Ela saiu machucada e eu sai revoltada. Peguei meu carro e sai em direção a minha casa. E como sempre um trânsito dos infernos em São Paulo, só pra me deixar de mais mau humor. Querendo esquecer esse dia me afoguei em uma lasanha de frango. Lá pelas tantas, já de madrugada, adormeci no sofá mesmo, com dor de cabeça de tão alto que o volume da televisão estava. Logo pela manhã meu celular toca, eu estava me arrumando pra mais um dia de trabalho, espero que menos estressante do que o de ontem.

- Alô!

- Nat?

- Oi meu chatinho.

- Dormiu bem?

- Quase não dormi.

- Tudo por minha culpa né?!

- Claro que não Tho, por minha culpa mesmo e por culpa da lasanha.

- MANO, você fez lasanha e não me chamou pra comer?

- Não me mata, porfa.

- Cortando relações Nattália.

- Você não consegue viver sem mim Thomas, pelo amor.

- Verdade! Merda. Enfim... Você vai trabalhar hoje?

- Vou, porque?

- Ah, ia te chamar pra jogar boliche comigo e com os lekes.

- Que horas?

- As 17hs! Você vai? OOOBA!

- Se tu gritar no meu ouvido assim de novo, eu te mato Thomas Alexander. E sim, eu vou. Agora tenho que desligar e terminar de me arrumar pro trabalho, tchau, beijo, te amo e até mais tarde.

- Beijo, te amo chatinha, até! Bom trabalho.

Terminei de me arrumar e fui trabalhar. Sai para almoçar com um velho amigo que foi lá me ver, o Vitor. Um completo fofo, nós estudamos juntos no 3º ano, mas ele se mudou para Minas Gerais depois que seu pai faleceu. Até hoje é o meu melhor amigo, pena que tínhamos perdido contato.

- Senhorita, tem um rapaz chamado Vittor Ribeiro aqui, quer falar com a senhorita.

Não podia ser ele, será? Não acredito.

- Pode deixar entrar Camila.

Minha porta abriu-se e eu o vi, mais lindo impossível. Caramba, não pude acreditar que o meu melhor amigo tinha se transformado naquele homem incrivelmente lindo. Pelo amor.

- Vi-Vittor?

- NAT. Meu Deus, acho que não te conheço hein. Você... Você conseguiu ficar mais perfeita do que já era. Caramba que saudade de você, do seu sorriso, do seu abraço, dos seus tapas.

- Não me lembre desses tapas, porfa. Me arrependo por cada um deles. - Rimos. – Bolada contigo cara, foi embora e nunca mais me procurou.

- Espero que todo esse tempo longe não tenha deixado você colocar outra pessoa no meu lugar.

- Ninguém nunca vai te substituir meu melhor.

Nos abraçamos e eu como uma ótima dramática e sentimental acabei chorando. Que saudade daquele abraço. Daquele cheiro.

- Não acredito que aquela guria chorona que eu conheci está chorando.

Sequei parte das lágrimas que rolavam sem parar.

- Tanta coisa aconteceu, já chorei tanto desde que você foi embora, já passei noites me sentindo sozinha, já comi nuttela com morango lembrando do seu sorriso.

- Ta, parou Nattália. Daqui a pouco eu que vou chorar aqui. Tenho tanta coisa pra te falar pequena, preciso tanto das suas broncas e dos seus conselhos.

- Me diz que a gente vai ter a vida toda pra viver tudo de novo, me diz que tu voltou pra Sampa.

- Sim pequena, eu estou voltando pra cá.

- Sério? AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. O que te fez voltar?

- Minha mãe... Ela faleceu faz 3 meses.

- É sério?

Mais lágrimas rolaram. A mãe dele, tia Valquíria como eu a chamava, era como uma mãe pra mim. Nos abraçamos forte e ele prosseguiu.

- Ela me deixou um irmãozinho de 1 ano e 2 meses pra me mostrar que eu tenho que seguir em frente, por ela e por ele.

Dei um sorriso leve ao descobrir que eu tinha um “sobrinho”.

- E cadê meu pequeno sobrinho?

- Está ali com a sua secretária.

Ele abriu a porta e apontou para fora. Onde percebi Camila brincando com um bebê perfeito o bastante pra me fazer sorrir. Ele foi até lá e o trouxe para eu ver.

- Ei pequeno da tia. VITTOR, que olho perfeito desse lindo. Como ele se chama?

- Pietro. Beleza é de família.

- Ah, cala boca cara. Você não é nem um pouco bonito ok?

- Eu sei que você me acha bonito ta bom dona Nattália.

Ele ficou olhando enquanto eu brincava com o pequeno Pietro que sorria pra mim sem parar. Os olhos de Vittor brilhavam sem medida.