Nada Alem De Silent Hill escrita por Kay Colchester


Capítulo 6
Capítulo 5 - Redenção




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Tyler emitia um grunhido apavorante enquanto Edward assustado procurava algo na cela para bater nele.

–Pegue debaixo da minha cama. Há um pedaço de vassoura lá. –Disse o homem.

Eddy pega o pedaço de madeira e bate em Tyler temendo que seu amigo ainda esteja ali dentro.

–Eddy! –Edward ouve a voz de Letíshia. –Venha por aqui. –Ela destranca a porta da cela.

Tyler, estirado no chão, parecia estar morto, mas após alguns segundos se levantou como se não houvesse tomado nenhum golpe.

–Corra Eddy. –Grita Letíshia entrando em uma porta.

Fora da cela, havia um corredor circular que dava a volta em algumas celas.  A água no chão, empossada, suja, ainda escorrendo por alguns canos na parede. As paredes do lugar mofadas. Lodo escorrendo por todos os lados. Alguns rotos de bebes nascendo das paredes, Chorando. A porta na parede do lado oposto das celas. A outra sala tinha uma porta de cada lado e umas rachaduras na parede na frente deles. Eles vão para a porta à direita da que eles entraram. Mas estava fechada, então entram na outra. Um caminho espiralado pelo lado de fora da Water Prision. Um nevoeiro tão denso quanto o da floresta. Eles começaram a subir. Não conseguiam ver o chão fora da passarela devido à névoa e à altura.

–Agora parece mais calmo. –Diz Edward olhando para o homem. –Qual seu nome?

–Fer Hunter. Sou pesquisador, vim parar aqui procurando meu filho. Vocês o viram? Um menino baixo, loiro, cabelo meio comprido, uma blusa de frio listrada branca e azul marinho, uma calça jeans e um tênis branco, olhos azuis. Ele carregava um livro consigo. –Diz Fer

–Eu o vi, mas ele desapareceu. Caí em uma armadilha na floresta e vim para esse lugar estranho.

–Não que me lembre. –Diz Letíshia. –Letíshia. Prazer.

–Edward. Prazer.

–Como vamos sair daqui? –Pergunta Fer.

–Não sei. Mas vamos encontrar um jeito. –Edward responde. –Vocês sabem o que eram aqueles rostos?

–Não. Nesse mundo já vi tanta coisa que não me surpreendo mais. –Diz Letíshia.

Ainda subindo a passarela espiral, chegam a um ponto onde encontram uma porta. Eles entram e veem um lugar exatamente igual ao que eles tinham saído da cela.

–Esse deve ser outro andar. –Fer diz

–Mas é exatamente igual. –Retruca Edward.

–Não vou ficar por aqui. –Fer sai e faz o caminho de volta.

–Será que ele se esqueceu de Tyler? –Diz Edward. –Mas me diga Letíshia: Como escapou de Albert?

–Ele me pôs em uma cela como vocês, mas eu peguei a chave em uma blusa que estava jogada no chão.

–Coincidência ele te trazer para o mesmo lugar onde eu cheguei pela armadilha na floresta.

-Pode não ser coincidência. Ele deve ter bolado isso tudo. Ele deve estar planejando alguma coisa.

-Tenho um mau pressentimento sobre isso.

Enquanto conversavam, vasculhavam o lugar. Em uma das celas encontraram uma chave. Nas demais não havia mais nada. Eles saem do local e continuam subindo a passarela em espiral. No meio da subida, eles ouvem um grito de dor masculino vindo de baixo.

-Deve ser Tyler e Fer. Não creio que eles tenham se dado bem. –Diz Letíshia rindo.

-Não ria disso. Ele pode morrer.

-Não ligo para isso. Só sei que eu quero sair daqui.

-Você me deixaria aqui, pra se salvar?

-Sem dúvida. Acho que você nem precisaria perguntar.

-Eu sabia que não podia confiar em você.

-Vai querer discutir comigo por causa disso, agora?

-Não. Só estou comentando.

-Então não comente. Guarde pra você.

O silêncio reina por algum tempo até que eles chegam à outra porta na parede. Eles entram e encontram mais um andar. Edward e Letíshia procuram nas celas por alguma coisa importante, ainda desconfiados um do outro.

-Acho que estão um pouco precipitados. –A voz de Albert diz.

-Albert. Você não se cansa de nos perseguir? –Diz Edward.

-Ignore minha presença Eddy. Há alguém mais aqui com quem você deve se preocupar mais que eu.

Outro grito semelhante a uma sirene é ouvido. Passos firmes se aproximam. E aquele grunhido amedrontador. Na virada do corredor, aparece uma criatura arrastando-se no chão, com a cabeça baixa, uma fumaça branca saia de suas narinas, aquele som ecoado arrepiante. A criatura começa a se contorcer até que suas costas se abrem e dois braços saem dali e, parecendo um parto, surge, repentinamente, outro zumbi dali. Agora os dois começam a se rastejar seguindo-os.

-ALBERT. Volte aqui e acabe com isso. –Grita Letíshia

-Ele não vai te ouvir. Temos que acabar com essas criaturas.

Edward bate em uma das criaturas até ela cai e se vira para cima revelando o rosto.

-PAI! –Grita Letíshia.

-Esse é seu pai?

-É. Assusta-me vê-lo assim. Mas acho que ele não tem salvação.

Ela saca a arma e dá três tiros na cabeça de seu pai.

-Eu achei que você fosse insensível. Mas estava errado, você é pior que eu imaginava.

-Pare de me julgar, moleque. Você não sabe minha história. Pare tirar conclusões. Se você vai continuar assim, saia. Não te quero comigo.

-Não estou te julgando. Apenas é minha opinião. Não falo mais nada.

Ela atira no outro e sai daquele lugar. Continuam subindo o caminho espiralado até que chegam ao ponto máximo onde havia uma última porta trancada. Eles usam a chave para passar, mas parecia que não pertencia a essa porta.

-Há algo errado. Pensei que esta era a única... NÃO. Há outra porta. Lembra-se que lá embaixo há uma porta trancada? Deve ser de lá. –Diz Eddy já descendo a passarela de volta.

O clima entre os dois ainda estava pesado. Tanto Letíshia quanto Edward evitavam se falar. Ele não confia nela e ela o acha infantil. Depois da longa descida, de volta à sala com a porta trancada eles encontram a porta se abrindo com um rangido horrendamente agudo. Eles entram e seguem por uma escada espiralar para baixo onde veem alguns tipos de criaturas que pareciam ovos com um corpo semelhante um galho fino. Essas criaturas sumiam depois de um golpe. Uns bichos semelhantes a lesmas azuis nas paredes. Alguns ecos de choro eram ouvidos. Quando chegam ao fim da escada se deparam com o corpo de Lucy já com sua cabeça.

-Estranho. Pensei que aquela cabeça na mão de Tyler fosse ela. –Diz Eddy curioso agachando-se ao lado dela. –Parece que está morta. –Ele dá um toque no corpo.

Logo em seguida ela segura no pescoço dele apertando firme. O menino Eddy ia sufocando. Letíshia engatilhou a arma e explodiu o braço dela que o solta imediatamente.

-Pensei que tinha dito que não ligaria se eu morresse e não pensaria duas vezes em me deixar.

-É... Que... Ah. Tive a oportunidade de te deixar viver. Afinal, querendo ou não, preciso de ajuda para sair daqui. –Letíshia meio indiferente, tenta esconder que se importa com as pessoas.

-Por que você é assim?

-Assim como?

-Finge que não se importa, mas quando chega a hora deixa a máscara cair?

-Não faço isso. Não tenho máscara. Salvei sue vida não foi? Então me deixe em paz.

-Tudo bem. Mas se quiser se abrir comigo, eu estou bem aqui.

-Não tenho nada a dizer. Apenas fique quieto e saiamos desse lugar horrendo.

Lucy começa a se levantar e rastejar até eles. Letíshia corre pela porta logo a frente seguida por Eddy. A próxima sala é um pouco mais estranha. Uma roda de água no meio de um precipício limitado por uma mureta de pedra pequena. Logo em frente, uma nova porta. Eles entram passando por umas engrenagens muito grandes e chegando a uma porta no final do corredor.

-Será que esta porta é segura? –Diz Eddy já com a mão na maçaneta.

-Não sei. Não deve haver nada pior do que já vimos. Entre logo e pare de enrolar.

Eles entram e se deparam com um novo caminho em espiral para baixo, mas esse não tinha um prédio no meio, apenas o caminho, névoa e algumas gaiolas penduradas do lado externo da espiral. No fim, uma porta.

Depois dela, um banheiro.

-Por que um banheiro? Não podia ser um quarto de criança, ou uma casa normal? –Letíshia disse repudiando-se do local

-O que há de tão ruim em um banheiro?

-Nada. Deixe para lá.

O lugar fedia a carne podre. Mictórios de um lado, Sanitários do outro e uma pia cobria a parede perpendicular. Uma porta do lado oposto da qual eles chegaram. Eles passam por ela e se encontram na recepção de um matadouro.

-Maravilha. Primeiro uma prisão, e agora um matadouro. Isso está ficando cada vez melhor. –Diz Eddy depois de dar uma vasculhada no lugar.

Uma bancada em frente à porta do banheiro. Muitos papéis jogados no chão. Os bancos caídos, quebrados, sujos, manchados de sangue e uma porta atrás da bancada escrito: “Acesso restrito a funcionários”. Na bancada, uma gaveta. Na gaveta, uma carta endereçada a eles.

“Caros Edward e Letíshia,
Esse é o matadouro de Silent Hill, Sejam bem vindos. Há muito mais coisas aqui do que vocês possam imaginar. Atenciosamente: Albert Worluck.”

-Até em carta ele nos persegue. –Letíshia diz rasgando a carta.

-Diga Letíshia, Qual era o nome do seu pai?

-Não importa. O que importa que ele não é mais meu pai.

-Mesmo assim, ele tem um nome, não tem?

-Silver Grunge. Sabe Eddy, acho que essa não será a última vez que o veremos. Do jeito que andam as coisas, acho que muitas águas vão rolar ainda.

-Entendo.

-Edward... –A voz de Albert volta a ecoar

-Albert.

-Entre... –A voz de Albert novamente.

-Que tem ele? –Pergunta Letíshia.

-Não ouve a voz dele não?

-Não. Acho que esta dimensão está começando a te afetar psicologicamente.

-Juro que ouvi.

-Edward... –Um novo eco.

A porta se abre sozinha fazendo aquele ruído agudo. O grito semelhante à sirene pode ser ouvido novamente vindo de dentro da porta. Eles entram.

Lá, haviam várias mesas em uma sala comprida, gelada. Alguns corpos nas mesmas. Algumas facas ainda cravadas em seus peitos. No teto, ganchos passavam com partes humanas gotejando sangue em direção a uma entrada feita de tiras de plástico, tais como em frigoríficos.

-Nossa. O que eles fazem aqui? Meu Deus. –Letíshia apavorada.

-Acho que matam as pessoas nesse lugar. O mais estranho é que ainda não vi nenhum zumbi.

-Olhe direito.

Os corpos começam a se levantar. Alguns saem das paredes. Eles correm para a sala do frigorífico. O lugar tinha algumas caixas por toda extensão. E algo muito estranho. Um homem com uma espada enorme na mão, com um capacete em forma de pirâmide muito grande, sem camisa, e calças velhas pretas.

-MEU DEUS! O que é isso? –Letíshia se apavora mais ainda.

-Não sei. Parece uma espécie de mutante. –Eddy tentava parecer mais corajoso e destemido para fazer a moça se abrir com ele.

-Chega. Acho que posso enfrentá-lo.

Ela saca o revolver e começa a atirar na criatura. Ele se vira e emite um som apavorante. Os tiros desviam batendo em seu capacete.

-Acho que não vai adiantar Letíshia.

-Cale a boca. Não preciso de sua opinião.

Recusando o conselho do menino Edward ela continua a atirar naquela aberração.

-Edward... –A voz de Albert continuava a ecoar no lugar.

-Albert. Apareça seu monstro. Lute como homem.

-Você está tão confuso com seus pensamentos Eddy, que esquece que há algo muito mais importante. Seu irmão.

Dante sai de dentro de uma das caixas e vai rastejando até Eddy.

(Memória)

-Pare de gritar comigo, mãe. –Diz Dante para sua mãe.

-Filho, Você precisa voltar mais cedo. Você só tem 17 anos.

-É o suficiente para eu sumir daqui e nunca mais voltar.

Eddy corre e abraça o irmão.

-Por favor, Dante. Não vá embora. Eu te amo, irmão.

-Não vou embora irmão. Eu disse que eu posso. Mas não vou por você.

(Frigorífico)

“Tenho que me redimir. Sei que era muita pressão para ele. Agora que sei que o responsável por isso tudo é Albert, tenho que achar  um jeito de encontrá-lo nesse corpo estranho. Sei que ele ainda está ali” Pensava Eddy. Dante se aproximava cada vez mais. Até que ele para em um momento, levanta a cabeça para Eddy, e com sua boca branca, morta, disse:

-Irmão...

Edward se espanta. “Essa voz... Não pode ser... Dante... Será que você está realmente ai?” O menino não parava de se perguntar sobre a existência de seu irmão.

-Dante? –Eddy se aproxima dele.

-Edward. –A voz de Albert é clara.

-O devolva para mim Albert.

-Que tal almejar algo que você possa realmente alcançar, Eddy, como sua morte?

-Não vai conseguir me matar. Vou salvar meu irmão e você não vai me impedir.

-Vamos ver... –Albert some com o corpo de Dante.

Letíshia ainda atirava na criatura.

-Vamos sair daqui Edward. Não vamos conseguir matá-lo. Pelo ou menos não com essa pistola.

Eles correm para uma escada na parede do frigorífico e encontram um buraco onde estava escrito “Lixo”.

Eles pulam e escorregam por um tubo até chegar a uma espécie de lago.

-Lago Toluca de novo? –Pergunta Letíshia encucada.

-Parece que sim. Eu só queria saber por onde caímos.

Os corpos que estavam flutuando começaram a se levantar para matá-los.

-Temos um azar. –Diz Letíshia pegando a faca em sua canela e mergulhando.

-Me espere.

Eles descem o mais rápido que podem e são sugados por um rodamoinho.


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