Eu sou imortal!

Já se passaram duas semanas desde que ele chegara. Duas semanas de reviravolta em minha vida e duas semanas de encontros na clareira que gostávamos de denominar “nossa” clareira.
Com as provas se aproximando, tentei me afastar dele, mas ela sempre dizia as mesmas palavras: “Você não precisa estudar. Já fora o tempo em que precisava” pensei, enquanto fechava um livro.
 

Não consigo estudar, o calor da primavera que chegava aumentava ainda mais a confusão que eu fazia em minha cabeça. Pensei em ir para debaixo do carvalho, mas ele provavelmente me encontraria, então resolvi ir para a floresta, onde não seria incomodada, bom, pelo menos eu pensei que fosse assim.

Ele silenciosamente me seguiu sem que eu percebesse e então me assustou, pulando de cima de uma árvore.

-Pronta para seu treinamento? – disse ele com um sorriso no rosto.
 

-Treinamento? Vai me ajudar com as provas? –disse eu sem perceber o quão idiota isso deve ter soado.

- Claro que sim! – disse ele me surpreendendo.

Logo eu estava procurando meu livro de física, quando ele me pega em seus braços. Senti seus músculos que simplesmente pareciam não fazer esforço algum para me levantar. Ele começou a correr, e logo estávamos em uma praia que ficava no fim daquela floresta antes desconhecida por mim. Fomos até um penhasco.

A maresia agora fazia com que meus cabelos voassem, fiquei olhando admirada aquela paisagem. O sol ao longe brilhava e refletia na água, deixando-a reluzente. As ondas quebravam em pedras logo abaixo de mim, e com o silêncio que rondava a mim e a Jonathan eu ouvia a brutalidade com que as ondas quebravam quando batiam nas pedras, todas moldadas como armas pela água.

Eu estava feliz de estar ali, de estar em paz e de estar com Jonathan. Cheguei um pouco mais perto da ponta do penhasco, vi Jonathan se aproximar de mim e me abraçar.
 

-Quer uma prova da nossa imortalidade? –disse ele sussurrando em meu ouvido.
 

Antes que eu pudesse responder a surpresa. Ele me jogara daquele penhasco. Eu caia, sentia meu corpo agonizar, mas não por estar caindo, mas de dor. Uma dor que eu não me lembrava de sentir, uma dor que me abatera. Então esse era meu fim! Traída por alguém que eu já confiava. 
 

“Espere” pensei, eu sou imortal! Pelo menos ao tempo, mas não seu nada quanto a isso. Meu corpo continua a agonizar, talvez seja essa a sensação que as pessoas têm antes de morrer. Tudo o que fiz foi fechar os olhos, e esperar por algo, mesmo não sabendo o que. 
Quando percebi, eu não caia, não mais. Sentia um vento em minhas costas, minha blusa havia se rasgado, e agora sentia meus músculos rígidos. Olhei por cima de meus ombros tentando identificar o que acontecera, e vi asas. Como eu não sabia, mas agora eu tinha asas e voava. Tentei subir e de forma estranha eu consegui, agora sem muitos problemas, eu voava de forma rápida, cheguei e uma boa altura e comecei e me divertir com aquilo tudo. O vento em meu cabelo, a sensação de leveza, o silêncio e a paz. Virei-me em direção ao penhasco e atrás de mim estava Jonathan ele pegou meu pulso e me levou de volta ao penhasco. 
 

Ainda surpresa com tudo, eu queria gritar, me sentia feliz, me sentia viva! Já no penhasco continuamos calados. Ele me olhava sem parar, até que pulou em cima de mim com um abraço, nós derrubando no chão, então ele começou a me beijar de forma violenta. Minha cabeça rodava, meus sentimentos estavam confusos, e tudo o que fiz foi retribuir seus beijos, tentando afastar todos os pensamentos da minha cabeça. Depois de muito tempo ali ficamos deitados no chão observando as nuvens. Pensei em fazer perguntas, mas desisti, não queria estragar aquele momento, que eu esperava jamais esquecer.