Antes Que Seja Tarde escrita por Mi Freire


Capítulo 24
Que dessa vez seja eterno.


Notas iniciais do capítulo

"Será que ela imagina que eu imagino o resto da minha vida ao lado dela?"

Demorei, mas postei. Boa leitura.



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Eu olhava para Malu deitada a minha frente e ela olhava para mim com um belo sorriso. Linda. Vestida com uma de minhas camisetas. Os cabelos bagunçados graciosamente.

— Preciso te mostrar algo – ela falou levantando rapidamente e me puxando para o quarto escuro.

Malu acendeu as luzes enquanto eu sentava na cama. Ela procurava algo em meio à bagunça de nossas roupas dentro do armário velho. Segurando uma pequena caixinha vermelha com detalhes pretos ela sentou-se ao meu lado.

— Lembra-se? – ela as pegou com delicadeza nas mãos, soltando a caixa na cama.

— Nossas alianças – sussurrei. — As duas. Você guardou...

— É um dos meus bens mais preciosos – ela beijou-me rapidamente. — Levo-as comigo para cima e para baixo.

— Gostaria que ainda estivesse as usando – lamentei pegando-as para melhor analisar. — Por que você não volta para mim?

— Veja – ela mostrou o dedo que deveria conter a aliança que seu primo-namorado deu a ela. — Surpreso? O que está esperando para me pedir em namoro outra vez? – ela soltou um sorriso agradável.

Baixei o olhar por um instante. Ainda não podia acreditar no que acontecia diante dos meus próprios olhos. Seria mesmo real?

Desengonçado, me ajoelhei aos seus pés como um verdadeiro cavalheiro. Levantei uma das nossas alianças em direção aos seus olhos marejados. Peguei sua mão e me preparei.

— Maria Luiza... Quer voltar a ser minha namorada? A minha adorável princesa? O amor da minha vida? A esperança de dias melhores? O motivo da minha alegria?

— Aceito. Sim. Aceito – falou chorando.

Malu aproveitou para se juntar a mim de joelhos no chão frio do velho apartamento.

– Eu te amo, Daniel. Te amo.

Rolamos no chão sorrindo enquanto ela ajeitava os cabelos, preparando-me para me dar um daqueles seus beijos maravilhosos.

— E o anel que ele te deu? Cadê? – perguntei em seguida. — Já jogou pela janela?

— Não, bobo – ela riu. — Guardei para devolver a ele no exato momento que nos encontrarmos.

Fiquei feliz em ouvir aquilo. Ainda mais feliz em saber que de novo éramos um casal apaixonado, os mesmos jovens que se encontraram por acaso naquela viagem do último ano do ensino médio.

 Como eu queria poder gritar para o mundo que ela era minha de novo! Que as esperanças nunca tinham morrido. Que o desejo nunca foi esquecido. Que a minha vontade era exatamente essa. Que nos amávamos acima de qualquer diferença, valores ou barreiras.

Queria poder ligar para Júlia e contar o que acabara de me acontecer. Sei que ela ficaria feliz, exatamente como eu estava agora. Sei que ela sentiria essa emoção, ficaria satisfeita em ouvir que finalmente as minhas vontades estavam sendo realizadas.

Não sei que horas eram da madrugada, mas não conseguimos pregar os olhos. Queríamos compartilhar aquilo, mas ainda tínhamos que esclarecer algumas coisas.

Maria ainda me mostrava algumas das coisas que eu havia lhe dado anos atrás e que ela ainda levava consigo. Ela também me revelou como se sentiu quando a nossa história começou e o que sentiu quando tudo acabou. Ouvi coisas que eu jamais tinha imaginado.

Não é fácil dizer, nem explicar, mas fiquei contente em imaginar que ela também chorou em sentir a minha falta. Em saber que ela sonhou comigo todas as noites quando estávamos juntos e ainda mais quando não estávamos.

Eu a amava tanto, muito mais que antes. Como seria possível? Ainda não conseguia acreditar naquilo. Já havia caído tantas vezes que depois de tantos ferimentos ainda era difícil crer que estava feliz de verdade.

Finalmente, um dia de folga. Malu estaria completamente livre para mim e isso me fazia ainda mais feliz, pois a minha vontade era estar o tempo todo ao seu lado. Nada era tão importante quanto tê-la ao meu lado.

— Só nos resta mais sete dias – ela comentou durante o nosso passeio.

— Sete dias que vamos namorar até você dizer chega – tentei fazer graça.

— Como vai ser depois que voltarmos? – ela perguntou sentando comigo em um dos bancos de uma antiga praça

— Por quê? Do que você tem medo?

— Daniel... Preciso de sua ajuda – ela agarrou meu braço. — Estou com medo de voltar e ter que encarar tudo e todos.

— Ei, Malu – levantei seu rosto com cuidado. — Você não está mais só. Tem a mim. Estarei ao seu lado para enfrentarmos juntos essa situação. Confie em mim – sussurrei.

— Eu confio. Confio muito – ela me abraçou forte. — Eu amo você.

— Eu amo você – soltei um riso bobo. — Muito – beijei-a rápido. — Muito – beijei-a de novo.  — Muito. Muito.

Paramos para tomar um sorvete típico da região e voltamos para casa. Assistimos a um filme, comemos algo na hora do almoço e também namoramos bastante, fotografando nossos momentos juntos.

Namoramos até cairmos de sono. Ao anoitecer, levantamos para caminhar. Fomos visitar algumas novas amizades que ela havia feito durante esse mês. Foi divertido. Mais divertido ainda poder chegar em casa com ela.

Eu não me cansava, poderia namorar o dia todo e ainda sim teria forças e vontade para o dia seguinte.

Os dias seguiram mais rápidos que o normal. Ela trabalhava o tempo todo e eu tentava ao menos seguir o seu ritmo.

No último dia, tiramos a manhã toda para arrumar nossas coisas. Foi uma loucura. De repente foi como se aquele lugar fosse o nosso lar e estivéssemos de mudanças com aquela terrível sensação de que poderíamos ter esquecido algo em algum lugar.

A hora do almoço foi bem diferente. Maria Luíza tinha um encontro em um dos restaurantes mais populares da cidade junto com todos os amigos do trabalho. Eles iriam comemorar o fim daquela grande luta. Eu também fui convidado e confesso que me diverti bastante com todos.

Ao entardecer, passamos em algumas lojas e compramos algumas lembrancinhas para dar a quem nos esperava no Brasil. Também compramos algo para aquelas crianças especiais e mais tarde fomos presenteá-las. Malu se despediu com muitas lágrimas e um aperto no peito por ter que voltar para casa.

— Não se preocupe. Um dia teremos nossos pequeninos e cuidaremos deles tão bem quanto cuidamos dessas crianças – foi o que eu disse a ela depois que as deixamos.

Consegui ligar para casa e avisar mamãe que já estava a caminho de casa. Aproveitei o momento para ligar para Júlia e dizer que já estava de volta em poucas horas. Para minha sorte, ela também já estava saindo de Porto Alegre com Miguel.

— Posso te fazer uma pergunta? – ela disse enquanto estávamos no táxi indo em direção ao aeroporto. Já era noite.

— Faça. O que foi? – perguntei curioso.

— Essa Júlia é mesmo apenas sua amiga? – ela finalmente perguntou.

— É – eu ria. — Não se preocupe, meu amor. Somos só amigos desde em que nos conhecemos. Sei que vai gostar muito dela quando puder conhecê-la. Júlia é um encanto.

— É. Quem sabe – ela ainda parecia um tanto intrigada. — Como foi que se conheceram?

Eu contei a ela toda a história de quando conheci a pequena Júlia. Enquanto chorava no banheiro feminino da faculdade por causa dela. Malu escutou tudo muito calada, sem nem se quer sorrir. Tudo bem. Eu até compreendia. Talvez tivesse um pouco de ciúmes. Quando terminei a história, ela começou a rir.

— Pelo visto ela é mesmo uma garota descente. Diferente de tantas outras que conheci.

No avião ela dormia no meu colo. Eu mexia em seus cabelos e agradecia aos céus por tê-la ali mais uma vez em meus braços. Rezava para que dessa vez desse certo. Tinha que dar, pois ao seu lado eu era mais feliz.

— Meu amor – beijei seus cabelos. — Acorde. Chegamos.

— Mas já? – ela perguntou ajeitando os cabelos. — Sonhei que dormia feito um anjo em seu colo enquanto você fazia carinho em mim.

— Acho que não foi só um sonho.

No desembarque pegamos nossas malas com uma imensa dificuldade, chamamos um táxi e seguimos até sua casa. Ao chegar a seu prédio o veículo parou.

— Está entregue. Agora descanse – beijei sua testa enquanto ela fechava os olhos.

— Daniel – ela sussurrou. — Eu preciso te dizer. Preciso de um tempo. Mas não um tempo que me afaste de você outra vez. Um tempo para ajeitar a situação aqui em casa com os meus pais em relação a você e para dizer a Fernando que é você quem amo.

— Tudo bem – tentei sorrir. — Mas de quanto tempo mais ou menos você precisa? Não posso mais ficar longe de você nem por um segundo...

— Eu sei, amor. Eu sei – ela interrompeu. — Um tempo de uma semana, pode ser?

— Não posso, mas eu darei – sorri com o coração muito apertado. — Mas se precisar de mim para qualquer coisa, me ligue. Não esqueça que finalmente estou aqui com você.

— Pode deixar. Não vou esquecer. Mas por enquanto está tudo bem, eu vou tentar seguir e fazer as coisas certas sozinha dessa vez.

Eu já sentia falta daqueles lábios nos meus, do seu corpo enroscado ao meu enquanto dormíamos juntos todas as noites. Também já sentia falta daquele sorriso logo de manhã, daquela pele que eu beijava enquanto nos amávamos, os olhos cristalinos que pareciam conectados aos meus... Ah, saudade.

Chamei o porteiro do seu prédio e fiz com que ele a ajudasse a subir com suas coisas. Quando vi Malu sumir no elevador, voltei para o táxi que me esperava e pedi para ele me levar até república onde deixaria minhas coisas.

Quando cheguei em casa fui recebido com um salto que quase me desmantelou. Foi um impacto muito grande. Dei um passo para trás e de longe vi a agitação dentro da minha casa, com todos os meus amigos ali presente. Poucos, mas especiais.

— Seu ridículo! – ela berrou. — Pensei que não voltaria mais e iria me abandonar aqui por causa daquela patricinha.

Todos me abraçaram como se eu tivesse passado anos longe. Tomei café da manhã ao lado de todos enquanto contava sobre a viagem.

Levei algumas horas até chegar à casa da minha mãe. Mais uma vez, mais abraços e beijos. Mamãe chorava o que não era tão comum, mas bonito de se ver. Para o meu espanto, meu pai também estava junto com alguns dos meus irmãos. A casa pareceu pequena com tanta gente.

— Nos conte tudo o que aconteceu – pediu meu pai sentando em um dos sofás com Pedrinho no seu colo.

Todos me olhavam atenciosamente com belos sorrisos, imaginei se com Malu acontecia o mesmo no exato momento. Se todos estavam felizes em vê-la se se estavam curiosos em saber como havia sido sua experiência em um país desconhecido.

Não importa. Uma hora ou outra, eu saberia.


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Notas finais do capítulo

O fim está próximo! Ontem eu estava escrevendo o ultimo capítulo e senti como se faltasse algo. Talvez eu não esteja preparada para o fim rs Mas não importa! Só espero que todos estejam gostando. Essa é minha unica e maior preocupação. Poucos comentam, e eu gostaria muito que TODOS participassem mais, comentassem, deixassem suas opiniões. Não sabem o quanto isso é importante pra mim! Um incentivo para poder continuar.



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