Cheguei a casa, como sempre despejei minha bolsa de qualquer jeito em cima da cama, liguei o computador e fui para o banho, passei um pouco mais de dez minutos em baixo da água, já falei o quanto essa sensação me faz bem?

Enfim, saí do banho, coloquei a senha no computador e fui almoçar, almocei sozinha, Lau estava em algum dos cursos que ela faz, minha mãe estava no escritório e meu pai já havia voltado para lá, ou seja, só restou eu e Greice.

Terminei de almoçar e comi um pedaço de bolo, voltei para o meu quarto e joguei-me na minha cama abafando o meu rosto no travesseiro, de fato seria muito engraçado contar para Math que meu novo amigo é o Vitor, tá talvez não vá ser tão engraçado assim.

Falando em Math, deixa eu ver se ele deu notícias, me levantei da cama e fui atrás do meu celular, acho incrível essa capacidade que eu tenho de perder uma coisa que eu estava usando a pouco tempo, pois é, sempre acontece comigo.

Não sabia onde procurar mais e resolvi reler a Marca de Atena, eu fiquei tão feliz no dia que lançou, confesso que até fiz um drama para poderem me levar no shopping urgentemente para eu poder comprar, eu consegui ler em no máximo quatro horas.

Ah é, nesse dia que eu fui ao shopping eu fui ver somos tão jovens, é tão perfeito, mas sinceramente eu esperava mais, eu fui ao shopping com a ideia fixa de que haveria repressão do governo, pelo fato de que a legião urbana criticava o povo pela sua falta de saber, indiretamente criticando o governo, ou até diretamente como em que país é esse.

Mas enfim, deixando meu lado nerd de lado, eu lembrei que estava há muito tempo sem entrar no tumblr e resolvi entrar lá.

Abri uma guia com o tumblr, outra com algumas fanfic’s e outra com o youtube.

“Há mais de uma semana

Milhas e milhas distante

Do meu amor”

A música da banda Blitz invadia meus ouvidos em um volume considerável alto.

No tumblr, quase como num passe de mágica apareceu este post.

"Coloquei uma música pra tocar e ela falou comigo, me compreendeu, até me decifrou."

— Vinícius Brito.

“Meu amor não será passageiro, te amarei de janeiro à janeiro até o mundo acabar.”

— Nando Reis.

Fui nas minhas ask’s e havia algumas, mas eram algumas sobre o theme que eu usava, outras sobre minha playlist, mas apenas uma chamou minha atenção.

“Lari, eu preciso muito da sua ajuda, eu to com muitos problemas em casa, pensei até em me cortar”.

Respondi-a imediatamente.

“Isso vai tornar as coisas mais fáceis? Não, só vai te deixar ainda mais frágil e ainda vai deixar quem está ao teu redor preocupado com ti. Eu sei que pode parecer uma brilhante válvula de escape, mas entrar nessa é uma roubada, é quase como entrar num buraco e cada vez se afundar mais ainda, você sabe que não vai trazer nada de proveitoso, mas você ainda sim quer ir fundo nessa, eu to aqui pra tudo, nem que seja pra ficar te dando sermão, às vezes é necessário.”

Quando terminei de escrever o texto me dei conta que meu Skype apitava e que era ele.

Corri para dar uma arruma básica no geral. Não tenho paciência para frescura demais com besteira.

- Oi amor – Ele diz sorrindo, meu Deus do céu, ele não pode parar de sorrir, fala sério, ele é meu paraíso.

- Oi – Digo toda derretida, parecendo uma idiota, mas qual é, mesmo com milhas e milhas de distância entre nós, aqui estou eu derretida por ele, com apenas um sorriso!

- Tudo bom? – Ele pergunta.

- Sim, sim e com você? – Pergunto.

- Tudo bom, mas melhor seria com você aqui – Ele diz galante.

- Hm sei, você está é aproveitando as paulistas isso sim, até seu irmão e seu professor deduraram – Digo rindo.

- Eles são uns chatos que deduram o outro isso sim – Ele diz.

- Hm, eles deduraram foi? – Pergunto-o.

- Foi, eles são muito chatos – Ele faz careta.

- É, você realmente deve estar adorando – Digo irônica.

- Sabe como é né, eu realmente estou sim, aqui é o paraíso – Ele diz exibindo um típico sorriso sarcástico que eu odeio. Odeio, simplesmente odeio.

- A idiota não vai mais impedir nada, se você quiser, vai lá, agora vai sabendo que não volta mais – Falei brava.

Na boa eu tinha ficado muito estressada agora. Eu sou muito insegura em relação a ele, eu já pensei várias vezes o que ele vê em mim, um dos meus maiores medos é acabar perdendo ele e ele vem fazer essa brincadeira? Se é que é brincadeira.

- Hoje eu realmente não estou com paciência, minha cabeça está explodindo depois dessa, depois a gente vê como fica – Digo prendendo os lábios reprimindo o choro.

Ele parece ter se arrependido do que fez, parece que ele se deu conta de que eu realmente não estava brincando, eu desliguei a chamada sem nem hesitar.

Eu passei horas, se brincar um dia inteiro chorando por esse idiota, para em uma das primeiras oportunidades ele fazer isso comigo? Eu não vou ser um peso na vida dele, se ele quiser ele vai ser livro a partir de agora para poder ficar com quantas ele quiser.

Joguei-me na cama e com o travesseiro abafei meus soluços que cada vez ficavam mais altos, eu não acredito nisso, não acredito mesmo.

Ouvia um som irritante vindo do meu celular que pela distância mais parecia um ruído, tocava alguma música que eu não conseguia identificar.

Cada vez parecia que o ruído ficava mais alto e consegui identificar a música Need You Now, lembro que uma vez comentei com Math que adorava essa música e ele colocou pra quando ele mandasse mensagem, ao me lembrar daquele dia em que estávamos tão felizes os soluços aumentaram ainda mais.

O celular tocou três vezes seguidas, meu choro já estava parcialmente controlado, com as mãos ainda tremulas consegui acertar a minha senha, dia 02 de fevereiro, 0202, era o segundo dia de aula, era o dia em que eu havia o conhecido. Vi duas mensagens de voz e mesmo assim eu resolvi abrir.

Eu gosto mesmo de chorar né, ao abrir e ouvir sua voz falhando quase como se fosse começar a chorar a qualquer segundo aquilo acabou comigo.

“La, Lala, Lari, gatinha, me perdoa por favor, eu fui um estúpido e eu estou me odiando por ter feito isso com você, me perdoa por favor. Eu te amo.”

“Gatinha, eu sei que você está ouvindo isso, eu sei, eu sou um idiota que não te merece, mas por favor não faz isso comigo, eu te amo, não se esquece disso.”

- Eu também te amo – Sussurrei.