as férias em Porto Alegre com os pais dele? – perguntei curioso.

— Ele tem pais maravilhosos. São prestativos, carinhosos e preocupados. Trataram-me com muito amor – ela sorria. — Mesmo que eu não seja lá uma princesa muito comum de vestidos rosa. Mas me disseram que Miguel nunca foi um garoto que gostou de meninas “comuns”.

Ela continuou a falar. Falou por todos os poucos minutos que tínhamos de intervalo. Contou tudo. Cada detalhe. Como se eu fosse a sua melhor amiga de infância. Até mostrou o anel que ele havia lhe dado.

Só voltei a trabalhar feliz na segunda-feira de manhã porque sabia seria o dia em que Malu entraria em contado comigo e me diria que estava tudo.

Trabalhei feito louco. Comi ali perto, pensando o tempo todo como ela estaria e o que me diria a qualquer instante. Fui para a faculdade com Júlia. No fim da aula quase perdi as esperanças pensando que ela não ligaria. Não hoje. Mas finalmente o celular tocou quando eu já voltava para casa sozinho.

— Esperei para ligar assim que você saísse da faculdade – ela confessou deixando-me aliviado.

— Mas que bom que ligou mesmo assim. E então, como foram as coisas ai?

Houve uma longa pausa. Meu coração acelerou. Será que as notícias não seriam tão boas quanto eu esperava? Fernando não havia aceitado o fim e protestou o término? Seus pais ficaram decepcionados ao saber que ela voltaria para os braços do pobre homem que sou e sempre serei?

— Conversei com Fernando – ela pausou. — Ele até que compreendeu. Ficou o tempo todo calado enquanto me ouvia falar sobre nós dois – outra vez houve uma longa pausa. — Quando ele finalmente resolveu dizer algo, disse: “É. Eu já sabia, Malu. Você nunca me olhou como um dia olhou para ele. Nem se quer me amou como amou e o ama.”

— Ah – foi tudo que consegui dizer sentindo um nó na garganta, mas ao mesmo tempo satisfeito com tudo que acabara de ouvir. — Como você está?

— Não muito bem – ela admitiu seca. — Nunca pensei que seria tão difícil destruir o coração de alguém. E então penso como foi difícil para você quando me ouviu pedir que você sumisse da minha vida.

— Isso não importa mais – lembrei. — O que importa é que seu primo vai encontrar alguém que o ame de verdade e vai se recuperar logo.

— Eu sei, Daniel – ela falou. — Mas não gostei da forma como ele me olhou. Me senti uma traidora com coração de pedra. Parece que só penso em mim mesma e na minha felicidade.

— Malu, não diga nunca mais coisas assim – repreendi. — Você não é essa pessoa que está descrevendo. Algumas vezes, precisamos escolher o que é melhor para nós, mesmo machucando quem amamos. Se nos amam de verdade, vão entender uma hora ou outra. E tudo vai passar...

— Está bem – ela me interrompeu. — Já passou. Não quero nem lembrar disso mais.

— Mas eu me preocupo – parei. — E seus pais? Como foi a reação deles? Você contou a eles?

— Não – disse friamente. — Gostaria que você estivesse ao meu lado dessa vez.

— Sim, eu estarei. Posso passar ai para te ver agora? Estou preocupado. Preciso te ver.

— Daniel, não precisa – ela disse. — Eu vou ficar bem.

— Amanhã é tarde demais – protestei. — Quero te ver agora e não venha me dizer que não. Estou indo ai agora mesmo.

Desliguei antes que ela insistisse que queria ficar sozinha. Eu não suportaria deixar que ela passasse por isso sozinha. Sei que ela precisava de alguém em um momento delicado como esse e esse alguém seria eu. Só eu.

Para minha surpresa, quando parei meu carro no seu condomínio, ela já estava a minha espera do lado de fora da portaria. Ela estava na casa dos pais, pois suas aulas na faculdade ainda não haviam começado.

Seu rostinho não estava com aquele brilho de sempre. Corri e a abracei forte. Bem forte. Ela retribuiu o carinho com um gesto simples. Beijei sua boca e com a ponta dos dedos acariciei sua face úmida.

— Vai ficar tudo bem, princesa. Eu estou aqui – embalei-a em meus braços.

— Obrigada – ela finalmente sorriu. — Eu amo você.

Sussurrei em seu ouvido que também a amava e ficamos por ali agarrados por um bom tempo. Gostaria de poder entrar com ela em sua casa ou levar Malu comigo até a minha.

— Preciso entrar – ela disse tristonha. — Antes que papai e mamãe sintam minha falta.

— Espere – puxei-a. — Quando é que vamos ter aquela conversa com eles?

— No sábado estarão todos em casa. Podemos marcar de você vir aqui.

— Está bem. Eu ligo para confirmar.

A semana passou tão devagar que eu quase explodi de ansiedade. Desejava que o sábado chegasse depressa para finalmente acontecer àquela conversa com os pais de Malu. Queria contar que estávamos namorando outra vez e ver o que eles tinham a dizer.

Na sexta-feira, Malu me ligou para confirmar e dizer que eles já estavam cientes da minha visita naquela tarde.

Antes de sair, tomei um bom banho. Pensava muito em como fazer as coisas saírem perfeitas enquanto a água morna escorria por meu corpo.

Subia pelo elevador com as pernas bambas. Será que eles concordariam com a nossa volta? Diriam alguma coisa? E se estavam completamente contra e não aceitariam de jeito nenhum nosso namoro? O que seria de nós? Será que Malu iria concordar com isso?

Toquei a campainha, aflito. Fui recebido por Maria Luiza e meu coração se acalmasse.

— Ainda bem que você chegou – ela disse beijando-me com carinho.

Entrei segurando firme as suas mãos. Ela me conduziu para dentro de seu apartamento que ainda era o mesmo, luxuoso e fino como seus próprios pais.

Os encontrei sentados no hall, cumprimentei-os educadamente. Eles pareceram bem naturais, sorriam e não suspeitei que a minha presença ali não era desejada.

Durante o almoço, senhor Mateus conversou comigo o tempo todo sobre a empresa. Dizia estarem impressionados com a forma que eu havia crescido naquele lugar e adquirido bons lucros.

— Então, o que trás sua presença nessa casa essa tarde? Foi porque você e nossa filha resolveram reatar aquele antigo namoro, estou certo? – Mateus perguntou sério e educado.

— Exatamente. Terminamos, passamos um tempo sem saber qualquer coisa uma do outro e agora, quando finalmente nos encontramos, tivemos a certeza que nunca deveríamos ter nos separados. Isso não mais vai acontecer – soltei um riso enquanto trocava um olhar de cumplicidade com Malu.

— Bem – disse Luciana. — No começo foi uma surpresa que nossa adorável filhinha estava namorando o próprio primo. Sempre foram amigos, companheiros. No fundo, eu sempre desconfiei que ele não só gostava dela como prima. Quando Malu me contou sobre o namoro fiquei intrigada, ela não parecia feliz, pois havia terminado com você recentemente. Mesmo assim, ela insistiu em dizer que queria tentar construir uma nova história para si mesma, pois havia falhado antes e não queria passar o resto da vida se culpando por isso – Luciana suspirou sem olhar para ninguém. — Eu não consegui acreditar no que ela dizia, pois no fundo eu sabia que estava enganando a si mesma. Dava para ver em seus olhos. Minha filha eu conheço bem, apesar do pouco tempo que passamos juntas. Eu sempre soube que ela só foi realmente feliz ao seu lado – ela me olhou finalmente. — Desde que se conheceram foi assim. Malu só tinha tempo e olhos para você. Isso era bonito de ser ver. Portanto, Daniel, não tenho porque  interferir na história de vocês. Vejo de longe que se amam verdadeiramente. E amor é a essencial da vida. Sei que Malu nunca será feliz ao lado de alguém que não seja você. Sejam felizes. Façam dar certo dessa vez. Não percam tempos com coisas erradas. Vocês se amam e são capazes de tudo se estiverem juntos.

Senti lágrimas nos olhos.

— Sim, rapaz – continuou Mateus. — Apesar de você ser um ótimo profissional, e um homem que cresce a cada dia, sinto que devo lhe falar para cuidar bem da minha filha. Não a magoe.

Houve uma pausa, troca de olhares intrigantes e, por fim, risos.

— Pode deixar, sogrão. Eu vou cuidar da sua menina por toda a minha vida.

Continuamos o almoço com conversas agradáveis. Sim, todos estavam bem felizes. Foi ótimo me sentir aliviado com aquela aprovação.

Mais tarde, eu e Malu ficamos por horas agarrados um no outro compartilhando aquela alegria. O sol se punha no horizonte. Estávamos abraçados na varanda admirando aquela cena linda.

Malu virou-se rapidamente com um sorriso malicioso em sua face. Ela me provocou beijando meu pescoço, depois desabotoou os primeiros botões de minha camisa e beijou meu peito me fazendo ofegar.

— O que está fazendo? – sussurrei sentindo cada toque dos seus lábios miúdos e úmidos no meu corpo. — Não está pensando no que estou pensando, não é? Seus pais estão em casa...

Ela pareceu não se importar com nada do que eu dizia. Só continuava a me provocar com seus beijos. Eu sorria contente. Contente em tê-la ali comigo. Contente por poder sentir seus lábios. Contente pela provocação que me deixava ainda mais louco por ela. Contente por estar finalmente feliz de verdade. Pois Malu era a única razão por eu estar feliz por inteiro.

— Não aguento mais – peguei a no colo. — Você me deixa louquinho. Vamos para o seu quarto, imediatamente.

— Pensei que não diria isso nunca – ela ria.

Tranquei a porta com Malu nos braços. Deite-a na cama ficando por cima de seu corpo enquanto ela ainda brincava comigo e me deixava louco.

Em questão de minutos estávamos nos amando. Mais uma vez e se dependesse de mim ficaríamos ali agarrados um ao outro por horas, dias, semanas e até anos.

— Durma aqui comigo essa noite – sussurrou em meu ouvido.

— Pode ser – sorri satisfeito. — Mas você tem que me dar um beijo bem gostoso e me convencer que tenho que ficar.

— Bobo – ela riu alto. — Isso é moleza! Meus beijos sempre são gostosos.

— Prove – provoquei-a.

Depois de uma longa pausa, sorrindo um para o outro, ela jogou-se sobre mim e me beijou. Realmente ela estava certa, eu sempre sentia uma imensa satisfação todas as vezes que ela me beijava.

— Eu pensei que você soubesse que meus beijos são sempre bons – ela fazia cena.

— Eu só estava brincando com você, princesa. Muitos antes de te beijar pela primeira vez eu já sabia que essa boquinha era deliciosa.

— Como? – ela tentou perguntar enquanto eu mordiscava seus lábios.

— Só sabia. Tenho um convite para lhe fazer – mudei de assunto.

— Diga – ela ajeitou-se.

— Que tal irmos almoçar amanhã na casa do meu pai? – perguntei deixando transparecer a alegria dos olhos.

— Com seu pai? – ela arregalou os olhos. — Mas eu pensei que...

— Sim – interrompi. — No começo foi meio confuso para mim, uma grande surpresa... Mas já está tudo bem. Quem sabe até já possa considerar o meu próprio pai um dos meus melhores amigos. Ele vai gostar de te conhecer.

— Se é assim, para mim está ótimo. Vou ficar bem linda pra conhecer o meu sogro.

— Você já é linda, mas se é assim, aproveite e fique linda para conhecer meus amigos nos próximos dias. A Jú e a galerinha da faculdade – sorria. — Quero mostrar para o mundo o quanto eu me dei bem em ter você de volta.

— Para sempre – ela sorria.

Dessa vez eu tinha certeza. Dava para sentir em cada toque, em cada beijo, em cada olhar perdido dentro do outro, cada sorriso correspondido. Dessa vez seria pra sempre.


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Notas finais do capítulo

Quem é que não deseja o seu próprio final feliz para sempre?



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