Sex, Drugs And Problems - IV escrita por Julya Com Z


Capítulo 7
Capítulo 72 - Roubou uma joalheria?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Me joguei na cama e fiquei olhando pro anel. Eu já vi aquela porra antes.

Mano! No quarto do Pedro, quando eu fui lá depois que a gente brigou. Ele realmente guardou o anel.

Acho que eu me arrependi de ter falado aquilo pro Pedro. Mas pra variar já é tarde.
Droga, droga, droga.

Me enfiei debaixo do chuveiro e fiquei um tempão tomando um banho quente e relaxante. Fui deitar e dormi rápido.

?: Naty. Acorda aê. - senti um tapinha no ombro. Abri os olhos contra a minha vontade e vi a Camila passando a mão no meu cabelo, que provavelmente (e com isso eu quero dizer com certeza) tava um ninho de pássaros. - Por favor me diz que aquele carro estacionado aqui na frente é seu.

Eu: Ganhei da minha mãe. - sentei na cama - O que você tá fazendo aqui? É terça-feira.

Camila: Você não foi pra aula, eu pensei que tinha acontecido alguma coisa.

Eu: Que horas são?!

Camila: Duas e meia. Vai me dizer que você só acordou agora.

Eu: Pelo visto. Cara, eu dormi demais… - e minha cabeça tava explodindo.

Camila: Sua mãe falou que ontem o Pedro veio aqui e foi embora com uma cara não muito feliz. O que foi que aconteceu?

Eu: Bom, ele veio me desejar feliz aniversário e… por favor, promete que não vai fazer um escândalo.

Ela ergueu uma mão e piscou.

Camila: Palavra de escoteira.

Eu: Você não é escoteira.

Camila: Eu sempre quis dizer isso. Mas enfim, fala logo. - Ergui a mão, mostrando o anel. O queixo dela caiu igual ao meu quando o vi ontem e ela pegou minha mão. - Puta. Que. Pariu. Ca-ra-lho. - Ela passou o dedo no diamante, como se pra ver se era de verdade. - Calma aí. Um presente desse só pode ser acompanhado de uma coisa…

Eu: Ele me pediu em namoro. - fechei os olhos.

Camila: E a julgar pela sua cara e pela cara que sua mãe falou que ele tava quando saiu… sua resposta foi não.

Eu: Bingo. - suspirando.

Camila: Por que você não aceitou, Naty? Você gosta dele, ele gosta de você, por que dificultar tanto as coisas?

Eu: Cá, ele… ele é meu irmão, eu sou filha do Olavo. Você sabe disso.

Camila: E também sei tanto quanto você que isso não muda nada. Você pouco se fode pra esse fato. - pausa constrangedora - Ah não. É por causa do Binho, não é? - Filha da puta que me conhece bem pra caralho. Olhei pra baixo em resposta.

Camila: Cara, só você não percebeu que o destino tá te dando a chance de saber se você gosta do Pedro ou não.

Eu: Eu não acredito em destino. - mentira.

Camila: Acredita que eu sei. - filha da puta. - desculpa minha total indelicadeza agora, mas o Binho teve que entrar em coma pra sair de cena e liberar espaço pro Pedro ter a chance dele. Vocês se gostam e isso tá mais na cara do que você pensa. É a vez do Pedro, não acha? Dá uma chance pra ele, Naty. Vai que vocês dois dão certo. Tudo bem que o Pedro é romântico até demais, e você não curte muito isso, mas você gosta dele. E nós duas sabemos disso.

Eu: O que você quer que eu faça? - tá, eu podia ter perguntado coisa melhor.

Camila: Porra, que você pelo menos tente. Você vive se arriscando por aí, não vive? Então se arrisca mais uma vez e vê no que dá. Eu tenho certeza de que ele ainda não desistiu.

Eu: Tá, mas e a Maggie e… o Olavo? - eles vão matar a gente.

Camila: Eles não precisam saber. E se precisarem eu sei que vocês dois vão falar tanto que eles vão acabar cedendo.

Eu: Valeu, Cá. - beijei a bochecha dela e levantei, indo pro banheiro. - descobre onde o Pedro tá e não diz que sou eu quem quero saber.

Camila: Por quê?

Eu: Vou fazer a coisa certa pela primeira vez na vida.

*

O Pedro tava num parque grandão que tinha na cidade [N/a: imaginem o Ibirapuera]. Ia ser tão fácil achar ele…

Dei umas duas voltas pelo parque e vi um garoto parecido com ele de costas pra mim. Disquei o número dele e o garoto na minha frente atendeu o telefone.

Pedro: Naty? - ele parou de andar.

Eu: Continua andando. Só para quando eu mandar.

Pedro: O quê? – riu fraco e olhou pros lados. Da distância que estávamos ele não conseguia me ver. Mas eu via ele.

Eu: Eu tô vendo você. Tá usando jeans preto e uma camisa azul. - andando atrás dele.

Pedro: Tá, agora eu tô com medo. Onde você tá?

Eu: Anda mais um pouco, até o meio das árvores.

Ele entrou onde eu mandei, era tipo um bosque, sei lá. Mas era bem fechadinho por causa das árvores.

Pedro: Entrei. E agora, cadê você?

Eu: Eu não falei que ia até você. Eu disse pra parar quando eu mandar. Você não tá andando. - ele voltou a andar - Bom garoto, obediente… - ele riu.

Pedro: Onde você quer chegar com isso?

Eu: Aí. Pode parar. - ele parou e começou a olhar em volta - Sabe aquele clichê “você não pode me ver, mas eu posso ver você”?

Pedro: Sei.

Eu: Exatamente. Para de se mexer, caramba. - ele tava olhando pra todos os lados, até que parou com tudo. - Você é obediente. Gosto disso. - eu parecia uma psicopata falando.

Pedro: Você tá me assustando.

Eu: Fica de boa aí. Atrás de você tem uma árvore com um coração e duas letras desenhadas. Pelo o que eu vejo daqui são um “M” e um “R”. Vira de frente pra essa árvore. - ele virou de frente pra árvore, estrategicamente de costas pra mim e eu fui chegando mais perto dele, sem que ele percebesse. - Fica aí, quietinho - ele tava rindo, até que eu parei atrás dele e encostei meu queixo no ombro dele. - Num filme, essa seria a parte que você leva um tiro nas costas. - ele ficou arrepiado e tirou o telefone da orelha.

Pedro: E você vai atirar em mim? - a mão dele buscou a minha mão direita e não parou de mexer até encontrar o anel. Então ele virou pra mim - Você não tirou.

Eu: Eu prometi, não foi?

Ele sorriu.

Pedro: Como você me achou aqui?

Eu: Com um pouco de sorte e uma fada madrinha chamada Camila.

Pedro: Por isso ela me ligou. - pausa rápida - E por que você veio atrás de mim? - afastou o cabelo do meu rosto.

Eu: Eu vim pra… dizer que sim. - ele sorriu

Pedro: Sim?

Eu: Sim, Pedro. Eu quero namorar com você.

O sorriso iluminou o rosto dele de tal forma que ele ficou ainda mais bonito. Eu não tive como não sorrir de volta.

Pedro: Você tá falando sério?

Eu: Claro que sim, você acha que eu vou brincar com uma coisa dessas?

Ele me levantou e me beijou, sorrindo.

E aquela poderia ser a parte do filme em que a mãe malvada do mocinho chega e o leva pra casa pela orelha, coisa meio infantil de se acontecer. Mas, bem… não foi a mãe malvada que chegou mas sim a fada madrinha filha da puta.

Camila: AAAAAAAAW QUE LINDO!

Soltei o Pedro e virei pro lado e lá estavam Camila, Leonardo e Olívia. Os três filhos da puta que eu chamo de melhores amigos.

Pedro: Já que temos público, vamos fazer isso direito.

Ele tirou o anel do meu dedo médio e ajoelhou na minha frente. De novo não…

Camila: Que fofo. Que….. fofo.

Pedro: Eu não vou perguntar de novo. Só colocar o anel no lugar certo. - e então ele colocou o anel no meu anelar.

E então… eu tava namorando.

Eu… Namorando.

*

Sexta-feira. Eu e o Pedro estávamos indo bem, a julgar que namorávamos fazia três dias. Minha mãe sabia e ao contrario do que eu pensei ela aceitou e não falou nada. Só pra “pensar em falar pro Olavo”. Mas com certeza aquilo não ia acontecer.

Passei nos exames de direção logo de primeira, ou seja, em poucos dias e eu teria minha carteira de motorista e não teria que depender de mais ninguém pra me dar carona.

Sábado fui sozinha no hospital pra ver o Binho. Ele tava mais corado e a mão já não tava mais tão fria como nas últimas vezes. O Beto (médico do Binho, que acabou virando meu amigo) entrou no quarto e sorriu pra mim.

Beto: Você pode falar com ele, tá? Acho que ele vai te ouvir.

Eu: Eu sei.

Beto: Quer que eu traga alguma coisa pra você comer?

Eu: Não precisa, valeu. - Sorri pra ele e ele saiu do quarto.

Voltei a olhar pro Binho, que tava lá, com aquela cara a qual eu já me acostumei. Ver ele daquele jeito acabou se tornando normal.

Eu: Ei, grandinho. Aconteceu tanta coisa nas últimas semanas. Pra começar que eu sou filha do Olavo. Não somos irmãos, Binho. Segunda foi meu aniversário. Eu ganhei um carro, acredita? Minha mãe é foda. Nem vou falar o que a Olívia me deu, porque é ridículo. Mas tem um presente em especial que eu ganhei e tô com ele agora. O colar que você me deu. Eu vim te agradecer. Você já tinha ele guardado, né? O Bola mandou pra mim. Brigada de verdade, Binho. - aquele silêncio de costume encheu a sala. - E… mais uma coisa. Eu tô… namorando com o Pedro. A última coisa que eu quero é te chatear, mas eu tô tentando, Binho. E se quer saber, tá indo bem. Não fica triste comigo, tá? Eu ainda amo você. E não vou amar menos, você sabe.

O Beck entrou no quarto.

Beck: Não sabia que você tava aqui.

Eu: É, eu devia ter vindo antes.

Beck: Como ele tá? - beijando minha bochecha

Eu: Melhor, eu acho. Tá menos pálido.

Beck: E esse anel? - olhei pro meu dedo - tá namorando ou roubou uma joalheria?

Eu: Primeira alternativa.

Beck: Você? Namorando? Naty, eu juro que considerei muito mais a segunda alternativa. - Sorri. - Mas mudando de assunto… Eu vim ver o Fabito nos últimos dias. O médico que eu não sei o nome disse que ele mexeu a mão outro dia.

Eu: O Beto falou isso pra você? Por que ele não me disse nada.

Beck: Falou. Mas por que isso é tão importante?

Eu: Beck, ele deu sinal de resposta. Isso significa que ele vai acordar logo!

Beto: Não necessariamente. - desde quando ele tava lá?

Eu: Não? Mas…

Beto: Ele tá tentando acordar, isso é um fato. Mas ele não tá totalmente recuperado. Pode ser que ele não demore pra acordar, mas também pode ser que ele leve meses, talvez anos.

Eu: Muito reconfortante o que você disse.

Beck: Calma. - me abraçou. - Pelo menos a gente sabe que ele vai acordar e tudo vai voltar ao normal. Né? - pro Beto

Beto: Bom…

Eu: O que você não falou? O que você não contou pra gente? Anda, Beto! Fala!

Beto: Tem cinquenta por cento de chances do Fabricio acordar e achar que dormiu por horas, então vocês vão falar tudo pra ele e com o tempo ele vai se adaptando.

Beck: Tá bom, e os outros cinquenta por cento? Ele pode não acordar, é isso?

Beto: Não, pelo contrário. Pode ser que ele acorde, mas perca toda a memória. Pode ser que ele se lembre de poucas coisas. Pode ser que nem o próprio nome ele lembre. Ele pode esquecer quem são vocês e todo mundo que conhece. Ele também pode lembrar de tudo o que aconteceu antes do acidente e não lembrar nada do que venha a acontecer no futuro.

Eu: Então quer dizer que ele tem chances de ficar cem por cento, mas também as mesmas chances de ter amnésia?

Beto: Exatamente.

Era o que faltava. O Binho voltar e não lembrar de nada.

Fala sério, eu fui o cara que pregou Jesus na cruz, só pode. Puta que pariu.


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Notas finais do capítulo

Pras fãs do Pedro, 2bj (sorry, tive que escrever isso)



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