Meu Vampiro De Estimação escrita por Eica


Capítulo 10
Ouça seu coração


Notas iniciais do capítulo

Fotos
Eric:
http://www.mediafire.com/view/?52l769n8hds7o47
Caio:
http://www.mediafire.com/view/?k9h171xjf7tutts



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/358057/chapter/10

Ele falava com suavidade. Ficava muito bonito quando sorria.

- Você poderia lecionar música. - opinou Eric, quando caminhava pelo jardim em companhia de Sylvian.

- Já lecionei.

- Sério?

- Piano... Cravo... Violino... A última aula que dei foi na década de quarenta. Estávamos na Inglaterra. Dei aulas a um menino. Era muito inteligente. Aprendia rápido. Sua família era muito respeitável. Moravam em Londres. Eu apreciava muito Londres.

- Você viajou muito, não é? Tenho a impressão de que você pode fazer qualquer coisa.

- Nem tudo. - sorriu.

- Está sendo modesto. Para quem viveu tanto tempo, deve ter aprendido muitas coisas.

- Aprendi, mas não tudo. Gosto muito de ler. Já li muitos livros.

- É, Thibaut comentou que você tem uma verdadeira biblioteca em sua casa na França.

Pararam para sentar num banco de ferro branco que decorava esta parte do jardim.

- Pretende voltar para lá? Para a França?

- Não sei. Não sei o que acontecerá. A incerteza é a pior das angústias. - divagou.

Eric espiou-o com atenção. Em seguida, deitou o olhar sobre as mãos do vampiro. Apreciou um lindo anel de prata que ele usava no dedo anular. Sylvian, após voltar das divagações, notou seu olhar.

- Gostou?

- Que?

- Do anel.

- Ah, sim. É muito bonito.

Sylvian tirou o anel do dedo e estendeu-o ao rapaz.

- Pode ficar.

- Ah, não, eu não quero.

- Fique com ele. - disse, pondo o anel sobre a palma da mão direita de Eric. - Não me fará falta.

- Tem certeza?

- Claro.

-... Obrigado.

Sylvian sorriu. Eric olhou para o anel.

- É melhor eu voltar lá pra dentro. Acho que o Caio já aguentou sozinho por muito tempo.

Levantaram-se e voltaram para a sala.

As visitas a casa de Thibaut e as visitas a casa dos meninos tornaram-se comuns. Sébastien precisou acostumar-se aos encontros entre os quatro. Da mesma forma que Thibaut avançava em Caio, Sébastien também avançava imaginando ter muitas mais chances com o jovenzinho do que seu rival. Não bastasse essa preocupação, havia agora Sylvian no meio. O vampiro passou a procurar Eric, mas aparentemente era menos insistente que Thibaut.

Sébastien tentava controlar a irritabilidade por tantos encontros e falatório. Odiava ouvir elogios aos seus rivais e procurava lembrar os meninos de que tinha muitas mais qualidades que os outros dois. Caio, do seu jeito tímido, dizia que Thibaut era muito atencioso e respeitoso. Já Eric, do seu jeito provocativo, dizia que Sylvian era muito bonito e inteligente. Era de se esperar que acontecessem confrontos entre ele e o vampiro.

Certo dia, numa segunda-feira de tempo ameno, Caio e o irmão foram ao jardim esvaziar a piscina. Caio perguntou ao outro que relações tinha ou pretendia ter com Sylvian.

- Só estamos nos conhecendo. - respondeu o mais velho. - Além do mais, acho que ele não quer nada comigo. Só é muito gentil.

- Que nada! Outro dia quando fomos jantar com eles, ele não tirou os olhos de você. Não percebeu?

- Quando foi isso?

- No último jantar da semana passada. Eu vi. - contou Caio, com enorme sorriso. - Vira e mexe e ele olhava para você. O Thibaut não fica olhando pra mim desse jeito. O Sylvian nem pisca. É como se estivesse enfeitiçado, sabe?

Eric gargalhou:

- Não diga besteira.

- Ele não te deu esse anel maravilhoso?

- Ele não pretendia. E por falar no anel, acho que vou devolver. E você? Quer alguma coisa com o Thibaut?

- Aaah, não sei... Ele é bonito e tudo o mais... Mas... Não sinto nada por ele.

- Diga isso pra ele e ele vai surtar. Coitado. Mas vai ter que contar pra ele, Caio.

- É, eu sei... Mas não sei como.

- Escolha um dia especial e fale que apreciou tudo o que ele te deu e o que ele sente por você, mas que não pode corresponder.

Caio ficou nervoso. Conversou novamente com o irmão quando era de tarde, na cozinha, quando Eric preparava o almoço.

- Ou você liga pra ele ou espera ele te ligar. - sugeriu o mais velho. - Se não tem coragem de ligar, espera ele ligar, o que não vai demorar muito.

Caio mexeu em seu celular, ainda sentindo-se muito inquieto. Naquele instante, Sébastien entrou na cozinha do seu jeito silencioso. Olhou de um para o outro. Nenhum dos meninos deu-lhe atenção. Estavam muito concentrados no que faziam.

- AI! - gritou Eric, quando a faca rasgou a carne do seu dedo indicador.

O rapaz parou de cortar fatias de bife, abriu a torneira e pôs o dedo debaixo da água.

- Como arde, como arde! Tem band-aid em casa, Caio?

- Não sei. Da última vez que vi, tinha dois.

Eric fechou a torneira e foi até a gaveta do armário onde guardavam-se os remédios. Procurou por uma caixinha de band-aid. De modo súbito, Sébastien segurou seu pulso esquerdo e lambeu o sangue que escorria pelo dedo machucado do rapaz.

- O que está fazendo?

O vampiro meteu a língua diretamente na ferida.

- Solta a minha mão, por favor. Sébastien.

Sébastien fitou o jovem e continuou segurando seu pulso. Por último, chupou o dedo inteiro. Eric conseguiu soltar-se. Achou um band-aid na gaveta, lavou o dedo outra vez e pôs o curativo. Olhou feio para o vampiro, que parou em frente da mesa.

- Devia ser mais cuidado. Você afiou esta faca ontem. - disse o vampiro.

- Eu tomo cuidado.

- Não parece.

Neste dia, Eric foi o único que não dormiu na cama de Sébastien junto com o vampiro. Caio ficou sozinho com ele e não achou ruim. Muito pelo contrário. Sébastien dormiu abraçadinho com ele. A sensação foi maravilhosa. No dia posterior, quando Eric fez menção de dormir novamente sozinho, Sébastien foi buscá-lo em seu quarto, quando o rapaz já havia pego Caio no colégio e todos preparavam-se para dormir.

- Vá descansar. - disse o rapaz, arrumando seu lençol sobre o colchão. - Quero ficar sozinho.

- Vamos dormir todos juntos.

- Quero ficar sozinho. Sébastien! Não está me ouvindo ou é burro e não entende o que eu falo? Por que sempre me força?

- Porque você é o único que fica me negando as coisas. Caio é mais obediente que você. - replicou o vampiro, segurando o braço do rapaz com firmeza.

- Me solta! Quero ficar aqui. Quero ter um pouco de sossego.

Sébastien soltou-o:

- Que ódio! Você me tira do sério!

Saiu do cômodo batendo a porta com violência.

Na quarta-feira, Sébastien fez as pazes com Eric, mas o jovem continuou querendo dormir em seu quarto. No dia seguinte, Caio acordou de manhã na cama do vampiro e sentiu-o muito próximo. Podia ouvir sua respiração. Cuidadosamente, olhou para trás e o viu acordado. Este sorriu-lhe.

- Como vai? Dormiu bem?

- Dormi. - respondeu o pequeno, sentindo um estremecimento quando Sébastien tocou-lhe no ombro.

A carícia mudou do ombro para a cintura e foi parar na coxa. Caio ficou paralisado de surpresa e nervosismo. Quando finalmente conseguiu mexer-se para levantar, o vampiro parou-o.

- Vamos aproveitar um pouco mais. Ainda é muito cedo.

O coração do garoto deu um salto quando Sébastien abraçou-o por trás e beijou-lhe no pescoço. As coisas ficaram mais quentes quando o atrevido enfiou a mão por debaixo de seu short e apertou seu pênis.

- Sébastien...

- O que?

- Eric está em casa.

- Não me fale daquele chato.

A mão do vampiro massageou o membro do menino que não demorou muito para ficar rijo. Pela mente de Caio, a frase que se repetia era a seguinte: “Meu Deus! Vamos fazer?”. Sébastien abaixou seu short e sua cueca. Caio não moveu-se e permaneceu deitado de lado. O vampiro continuou deitado atrás dele. Com a mão esperta, apertou-lhe a coxa, o bumbum e especialmente o membro. O corpo de Caio estava adorando o abuso e já começava a fazer movimentos involuntários como mexer a pélvis. O vampiro, observador, sorriu com satisfação e pegou o próprio pênis. Deixou-o a amostra e usou-o para cutucar o bumbum do rapaz.

Caio adorou, mas ficou mais nervoso. Levou a mão esquerda ao quadril do vampiro e empurrou-o um pouco para trás. A ação teve efeito contrário. Sébastien aproximou-se ainda mais. Passou a mão pelo peito do jovem. Beijou-o com mais ímpeto e esfregou o corpo no dele. Caio não tirou a mão esquerda do quadril de Sébastien e perguntava-se: deixava ou não deixava acontecer? O vampiro já movimentava-se em demasia. Já estava mais excitado. Aparentemente não via a hora de meter-lhe fundo. Naquele instante, Caio cometeu um erro que custou-lhe muito. Deixou ser deitado de bruços e permitiu que o vampiro lhe enfiasse todo o membro. Foi a pior sensação de sua vida que podia ter sido evitada se tivesse confessado. Ao final da transa, Sébastien ficou muito feliz e Caio muito dolorido.

O menor deu-se com Eric na primeira sala lá pelas onze horas. O irmão mais velho punha o seu celular para carregar na tomada. Caio estava muito nervoso.

- Vou buscar a bolsa. Não agora. Daqui a uns vinte minutos mais ou menos. - disse Eric, sorridente. - Quer que eu te compre alguma coisa?

- Não.

O menor desistiu de sentar no sofá.

- A piscina está ficando legal. Disseram que no mês que vem vão terminá-la. - disse o mais velho. - Está demorando.

Sébastien apareceu na sala. Caio corou intensamente. Ficou aflito que o vampiro pudesse abrir a boca e fazer algum comentário.

- Por que está vestido assim? Vai sair?

- Vou pegar sua bolsa.

- Ah.

Caio decidiu ir junto com Eric para não ficar sozinho com Sébastien. Sentar-se no banco do carro foi extremamente desconfortável, mas esforçou-se ao máximo para não demonstrar que algo estava errado. Ao voltarem para casa, Eric deu a bolsa para o vampiro e Caio foi para seu quarto. Por volta das três horas, Eric bateu na porta de Caio e este o atendeu.

- Podemos conversar?

- Que foi?

Eric fechou a porta atrás dele.

- Fui colocar as roupas na máquina e vi uma cueca sua.

- Ah, meu Deus! - desesperou-se o menor.

- Caio, o que aconteceu? Por que estava suja de sangue?

O menor sentou na cama e cobriu o rosto com as mãos. Eric sentou-se ao seu lado.

- Conta pra mim. Sou seu irmão. Pode me contar qualquer coisa.

- Ah, meu Deus! Que vergonhoso! Que vergonhoso!

- O que foi?

- Não quero falar.

- Por que não?

- Dá vergonha.

- Por que daria? Você está machucado? Você está com hemorroidas?

- Aiii! Não!

- Então...

De súbito, Eric levantou da cama.

- VOCÊ TRANSOU C...

- Fala baixo!!

Caio tapou a boca de Eric com a mão. Os olhos de seu irmão permaneceram arregalados.

- Caio! - sussurrou. - Você... Você está legal? Está machucado? Meu Deus! Por que não me disse? Quando foi isso?

O menor tornou a sentar na cama.

- Não quero falar. - disse, de cabeça baixa.

Eric sentou do seu lado.

- Doeu muito?

- Um pouco.

O mais velho abraçou-o.

- Por que não me contou que pretendia transar com ele?

- Eu não pretendia. Aconteceu.

- Ele não pegou leve com você? Bom, é lógico que não pegou, senão essa situação... Ai, Caio... - beijou sua testa e prosseguiu: - Devíamos ter conversado sobre sexo antes de você fazer.

Eric deixou o braço envolta do ombro do irmão.

- Você está bem?

- Envergonhado.

- Não tem por que sentir vergonha.

Silêncio.

- Também aconteceu com você?

- O que?

- Na sua primeira vez. Também aconteceu o mesmo?

- Não... Você por um acaso disse ao Sébastien que era virgem?

Caio balançou negativamente a cabeça.

- Caio!

- Ah! Vamos parar de falar sobre isso!

- Está bem. Mas vamos conversar depois.

Eric saiu do quarto e voltou para o quintal, onde terminou de colocar as roupas do cesto para lavar. Quando a máquina começou a trabalhar, Eric encostou-se nela e suspirou. “Onde vamos acabar desse jeito?”, pensou. Entrou em casa. Depois de passar pelo escritório, uma voz chamou-o. Era Sébastien.

- Que foi?

- Sua cara está estranha. - comentou o vampiro.

- Estou preocupado. Só isso.

Eric continuou andando. Sébastien seguiu-o pela casa.

- O que o preocupa?

- Caio.

- Por que? O que ele tem?

- Isso não vai acabar bem. Isso não vai acabar.

- Pare de falar sozinho e me responda. O que ele tem?

O vampiro precisou parar Eric para que fosse escutado.

- Não posso ficar aqui. Preciso ir embora.

- Com essa ideia outra vez? Já falei que esta é a única casa que tem.

- Você acha que está tudo bem, não é? - disse Eric, com a entonação da voz alterada. - Parece que não dá a mínima. As coisas estão piorando, não vê?

- Do que está falando?

- Só pensa em nos levar pra cama. É só nisso que pensa.

- Hipócrita.

- Sim! Sou hipócrita! - retrucou, derramando algumas lágrimas. - É lógico que quero ir pra cama com você. Mas Caio também quer. Nós dois queremos. Nós dois estamos apaixonados por você. Como acha que me sinto sabendo que meu irmão sente o mesmo por você? Pra você é uma maravilha, não?

Eric deu um suspiro dolorido.

- Que droga!

Sébastien ia tocar em seu rosto, mas Eric deu uma tapa na sua mão.

- Me esquece! A partir de hoje você morreu pra mim! Está morto! Chega.

Eric afastou-se, soluçando demais.

- Eric! Eric!

Sébastien ficou sem reação. No final do dia, tentou falar com Eric, mas foi ignorado. O rapaz levou Caio no colégio e permaneceu compenetrado nos próximos planos. Um deles incluía comprar um apartamento ou casa e mudar-se. Quanto mais longe de Sébastien melhor. A semana acabou e Eric tinha mais certeza de que Sébastien e Caio ficariam juntos. “Só estou atrapalhando”, pensou. Caio reclamou quando descobriu que o irmão queria ir embora.

- Eu vou junto.

- De jeito nenhum! Essa casa é sua e você vai ficar nela. Só vou sair daqui porque não suporto mais olhar pra cara do Sébastien.

- Mas...

- Já estou esgotado. Deixa-me ir. Talvez eu não fique longe por muito tempo. Só quero esfriar a cabeça.

- Não entendo. Não quero que você vá.

- Não ficaremos afastados para sempre. Só vou morar em outro lugar.

- O que vou fazer nessa casa enorme?

- Vai continuar fazendo o que sempre faz.

- Aaah, não, Eric.

Eric beijou seu rosto.

- Vai dar tudo certo.

No sábado, Eric foi ao shopping com Cléber. Já eram quatro horas da tarde. Eric não permitiu que o namorado saísse do carro.

- Vamos conversar aqui mesmo.

- Tudo bem.

- Você é uma pessoa maravilhosa... - começou Eric. - E todos os momentos com você foram muito especiais pra mim. Mas eu preciso ser sincero.

O sorriso no rosto do rapaz se desfez.

- Espere, espere... Já ouvi isso antes. Vai terminar comigo?

- Sim.

- O que? Mesmo? Por quê?

- Desculpe, Cléber, mas não dá mais.

- O que aconteceu?

- Eu preciso ficar sozinho.

- Eu... Eu... Eu achei que estivesse tudo legal. Nós nos divertimos, nós curtimos... Eu sou apaixonado por você e... Espere... Não, não... Acho que entendi.

- O que entendeu?

- Então quer terminar? - indagou, controlando-se.

- Eu não queria, mas... Você merece alguém melhor.

Cléber fitou-o.

- Eu quero você.

- Essa situação é difícil pra mim. Não piore.

- Eu te adoro. Eu te adoro, Eric.

Eric deu um suspiro.

- Já acabou. Eu lamento muito, mas acabou.

Encararam-se. Cléber balançou a cabeça.

- Está certo.

Após um silêncio constrangedor, Eric saiu do carro. Estava feito. Na semana seguinte, Thibaut ligou para Eric indagando se não poderia buscar Caio na escola. Eric consentiu, pois intimamente não via nenhuma objeção. Foi por isso mesmo que, em seu horário de saída, Caio teve uma surpresa ao ver uma limousine parada em frente da escola. Os alunos ficaram bastante curiosos. Era algo realmente inédito. Quem seria o dono da limousine? Alguém famoso? Ora essa! Mas que famoso viria a cidade de Sorocaba?

De repente, a porta da limousine abriu-se e Thibaut saiu por dela. Caio parou ali mesmo na calçada no meio daquela multidão de alunos uniformizados. “O que ele está fazendo aqui?”. Thibaut avistou-o e chamou-o.

- Caio!

Os alunos procuraram pelo tal de Caio. As amigas do garoto ficaram bastante impressionadas. Caio despediu-se delas e aproximou-se do vampiro que, sem nenhuma vergonha, beijou-lhe na mão.

- Seu irmão permitiu que eu visse buscá-lo. Vamos?

Caio entrou na limousine com ele. O automóvel começou a andar.

- É uma escola pública?

- É.

- Hm. O final de ano está chegando. Aliás, já estamos no final do ano. Suas aulas terminarão rápido?

- Em novembro.

- Ah, sim, claro. Está com fome?

- Na verdade não.

- Então quem sabe não possamos jantar amanhã ou depois de amanhã.

- Claro.

Caio lembrou-se que deveria dizer a Thibaut que não poderia corresponder aos seus sentimentos, porém, como começar um assunto desses? Dar o fora em garotos da escola era fácil, mas dar o fora num homem como ele era outra história. Enquanto conversavam, Caio foi pensando numa forma de abordar o assunto e o momento oportuno chegou quando a limousine parou em frente à mansão.

- Tenha uma boa noite. - disse o vampiro, dando-lhe um beijo no rosto.

- Você também.

“Droga”, pensou Caio, quando saiu da limousine sem dizer uma única palavra. “Não imaginei que fosse tão covarde!”. Posteriormente, Eric ligou para Sylvian, para avisar que gostaria de devolver o anel que este lhe dera.

- Não tem que devolver nada. - disse o vampiro. - Foi um presente. Já disse.

- Tem...

- Sim, tenho certeza.

- É que me parece um anel muito caro.

- Não teve valor alto para mim. Acredite.

- Bem... Está certo.

- Obrigado por ligar.

- Ah... D-de nada.

Eric desligou o celular e olhou para o anel. O rapaz e o vampiro tornaram a se encontrar quando Sylvian quis ensiná-lo a tocar piano. Encontraram-se na mansão de Thibaut, quando este não se encontrava.

- Não é tão fácil quanto parece. - alegou Eric, sentado no banquinho ao lado de Sylvian.

- Espere aqui.

Sylvian saiu da sala de música. Voltou trazendo uma caixa. Passou-a a Eric e pediu que ele a abrisse. De dentro da caixa, o rapaz tirou um piano em miniatura. A coisa mais linda que já vira. Era todo entalhado em formas folhadas. Parecia uma antiguidade.

- É uma caixinha de música. Levante a tampa.

Eric levantou. A música começou a tocar.

- Que lindo!

- Quero que fique com ela.

- O que?

- Sim.

O rapaz admirou-a um pouco mais.

- É muito bonita. Obrigado.

- A música ajuda a dormir. - sorriu o vampiro.

Eric voltou para casa muito contente. Colocou a caixinha de música sobre seu criado-mudo e deixou-a tocar quando foi dormir.

Foi a vez de Sébastien protestar quando descobriu que Eric já havia procurado casa para comprar. Tanto ele quanto Caio pediram ao jovem que não fosse embora, mas Eric estava decidido. Sébastien ficou tão aborrecido que não tomou o sangue da bolsa e saiu de casa quando anoiteceu porque se ficasse, disse ele, acabaria perdendo a cabeça. Thibaut e Sylvian apareceram de limousine. Não toparam-se com Sébastien, pois o vampiro já estava bastante distante da mansão. Ambos os vampiros entraram na casa e uniram-se aos irmãos que preparavam um jantar reforçado.

- Para onde foi aquele vampiro? - indagou Thibaut.

- Está dando uma de criança. - respondeu Eric, em frente a pia. - Está fazendo birra. Foi andar por aí.

- Algo aconteceu?

- Nada demais.

- Íamos convidá-los para um jantar, mas vejo que já estão adiantados por aqui.

- Sentem. Sentem. - convidou Eric.

Sylvian e Thibaut sentaram-se.

- Acho que o Sébastien não vai demorar a chegar. Espero. - disse o mais velho.

A mesa já estava arrumada para o jantar. Os meninos já haviam colocado pratos e talheres sobre ela. Também uma garrafa de suco natural de laranja. No momento em que Caio fez menção de encher dois copos de suco, Sylvian prontificou-se a enchê-los. Sendo assim, Caio foi ajudar o irmão a picar os legumes. Iam fazer uma deliciosa salada.

Enquanto distraíam-se picando e conversando com Thibaut, Sylvian tirou um frasquinho do bolso do casaco e despejou um pó branco num dos copos com suco. Deu este copo para Eric e o outro para Caio. O mais sedento deles tomou primeiro e em menos de dois minutos, começou a sentir-se mal.

- Que foi? - indagou o irmão menor.

- Não... Estou... Não consigo enxergar direito... Que sensação horrível!

- Você está pálido. Melhor sentar na cadeira.

Caio tomou o irmão pelo braço e bem que tentou levá-lo à cadeira mais próxima. Todavia, o rapaz tombou no chão antes.

- Eric! Meu Deus! Eric! Me ajudem, por favor!

Thibaut e Sylvian aproximaram-se.

- Meu celular! Preciso chamar a ambulância!

- Espere, a ambulância vai demorar a chegar. Sylvian, leve o rapaz ao hospital.

Mal recebeu a ordem e Sylvian já carregou Eric no colo. Caio, aflito, seguiu os dois até o jardim da casa.

- Caio, é melhor ficar aqui e esperar por Sébastien.

- Não, quero ir junto.

- É melhor ficar. Ele precisa ser avisado. Não se preocupe. Acalme-se, está bem?

O jovenzinho viu Sylvian atravessar o portão da frente com Eric nos braços. Não. Não podia deixar o irmão sozinho. Precisava ir junto, mas Thibaut o estava freando. Não queria que fosse. Talvez estivesse certo. Talvez não fosse nada grave. A família sempre teve problema de pressão. Talvez a pressão do irmão tivesse baixado demais. Seu avô tinha problema de pressão baixa. Sua mãe também.

- Volte para dentro. Deixaram as panelas no fogo. Apague-as que nós iremos ao hospital em seguida.

- Está certo.

Caio correu para dentro de casa e Thibaut foi para a calçada. Sylvian já colocara Eric no banco de trás do automóvel. O vampiro aproximou-se de Sylvian.

- Está morto?

- Está.

- Livre-se do corpo e pergunte aos outros se tudo está correndo bem.

- Claro.

Sylvian entrou na limousine e Thibaut entrou na casa.

Sébastien não soube explicar a si mesmo como meteu-se naquela situação. Num momento estava andando pela Avenida Itavuvu e no outro momento estava deitado num lugar escuro e desconfortável. Pelo tamanho do objeto, diria estar dentro de um caixão. Sim. Sem dúvida estava dentro de um caixão, mas não conseguia sair dele. Alguma coisa estava errada. Quando tocou na nuca, sentiu-a molhada. Lambeu os dedos úmidos e teve mais uma certeza: estava sangrando. Havia um buraco em sua nuca do tamanho de uma bala. Ao meter o dedo mais fundo na ferida, constatou que haviam-lhe baleado. A bala estava ali mesmo, alojada em sua carne.

Só o que pensou em fazer foi golpear a tampa do caixão para tentar escapar. Gritou o mais alto que pôde. Ninguém o escutou. Em dado momento, sentiu o caixão oscilar. Fez silêncio e percebeu o som de um automóvel e vozes. Muitas vozes. A aflição só aumentou.

- HEEEEIIII! Droga!

Golpeou a tampa do caixão com mais violência e nada. Alguns minutos depois, sentiu que o caixão foi tirado de algum lugar. Sacudiu-se por mais alguns minutos e então foi derrubado. Ouviu passos, risadas, murmúrios, mas nenhuma das vozes era familiar. Por fim, estes sons se afastaram, até não restar nenhum.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Vampiro De Estimação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.