Durante a noite acordei diversas vezes com pesadelos estranhos, e sempre que eu acordava sua voz vinha a minha cabeça “nós somos imortais”, “eu não te protegi”. E por mais incrível que pareça aquilo fazia sentido.
Depois daquele beijo ela se lembrara de trabalhar para uma família chamada Wherlock no século XVIII, lembrara-se de coisas que a surpreendera.
Acordei tarde e acabei me atrasando, tomei um banho rápido eu fui ao refeitório tomar meu café da manhã. Meu estômago roncava e comi mais do que costume, talvez por estar nervosa.
Nenhum sinal dele até a hora do almoço. Fui então para aquele carvalho, que por muito tempo fora minha única companhia naquele colégio.
Estava observando as árvores e pássaros quando Molly havia chegado. Ela simplesmente se sentou. Ficou calada por instante logo começou a falar:
– Não vai me dizer nada? Onde esteve a noite toda? – disse ela entusiasmada.
– Eu estava conversando com o novato, que por sinal esta vindo aí! – disse eu surpresa ao vê-lo.
Ele chegou, sorriu para Molly e disse:
– Vou roubá-la por instante, mais tarde eu te devolvo. – disse ele como se eu fosse um objeto que pode ser passado de mãos em mãos.
Ela sorriu, piscou para mim e continuou sentada, enquanto ele me puxava.
Fui com ele sem protestar. Quando percebi que estamos caminhando em direção à floresta da noite passada eu estava prestes a dizer algo, quando ele se virou com muita rapidez e me silenciou com um beijo leve, o suficiente para que eu pudesse corar.
Não tive coragem de dizer nada, fiquei imaginando se era esse seu propósito.
Logo estávamos na mesma clareira da noite anterior. Como um flash de luz em uma noite escura do deserto, mais memórias vieram em minha mente, e acima de tudo, a memória de seu beijo! Seus lábios macios, seu calor. Enrubesci ao pensar e me afastei um pouco.
Ele havia pegado uma cesta em baixo de uma árvore e tirado uma toalha de piquenique. Sentamos um pouco distante, mas ele simplesmente me puxou para perto e me abraçou. Fiquei surpresa, mas não me movi. Então pelo resto da tarde ficamos deitados ali, observando as nuvens e conversando. Ele contou sobre nossas vidas durante o passado, mas nunca dizia nada sobre o que éramos de onde nós havíamos vindo, e porquê de tudo aquilo, mas não o interrompi, apenas escutei, deixando minhas perguntas para depois.