O Começo De Uma Era 2 escrita por Moça aleatoria, Undertaker


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, cá estou eu conforme o prometido mantendo os dias de postagem mesmo com a aula porque eu sou uma autora boazinha!
Primeiro, eu estou superfeliz aqui pois estou por um de atingir 400 comentários! E também estamos no capítulo 35, onde um dia eu imaginei que iria terminar a fanfic mas como eu amo enrolar ainda terão muitos pela frente!
Bem, eu pessoalmente, por algum motivo, não gosto muito desse capítulo e o acho meio fraco, apesar de conter uma surpresa... hehehe. Mas enfim, espero que voces gostem do mesmo jeito.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/337918/chapter/35

Eles não podem fazer isso. Não podem fazer isso. Não podem. Não podem. Não! Então porque estão fazendo?

Havia uma cadeira, a mesma cadeira de sempre, ela sempre estava lá para me assombrar. Eu a encarava já esperando me ver arrastada e obrigada a me sentar mais uma vez. Faz parte do meu dia a dia.

Mas ninguém me arrasta, olho para trás e há dois guardas as minhas costas, os mesmo de sempre, mas ninguém se move. Ao me virar para a cadeira novamente, ela não está mais vazia. Peeta senta-se nela, amarrado, assim como eu costumava ficar, com tiras apertando suas mãos, pés e cintura, e agora também seus ombros.

Eu entro em pânico quando a luz fraca da sala revela o presidente Snow atrás de Peeta, ele não olha para mim, ninguém olha para mim. Ele aperta o botão de choque.

–Não! –eu tento gritar, mas é impossível, o som fica preso em minha boca, ele não sai.

Quem grita agora é Peeta, diferente do meu, seus gritos ecoam pela sala exatamente como os meus costumavam fazer. Mas o dele é muito mais doloroso, é muito pior. Por que ele está lá? Por que não sou eu?

Tento correr até ele, mas os pacificadores seguram meus braços, meus pés estão colados no chão, eu não consigo me mover.

Seu gritos não cessam, e eu já estou jogada ajoelhada no chão, com os braços ainda segurados pelos pacificadores acima de mim. Não consigo desviar os olhos de Peeta, eu não quero ver aquilo, mas meus olhos não conseguem se desviar da imagem dele agoniante pela dor.

A um tempo atrás, antes dos jogos, o que parecia uma eternidade e uma época extremamente distante, eu costumava me perguntar por que as famílias de alguns dos pacientes de minha mãe ficavam para ver o paciente sofrer e agoniar ao limpar algum ferimento geralmente das minas de carvão. Eu me perguntava por que ficavam lá paradas mesmo sem poder ajudar seus entes queridos presos em sua própria agonia. Se não podiam ajudar, por que ficavam lá? Agonizando junto a eles quando poderiam ter se poupado desse fardo extra? Agora eu sei a resposta. É impossível desviar os olhos, mesmo que queria, a agonia de um puxa o desespero do outro. Não se é possível simplesmente ignorar.

Eu ainda tento gritar, mas os meus gritos ficam presos e minha garganta, ela já doí pelo esforço mudo de minha boca seca, ao contrário de meus olho, repletos de lagrimas.

De repente os gritos cessam. Snow dá um sorriso sabotador e ao mesmo tempo divertido. Eu dou um impulso para frente novamente, dessa vez, ninguém segura meus braços, meus joelhos cedem e eu desabo no chão.

Ao me levantar, não há pacificadores, não há Snow e não há cadeira. Há apenas eu caída no chão, e a cerca de 3 passos de distância, Peeta também caído.

Eu tento me levantar, as não consigo, meu corpo está mole no chão. Mas eu o vejo, seu corpo está igualmente mole, ele não se meche, está pálido e seus olhos azuis sem luz pendem abertos sem sinal de vida.

Eu não consigo chorar, não consigo me mover, nem se quer fechar os olhos, até que eles finalmente se abrem.

Minha respiração está acelerada, meu coração bate tão rápido que consigo ouvi-lo contra peito, eu levo a mão a boca e reprimo um soluço com os olhos rasos d’água. Me viro rápido para trás, o alivio que sinto ao ver Peeta dormindo na cama é maior do que poderia imaginar. Minha vontade e acordá-lo, contar sobre meu pesadelo e deixa-lo me acalmar, deixar com que ele me abrace forte do mesmo jeito que sempre faz, eu gostaria de retribuir esse abraço.

Mas ao olhar ele dormir eu me detenho. Peeta também tem seus pesadelos, sei que tem, não seria justo acorda-lo no meio da noite, mesmo com ele dizendo que não se incomoda, não seria justo.

Como será que ele não acordou? Geralmente agonizo na cama, me debato e grito. Provavelmente estava tão imóvel e muda em quanto dormia do que estava no sonho.

Eu toco mão de Peeta, que ainda está sob minha cintura exatamente o jeito protetor que estava quando fomos dormir. Ao sentir o calor de sua mão me acalmo um pouco.

Se ele está vivo, se está bem, se está ao meu lado, então está tudo bem.

Levo minhas mãos ainda tremulas até ele, passando meus dedos levemente sobe seu cabelo loiro com cuidado para não acorda-lo. Peeta deve estar dormindo em um sono tão pesado que nem se quer se meche a não ser pelo movimento de sua respiração, calma, ao contrário da minha.

Eu resolvo ir até o banheiro lavar o rosto, já que não pretendo voltar a dormir tão cedo essa noite e também para espantar qualquer resquício de sono ou de pesadelos de meu rosto. Fecho a porta atrás de mim para não acordar Peeta e lavo o rosto.

Ao levantar a cabeça vejo a garota com cabelos negros bagunçados e soltos, com um corpo magro e rosto pálido com olheiras enormes apoiada com os dois braços na pia para se manter em pé. É uma garota muito mais frágil e fraca do que costumava ver no distrito 12.

Fecho a torneira e volto para o quarto a tempo de ver Peeta se sentando na cama no meio da escuridão do quarto que minha visão já tinha se acostumado, eu podia vê-lo sonolento, esfregando um dos olhos com as costas das mãos de forma infantil, eu quase sorrio.

–Algum problema, Kat? –ele pergunta no meio de um bocejo.

–Não é nada. –eu digo. –acordei voce?

Ele nega com a cabeça, mas sei que ele teria feito isso mesmo se a resposta não fosse realmente não.

–Teve um pesadelo, não foi? –ele pergunta mais como afirmação. Eu aceno com a cabeça abraçando os próprios braços. –vem cá.

Eu me deito novamente na cama ao seu lado.

–Quer me contar com o que sonhou? –eu nego com a cabeça, sinto ele suspirar. –por que não me acordou, Kat?

–Não precisava, é só mais um pesadelo. –digo. –além do mais você estava dormindo tranquilo, não queria te acordar.

–Você sabe que pode me acordar e me dizer qualquer coisa, não é?

–Eu sei.

–Então na próxima me acorde, ok?

–Ok.

–Ok. –ele repete. –quer voltar a dormir?

–Não sei se consigo.

–Vamos tentar então. –Peeta continua a me abraçar pela cintura com uma mão enquanto a outra passa por meus cabelos, me acalmando aos poucos. Não sabia que era possível, mas aos poucos minhas pálpebras começaram a pesar, minha respiração foi normalizando e em pouco tempo eu já estava dormindo novamente.

Eu acordo com um pulo, e acho que acidentalmente acabo por bater o alto de minha cabeça no queixo de Peeta, já que estamos dormindo praticamente encaixados um ao outro.

O motivo do meu susto? Simila e Delly correndo para dentro do quarto com pressa, e só então noto que não trancamos a porta noite passada.

–Delly? Simila? –é Peeta quem fala, esfregando com uma mão nos olhos cansados e a outra o queixo, agora eu já tendo certeza de tê-lo acertado. –O que fazem aqui? Que horas são?

–Quase cinco. –ele responde.

–Quem acorda antes das cinco da manhã? –eu pergunto, não com muito bom humor por ter sido despertada tão cedo e resistindo ao impulso de cobrir a cabeça pelo cobertor, como uma criança pequena.

–Coin acorda. –Simila diz. –e temos uma má noticia pra vocês.

Meu corpo se desperta como se tivesse levado um choque, eu já estou sentada na cama.

–O que foi?

–Ela tentou conversar pacificamente com o líder do 2, pelo visto ele não tem o menor interesse sem e aliar a nós. –Delly diz. –vamos começar a atacar.

–Atacar? –eu e Peeta perguntamos em uníssono.

–Eu, Delly, Max, Finnick, Johanna e vocês fomos chamados para a guerra. –ele fala. –mas eu duvido que vocês ou os vitoriosos peguem frente de batalha, Coin não ariscaria a base da revolução assim.

–Menos mal, eu acho. –Peeta fala, mas me olhando com uma certa preocupação.

–Não é só isso.

–Não pensei que fosse. –digo. –mas afinal, que parte da guerra vocês pegaram?

–Esse é o nosso problema. –Delly fala, cruzando os braços em desapontamento. – primeira linha da frente de batalha.

–Quando? –Peeta pergunta aflito, perdendo parcialmente um pouco da cor do rosto. Eu não fico muito assustada com sua reação, se fosse minha irmãzinha indo para a guerra eu entraria em pânico, mesmo que Simila seja mais velho, mesmo que ele seja tão bom quanto Peeta com a arma, irmãos são sempre irmãos. E afinal, é primeira linha de batalha, não há posição de guerra mais perigosa, eu sei disso, Peeta sabe, Simila e Delly sabem também.

–Amanhã, ela disse.

–Amanha? De um hora para outra assim? –exclamo.

–Ela queria que fosse um ataque surpresa.

–É, surpreendeu a todos nós. –Delly encosta a cabeça no ombro de Simila, ele meche em seus cabelos.

Ao olhar para os dois eu não vejo o casal divertido e animado que costumo ver no treino ou nas refeições, apenas vejo dois garotos que estarão indo juntos em combate em uma guerra em posições quase suicidas. Não sei e deveria dizer sorte ou azar de irem juntos para lá. Azar, eu acho. Também não sei se deveria usar o termo garotos, afinal, temos quase a mesma idade e sou até casada, mas também não temos nem 21 anos. Contudo eu e Peeta já passamos por coisas tão terríveis que poderíamos ser considerados velhos. E Simila e Delly, que tem uma alma tão juvenil e otimista, estão caminhando pelo mesmo caminho que nós. Para um caminho com só uma regra, a regra da guerra e também a regra dos jogos, que afinal não são muito diferentes: Matar ou morrer não há outra escolha, na batalha o mais capaz vence, que a guerra comece.

–Eu avisei vocês, eu disse que isso poderia acontecer, eu disse que se se voluntariassem para o treino poderiam ser chamados. –Peeta fala, passando a mão sobre o rosto em frustração. –por que não me ouviram?

Sei que Peeta está frustrado por ver o próprio irmão ir para a guerra, mas ele soa irritado, quase até bravo com Simila, Delly, e até si mesmo por alguma razão.

–Nós sabemos, nós sabemos. –Simila diz. –não precisa dar uma de pai para nós, sabemos de tudo isso.

–E mesmo assim ainda concordam que ter feito isso foi a decisão certa?

–Foi certo, Peeta. –Delly disse. –não me arrependo por ter me inscrito, acredito que tenha sido a decisão certa, apenas não estamos exatamente animados por entrar na guerra.

–Voces tem ideia do tão perigoso é a posição que vocês pegaram? –Peeta argumenta, e eu, apenas olhos entre os três, como quem vê uma partida de ping pong, mas sentindo que deveria dizer algo, defender um lado ou um ponto.

–Sabemos. Nós não imaginávamos que pegaríamos uma posição tão... –suicida! Eu diria posição suicida! -... perigosa como essa. –também serve.

O olhar de Simila treme, Delly se aconchega melhor nele. Vejo que não estão confiantes, nem perto disso. Estão nervosos e apreensivos. Consigo ver no olhar de cada um deles que não querem ir pra a guerra, apenas se sentem na obrigação de ir.

O que poderiam ter levado eles a se candidatarem a guerra?

Talvez tenha sido pelo 12. Delly perdeu a família toda com aquela bomba, e Simila, quase toda. Perdi para Snow, memorias, um filho, o único local que poderia chamar de lar, isso além de meses de tortura e eu quero vingança. Talvez, eu não seja a única em busca disso.

Penso em Simila, que é um bom atirador, mas também uma boa pessoa, será que continuará como é depois de uma guerra? Penso também em Delly, uma garota tão simpática e divertida, ótima artilheira e pelo que soube ótima em primeiros socorros. Mas quando penso em Simila e Delly, falantes, divertidos, simpáticos e extrovertidos, exatamente como jovens de nossa idade deveriam ser, penso no que a guerra poderia fazer com eles, mesmo que saiam bem de lá.

A guerra muda as pessoas, ninguém é o mesmo após tirar uma vida. Eu sei bem isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem já leu a culpa é das estrelas, pode ter notado uma pequena homenagem ao livro no capítulo. Não resisti!
Gostaram? Não, sim, talvez, um pouco, mais ou menos, muito, nem um pouco... Comentem com a sua opinião sobre o capítulo por favor e recomendem também!
Agora aproveitando a sexta a noite (FINALMENTE UHUU) eu já vou continuar a escrever a fanfic!
Até o próximo gente!