Felipe

Talvez eu estivesse esperando por isso, talvez eu quisesse isso mais do que qualquer coisa. Meu mundo parou. minha vida, tudo. Nada mais importava, nada mais. Toda a dor ,magoa, medo, raiva se foi, ate mesmo o buraco que estava ali no meu peito se fechou e apenas um sentimento me invadiu, um sentimento novo que eu não sabia explicar o que era, só que apenas era bom.

Todo o meu corpo estremeceu e minha mente se perdeu assim que seus lábios tocaram os meus. Seu perfume de flores me inebriou e perdi o foco de tudo a minha volta.

Seu beijo tinha um leve gosto hortelã, era quase um vicio. A corrente elétrica percorreu todo o meu corpo, desci a mão que estava no seu rosto ate sua cintura lhe puxando com todo o cuidado para mais perto. Ela não tinha me rejeitado, muito pelo contrario. Era como se os lábios dela me pertencessem e tivessem sido criados para mim.

Seu coração batia no mesmo ritmo do meu, sua respiração sendo misturada com a minha e seu perfume delicado. Suas mãos não se moveram, ela apenas inclinou o corpo para mais perto aceitando.

Nada que eu pudesse ter feito podia ser comparado com isso, com ela, com o beijo, com o sentimento, com a sensação, nada, absolutamente nada. Era como se eu estivesse sido completado, parte de mim que faltava estava ali.

Neste instante eu tive a certeza de uma coisa: ela pertencia a mim como eu pertencia a ela.

***

Bia

Nada mais importava. Tudo de ruim se foi só deixando espaço para um sentimento novo, um que eu não sabia explicar, mas fazia meu peito explodir de felicidade. A presença dele, seu perfume, seu toque, o beijo, a sensação de estar perto demais dele. Tudo estava explodindo dentro de mim.

O buraco que eu pensei nunca mais se fechar era como se nunca tivesse existido e nada mais estava ali, só à sensação de alivio como se tivesse encontrado algo que procurava há muito tempo, algo que me completava.

Eu não tinha mais duvidas: ele pertencia a mim como eu pertencia a ele.

***

Rick

Grande porcaria! Agora eu tinha que ir todas as tardes de segunda a quinta treinar com a Claire mal educada. Ele nem gostava de mim, porque logo ela ficou de ser minha parceira? Eu não sei por que, mas não fui com a cara dela, quer dizer tudo bem que ela é bonitinha, mas quem manda ser mais chata do que tudo!

Fiquei olhando o céu e formando figuras nas nuvens. Às vezes eu fico me perguntando por que a sorte sempre esta contra mim, primeiro o lance da Bia e agora o Felipe assumindo de vez o meu lugar e ainda por cima fiquei com a pior parceira de treino, pelo menos a mais chata!

Olhei no relógio e marcava 4 horas da tarde, estava na hora de ir enfrentar a chatice da Claire, alias eu estava atrasado.

Levantei e fui me arrastando ate a pequena sala do João entrei sem fazer barulho e a Claire estava ali virada para a janela. Ela usava um short jeans, camiseta azul com uma jaqueta e um all star. Era a primeira vez em que ela não estava de calça e mostrava as pernas. Eu tinha que admitir que ela ficava mais bonita assim! Ri baixinho e ela se virou com uma expressão de raiva.

- Oi! – falei indo me sentar.

- Oi? Oi nada Henrique! Você esta atrasado, e claro que isso não é uma novidade, você sempre está atrasado! Acontece que eu não tenho a obrigação de ficar aqui te esperando, sabe por quê? Porque não sou nenhuma das suas amiguinhas que ficam te esperando, alias,nós não somos nem amigos, portanto vê se não demora ou não vou fazer dupla porcaria nenhuma com você ate p...

- Ei! Chega! Eu já entendi. Você fala mais que pobre na chuva! Eita TPM infeliz, e claro que sobra pra mim!

- TPM? Acha mesmo que estou de TPM?

- Eu tenho certeza! Você parece uma louca que não para de falar! – ela abriu a boca de surpresa e depois vi seu rosto ficar vermelho de raiva. Ela suspirou e saiu trombando em mim.

- Anda logo seu idiota!

- Já estou indo senhora irritadinha! – fui atrás dela.

Fomos ate a sala de treinamento e ela tirou a jaqueta e me olhou irritada. Dei um sorriso e tirei a minha jaqueta também.

Ela não falou, apenas abaixou e tirou algumas coisas do bolso da sua jaqueta.

- Posso saber o que você vai fazer cabeça oca? – perguntei me aproximando dela.

- Isso! – ela atirou alguma coisa em mim e acertou na minha barriga causando dor.

- Ai! – olhei indignado.

- Quero saber se você tem bons reflexos! – ela deu um sorrisinho.

- Eu não estava preparado!

- Seu inimigo não vai esperar que a princesinha ai se prepare!

- Merda! – sussurrei.

- Eu não entendi o que você falou cabeça quente! – ela se abaixou ao meu lado.

- Merda! – falei mais alto e ela riu.

- Você não presta atenção em nada! Isso que dá!

- Será que da pra começar logo? Tenho coisas importantes pra fazer! – ela começou a rir.

- Coisas importantes? Você quer dizer ficar de barriga pro ar olhando o teto?

- Falou a pessoa que faz muitas coisas da vida!

- Não fica comigo pra saber! – ela falou perto de mim.

- Nem tenho interesse! Custo aguentar você aqui! Imagina um dia inteiro!

- Ai cala boca e faz alguma coisa útil!

- Não me manda calar a boca!

- Mando sim! Porque você não para de falar!

- Quer dizer que você pode falar ate espumar e eu não?

- Não! Voe não chega no horário certo, não faz nada certo, portanto não tem direito de nada!

- Credo! Que garota chata!

-Anda Rick!- levantei o olhar e meu corpo saiu do lugar batendo com força na parede.

- Você é louca? – perguntei levantando.

- Hora de treinarmos! – ela deu um sorriso.

- Mas, por favor, avise quando... – não terminei a frase, ela estendeu a mão fazendo outra onda de ar bater meu corpo para trás.

- Anda logo seu lerdo! Se você continuar assim não vai conseguir treinar é nada!

Suspirei devagar e me levantei olhando em sua direção, esquentei as mãos e antes dela falar mais alguma coisa idiota me lancei em sua direção ate chegar perto o bastante e esticar as mãos fazendo as chamas saírem. Ela não se movimentou, apenas arregalou os olhos vendo o fogo brilhar na sua frente.

- Se você continuar assim vai acabar se machucando! – dei um sorriso sarcástico  imitando sua voz. Abaixei as mãos fazendo as chamas sumirem. – Eu poderia ter queimado esse seu rostinho lindo!

Ela se afastou e vi que ficou irritada. Ri comigo mesmo, era bom irritar ela.

- Acontece que não sou lerda que nem você! – ela girou o corpo e mais uma onda me fez ir contra a parede, ela correu me segurando ali. – Vai acabar se machucando!

Dei um sorriso e forcei seu corpo para frente nos girando, invertendo as posições e agora eu a prendia na parede.

Ela se remexeu mais logicamente que não era mais forte do que eu.

- Xeque mate! – dei um sorriso malicioso.

- Me larga! – ela exigiu tentando se mexer.

Aproximei-me mais ficando a centímetros do seu rosto, seus olhos era num tom de mel com um leve toque esverdeado.

- Garotas malvadas não ganham brindes! E vamos combinar que você não é nem um pouco boazinha!

- Me solta, eu estou avisando!

- Oh! Eu estou morrendo de medo! – tirei uma mexa de cabelo que caia no seu rosto.

- Já chega! Sai de perto!

- Por quê? Esta com medo de mim? – aproximei roçando o meu nariz no seu pescoço e vi sua pele arrepiar.

- Para com isso! – ela remexeu de novo.

- Responde! Com medo? – parei para lhe encarar.

- Sai Rick! – ouvi seu coração se acelerar.

- Relaxa! Eu só estou brincando! – a soltei da parede e sai de perto. Ouvi-a suspirar e depois vir atrás de mim com passos lentos.

- Você é um idiota! – ela falou baixinho.

- Eu ouvi isso cabeça oca! – comecei a rir.

Fui em direção à porta, já chega de treino, eu estava cansado e queria dormir.

- Onde você pensa que vai? Não terminamos!

- Qual é Claire! Já chega!

- Volta aqui agora! – ela gritou irritada.

- Só porque você pediu com carinho! – me virei e fui ficar na sua frente.

- Não estou brincando com você Rick! – ela estava mesmo irritada.

- Sabe... Você bravinha fica ainda mais bonita! – soltei uma gargalhada.

- Vai se ferrar! – ela passou por mim e foi em direção à saída.

- Pera ai! A gente não ia continuar? – gritei e ela me ignorou.

Dei de ombros e sai também. Realmente irrita-la resolveu bastante e agora eu teria minha tarde de volta e poderia dormir.

***

Bia

Eu não sei quanto tempo demorei em me levantar tentando ver se o que tinha acontecido há três dias atrás não era só mais um sonho e não tinha sido. Eu realmente tinha beijado o Felipe e acho que explodiria de felicidade.

Sentei-me na cama e fiquei olhando a Claire procurar uma roupa.

- Veste aquela ali! – apontei para um vestido rosa claro. Ela se virou e analisou o vestido.

- Ai não! Tenho que treinar com o idiota do Rick hoje e não da pra fazer isso de vestido!

- Só você trocar na hora de ir treinar com ele! – ela olhou o vestido de novo e o pegou na mão.

- Pode ser! Eu nunca uso vestido mesmo! – ela sorriu. – Mas me conta: eu percebi que você anda feliz esses dias, posso saber por quê?

Senti meu rosto corar. E dei um sorriso tímido.

- Eu e o Felipe nos beijamos!

Ela se virou e estranhei sua expressão, ela parecia irritada e surpresa ao mesmo tempo. Veio se sentar e ficou me encarando.

- Vocês se beijaram? – ela perguntou seria.

- Foi no dia do meu aniversario!

- Eu pensei que o Felipe tinha se afastado e que por fim vocês dois tinham entendido o significado da conexão! Mais estou vendo que me enganei!

- Claire! Aconteceu, não foi algo que... Simplesmente aconteceu!

- Bianca a questão não é essa! É que o próprio Felipe sabia que se tivessem contato físico a conexão seria completa e mesmo assim não ligou!

- Como tem tanto certeza de que um contato nosso vai ligar a conexão?

- Bia se só pela proximidade e pelo sentimento que esta surgindo entre vocês à conexão já esta fazendo efeito! Imagina só por um beijo!

- Claire eu... Eu nunca senti nada parecido por alguém como eu estou sentindo pelo Felipe e se eu tiver que enfrentar essa conexão e o mundo para vê-lo feliz... Eu vou!

Ela se levantou e suspirou. E depois se virou pra mim de novo.

- Então luta por aquilo que você quer! – dei um sorriso e ela retribuiu. - Se eu tiver que lutar do seu lado, eu vou. Se for pra ver esse sorriso lindo ai!

- Obrigado Claire! – me levantei e fui lhe dar um abraço.

Ela sorriu. A Claire era um boa pessoa, fechada as vezes, mas ainda assim uma boa miga.

Troquei de roupa, vesti uma calça jeans, blusa branca com botões na frente e tênis. Hoje era sábado e para falar a verdade parecia que ia chover e parece que a maioria da galera saiu neste fim de semana.

Suspirei pela ultima vez e prendi os cabelos num rabo de cavalo.

- Sábado ou não eu preciso trabalhar! Então tchauzinho Claire!

- Tchau Bia! – ela acenou indo na direção oposta da minha pela rua úmida.

Cheguei à padaria cedo e comecei arrumando os armários que estava uma bagunça só. Depois limpei o balcão e por fim as mesas. A Kate não chegava então resolvi abrir e não ficar ali de bobeira.

Atendi alguns clientes e depois fiquei observando a paisagem lá fora e os finos pingos de chuva começar a cair. Senti o sorriso brotar quando vi a moto avermelhada parar em frente à padaria e ele descer. Tinham umas quatro garotas sentadas e todas viraram assim que ele entrou tirando o capacete e vindo em direção ao balcão.

- Oi! – ele falou dando um sorriso lindo mostrando os dentes perfeitos.

- Oi Lipe! É bom te ver! – falei retribuindo o sorriso.

- A Kate ainda não chegou?

- Ainda não! – senti certa raiva começar a brotar por ele ter perguntado pela a Kate. – Se você quiser deixar recado, eu falo quando ela chegar!

- Não, não! Eu queria falar com você mesmo! – senti o sangue esquentar nas bochechas.

- Pode falar!

- Bom... Eu estava pensando... Todo mundo sai no fim de semana e parece que somos dois azarados e não saímos, e ai eu pensei: a gente podia sair pra algum lugar, sei lá. Melhor do que ficar por aqui!

Fiquei em silencio absorvendo. Ele estava mesmo me chamando para sair?

- Seria ótimo! Eu adoraria!

- Serio? Legal! – ele sorriu. – Eu posso passar mais tarde então?

- Pode! Claro!

- Tudo bem! Eu passo mais tarde e não se esquece de levar roupas!

- Está bom! – ele se aproximou e eu fui também. Foi quase um beijo, se ele não tivesse virado o rosto e inclinado mais para beijar apenas minha bochecha e depois me encarar com um sorriso torto.

- Tchau! – ele sussurrou.

- Tchau! – falei sentindo meu rosto corar de novo.

Ele saiu logo, subiu na moto e já não estava mais ali. Suspirei meio confusa por causa do seu perfume que ainda estava ali no ambiente. Olhei em volta e as garotas me encaravam e viraram meio sem graça quando perceberam meu olhar.

Terminei de arrumar as agendas e quando me virei a Kate estava ali com um sorriso animador. Ela sempre linda, os cabelos soltos, uma calça jeans, camiseta.

- Oi! – falei animada demais.

- Oi! Será que eu vi demais ou o anjo acabou de sair daqui?

- Ele veio sim! – falei corando de novo.

- O que ele queria? – ela me encarou divertida.

- Me chamou para sair hoje!

- Jura? Ai Bia isso é ótimo!

- É sim!

A Kate ficou muito feliz com o convite do Felipe pra mim e eu confesso que estava ansiosa demais. Acho que minha ansiedade só fez o tempo passar ainda mais devagar e parece que a tarde não chegava.

Finalmente tinha dado cinco horas. Voltei correndo pra casa e peguei uma bolsa qualquer e coloquei algumas roupas e voltei para a padaria.

- Pelo amor de deus! Fala logo pra ele o que esta sentindo! – a Kate falava enquanto fechava a padaria.

- Kate para com isso!

- É serio! O Felipe não vai adivinhar nada e... – ela parou quando viu a moto parar na calçada.

- Desculpa ter demorado! A Mary me fez limpar a lanchonete antes de vir! – ele falou indo dar um abraço na Kate. Ouvi-a sussurrar no ouvido dele alguma coisa do tipo: “fala pra ela!”.

Revirei os olhos e ele veio em minha direção dando um sorriso torto que eu considerava lindo. Estendeu-me o capacete e ergueu uma sobrancelha.

- Tchauzinho amiga e aproveita bastante seu passeio! – a Kate me deu um abraço.

- Tchau Kate!

- Você também cuide muito bem dela viu anjo!

- Sim senhora Katherine! – ele sorriu.

Suspirei e ainda olhei a Kate se distanciar e virei encontrando ele me encarando sentado na moto. Seus olhos verdes pareciam brilhar.

- Desistiu?

- Não! Desculpe, eu estou meio... Deixa pra lá! – na verdade eu não queria ir de moto, quer dizer, não queria ficar perto demais dele e saber que seu cheiro me enlouqueceria de vez.

- Vamos então? Não se preocupe eu tenho melhorado bastante dirigindo! – dei um riso e baixo e me aproximei. Coloquei o capacete e montei na moto.

Passei as mãos na sua cintura e ele apenas suspirou.

...

O vento batia no meu rosto e mesmo assim seu perfume inebriante não sai da minha mente.

Finalmente ele parou e eu agradeci mentalmente por isso. Desci e olhei em volta, era a praia, o sol já estava se pondo e ficava ainda mais linda de se ver. Fazia um bom tempo que eu não vinha na praia e eu sentia muita falta.

- Vem! – ele estendeu a mão pra mim.

Corremos ate chegar na areia macia e úmida. a mais perfeita.

- Eu sinto falta disso! – falei assim que deitamos na areia.

- Eu também! – ele suspirou.

Ficamos ali ate o sol ir embora e a noite chegar. Ele se levantou e estendeu a mão de novo.

- Tem um ótimo hotel aqui perto, a gente pode ficar lá! – ele falou enquanto íamos ate a moto.

- Pode ser! – sorri.

- Se você quiser pode esperar aqui e ai eu vou lá rápido e a gente vai jantar depois!

Assenti e parei olhando dentro dos seus olhos. Meu coração disparou e ouvi o dele bater na mesma velocidade louca do meu.

- Me espera ali? – ele apontou para uma rua não muito longe de um viaduto em obras.

- Claro!

- Eu não demoro!

- Tudo bem!

Fiquei olhando ele levar a moto e depois me dirigi ate a rua que ele havia apontado. Por algum motivo eu me sentia tão feliz e não tinha palavras para explicar esse sentimento que tinha surgido.

Fiquei olhando a lua brilhar e pensando se quem sabe ele estivesse sentindo o mesmo e quem sabe me corresponderia.

Virei assustada acordando dos meus sonhos com um barulho. Olhei em volta e não tinha nada ali, talvez fosse só minha maldita imaginação.

Coloquei a franja atrás da orelha e virei de novo e meu coração quase parou.

Era ele. O mesmo garoto que havia trombado comigo há um tempo.

- É um prazer vê-la de novo linda! – ele deu um sorriso malicioso.

Dei um passo para trás e encostei-me a alguém. Virei de novo encontrando um rapaz alto, cabelos pretos e olhos negros, o mesmo da floresta que tinha me atacado.

- Olha só o que nós encontramos Guilherme! – ele falou com o outro.

Olhei de lado e fui para poder sair e o moreno me segurou pelo braço.

- Onde pensa que vai bonitinha?

- O que vocês querem? – falei baixo demais. O garoto que tinha trombado em mim realmente não tinha batimentos e isso indicava claramente que ele era um vampiro. Já o outro tinha batimentos normais.

- Onde esta o dominador? – congelei com a pergunta.

- Não sei do que estão falando!

- Onde? – o outro que havia me atacado na floresta me puxou fazendo com que eu o olhasse.

- Já disse que não sei! – o empurrei e sai irritada.

Antes que pudesse dar outro passo o vampiro moreno estava na minha frente.

- Se você não nos leva ate ele, ele vem atrás de você!

Ele me segurou pelo braço com força e eu apenas respirei devagar e puxei seu braço torcendo para trás.

- Desculpa! Mas não vou ficar pra festa!

Soltei-me e voltei a andar e o outro me segurou e senti que ele era muito mais forte que o outro vampiro. Tentei me mexer e nada, ele forçou meu corpo para trás e me bateu na parede e chegou bem perto de mim como se falasse com uma criança teimosa.

- Presta atenção! Você vai esperar o Felipe voltar aqui porque eu preciso ter um papinho com ele.

- Me larga!

- Desculpe Bianca! – olhei confusa. Como ele sabia meu nome?

- Como sabe meu nome?

- Eu contei pra ele! – uma voz feminina respondeu.

Ele se virou com um sorriso satisfeito e pude ver a garota. A mesma que tinha ido à lanchonete falar comigo e que tinha atacado o Felipe.

- Vamos esperar Jenny! Logo ele vai vir atrás da dominadora dele!

- Vai sim Jonny! – ela respondeu dando um sorriso e se aproximando de mim. – Então é mesmo você que esta ocupando o coração do Felipe?

Não respondi. Eu tinha que sair dali antes do Felipe voltar, tinha que fazer alguma coisa.

Fechei as mãos em punho e forcei meu corpo girando ate consegui me soltar. Corri em direção ao viaduto em obras mais fui parada por algum deles.

Congelei minha mão acertando um soco em seja lá qual foi que me segurou e voltei a correr. Olhei para trás para ter certeza de que tinham ficado por lá e quando virei de volta bati de frente com a garota.

- Nada de fugir dominadora!

- Sai da minha frente! – estendi as mãos na intensão de empurra-la e água saiu com tudo fazendo seu corpo bater na placa de proteção do viaduto.

Ela se levantou e em poucos segundos pegou meu corpo e girou-me fazendo voar e bater na parede também. Minha cabeça doeu, mas me levantei e forcei meu corpo para cima girando no ar acertando o vampiro moreno e cai de pé e dei um chute no outro. Girei nos calcanhares jogando mais um jato de água na garota.

Voltei a correr com os dois garotos atrás de mim e parei perto do viaduto, olhei e vi que era alto demais. Os dois pararam e sorriram vendo que eu não pularia dessa altura.

Respirei e pulei e por sorte cai de pé. Só senti uma pequena dor no pé direito, mas voltei a correr. Ouvi os três pulos baixos e vi que eles tinham pulado. Eu estava ferrada!

Eles me cercaram, eu não era tão rápida quantos vampiros e agora estava perdida de vez.

Congelei as mãos formando duas estacas. Lancei no garoto que estava na minha esquerda acertando sua perna e no outro que antes de acerta-lo segurou e me olhou em reprovação.

Girei meus braços em volta do corpo fazendo a água vir junto e lancei contra ele que bateu com tudo em algumas madeiras. Respirei de novo e meu corpo bateu na parede.

- Acabou a brincadeira Bianca! – a garota falava apertando meu pescoço. – Onde está o Felipe?

Eu estava perdendo o ar, ela era forte demais. Senti que logo perderia os sentidos quando o chão estremeceu.

- Solta ela Jennifer! Seu problema é comigo! – a voz familiar do Felipe.

- Que bom que chegou para a festa Felipe!

- Sim eu cheguei! – olhei para baixo e vi algo enrolar nos pés dela e seu corpo ir para trás soltando o meu.

Cai quase sem respirar e olhei meio confusa. Levantei-me e congelei outra estaca lançando contra ela que se levantava.

O Felipe correu com tudo e enfiou algo no peito do garoto mais moreno que caiu de joelhos.

- Chega de matar a cidade sanguessuga! – o Felipe falou empurrando seu corpo com o pé e ele caiu.

Ele olhou pra mim e deu um sorriso torto. Vi a garota se levantar e ir em direção a ele furiosa por ter matado seu amigo ou sei lá o que.

- Felipe! – gritei e ele se virou recebendo o chute dela. Senti uma leve dor na barriga e olhei de novo.

Olhei em volta e o outro vinha na minha direção, formei outra estaca e lancei, mas ele segurou de novo. Girei o corpo acertando ele que apenas deslizou pelo chão e voltou a correr em minha direção. Desta vez não deu tempo de recuar, então ele bateu seu braço em mim, contudo fazendo meu corpo ir contra uma pedra. Tudo doeu desta vez e senti o liquido quente escorrer pela minha perna esquerda. Tentei levantar mais não consegui. Quando finalmente me sentei, vi a garota e o garoto me encararem. Seus olhos vermelhos sangue e a pele pálida.

Olhei minha perna e tinha um corte que escorria sangue formando uma sujeira no chão. A garota se abaixou ao meu lado e falou perto do meu ouvido.

- Presta atenção dominadora! Se você e o Felipe não me derem o que eu quero eu mato um por um, sua amiguinha do ar, o seu ex-gatinho e a Barbie falsificada! Entendeu bem? Por que se eu quisesse matar você, eu já teria feito. Acho bom me trazerem o que eu quero!

- Vai pro inferno Jennifer! – o Felipe gritou do outro lado fazendo as pedras se levantarem e virem na direção deles

- O recado está dado a vocês! – e não vi mais nem a suas sombras. Os dois haviam sumido.

Respirei aliviada. Coloquei a mão sobre a coxa ferida que agora doía.

- Que droga! – o Felipe falou vindo se abaixar ao meu lado.

- Merda! Merda mesmo! – resmunguei baixo apertando para o sangue parar de escorrer.

- Vem! – ele colocou a mão na minha cintura para me levar.

- Não! Eu posso ir sozinha!

- Para de ser teimosa!- ele pegou na minha cintura e me levantou do chão.

Ele me carregou ate um pequeno hotel aconchegante e entrou ate uma recepção e pediu a chaves para um garoto com cabelos cacheados que olho assustado:

- O que houve?

- Ela se cortou! Mas vai ficar tudo bem! – o Felipe respondeu pegando a chave e me entregando.

- Se precisar de alguma coisa!

- Muito obrigado!

Ele subiu as escadas comigo no colo enquanto eu reclamava em silencio. Ajudei a abrir a porta e ele me colocou sobre uma cama e me olhou preocupado.

Olhei sua roupa e tinha apenas marca do meu sangue, ele não tinha o mesmo corte que eu, afinal: conectados ou não?