Apenas Amigos. escrita por Yang


Capítulo 4
Bem-vinda ao Rio de Janeiro!




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Passaram-se duas semanas desde a chegada de Júlia ao Rio de janeiro. Os seus tios foram simpáticos em relação a fazer uma boa recepção. Já havia levado à garota a praia, ao corcovado, pão de açúcar. Então cederam um quarto à garota, o mesmo que fora de seu filho, primo de Júlia, mas que veio a falecer há alguns anos depois de ter tido câncer.


– Querida, desça para jantar. Amanhã você tem que acordar cedo e começar a procurar um bom emprego. – disse a tia Adria.

– Claro. Desço daqui a pouco. – respondeu. Júlia estava tão concentrada no bate-papo da internet que não percebia o tempo passar. Queria muito conversar com Apolo, saber como ele estava. Não se falavam há alguns dias. Ele andava ocupado, e ela também. Mas havia uma enorme necessidade em ver um ao outro, ouvir a voz. A saudade já apertava em duas semanas, quanto mais em seis longos meses que viriam.

Ele não ficava online. Ela decidiu deixar uma mensagem mesmo assim. Escreveu um breve “estou com saudade”. Saiu da página e foi jantar.

A casa dos tios era um pouco maior que a dela. Havia bastante quartos porque geralmente eles recebiam parentes de alguns lugares do país que decidiam passar as férias ali.

– E a faculdade? – perguntou o tio Olavo.

– Começa em fevereiro. Daqui a um mês, mais ou menos. – respondeu.

Os tios estavam interessados em saber onde a garota procuraria um emprego.

– Coisa simples mesmo. Minha bolsa de estudos é praticamente integral, então eu não preciso pagar tanto. E acredito que por isso não vá ficar tanto tempo com vocês... – disse ela.

Eles pararam rapidamente o que estavam fazendo. Olharam para a garota com uma expressão de inconveniência e curiosidade.

– Você quer morar sozinha? – pergunta a tia.

– Não necessariamente sozinha. Eu posso dividir o apartamento com uma amiga, amigo... – disse ela. Nesse momento percebeu o peso da palavra “dividir um apartamento”.

– Seus pais sabem disso querida? – perguntou a tia Adria, preocupada e um tanto desapontada.

– Sabem. – mentiu a garota. – Eu vou trabalhar e alugar um local pequeno mesmo. Pago o aluguel e a escola. Começo a cuidar de mim mesma. E meus pais disseram que irão mandar uma quantia significativa todo mês. Já ajuda bastante.

O tio sorriu. Um sorriso astuto de quem se admira com alguém.

– Estou impressionado! Você é uma das poucas pessoas que vejo, já nessa idade, em querer assumir uma independência tão grande. Você só tem dezoito anos, não é? – perguntou ele.

Ela assentiu com a cabeça. A tia ainda pensava diferente.

– E com quem você dividiria um apartamento? Não conhece ninguém ainda.

– Tenho um amigo que vai vir para o Rio fazer faculdade também. Nós podíamos dividir e sairia melhor para os dois.

Os tios de Júlia ficaram calados. Apenas fitando o prato de comida da mesa. A garota percebeu que seria difícil entender. E sabia que eles provavelmente ligariam para seus pais assim que pudessem.

Foi o que aconteceu.

Na mesma semana em que Júlia conseguiu um emprego como recepcionista de uma editora de livros, seus pais telefonaram.

– Não e não Júlia! – indagavam eles do outro lado da linha.

– Vai ser melhor assim! O custo é bem mais baixo pai. Mãe dá uma força, por favor! – suplicava ela.

A discussão pelo telefone perdurou por quase duas horas. O pai de Júlia alertou que iria ter uma conversa séria com o tal amigo Apolo. Júlia já não tinha notícias do amigo há algum tempo. Isso fez com que ela chorasse antes de dormir por pensar que talvez não existisse mais os planos feitos há um tempo.

Dois dias depois recebe uma ligação.

– Garotinha carioca? – dizia a voz reconhecível de Apolo.

– Apolo?! Não acredito! Finalmente! Que saudades. Quanto tempo. Como você tá? – perguntava eufórica enquanto apertava contra o peito a medalha do cordão.

– Bem. E você?

– Bem.

Eles ficaram em silêncio, mas Apolo precisava contar algumas coisas. Coisas boas.

– Seus pais falaram comigo.

– E como foi? – perguntou aflita.

– eles nos deixaram dividir um apartamento sobre algumas circunstâncias... – disse ele.

– quais?

Não podemos dormir no mesmo quarto, eu não posso tocar em você, eu não posso usar seu dinheiro e nem você o meu. Você tem que falar com eles pelo menos cinco vezes na semana. Você tem que visitar seus tios duas vezes na semana. Seus tios podem te visitar sempre que quiserem, na hora que quiserem e sem avisar...

Ela gargalhou no telefone.

– Mas pelo menos eles deixaram! – disse ela feliz.

– é. – respondeu num tom não muito animado.

– Não está feliz? – perguntou.

– Estou tentando, mas fica difícil. Ainda não passou nem um mês...

– Eu sei. Mas você tem que vir Apolo.

Ele ficou em silêncio. Não respondeu rápido e com toda a certeza que tinha antes.

– tudo bem Júlia. Está um pouco tarde. Soube que você conseguiu um emprego. Deve acordar cedo, e eu também.

– ok. Sinto sua falta.

– eu também.

Despediram-se, e duas outras longas semanas passaram sem ter muito contato. Apenas conversaram pelo bate-papo e então pelo telefone. Ele então enviou uma mensagem contado seus planos para quando os dois fossem morar juntos.

Vou ignorar esse lance de não dormirmos no mesmo quarto porque sei o quanto você quer dormir de conchinha comigo. Então, vamos dormir juntos todo o dia, e eu por ser um cara romântico de nascença, vou levar café da manhã na cama pra você depois de termos feito alguma coisa muito especial a noite toda. E eu vou te cobrir de carinho como sempre quis. E garanto que você vai ser uma garota muito sortuda. É só me deixar te fazer feliz.”

E agora, a faculdade começa em alguns dias. E talvez as coisas realmente comecem a complicar. E talvez Júlia e Apolo já não sejam mais os mesmos de antes.


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