"Carly! Abra essa porta AGORA!" Sam gritou, esmurrando a porta do elevador. Ela tentou pela vigésima vez apertar o botão que abria a porta, mas obviamente Carly havia desligado a energia ou alguma coisa do tipo.

"Só depois do beijo!" Carly respondeu, e o coro começou outra vez: "Beija, beija, beija."

Sam olhou para Freddie, que continuava com aquela cara sem expressão, com os braços cruzados, sem dizer uma palavra. Sam resolveu tomar uma atitude.

"Ok," ela disse. "Vocês querem um beijo? Três minutos, certo? Então nós vamos beijar." As pessoas do outro lado gritaram em resposta. Sam tirou o celular do bolso e colocou na função cronômetro. "Preparados? Em 4, 3 , 2 ..." Ela pôs um dedo na boca, pedindo ao Freddie silêncio, e iniciou o cronômetro. Eles continuaram em silêncio enquanto os segundos passavam na tela do seu celular. Quando o cronômetro finalmente marcou três minutos, ela disse "Pronto!" Sam gritou, tentanto fazer uma voz de beijo. Será que existe uma voz de beijo?, ela pensou. Bem, não importa. "Nós nos beijamos," ela continuou. " Agora abram a porta."

"Vocês acham que eu nasci ontem?" Carly gritou. "Eu quero PROVAS! Beijem e tirem uma foto. Ou melhor, gravem um video! Eu quero um vídeo de três minutos de vocês dois se beijando. E eu quero ver LÍNGUA. Ou então vocês vão ficar ai para sempre!

"Carly, eu já estou perdendo a paciência. Abra isso AGORA." Sam gritou, mas ninguem respondeu. Um minuto depois o som foi religado e a música estava altissíma. Não importaria o quanto Sam gritasse, ninguem a ouviria.

Sam encostou a cabeça na lateral do elevador, desistindo.  Carly tinha razão, eles estavam bêbados mas não eram estúpidos, e só deixariam eles saírem dali depois que provassem que tinham se beijado. A música alta só comprovava que a festa estava longe de acabar e daqui a alguns minutos as pessoas nem iam se lembrar que eles estavam ali.  Na pior das hipóteses, eles teriam que esperar até Spencer chegar,  e então ele ficaria tão bravo com aquilo que Carly iria ficar de castigo o resto da vida. Por um momento Sam ficou com raiva de Carly, por ter posto ela naquela situação, mas ela sabia que a amiga estava bêbada e não tinha feito aquilo por mal.

As palavras de Freddie ecoaram na cabeça dela. "Eu não vou beijar," ele havia dito, com a maior certeza do mundo. Ela sabia que seria estranho e constragedor se eles tivessem que se beijar, mas não seria melhor apenas levar na brincadeira e evitar aquela situação?
Freddie continuou calado o tempo todo, parado na mesma posição como uma estátua. Sam ficou quieta por um momento, mas depois não aguentou o silêncio e a tensão no ar.

"Carly está ferrada." Ela disse. Freddie olhou para ela, mas não disse nada.

"Você sabe," ela continuou. "Se o Spencer chegar e ver a zona que esse apartamento tá, a Carly bêbada..."

"Isso não é problema nosso." Ele disse de repente.

"Como é?"

"Isso não é problema nosso." ele repetiu. " A Carly quis dar a festa, o apartamento é dela, ela que arque com as consequencias."

"Freddie! A Carly nem sabe o que está fazendo, você não pode simplesmente abandonar..."

"Não estou abandonando. Foi ela que nos prendeu. E não importa se ela não sabe o que ela está fazendo. Se ela não sabe beber, então não devia nem ter começado."

Sam estava incrédula. Freddie disse aquilo tão friamente, como se não desse a mínima para nada nem ninguém.

"Você já parou pra pensar que se o pai da Carly descobre o que aconteceu aqui, ele pode tentar mandar ela embora outra vez?  Obrigá-la a ir morar com o avô dela em outra cidade? Há quantos anos  você a conhece, Freddie? Você não liga para isso?  E tudo isso por causa de um beijo estúpido?"  Sam estava gritando agora, completamente irritada. Freddie idiota, estúpido, inútil, ela pensou. Eu te odeio, Freddie Benson.

Freddie não disse nada dessa vez, e Sam sentou no chão, derrotada. Não havia mais nada que ela pudesse fazer. O beijo estava fora de cogitação. Eles teriam que esperar o Spencer chegar, acabar com a festa, mandar a Carly para um convento, para depois soltá-los. Sam pegou o seu celular e ficou jogando, mas a bateria rapidamente acabou e ela ficou sem nada para fazer. Ela achou que  Freddie tinha dormido em pé, mas ele se mexeu do nada e começou a mexer nos botões do elevador. Pelo visto ele tinha perdido a paciência de esperar. Ele mexia sem parar nos fios e botões, murmurando palavras técnicas que não faziam sentido para ela. Ela sabia que Freddie era um nerd, mas duvidava que ele conseguisse religar um elevador.

"Droga," ele disse por fim, desistindo. Ele se sentou e se encostou do outro lado do elevador, de frentre pra ela.

Quanto tempo havia se passado? Uma hora? Sam nunca fora uma garota quieta, e ficar presa ali sem ter nada para fazer estava deixando-a doida. Ela era agitada demais para ficar parada por muito tempo. A música ainda tocava alto e ela balançava o pé seguindo o ritmo.
           Lá fora, a música tocava:

"Don't get up.
I can't see the sunshine.
I'll be waiting for you baby,
'Cause I'm through.
Sit me down.
Shut me up.
I'll calm down
and I'll get along with you."
 

Sam já estava farta. Eu não vou ficar aqui nem mais um segundo, pensou.

"Vamos lá, Freddie, vamos acabar logo com isso." Ela disse, levantando e puxando a mão dele, o obrigando a se levantar.

"Como é?"  Ele disse, confuso.

"Um beijo. Três minutos. Não pode ser assim tão ruim."

Ele continou olhando para ela, sem entender. Ela se aproximou, pegando as mãos dele e colocando-as na sua própria cintura.

"Apenas me beija, Freddie." Ela disse.