Moroi

         Sua voz não saía.

         Como quando você caiu e se machuca, mas não há ninguém para lhe socorrer. Por isso, não há porque gritar, soluçar, ou choramingar.

         A pequena de cabelos rosados não encontrava um motivo para fazer tal coisa. Sua irmã mais velha, a única que cuidava de si, já que seus pais eram ocupados, não a acudiria. Não lhe daria um beijo na testa e diria que o remédio não arderia. Embora, naquele caso, o remédio fosse amargo e difícil de tragar.

         Naquele quarto escuro, que não mais lhe punha medo, seus ombros e lábios tremiam e as lágrimas caiam pesadas.

         Seus pais discutiam, como faziam todos os dias, culpando um ao outro por terem permitido que a mais velha das filhas saísse naquela maldita noite.

         Deitou-se no chão, olhando para o nada, sem saber ao certo o que deveria fazer. Não ter em quem se apoiar lhe era tão difícil... seu corpo passara a tremer... e ela própria queria dizer algo, gritar algo, aliviar aquela dor, até novamente lembrar-se do porque de tudo aquilo.

         Nunca mais seria socorrida.

         Nunca mais seria abraçada.

Nunca mais a veria.

         Nunca mais receberia um sorriso gentil.

         Nunca mais teria seu cabelo penteado com cuidado.

         Nunca mais teria Meiko.

         E para sempre seria sozinha.