O Começo De Uma Era 2 escrita por Moça aleatoria, Undertaker


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Olá gente! Esse é o último capítulo que eu posto durante as ferias, que acabam na terça (nem me perguntem por que na terça não na segunda, me faço essa pergunta todo ano.) Eu acho que vou entrar em depressão aqui. Okay, rainha do drama, eu sei. O fato é, eu costumo ter prova toda a semana (toda quarta, para ser mais precisa), mas como a primeira semana nunca conta (eles tem alguma piedade) eu vou continuar postando normalmente.
Quando as provas recomeçarem eu provavelmente vou postar uma em uma semana exatas ao em vez de 4 em 4 dias, como eu faço geralmente. Apensar que adiantei bastante a fanfic nas ferias e talvez nem precise.
Bem, eu ainda não respondi os cometários, o que vou fazer daqui a pouco!
Espero que gostem do capítulo, que tem algumas novidade pra voces.



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POV Peeta.

Ao acordar na manhã seguinte, eu nem ao menos me movo por alguns minutos, já que a primeira coisa que vejo ao despertar é Katniss dormindo ao meu lado. Quanto tempo desejei ter isso novamente? Quantas noites passei em claro apenas com os olhos fechados lembrando-me de momentos como esse e ressentindo pelo fato de não ser dessa maneira? E agora está aqui, e eu só quero aproveitar ao máximo o momento.

Não mecho-me por alguns instantes, preferindo apenas relaxar a cabeça no travesseiro e observar seu peito subir e descer no ritmo de uma respiração calma. Não a respiração rápida de quando tinha um pesadelo e eu tinha que lhe acalmar, ou a respiração pesada, densa e assustadoramente lenta que vi quando estava desmaiada, quase à beira da morte, coisa que vi vezes demais, muito mais do que gostaria.

Aproximo meu rosto do seu e toco meus lábios em sua cabeça, que parece ter ainda alguns pontos húmidos ainda de seu banho de ontem.  Katniss pode até ter penteado os cabelos ontem, mas também nunca foi muito vaidosa. Me pergunto se ela não poderia acabar ficando doente de dormir com o cabelo molhado assim sempre.

Riu de mim mesmo agora, Katniss sempre dizia que eu era muito protetor e preocupado as vezes. Eu preocupado que Katniss Everdeen pudesse pegar um resfriado, depois de tudo que nós passamos, em um momento desse é isso que me preocupa, isso que me vem à mente.

Ao olhar para ela, a vejo encolhida no canto da cama, suas pernas expostas por minhas camiseta que lhe serviam grade demais para uma camisa mais ainda um pouco curta para um vestido. Em suas pernas ainda posso ver boa parte de cicatrizes, queimaduras, cortes, e até alguns roxos ainda aparentes que deveriam ter sido muito piores um dia, como marcas de espancamento. Sinto o coração bater mais rápido e o sangue subir à cabeça pela raiva de imaginar um pacificador espancando-a.

Lembro-me de Katniss assustando-se com a minha cicatriz, tão pequena e simples, e ela, cheias delas, maiores, piores, e tenho certeza que ainda doloridas, e mesmo assim se preocupou com a minha.

Tendo descansar a cabeça no travesseiro, tirar imagens ruins de minha mente. Afinal, Katniss está aqui, comigo, ela está segura, está comigo, e enquanto estiver eu a protegerei com a minha vida. Nada para mim é mais importante que isso.

Nem tenho ideia de quanto tempo passou, podiam ser cerca de 2 horas ou 20 minutos de pura tranquilidade e paz, até que a realidade bate à porta. Literalmente. Quase dou um pulo da cama ao ouvir a porta bater.

Com a maior cara de cansaço, eu abro a porta e dou de cara com Simila.

-Simila? –pergunto meio encabulado, afinal, eu estava tecnicamente acordado até agora, mas não exatamente desperto.

-Ei Peeta eu estava pensando se vo... –ele para no meio da frase, olhando por cima de meu ombros, e em seguida para mim. –ahn desculpe, acho que estou atrapalhando algo...

Eu franzo as sobrancelhas, levemente confuso. Olho para trás, onde Simila olhava antes, e tudo que vejo é Katniss ainda dormindo. Ao voltar meu olhar para meu irmão, ele levanta uma sobrancelha maliciosamente.

Só agora entendo o que ele quis dizer. Katniss usa apenas minha camisa como pijama e eu estou apenas com as calças.

-O que? Não! –eu coço a nuca desconfortavelmente. –ela só esqueceu o pijama no quarto, eu emprestei a camiseta de pijama.

-ah tudo bem então. –ele fala, as não parece muito convencido. –bem, não seria a primeira vez que eu interromperia algo, não é mesmo?

-Cala a boca, Simila. –eu digo, dando um tapa leve em seu braço. –não se esqueça que eu também te peguei naquela cena com a Delly hein.

-Aquilo foi estranho. –ele começa a rir, eu também começo, até que Katniss se remexe um pouco na cama.

Eu levo o indicador a boca, pedindo silencio. Simila sufoca a risada, limitando-a um sorriso divertido, que depois muda para um gentil e doce.

-Como vocês estão indo? –ele pergunta.

-Bem, muito bem, na verdade. –eu sorrio, tenho feito muito isso.

-A tempos que não te vejo tão feliz. –ele comenta. –voce a ama muito, não é?

-Demais.  –eu sorrio, olho Katniss novamente.

-Voces merecem, irmãozinho. –ele desarruma o meu cabelo, como costumava fazer quando éramos crianças, quando ele era pelo menos três palmos mais alto que eu, um para cada ano de diferença entre nós, e agora, eu já o passava um pouco em altura. –Bem, eu tinha vindo aqui chamar vocês para o café. Convite feito, se quiserem apareçam lá depois.

Simila sai pelo corredor, eu entro de volta no quarto, sendo que tínhamos conversado praticamente do lado de fora do quarto.

Olho para Katniss e decido deixa-la dormir mais um pouco, pego minhas roupas e entro no banheiro para um banho rápido.

Ao voltar, com a toalha enxugando o cabelo ainda molhado, me deparo com Katniss já acordada, sentada a beirada da cama, mas para trás o suficiente para que seus pés pendam sem tocar ao chão por muito pouco, balançando-os distraidamente sem um ritmo exato com as mãos apoiadas em cada lado de seu corpo. Ela encara aos próprios pés até notar minha saída do banheiro.

-Bom dia, Kat. –eu cumprimento.

-Bom dia. –ela dá um sorriso curto, em seguida pega suas próprias roupas e caminha até o banheiro.

Quando volta, já está trocada, então apenas vai até o canto do quarto e pega seus sapatos, calçando-os, ainda com muito cuidado.

-Como vai o seu tornozelo?

-Muito melhor, na verdade. –eu a olho com uma certa dúvida. –pode abaixar essa sobrancelha! É sério, estou ótima.

Levo os dedos até a sobrancelha que tem tinha notado levantar, na verdade nunca tinha reparado que faço isso as vezes. Coço com as pontas dos dedos o local para disfarçar o movimento.

-Simila passou aqui mais cedo –eu informo, mudando de assunto. –veio nós chamar pra ir tomar café com ele.

-Tudo bem, vamos assim que saímos.

-Você ainda quer fazer o treino? –eu pergunto, com esperanças dela dizer que mudou de ideia.

-Claro. –droga.

-Vamos com Simila e Delly depois do café.

-Eles também treinam como soldados?

-Na verdade, eles e Finnick também, mas acho que uma hora dessas ele já deve estra lá. –eu olho o relógio na parede.

Caminho com Katniss pelos corredores, eu a seguro pela cintura e ela se apoia em meus ombro por causa do tornozelo. Eu não digo nada, apenas reviro os olhos para a perfeita definição de “bem” de Katniss. Nossa, que garota teimosa!

...

-Fique com as costas e os ombros retos, pés paralelos aos ombros. –eu ajeito e postura de Katniss, que por estar acostumada com o arco não de posiciona muito adequadamente. –os braços firmes e dedo no gatilho.

Ela faz o que mando, com seu revolver em mãos.

-Primeiro, as armas pequenas, depois ensinarei como manusear as maiores. –eu digo. –ótimo, agora tente.

Ela tenta um tiro, acerta no alvo, mas longe do centro.

-Droga. –ela recarrega a arma como lhe ensinei.

-Foi bom, você tem uma boa mira, obviamente. –eu digo. –só precisa se acostumar com a arma.

-Acha mesmo?

-Claro. Eu já não tinha nem costume em segurar uma arma e muito menos uma boa mira, e hoje já tiro... Bem, satisfatoriamente.

-Satisfatoriamente? –ela fala. -Peeta, voce é ótimo. De um pouco de credito a si mesmo.

-É talvez. –eu digo. –continue atirando, treine um pouco.

Ela faz o que peço, e eu pego uma arma também, atiro junto a ela. Ela começa a melhorar já rápido.

Por um momento, paro e observo um pouco a minha volta enquanto Katniss treina mais alguns tiros. Simila e Delly continuam a treinar juntos como sempre em um canto mais distante e rindo baixo, tentando não atrapalhar os outros no meio de mais uma possível competição de tiros. Mais à esquerda vejo Johanna atirando com uma arma um pouco mais pesada, que ela ergue nos braços sem muitos problemas e atira muito bem.

Johanna havia começado o seu treinamento pouco antes de Katniss, assim que chegou no distrito ela já o havia começado, enquanto Katniss ainda estava hospitalizada. Ela tem uma mira muito boa e uma forca notável e não arranja problema em carregar as armas mais pesadas. É claro que eu não esperava menos de uma garota que lança um machado com a facilidade e forca que uma pessoa normal lança uma pedra, só que com 10 vezes mais precisão, e 100 vezes mais mortalidade.

Ela era muito boa com a arma, de verdade, mas isso se você ignorasse a parte técnica da coisa. Johanna tem dificuldade em coisas como limpar, montar ou descontar uma arma. Nesse exato momento ela já se encontrava gritando com um dos treinadores que tentara lhe ensinar, pela quinta vez nessa semana, -e olha que para os padrões do 13 isso não era pouca coisa- como se limpa um revolver, e pela quinta vez, Johanna estava berrando com ele e mandando cuidar da própria vida.

Reviro o olhos para a cena e dou um leve sorriso, estamos perto de Johanna então podemos ouvir seus berros levemente. Katniss nem se quer desviou o olhar para observar, por conviver por muito tempo com Johanna a cena da garota brava gritando não parecia nada de mais para Katniss. Nada que não fizesse parte de um cotidiano. Não posso conter um leve sorriso por saber o quanto isso é verdade.

Olho para a esquerda e vejo Finnick parado, com uma arma na mão mas sem atirar, olhando para nós. Ele sim, me chama a atenção.

-Eu já volto. –toco o ombro de Katniss, ela acena com a cabeça, concentrada. –continue atirando, está indo bem, Kat.

Eu caminho até Finnick, me encostando em uma parede ao seu lado.

-Como ela está? –ele pergunta.

-Melhor, bem melhor, eu acho. –eu digo.

-Ela atira bem. –Finnick diz, com sua costumeira calma. –foi sua ideia?

-Como se eu quisesse ver Katniss em batalha novamente.

-Mas antes em batalha atirando bem do que mal. –ele fala.

-Ela insistiu muito em vir. –eu falo.

-Voce está preocupado. –Finnick afirma, não é uma pergunta. Eu solto um leve suspiro. –o que lhe preocupa?

-Katniss me preocupa.

-Mas voce disse que ela estava melhor. -ele fala, confuso, com as sobrancelhas levemente franzidas. Eu apenas balanço a cabeça para os lados.

-Não é isso. É por causa do hospital, aquelas crianças e tudo mais, isso pareceu realmente afeta-la de alguma maneira. –eu suspiro. –ontem, quando citou Snow, ela me pareceu amargurada e vingativa como jamais a vi antes.

-Mas isso é normal, não é? Levando em conta que ele torturou ela?

-Katniss é persistente, se ela estiver pensando em mata-lo ela não vai desistir. Custe o que custar. –eu volto a encarar Finnick. –e eu temo que isso possa custar a vida dela.

-Acha que ela faria isso?

-Com o ódio que eu vi em seus olhos ontem e tendo em vista o quanto a conheço e o quanto é teimosa? Ela nem piscaria.

-Katniss sabe se cuidar. Não acho que isso vá acontecer. –ele conclui, mas acho que diz isso só para me tranquilizar.

-É talvez. –digo. –mas ela é teimosa demais, até com coisas pequenas. Até insistiu em vir aqui com o tornozelo torcido. –eu balanço a cabeça em descrença e Finnick da um leve sorriso. –ela não tem uma boa definição de dor, sendo que precisou se apoiar em mim o caminho todo.

 Ao olhar novamente para Katniss, noto que ela conversa com alguém.

-Quem é aquele? –Finnick pergunta, ao ver quem estou encarando.

-Max. –eu digo, e ao ver que ele permanece confuso, lembro-me que não lhe contei a história do cigarro e Katniss, assunto no qual eu não gosto de tocar. –longa história. –digo apenas, e Finnick acena com a cabeça.

Katniss e Max conversam normalmente, e na verdade, não estou com medo que ele possa lhe convencer a fumar novamente, ela me prometeu que não voltaria a fazer aquilo. Eu confio nela. Ela é teimosa, mas tem a cabeça no lugar.

-Falando em histórias longas. –Finnick pergunta, curioso. –o que aconteceu naquele dia? Você e Gale estavam se falando numa boa, pensei que se odiassem.

Noto que Finnick não conhecia essa história também, resolvo lhe contar pelo mens essa, que enfim já está resolvida.

-Resumo da opera. –eu começo a versão da história nem tão resumida. –eu não gostava de Gale por que ele era o melhor amigo da Katniss desde de que ela tinha 12 anos e secretamente era apaixonado por ela a um tempo. E quando eu e Katniss voltamos namorando dos jogos ele ficou com ciúmes, eu o peguei beijando ela a forca na floresta e nós brigamos feio, depois ainda brigamos por isso aqui no 13, na história que voce já conhece. Por fim, esses dias Gale se desculpou por tudo e eu me desculpei por ter começado a briga e está tudo bem agora.

Finnick fica alguns segundos em silencio, digerindo a história. No final, ele solta uma gargalhada.

-Dava para a sua vida ser mais complicada?

-Acho difícil.

POV Katniss

Estou tão concentradas nos tiros que dou que mal noto quando Max se aproxima de mim, levo o maior susto e erro muito feio o alvo.

-Desculpe, Katniss, não queria assustar. –ele começa.

-Não assustou. –minto.

-Tudo bem então. –ele fala. –Enfim, o que faz aqui? Não sabia que treinava.

-É meu primeiro dia na verdade. –digo. –e quanto a voce?

-Estava pensando em começar. Johanna também parece estar gostando.

-Parece que sim. –dou uma leve olhada por cima de meu ombro a tempo de ver Johanna ainda gritando com um outro soldado que ainda não havaia desistido de ensina-la. Reviro os olhos. Pobre rapaz.

-Mas o que lhe fez passar a treinar?

-Quero participar dessa guerra. –digo. –depois de tudo, dos jogos, as torturas... Quero que termine.

-Resumindo, voce quer Snow morto. –ao verbalizar essas palavras, noto quando parecem cruéis, mas também noto como são verdadeiras.

-Isso. –concordo. –sei que parece errado, vingativo e tudo mais, mas eu preciso disso, mal consigo dormir noite só de pensar que ele está por ai, respirando e matando mais pessoas inocentes.

-Não parece errado apenas por ser vingativo, na verdade, eu concordo com voce. A vingança é só mais uma forma de justiça, só é errada se ver apenas de um ângulo.

-Depois de toda aquela tortura não imaginei que pensasse diferente.

Max força um sorriso cheio de amargura.

-Não é só por isso. –Max desvia novamente o olhar. Na verdade, Max não tinha o costume sustentar o olhar de alguém nos olhos por muito tempo, tem o habito de desvia-los ou encarar o horizonte a sua frente, e apenas de tempos em tempos voltando a me encarar. Mas isso só causava um efeito ainda maior quando ele realmente me encarava, com o olhar penetrante, profundo e sério, conseguia a atenção de qualquer um somente com seus penetrantes olhos esverdeados, dando a ele uma postura sombria e um tanto misteriosa.

-Por que então? Puro ódio gratuito?

-Não é ódio gratuito, Katniss. –ele diz em um tom mais grave e solene. Max não tinha o costume de falar alto ou gritar por raiva, sua voz apenas se abaixava ao ponto de se tornar mais grave, ele chagava a dizer pausadamente cada palavra. –antes fosse.

Ele contrai a mandíbula, cerrando os dentes com os olhos fixados no nada e labios franzidos, quase em uma careta. Conheço bem a expressão dura de Max, é a expressão de uma amargura vingativa, geralmente carregada pelos enlutados determinados a um tipo de justiça.

-Voce perdeu alguém. –eu afirmo, ao em vez de perguntar. –quem era?

-Minha esposa. –ele fala e eu tento esconder a surpresa de Max ser casado, ou melhor, ter sido casado. Sua expressão seria deixava claro sua empatia geral, não gostava de conversas longas ou com qualquer forma de brincadeira. Geralmente está apenas parado ouvindo sem se manifestar muito, não é o tipo de pessoa que se apaixonaria facilmente, nem alguém com quem pudesse se casar. Não dizia muito sobre si mesmo e nem procurava perguntar sobre os outros, preferia sempre ficar afastado de qualquer contanto mais do que o necessário com as pessoas ao seu redor. Penso se a morte da esposa não lhe transformou no que é hoje, talvez, Max não tenha sido sempre a pessoa amargurada que é atualmente. A pessoas mudam, a vida, e sobre tudo a morte lhes faz mudar.

-Qual era o nome dela? –quando Max volta a me encarar, penso que ele vai me mandar cuidar de minha vida ou algo do tipo, encerrando o assunto por ai.

-Meg. –ele fala por fim. –éramos casados a pouco tempo, um ano mais ou menos. –ele fala, fingindo desdém, então algo muda em seu olhar fixado no nada. Ele se corrige. –um ano e dois meses.

-O que aconteceu? –Max volta a olhar para mim, ele demora um tempo para falar como se estivesse procurando palavras.

-A revolução. –ele fala, com calma e os olhos ainda em mim. –no distrito 8 foi um dos primeiros a apoiar a rebelião antes mesmo do 13 se revelar. Meg apoiava muito, dela sempre foi contra os jogos, a irmã morreu na arena quando tinha 13. O problema é que Meg era persistente, por mais que eu dissesse que era perigoso ela continuava conversando sobre algumas pessoas do 8 sobre a revolução. –ele deixa escapar um suspiro. –ela falou demais, chamou a atenção de alguns pacificadores. Um dia desses tinha chego em casa do trabalho e ela já não estava mais lá, um de meus vizinhos foi quem me deu a notícia, aconteceu na frente de casa. Eu era filho único, ela tinha uma irmã facelida, pais já falecidos, os meus ainda na infância. Não ouve muita comoção na parte familiar, apenas de mim.

Ele faz uma pausa tão longa que me fez pensar que ele havia terminado, mas seus olhos ainda fixos em mim diziam o contrário. Mesmo assim, fiquei surpresa quando ele procedeu com a história.

-Uma semana após sua morte eu estava em nosso quarto, guardando alguma de suas coisas, e achei o diário dela. –ele esboça um pequeno sorriso com a lembrança, que some mais rápido do que aparece, mas ainda sim, o primeiro sorriso que vejo sair de Max com sinceridade e espontaneidade. –ela adorava escrever lá, era uma mulher incrível mas tinha uma alma infantil, sorriso solto e uma voz quase cantarolada. –vejo um certo brilho no olhar de Max, o mesmo brilho que sempre via em Simila, Delly, Finnick, Annie e em Peeta, o brilho que tenho passado a reparar sempre que olho ao espelho. O olhar de uma pessoa apaixonada, e no caso de Max, agora viúva. –Meg estava gravida. No diário dizia que ela planejava me contar, naquele mesmo dia. Tinha sido escrito na manhã antessente a sua morte.

O mordo o lábio inferior e fico em silencio por um momento. Max já não é apenas um homem frio e severo com um olhar duro e lábios presos em uma carranca permanente. Ele era apenas um garoto que não tinha família a recorrer, um homem que já perdeu tudo que já tinha, o viúvo do que me parecia ser uma mulher incrível. Afogado em magoas mas surpreendentemente muito mais estável do que qualquer um em seu lugar.

Uma esposa gravida morta? Quem poderia imaginar o que se passa pela cabeça de Max? Eu entendo uma boa parte do que Max passou, ele não foi o único a ter perdido um filho antes de nascer, mas a criança foi arrastada junto com Meg a um tumulo. Penso como tenho sorte em ainda ter Peeta ao meu lado.

-Sinto muito por isso. –é tudo que consigo dizer. –Meg devia ser uma pessoa boa.

-Ela era. –ele fala com sua típica cara fechada. Seus olhos estão secos sem nenhum tipo de indicação de lagrimas, ele nem pisca. Penso também em como já fui assim, sem se permitir chorar em nenhum momento, sem demonstrar a ninguém qualquer tipo de emoção, felicidade, afeto ou tristeza. Talvez eu ainda seja assim, apenas com a exceção de Peeta, ele é a única pessoa com a qual eu me sinto inteiramente confortável a expor o que sinto, isso poderia até me tornar vulnerável se fosse com qualquer outra pessoa, mas não com Peeta.

-Por que decidiu me contar isso? Por que resolveu confiar em mim, justo em mim? –eu fico curiosa, afinal, não conheço Max bem, pelo menos não o conheço mais do que qualquer um conhece o conhece, bem, pelo menos até agora.

-Por que voce perguntou. –me sinto atingida por uma onda de culpa. É verdade, eu nunca havia perguntado sobre sua vida, seu passado, não acho que alguém tenha se preocupado em perguntar. Uma pessoa dotada de tanta frieza tendia a manter pessoas afastadas, sem ninguém nunca fazendo-lhe muitas perguntas.

Me pergunto se algum dia ele já havia contado isso para mais alguém, se foi a primeira vez que contou sua história em voz alta, se algum dia alguém já perguntara sobre ela. Afinal, não há resposta se não houver pergunta.

-E também pensei que de todos voce entenderia. –ele continua. –tambem perdeu um filho, foi para a arena duas vezes, distrito destruído. Pensei que de todos talvez voce entendesse o que é perda. –apesar da frase sentimental, Max não demonstra qualquer sinal de fragilidade ou comoção. Diz da mesma maneira que pede para passar o sal, com os olhos sérios e inexpressivos.

Sei que são coisas bem diferentes, ir para a arena e perder a esposa, ter distrito bombardeado todos os amigos ou conhecidos mortos ou nunca possuir qualquer família, com pais falecidos na infância e esposa quando mais velho. Não sei dizer o que é pior, mas não é preciso saber, não é um jogo de tragédia, como quem sofre mais, é um jogo de entendimento e fantasmas do passado que vivem pulando por cima de nós e nos assombrando todos os dias. Eu entendo o que Max quer dizer, eu consigo entender por que ele é tão frio. E eu não o julgo por isso. Não mais.

-Peeta está voltando. –ele fala, me tirando de meus pensamentos. –é melhor eu ir.

-Não vai treinar?

-Não me leve a mal, Katniss. –ele fala tom o seu om levemente sarcástico misturado coma carranca de sempre. –mas não acho que seu marido goste muito de mim. Nos vemos por ai.

Max se vira e começa a andar, indo em direção a porta como se nada tivesse acontecido, como se nossa conversa nunca tivesse existido.

Peeta chega até mim, para ao meu lado e me envolve em seus braços. Passando um dos braços por cima de meus ombros e beijando o topo de minha cabeça. Eu apenas fecho os olhos enquanto ele o faz.

-O que ele queria? –ele fala com o tom gentil de sempre.

-Nada, era só o Max. –eu dou um leve sorriso discreto. –era só o Max.

O verdadeiro Max. 


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Notas finais do capítulo

Alguém ai está com pena do Max? Alguém ai gosta do Max? Alguém ai odeia o Max?
Por ele ser um personagem novo, assim como o Simila, eu sempre gosto de saber a opinião de voces sobre eles, ainda mais o Max que é tão sombrio e serio. Então comentem que eu sou curiosa!
Bem, boa segunda pra voces, que a aula de voces demore bastante a voltar, e aqueles que já voltaram, meus pêsames. Eu vou la chorar pelas volta as aulas e já volto.
Brincadeira, vou aproveitar meu último dia de ferias da mesma maneira que passei o resto delas, no computador escrevendo e lendo. Sair é para os fracos, hunf.
Até o 35 gente! Ah, e se notarem algum erro ortografico, é só me avisar!