Nada Alem De Silent Hill escrita por Kay Colchester


Capítulo 7
Capítulo 6 - Me Esqueça Albert




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-Eddy! Eddy! –Diz Letíshia mexendo no menino inconsciente no chão.

-Onde estamos? –Pergunta Eddy meio tonto, se apoiando em um dos braços e o outro na cabeça

-Parece uma espécie de mina.

Eles se deparam com um lugar escuro ao lado do Lago Toluca com algumas tumbas. Delimitado por uma grade, o lugar era a entrada de uma mina. Nas tumbas, algo escrito em sangue, mas um pouco apagado para ser lido. Uma placa com os dizeres “Lago Toluca”. De dentro da mina soavam alguns gritos de bebe, choramingos e gemidos abafados.

-Deve ter alguém lá dentro. –Disse Letíshia levantando o menino do chão e indo em direção à mina.

Eles entram. Uma caverna cheia de barris, carrocerias, e uma escada encostada na parede que parecia dar em lugar nenhum.

-Um pouco estranho. Os choramingos continuam, mas não é daqui. –Retruca Eddy pensativo.

-Vamos entrar mais um pouco. Deve haver alguma outra coisa aqui.

Um grito é ouvido de onde eles vieram, e correm para o lugar onde veem Fer caído à beira do Lago. Eles o acordam que diz que está bem. Seguindo pela mina eles passam por uma porta chegando a uma floresta. Uma trilha por entre as árvores. Portões de metal separando cada parte da mesma. Até que chegam a uma parte onde encontram um parquinho para crianças, alguns brinquedos espalhados pelo chão, uma casa no meio. “Orfanato Casa dos Desejos”.

-Casa dos desejos... Já ouvi falar disso. –Diz Eddy lembrando-se de sua infância.

(Memória)

Lá estava o menino Edward, sentado no canto da sala de aula, longe das outras crianças, longe de seu melhor amigo. Terry Kamira foi embora. Depois de seus pais serem assassinados, ele foi levado a um orfanato de nome “Casa dos Desejos”.

-Eddy, Venha para a sua mesa. Terry vai ficar bem. Com certeza achará uma família logo. –Diz a professora sentando-se ao lado de Eddy no chão.

-Eu queria que minha mãe o adotasse, mas não temos condições para mais um filho. Mas ela disse que vai mandar doações regulares para o orfanato. Tenho saudades do meu amigo, professora. Queria ele aqui.

-Ele está bem. Mas venha e preste atenção na aula. Tenho certeza de que ele não gostaria de te ver assim.

Nunca mais Edward teve notícias de seu amigo. Parece que Terry se esqueceu da grande amizade que eles tinham juntos.

(Floresta)

“Foi para cá que Terry veio. Ele podia ter escrito alguma carta, mesmo com a hostilidade deste lugar.” Pensava Eddy. Eles se aproximam do orfanato, mas parecia que a porta estava trancada.

-Parece abandonado. –Diz Fer.

-Então para onde levaram Terry? Será que ele morreu? Não duvido que isso tenha acontecido. Nesse mundo só acontecem coisas terríveis. –Edward pensa alto.

-O que? –Pergunta Letíshia.

-Nada...

Uma muralha rodeava o lugar. Quarto portas. O orfanato ficava à esquerda da porta por onde chegaram, encostada na parede. Do outro lado, mais uma porta. Na parede oposta, mais duas portas. A porta oposta a qual eles chegaram era um portão de metal, com correntes travando-a com um cadeado grande no meio. Alguns arbustos perto do orfanato. Todo de madeira, com uma área pequena e dois andares. Uma luz piscava dentro de um dos quartos do segundo andar.

-Há algo ali. Temos que entrar. –Disse Letíshia entrando na porta ao lado direito do orfanato.

Eles andavam por uma trilha parecida com a qual vieram. Depois de alguns portões eles chegam a um lugar mais elevado um pouco. Parecia com um ponto de sacrifícios. Muito sangue no chão em frente de um buraco na parede barrado com cimento. Uma tocha fixa e outra móvel no lugar. Eddy pega a tocha móvel e a acende. Ali perto encontram uma chave bem enferrujada. Eles voltam para o orfanato e abrem a porta da frente. O barulho semelhante a uma sirene é ouvido novamente. As mesas jogadas no chão, armários amontoados, brinquedos ensanguentados espalhados pelo chão. Nenhuma alma viva se quer no local. Tudo iluminado apenas pela tocha de Eddy, que já estava apagando. O lugar em forma de “L”onde a porta ficava na parte inferior esquerda. À direita, uma cozinha, e no resto do local, uma sala. As escadas em frente à porta.

-Vamos já para o segundo andar. –Diz Letíshia eufórica subindo as escadas e entrando em uma porta à direita.

Eles chegam a um corredor com três portas. Uma à direita, uma à esquerda e a outra no fim do mesmo. As duas portas paralelas estavam trancadas, então entraram na última. Um quarto com dois beliches, um de cada lado do quarto, uma janela entre os mesmos com uma mesinha logo em frente. Uma vela sobre alguns livros em cima da mesa e um galão ao lado do beliche. O mesmo continha óleo. Eddy mergulha a tocha já apagada e a acende novamente na vela. Um livro parecia um diário.

“20 de Abril de 1993 – Vim para cá há quatro dias e não aguento mais. Tem um homem lá fora. Eu tenho medo dele. Ele chama a diretora, e cada vez que isso acontece, ele leva um de nós. Não tenho noticias mais dos meus amigos que já se foram com ele.

22 de Abril de 1993 – Descobri o nome dele. Albert Worluck. Um de meus amigos disse que ele leva todas as crianças para um lugar para sacrificá-las.

25 de Abril de 1993 – Ele agora me quer. Não quero ir. A diretora ainda insiste para que eu vá. Meus pobres amigos foram no meu lugar.

30 de Junho de 1993 – Ele agora não quer levar mais ninguém, além de mim. Eu disse para ele: ‘Me deixe em paz, Albert’, mas parece não adiantar. Vou ter que ceder ao pedido da diretora e rezar para que nada de mal me aconteça.

31 de Junho de 1993 – (Palavras escritas com umas gotas de sangue) Eu consegui fugir, mas não sei por quanto tempo mais. Ele esta lá fora e quer me levar de volta. A diretora foi morta. Agora só me resta pegar o bastão que esta dentro do... (Mancha de sangue). ”

“Será que esse diário pertence a Terry? Muito confuso. E se for ele, acho que tenho uma chance de encontrá-lo” Pensa Edward guardando o diário.

-Você parece assustado Eddy. O que foi? –Diz Letíshia.

-É Edward. O que foi? –Diz a voz de Albert que, novamente, aparece do nada.

-Pare de repetir o que eu digo, sua... Sua... Criatura repugnante. –Diz Letíshia já irritada com a intromissão.

-AH! Albert. O que fez com Terry? –Diz Edward

-Nada. Apenas o que o destino já reservava para ele.

-Do que está falando?

-Ele tinha câncer, Eddy. Ele ia morrer. Eu só destruo pais de crianças que estão doentes e virão para cá, e ponho um fim na vida sofrida delas. Aquele menino que Fer perguntou. Eu matei a mãe dele. Fer está vivo porque era divorciado. Agora, os filhos de Tyler também virão para cá. E Fer veio, pois não podia deixá-lo vivo depois que descobriu que a mãe de seu filho foi morta. Vocês são tolos. Eu joguei minha isca, e todos caíram direitinho. Agora, MORRAM, E QUEIMEM PARA SEMPRE.

Ele vira fumaça novamente, passa pelo óleo derrubando-o. Depois, faz o mesmo com a vela. O fogo começa a destruir o orfanato. Eles saem o mais rápido possível dali.

No corredor, eles escutam o choramingo vindo de dentro de uma das portas. Fer dá um chute, arrombando-a e entra. Quando sai, traz em seu ombro, um menino desacordado. Eles descem as escadas, saem pela porta da frente e olham o orfanato ser incinerado e desmoronar.

-Quem é este Fer? –Pergunta Edward meio ofegante.

-Meu filho.

-Você o encontrou. Basta saber se ainda é humano. –Diz Letíshia olhando atentamente para o menino.

Parte de sua blusa rasgada, descalço, com queimaduras leves pelo corpo. Parecia uma feição humana. Mas só acordado o menino poderia dizer ao certo.

Sem pensar muito eles prosseguem e voltam para o lugar onde faziam sacrifícios e o buraco na parede já estava aberto. Eles entram e vão rastejando pelos túneis até que chegam a um banheiro.

-Outro banheiro? Esse lugar sabe como me apavorar. –Disse Letíshia se apressando para sair do local.

-Por que este medo todo com banheiros? –Questiona o menino Edward.

-Nada. Coisas pessoais que não lhe interessam.

-Obrigado pela arrogância.

-Disponha.

Do lado de fora do banheiro, um corredor. As paredes brancas. Na frente da porta do banheiro mais uma porta. Parecia um apartamento. Eles entram na porta a frente. Um quarto com uma escrivaninha e uma cômoda à direita. Um closet, e uma cama à esquerda. Duas janelas na parede oposta à porta. Ao lado da cama, uma mesinha com um telefone e um abajur. O telefone toca. Fer atende e escuta a voz de Albert dizendo “Silent Hill”.

-Então foi você, Albert. –Todos gritam juntos.

-Vocês receberam a mesma ligação em suas casas, também?- Pergunta Fer.

-Sim. Logo depois de encontrar uma banheira com sangue, um braço se movendo e o número 41.793 por todos os lados da minha casa. –Diz Eddy espantado.

-Parece que esse tal de Albert não tem criatividade mesmo. Além de matar todos no mesmo dia, arranja a mesma história para todos. –Diz Letíshia tirando sarro da situação.

Um chiado estranho vinha de fora do quarto. Eles saem e vão para o resto do apartamento. Uma sala pequena ao lado de uma cozinha pequena. A cozinha quadrada com uma geladeira e um balcão com pia cobrindo a parte de parede toda. A torneira da pia jorrava sangue, e parecia não parar. Uma chaleira no fogão fervia, mas não havia fogo aceso em baixo da mesma. Na sala, uma mesa de centro com o ventilador em cima, depois de uma queda aparente. A Televisão, em frente à mesa, chiava, mas estava desligada na tomada. O relógio na parede ao lado da TV de cabeça para baixo girava seus ponteiros desordenadamente. Um baú do outro lado da TV continha uma pistola, algumas balas e um amuleto de prata. Oposto à TV, um sofá ao lado de outra mesinha com um abajur e um livro vermelho aparentemente normal. A TV, ainda chiando, mostra a silhueta de Albert. Na estante ao lado havia um rádio que se liga imediatamente e emite a voz de Albert, com um chiado ensurdecedor.

-Corram. Esse território é meu.

E logo depois a voz de Dante.

-Irmão...

-Dante... –Diz Eddy.

-Pai... –Diz Letíshia.

-Albert... –Diz Fer.

-Lucy... –Diz Tyler com sua voz amedrontadora, do lado de fora da janela que ficava ao lado da estante.


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