Apenas Amigos. escrita por Yang


Capítulo 5
Primeiro mês.




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– Oi! – disse uma garota sentada em uma cadeira na frente da de Júlia. Estavam na sala e era o segundo dia de aula na faculdade. O primeiro não foi tão agradável. Júlia não conseguiu conversar com ninguém ou coisa do tipo. Sentia muito a falta dos amigos, a falta do Apolo. Estava se sentindo sozinha, mas talvez naquele momento as coisas mudassem por que uma garota simpática quis conversar com ela.

– Qual seu nome? – perguntou a garota.

– Júlia, e o seu?

– Gabriela. Você não é do Rio de Janeiro né? – perguntou.

– Sou de São Paulo. – respondeu.

– Aaaah! Dá pra perceber. Você não tem o sotaque de carioca. – disse a garota. – Mesmo assim, prazer em conhecê-la.

As duas continuaram a conversar enquanto a aula não começava. Mas logo o primeiro professor entrou e fez um verdadeiro “banho de sangue” com uma lista de exercícios enormes já entregues no primeiro dia.

Júlia se sentia cansada. Passava muito tempo estudando e trabalhando. Quase não tinha tempo para se divertir. A casa dos tios ficava longe da faculdade, por isso ela buscava desesperadamente vaga em um apartamento no bairro da Gávea. Além da falta de tempo, a última mensagem que recebeu de Apolo foi aquela mesma, dos planos que ele tinha para os dois. Ele andava ocupado demais também, mas pelo que soube de sua irmã enquanto conversava no bate-papo, ele já havia juntado dinheiro suficiente pra comprar alguns móveis para o apartamento dos dois, e a avó lhe garantiu que emprestaria dinheiro para ele comprar as coisas básicas que ele não conseguisse.

A garota saia do trabalho direto para lojas consultar preços de geladeiras, fogões, armários, cama... O essencial apenas. Parecia uma adulta, mas era apenas uma inocente garota que sonhava demais.

O trabalho não era tão desgastante. Até achava divertido ver todos aqueles profissionais passando a maior parte do tempo lendo livros. Eles revisavam, editavam, publicavam. Era uma profissão muito incrível, mas pouco reconhecida.

Mas a faculdade saiu do desconhecido para o incrível e totalmente divertido. Gabriela e Júlia logo estavam sempre juntas. E foi graças a Gabriela que a garotinha conheceu um rapaz que a fazia lembrar de Apolo.

– É sério, nós três devíamos ir ao cinema qualquer dia. – disse ele. Seu nome era Lucas. Não fazia psicologia, e sim Letras. Era irmão de Gabriela.

– Claro. – concordou Júlia.

E assim aconteceu.

No dia em que saíram para o cinema, Júlia recebeu uma ligação de Apolo.

– Júlia? – disse ele.


– Apolo! O que aconteceu? Não tenho notícias suas há um mês! Tenho tanta coisa pra contar a você.


– Pode contar agora se você quiser.

– As aulas começaram aqui. Já consegui alguns colegas. – disse ela.

– E o trabalho, como está?

– Indo bem. Recebi meu primeiro salário ontem. Já reservei uma grana para o apartamento.

Eu também. – ele deu uma leve respirada do outro lado da linha. – eu queria tanto te abraçar. Eu sinto muito a tua falta. Parece que o tempo não passa. Eu já estou ficando desesperado. Ainda arranjei um outro trabalho para as horas vagas.

– você não precisa exagerar de tanto trabalho.

– Eu preciso. E a faculdade então... Quero tanto começar logo. Todos os meus amigos andam empolgados com as aulas, e eu continuo na mesma. – o tom de voz dele soava triste.

Só mais cinco meses. Por favor, me promete que você vai aguentar até lá.

– estou tentando garotinha.

Gabriela e Lucas estavam perto da garota enquanto sentiam que ela queria chorar. Lucas pôs as mãos em seu ombro. Quando ela desligou o telefone, ele a abraçou. Aquilo foi estranhos pois os dois não possuíam muita intimidade.

– Era o seu namorado? – perguntou ele enquanto estavam na fila de pipoca. Gabriela revirou os olhos. Sentia que o irmão estava interessado na amiga.

Júlia não sabia o que responder. Verdadeiramente os dois eram apenas amigos, mas de alguma forma se pertenciam. E se ela falasse para Lucas algo como “nós somos apenas amigos, mas nos beijamos sempre que podemos, rolam algumas sacanagens às vezes e ele é louco pra transar comigo”. Ele realmente não entenderia.

– Somos apenas amigos. – respondeu enquanto flashes de lembranças passavam por sua cabeça. Como na vez em que os dois foram ao cinema e Apolo tentou agarrá-la no escuro, mas ela preferiu assistir o filme. Lembrou-se que ele ficou chateado e logo depois lhe deu um beijo e mordeu os lábios da garota. Ela adorava quando ele fazia isso. E Apolo sabia disso.

Ao final da noite, Lucas e Gabriela despediram-se de Júlia. A garota percebeu um olhar estranho vindo do irmão da amiga, um olhar que lembrava o de Apolo, mas ignorou. Talvez estivesse pensando demais no amigo. Talvez a saudade estivesse começando a corroer.

Nas semanas que se seguiram, ela e Apolo conseguiram voltar a conversar todos os dias. Ele lhe enviava mensagens de bom dia e boa tarde. Telefonava de madrugada só por que:

– Precisava ouvir sua voz. – dizia ele.

Me diga uma coisa Apolo: não está me enganando né? Você realmente vem e vamos morar juntos como você prometeu todas aquelas vezes. – ela quis chorar, mas conteve. – eu sonho todos os dias com isso. Com você aqui, do meu lado. Com nosso apartamento do tamanho de uma caixa de sapatos. Com qualquer coisa que envolva você, sem precisar ser errado. Eu quero muito acreditar que isso é real, mas volta e meia sinto que estou me iludindo...

Eu vou. Sonho em estudar aí, lembra? E eu quero muito ficar com você. – disse ele.

– E quando toda essa coisa vai ser séria? Quando eu vou poder parar de chamar você de amigo?

Eu sempre vou ser seu amigo. – respondeu.

Apenas isso? – perguntou desapontada.

Existe algo melhor que isso?

Ela não quis discutir. Preferiu se despedir e dormir. O dia seguinte seria animado. Lucas havia lhe prometido emprestar alguns livros que gostava para ler.

Com a cabeça no travesseiro, ela repousou. Desejou boa noite para Apolo, mesmo que ele não estivesse ali. Encerrou a noite dizendo para si mesma.

– Eu te amo tanto marrento...


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