Morrendo? Como assim morrendo? Pelo que sabia vampiros eram imortais, a não ser que levassem uma estaca no coração, arrancassem seu coração ou conseguisse cortar sua cabeça que não era algo muito fácil por isso todos optavam pela estaca.

Mas se a Kate não tinha uma estaca no coração e mais nenhuma das opções, por que morreria?

Talvez o Rick estivesse exagerando, ou não e claro que eu não poderia arriscar. Não a Kate!

Olhei atentamente a Claire arrumar uma mochila, depois entrar no banheiro e sair com uma roupa de dormir, short curto, camiseta e os cabelos presos.

– A gente não vai sair amanha! – falei olhando ela arrumar a cama.

– Não podemos sair agora, está tarde demais!

– E então a gente deixa a Kate morrer?

– Felipe ela é uma vampira, deve ser algo muito forte para deixa-la desacordada, ela não vai morrer assim do nada.

– Não foi do nada, você não ouviu o Rick. Foi a FEM!

– A FEM não tem capacidade de criar algo que mate vampiros ate porque se tivessem criado já estariam usando em todos que tiram vidas inocentes por ai e não numa vampira loira e poderosa!

– Isso é o que você acha!

– Isso é a verdade! – ele colocava vinho o tempo todo no copo.

– Vem cá, você não acha que é muito jovem pra ficar bebendo desse jeito?

– Não muito mais do que você!

– Por acaso você acha que eu tenho quantos anos? – fiz uma cara sarcástica.

– Hum... – ela se sentou na cama. – Uns 15!

– Hahaha! Muito engraçado!

– Minha idade não é muito importante e a sua também não! – ela fez uma cara de desdém.

– Se amanha nós chegarmos lá e a Kate... Vai ser culpa sua!

– Ela vai estar bem, a gente tem que se preocupar com a Bianca!

– E você acha que eu não estou preocupado?

Ela não respondeu apenas se aproximou mais ficando a centímetros do meu rosto. Senti seu perfume delicado de flores e percebi que seus olhos eram cor de mel com um leve toque esverdeado.

– Esse machucado é do dia em que a vampira te atacou?

– É sim. Por quê?

Ela estendeu a mão e apertou o machucado com força.

– Ai! Você é louca? – me afastei sentindo uma dor no peito.

Ela se aproximou de novo e levantou a minha camisa.

– Vai tirar minha roupa agora?

– Não está se curando! Já era para estes machucados terem cicatrizado. – ela puxou minha mão, a que estava cortada. – Todo elementar tem no mínimo a cicatrização mais rápida que humanos e... – ela abriu minha mão causando dor. – Você não está se curando!

– Foi um corte mais profundo por isso não quer cicatrizar tão rápido, isso é normal!

– Normal? Claro que isso não é normal! – ela puxou o curativo da ferida no meu peito.

– Ai! Ai! – me afastei sentindo tudo doer.

– Qual é o seu problema? Um elementar normal tinha que se curar! - ela estava preocupada.

– Devo estar com algum defeito então! – falei irritado.

– A não ser que... Esteja mesmo conectado!

– Você confunde minha mente, não disse que a conexão só acontece com contato físico! – me deitei na cama fechando os olhos.

– Você está ligado a ela, mas não inteiramente, a conexão não está completa ainda!

– Por que ainda? Acha que vou ficar com a Bia? - abri os olhos e ela deu de ombros.

– Eu não acho, tenho certeza!

Levantei e olhei incrédulo, ela apenas suspirou e cruzou as pernas na cama e chamou para me sentar a sua frente. Fiquei lhe encarando sem sair do lugar!

– Anda logo Felipe! Eu não vou morder você!

Suspirei e fui me sentar de frente pra ela.

– Me dá suas mãos!

– Pra que?

– Anda logo!

Estendi as mãos e ela segurou e me olhou concentrada.

– Preciso que se concentre o máximo possível, quero ter certeza de uma coisa!

– O que você vai fazer?

– Além da conexão individual entre dois elementos os próprios quatro também tem uma, mais é preciso concentração assim nós podemos saber o que está se passando com eles!

– Saber? De que maneira?

– Através dos pensamentos!

– Entendi! - ela tinha tanta certeza do que falava.

– Mais quero que se concentre! – ela fechou os olhos e eu assenti fechando os meus também.

Tudo ficou em silencio, eu só ouvia seu coração batendo no mesmo ritmo do meu e sua respiração calma e baixa.

De repente começaram a se formar imagens na minha mente, a floresta, depois uma sala escura, o medo passou por mim.

– Kate... Kate... Kate... Volta... Volta... Volta! - a voz se repetia.

– Eles precisam voltar! - era a voz do Rick?

A dor, de novo o medo.

– Onde eles estão? Estão... Estão...

– Preciso que voltem... Voltem...

As vozes estavam confusas na minha mente, mas pareciam do Rick e da...

– Serei leal... Leal...

– Precisamos da dominadora viva! – uma voz nova surgiu.

A sala escura, a dor, o medo, saudade, preocupação.

Senti a dor invadir meu corpo e tudo escurecer, o grito ensurdecedor que saiu na minha mente fez com que me soltasse da Claire que pareceu se assustar também. Eu podia ter quase certeza de que o grito era da Bianca.

Olhei meio desnorteado e minha cabeça agora doía.

– Você está mais ligado a ela do que imaginei, então é por isso que não está se curando!

– O que?

– A conexão não está deixando você se curar porque a Bianca não pode se curar!

***

Bia

Eu não conseguia ouvir nem sentir nada a minha volta, estava tudo turvo e minha mente meio oca. Talvez eu estivesse morrendo aos poucos e quer saber?

Nem era tão ruim assim, talvez a morte fosse bem mais fácil que a vida. Eu não precisava me esforçar muito, afinal nada mais importava.

– Precisamos da dominadora viva! – a médica maluca falava a um enfermeiro.

Ouvi mais um clique e a dor voltou. O choque e abri meus olhos de susto e mais um grito ensurdecedor saiu da minha garganta e de repente tudo parou. A escuridão me tomou, senti meu corpo relaxar e minha mente se perder.

Isso era a morte? Talvez sim, afinal toda a dor que ela já tinha me causado, os choques e tudo mais e agora meu corpo, sem dons, sem cura, apenas humana só pedia para que parasse e foi isso que aconteceu.

Eu não me importava mais com nada, estava mesmo morta, isso não fazia importância.

***

Claire

A noite foi preocupante, percebi que o Felipe não dormia e depois de ter discutido comigo porque não queria dormir na mesma cama que eu e queria dormir no chão. Mas eu acabei convencendo ele, afinal não tinha nada demais.

Ele levantou primeiro que eu e depois me ofereci para fazer um curativo antes de irmos.

O machucado estava profundo e estranho. Sua mão se matinha agarrada no lençol enquanto eu fazia mais um curativo.

– Tudo bem? – perguntei

– Mais ou menos! – ele falou em voz baixa.

– Por que não matou aquela vampira? - perguntei sem olhar seu rosto e ele ficou em silencio.

Finalmente olhei pra ele percebendo uma expressão de dor e ele suspirou e sentando direito.

– Mesmo que eu quisesse eu não conseguiria!

– Ela te machucou muito, não foi?

– Foi só um erro que fica me assombrando!

Assenti e voltei a olhar o curativo.

– Sei que não sou a pessoa mais indicada, mas pode contar comigo para o que precisar! - falei baixo.

– Tenho que admitir que gosto dessa Claire, não da outra! - ele sorriu mostrando os dentes perfeitos.

– Prontinho! – sorri e ele se endireitou..

– Obrigado Claire!

– Não tem de que! Podemos ir?

– O mais rápido possível.

Assenti e peguei a mochila. Saímos depressa e andamos pela rua o mais rápido possível. Ate chegar ao final da estrada onde dava direto a floresta.

Para nossa sorte não tinham guias a essa hora e foi fácil de entrar floresta adentro, deviam ser umas 5 horas da manhã.

Ele caminhava em silencio ate chegarmos ao lugar de antes onde era o acampamento e o Rick nem a Kate estavam por lá.

– Onde será que eles estão?

– Eu não sei! – respondi. – Vamos começar por ali e a g... – não terminei minha frase quando algo me acertou fazendo meu corpo ir para trás e bater na arvore.

Senti a pequena dor na coluna e minha mente ficar confusa. Tentei olhar e minha visão estava meio ruim.

Realmente meu dia não tinha começado da melhor forma.

***

Rick

Ela estava ali, sem movimentos, apenas fria.

O que eu podia fazer? Não havia nada, eu só tinha que assistir ela morrendo.

Olhei devagar para as arvores e o barulho saiu de lá. Se fosse um vampiro eu tinha que ser mais rápido que ele. Levantei e corri no meio das arvores e sem olhar quem era fechei minha mão em punho e bati no seu corpo com toda força. Ele bateu com tudo árvore e caiu meio desnorteado.

Olhei de novo e era a Claire mal educada, virei para trás encontrando o Felipe com uma expressão confusa.

Acho que o cansaço e a fome estavam atingindo meu cérebro e eu nem consegui ver antes de atacar.

Ela com a ajuda do Felipe se levantou e andou meio cambaleando ate mim e depois me olhou confusa.

– Desculpa, eu nem vi que era você! – falei.

– Deu pra ver! – ela falou colocando as mãos na cabeça.

– Onde ela está? – o Felipe perguntou.

– Vem! – andei ate onde a Kate estava.

Ele se abaixou ao lado dela e ficou observando, a Claire pegou sua mochila e me entregou. Foi quase como ter encontrado um tesouro quando vi comida ali.

– Isso é estranho! – o Felipe falava baixo como se com ele mesmo.

Expliquei tudo o que aconteceu a eles. Eu estava cansado demais e preocupado com a Kate a Bia.

– A gente precisa ir atrás da Bia! – falei enquanto os dois mexiam em alguma coisa na mochila.

– Também acho! – o Felipe exclamou.

– E quem vai ficar com a Kate? – a Claire se levantou da pedra onde estava sentada.

– Acho que você pode ficar! – falei apontando pra ela.

– Eu tenho uma ideia melhor! – ela falou.

– Qual?

– O hotel onde eu e o Felipe estávamos é muito bom e protegido, acho que você poderia voltar e leva-la contigo pra lá. Ai você descansa e eu e o Felipe tiramos a Bia!

– E eu fico sem fazer nada!

– É uma ótima ideia Rick e acho que é o melhor! Você vai estar cuidado da Kate! – o Felipe falou em voz baixa enquanto acariciava o rosto da Kate.

– Tudo bem então, acho que vai ser melhor! – falei.

– Aqui, você pode pagar com isso e pedir o que precisar!- a Claire me entregou um bolo de dinheiro.

Olhei para o Felipe que apenas deu de ombros.

– Por que está sendo legal comigo, nem gosta de mim? – falei.

– Não é por você! É pela Kate e também porque eu coloquei vocês nessa!

Apenas assenti e peguei o dinheiro da sua mão.

Eles me ajudaram e eu mesmo tive que levar a Kate, apesar de não saber o que estava acontecendo com ela.

Tinham que confiar neles dois agora para poder ajudar a Bia.

***

Bia

Abri os olhos encontrando a mesma sala branca, claro que seria bom demais pra ser verdade se eu tivesse mesmo morrido.

Percebi que não estava na mesma posição de antes e agora sim deitada em certo tipo de maca.

Virei à cabeça olhado o ambiente e a sala estava vazia.

Tentei virar e não consegui percebendo que meus pulsos estavam presos, talvez essa fosse a chance que eu tinha de sair dali e não desperdiçaria. Movi as mãos tentando me soltar e vi que era inútil.

Meus pés estavam soltos e vi o pequeno controle em cima do balcão perto das minhas pernas, talvez eu conseguisse alcançar.

Comecei a remexer os pés ate conseguir encostar meu pé direito nele, movi com muito cuidado ate conseguir apertar os botões com o pé e as travas no meu pulso se soltaram. Sorri satisfeita e me sentei na maca. Olhei em volta procurando alguma coisa que pudesse me ajudar a sair dali.

Sabia que meus poderes não tinham voltado e de certa forma eu não me sentia tão fraca quanto antes.

Levantei e andei pela a sala, abri um dos armários e não encontrei nada em especial. Eu não podia perder muito tempo.

Abri a porta devagar e olhei o corredor que estava vazio, onde será que estavam todos aqueles agentes?

Andei em silencio pelo corredor e quando virei o alarme, ou alguma coisa assim disparou. Que droga!

Comecei a correr pelo corredor, onde era à saída desse lugar?

Passei em frente algumas salas e vi uma correria danada, mas não estavam vindo à minha direção e sim para o outro lado.

– Alerta de invasão! Código 132! - a voz saiu dos alto-falantes.

Invasão? Maravilha era a minha chance!

– Alerta de invasão! Todos os agentes do código 132 dirijam-se a porta principal!

Corri e achei a porta que devia ser para ir a saída, para minha sorte tinha dois agentes e claro que vieram na minha direção com aquelas arma de choque estúpido.

Apenas esperei enquanto um deles vinha na minha direção, apesar de não ter meus poderes eu ainda sabia lutar e queria agradecer ao João por isso.

Girei meu corpo batendo meu pé esquerdo nele e depois corri pegando impulso para acertar o outro que caiu. Passei por eles correndo o mais rápido que pude.

Finalmente vi a saída e corri pra lá quase caindo de dor, tinha algo em mim gritando para deitar e apenas parar, eu era fraca demais sem a água no controle, era apenas uma humana.

De repente tudo tremeu debaixo dos meus pés, e isso só podia significar uma coisa: ou estava tendo um terremoto ou era o Felipe, que seria o mais certo já que tinha alerta de invasão.

Minha expectativa foi certa quando sai pela porta enorme de madeira e vi as arvores balançarem pelo ar forte e meus cabelos baterem no meu rosto. Olhei e vi a Claire flutuar fazendo tudo a sua volta sair do chão e não muito longe o Felipe com as mãos no chão fazendo uma rachadura surgir.

Ele se virou e finalmente me viu e um sorriso brotou no seu rosto assim como no meu. Não pensei duas vezes e voltei a correr desta vez indo a sua direção. Precisava tocá-lo para ter certeza de que não era mais um sonho idiota que tive durante esses dias aqui. Mesmo não tendo dormido direito, as poucas vezes em que peguei no sono tive sonhos com ele e agora eu só queria que realmente fosse real.

O anjo dos meus sonhos, o anjo da minha vida.

***

Felipe

Foi fácil demais entrar na FEM, eu tinha que admitir que a Claire era muito esperta e uma boa parceira de luta.

Minha estava girando e girando, eu só sabia de uma coisa: precisava vê-la e ter certeza de que estava inteira, a Bianca. Meu coração batia meio descontrolado so de pensar no seu nome.

...

Eu não sabia se lutava com os agentes ou se corria para dentro para procurar a Bianca, olhei em volta e parei na grande porta de madeira, talvez eu estivesse louco ou apenas vendo coisas ou minha visão estava certa.

Era ela, com um sorriso lindo. Parei tudo o que estava fazendo para apenas para observar e ela saiu correndo e vinha em minha direção. Estendi os braços para recebê-la que se jogou em cima de mim como se eu fosse à pessoa mais importante do mundo.

Apenas respirei devagar sentindo seu perfume e não pude segurar o sorriso de saber que ela estava bem.

– Lipe! – ela falou com uma voz fraca. Afastei-me para olha-la, tinha uma expressão cansada, mas ainda assim estava linda.

– Eu estou aqui! – sorri e ela voltou a me abraçar.

– Ei! – ouvi a Claire gritar e me virei vendo o ar aumentar e mal consegui ver onde ela estava.

Puxei a Bianca pelo braço e corri em direção à floresta, era hora de ir. Vi a Claire flutuar ao nosso lado fazendo um movimento com as mãos fechando os portões depois que saímos.

– Tira ela daqui e vai o mais rápido possível, não parem por nada! – a Claire falou me olhando decidida.

– E você? – perguntei.

– Vão!

– Não! Eu não vou sem você! – ela me olhou incrédula e eu estendi a mão pra ela.

– Felipe...

– Estamos nessa juntos dominadora do ar! – sorri.

Eu tinha que admitir que ela não era tão ruim assim, apenas sozinha e só precisava de ajuda, eu havia passado por isso e não deixaria ela ir para o caminho errado. Agora eu a considerava uma amiga que eu não deixaria para trás.

– Estamos nessa juntos dominador! – ela sorriu pegando minha mão.

Assenti para a Bia para que nos seguisse e não parasse mais. Entrei na floresta correndo na minha maior velocidade enquanto a Claire me seguia com facilidade flutuando por cima das arvores.

Parei ate a Bia alcançar e olhei confuso, ela parecia cansada demais.

– Tudo bem? – perguntei.

– Espera, eu preciso de tempo, a dor esta me sufocando!

– Precisa de ajuda? – a Claire parou de frente para nós estendendo a mão para ela.

– O que? – a Bia perguntou confusa.

– Acho que posso te dar uma carona! – falando isso ela levantou a mão devagar e o corpo da Bia seguiu o movimento.

– Não, não!

– Relaxa ai dominadora, você só vai ter a sensação de voar. Vai Felipe, eu cuido por aqui.

Assenti e voltei a correr, olhei para trás e vi a Claire flutuar acima das arvores com a Bia ao seu lado meio assustada.

Chegamos finalmente na estrada e elas sumiram no meio das arvores, eu sabia que logicamente elas não flutuariam por ai no meio da cidade então decidi correr ate o hotel e ver se a Kate e o Rick estavam bem e claro que logo a Claire e a Bia estariam lá.

Cheguei à porta do hotel e entrei em silencio e a recepcionista me olhou desconfiada. Fui direto para o quarto e bati duas vezes na porta ate o Rick vir abri-la.

– Oi! – falei entrando.

– OI! – ele respondeu desanimado.

– Como ela está?

– Do mesmo jeito! – ele falou se sentando na cama onde a Kate estava ali imóvel. – E a Bia?

– Está vindo com a Claire!

– A sim! – observei que ele tinha trocado de roupa e os cabelos molhados, seus olhos tinham uma cor diferente, estava apenas castanhos.

– Seus olhos estão esquisitos! - apontei pra ele.

– Por que todo mudo fala isso?

– Pelo que sei você não te o olho dessa cor, consegue ser mais esquisito ainda.

– Eles ficam assim quando me molho! – ele revirou os olhos.

Assenti e fui ate a janela e percebi que tinha uma grande movimentação lá em baixo.

– O que houve? – perguntei me virando pra ele de novo.

– Parece que teve um acidente, eu não sei direto!

– Nossa! - olhei de novo observando uma pequena linha de sangue na rua.

Duas batidas leves na porta me despertaram, eu corri para abrir e eram a Bia e a Claire.

Sorri para as duas que entraram, a Claire foi direto a garrafa de vinho e a Bia se abraçou ao Rick e senti uma raiva subir, mais ignorei, depois ela se sentou na cama observando a Kate.

– Ela está...

– Não, claro que não! Vampiros não morrem do nada! – foi a Claire quem respondeu a pergunta da Bia.

– O que ela tem então? – a Bianca olhou de novo para a Kate.

– Foi alguma coisa que a FEM jogou nela. – o Rick respondeu.

Pensei um pouco. Talvez ela só estivesse fraca por ficar tanto tempo sem se alimentar direito, para um vampiro que estava acostumado a beber sangue humano e...

– É isso! – falei e todos se viraram pra mim.

– Isso o que Felipe? – a Claire perguntou.

– Sangue! Ela só precisa de sangue!

– Claro! Vamos ligar para a recepção e pedir: Por favor, será que você pode dar o seu pescoço para uma vampira inconsciente aqui no quarto 18? – o Rick falou com ironia.

– Claro que não, só precisamos de um humano! – falei.

– Elementares não podem dar sangue a vampiros! – a Claire falou bebendo mais um gole do vinho.

– Os que estão com o dom e os que não estão não tem problema algum! – a Bia falou mais com ela do que conosco.

– O que? - perguntei meio confuso.

– Isso! Eu estou com poderes anulados e não vai ter problema algum dar o meu sangue pra ela!

Olhamo-nos algumas vezes e eu apenas dei de ombros. Talvez fizesse mesmo sentido, afinal ela não tinha os poderes por enquanto.

– Vale mesmo arriscar por uma vampira? – a Claire perguntou.

– Não é só uma vampira! É a minha amiga! – a Bia retrucou se levantando e pegou uma pequena faca em cima da mesa.

Aproximei-me dela e olhei atentamente seu rosto.

– Tem certeza?

– Tenho sim Lipe!

Ela se sentou de novo e cortou de leve a mão direita ate colocar um pouco do sangue que pingava no copo. O cheiro logo me acertou.

– Isso é nojento! – a Claire saiu.

O Rick se mantinha em silencio perto da janela como se fosse se jogar a qualquer momento.

A Bia pegou o copo devagar, me aproximei para ajudar tentando não respirar para não sentir o cheiro de sangue.

Segurei o pescoço da Kate e a Bia virou o copo na boca dela e depois me olhou triste.

– Ela vai ficar bem! – afirmei olhando o rosto da Kate.

Ela não se moveu e o cheiro de sangue estava começando a me incomodar.

– Será que precisa de mais? – a Bia perguntou me olhando.

– Não! – neguei com a cabeça.

Ficamos olhando e nada. Passou um minuto ou mais e nada. Levantei-me coloquei a cabeça dela no travesseiro e fiquei do lado da Bia esperando.

Ouvi o seu coração voltar a bater devagar e sorri satisfeito, ela respirou para logo abrir os olhos revelando o dourado intenso deles.