Um dia frio em Londres. Típico. Tudo parecia tão absolutamente normal.  Pessoas em baixo de cobertas com chocolates quentes, e as mais sortudas com alguém ali do seu lado.  Pessoas com pouca sorte estavam trabalhando. Muitas tentando mostrar seu talento, ou até arrogância com suas roupas de marca em quanto desfilavam pelas ruas. Todos pareciam competir por algo tão banal, tão estúpido. O frio trazia poucos às ruas e os que tinham a coragem suficiente vinham, mesmo assim, parecendo grandes entulhos de roupas de frio. Mais havia, porém, a garota de cabelos castanhos estava andando pela rua sem direção alguma. Rony estava esperando-a em casa, talvez apenas esperando pelos mimos que achava que os merecia.

A garota castanha que andava preocupada pelas ruas era Hermione Granger, ou melhor, a garota do Trio de Ouro. Estava com uma jaqueta básica, e em comparação com o frio que estava à roupa era inútil. Sinceramente, eu tenho algumas perguntinhas: Por que ela não estava feliz? Lord Voldemort estava morto. Comensais da Morte estavam presos ou mortos. Ela namorava nada menos do que Ronald Weasley e era melhor amiga de Harry Potter. Era um tipo de Beyoncé ou One Direction do mundo dos trouxas – apesar de eu não gostar de nenhum dos dois. – A única coisa que a incomodava – e todos faziam questão de não perceber – eram os estragos sofridos durante a época da guerra. Havia tantas perdas, pesadelos que a traziam de volta ao terror sofrido por ela. Dumbledore, por acaso uma das perdas, uma vez disse: “Palavras são na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de causar grandes sofrimentos, mas capaz também de remedia-los.” Sim, você estava certo. Só que havia um porém: Ninguém havia se esforçado em usar palavras para remediar esses estragos. Apenas as usaram para piorar a situação um pouco mais.

• Aviso entre as entrelinhas •                                                                                    

Alguém aqui já ouviu falar do Profeta Diário? Então, acho que já sabem do que se trata.

A morte dos pais contribuiu um pouco mais para a garota chegar mais perto do abismo sem fundo. As palavras sobre a culpa dela nisso faziam a garota enlouquecer um pouco a cada dia. Por que tão cruéis? Isso me parecia tão desumano. A única que parecia se preocupar, por mais que fosse pouco, era Gina Weasley, irmã de seu tão adorado namorado, mais o namoro com Harry consumia todo o seu tempo fazendo com que a ruiva deixasse a castanha um pouco de lado. Cadê aquele ditado que dizia que “Uma amizade dura mais do que um namoro”? E dessa vez, sinto muito se parecer repetitivo, também havia um porém implícito: Quem em sã consciência imaginaria que a sabe-tudo de Hogwarts um dia chegasse a precisar de ajuda?

A única coisa que a garota tinha medo era de perder a si mesma, sucumbir à loucura que estava presa em sua alma, gritando para sair de dentro de si. Tudo parecia estar sempre no seu ápice. Tudo estava caminhando para a beira do abismo e a garota precisava sair correndo de perto dele, antes que seja tarde demais.

• Uma pequena dica: •

Seu medo está prestes a ser realizado. Dê “Oi” ao seu novo melhor amigo.

Ao longe uma porta bateu e assustou a garota fazendo com que a mesma institivamente pegasse a varinha dentro de seu casaco. Ao que tudo parece, era apenas um bêbado saindo de um bar. Um pouco mais calma, a garota voltou a fazer o que agora era um costume: Xingar a si mesma.  “Ah sim. Bellatrix Lestrange te tortura e você não fez nem metade do escândalo que fez agora.”

Hermione virou-se para ver de onde saiu o som que tanto a assustara e ficou ainda mais surpresa por ver quem saia às duas horas da manhã de um bar trouxa sujo e visivelmente bêbado. Draco Malfoy estava ali e parecia ter reconhecido a garota.

“Yeah, agora além de todos os meus problemas vou ter que aturar a doninha irritante.”

- Olha, olha. A sangue-ruim do Trio de Ouro. Um autógrafo, por favor. Ou será que eu sou tão nojento e desprezível que minha presença te enoja? – Draco se aproximou da garota, que agora não lembrava mais o que estava fazendo ali.

• Uma pausa nos comentários do belíssimo Draco •

Será que a costumeira falta de memória de Hermione se dava a mim ou ao Draco Malfoy?

- Finalmente, para a sua grande alegria estamos igualados ao mesmo nível não é mesmo? Apesar de que isso não importa. – Draco tropeçava nos seus próprios pés e nas palavras enquanto lutava pra chegar ao outro lado da Oxford Street, onde Hermione estava encostada na vitrine da Primark. As luzes das grandes lojas de departamento era a única coisa que dava ideia de movimento ao local. Mais apesar de tudo, ainda parecia uma cidade fantasma.

Hermione parecia ter perdido a paciência e revirava os olhos a cada minuto tentando negar a si mesma que Draco não havia a machucado enquanto falava aquelas palavras simples mais já familiares aos ouvidos da garota. Só faltava esticar os braços para poder me encostar. Já estava tão próxima.

- Desculpe-me Malfoy, mais não estou acostumada a descer tantos níveis assim para poder chegar perto de me igualar a você.

- Ainda não sabia que sangues ruins e ainda por cima grifinórios tinham a habilidade de ter a língua afiada. Achei que era uma característica sonserina. – Draco aproximou-se do ouvido da garota e sussurrou – mais eu gosto de garotas com atitude. – Os cabelos loiros estavam bagunçados, não no estilo sexy mais do tipo “Passei a noite enchendo a cara, problemas?”

O garoto parecia estar congelando de frio, por causa dos 10° graus, mais de novo isso era apenas suposição da garota, já que as origens sonserinas  do garoto tiravam toda e qualquer emoção do seu rosto. Isso era algo que me surpreendia. Humanos são ao mesmo tempo tão previsíveis e tão desconhecidos ao mesmo tempo. E isso me fazia busca-los cada vez mais.

Hermione teve uma atitude estranha para mim. O que normalmente não me surpreende. Ela sempre aparece com algo novo e totalmente desconhecido para mim.  Percebendo o frio do garoto, Hermione pensou “Bom, não dizem que é fazer o bem não faz mal a ninguém? Vamos tentar”

- Vamos Malfoy, eu vou te tirar daqui.  – Ela já parecia quase arrependida de ter feito isso. Enquanto isso eu apenas observava de longe.

- De todas as pessoas que iriam querer uma noite comigo, eu nunca imaginei que você estaria na lista Granger.  As aparências enganam não é mesmo? – Draco pensou alto, apenas para irritar a garota. E ponto para ele. Parece que ele acertou na mosca.

- Você quer mesmo que eu te azare aqui no meio da rua e ainda te deixe petrificado passando frio?

- Claro que não, querida. É você afinal que vai perder a noite comigo não é? – Draco falou quase encostando seu nariz no de Hermione. Ele se afastou quando percebeu que ela não iria fazer nada. – Fala, fala mais não faz nada. – Saiu rindo.

Levicorpus. Pensou Hermione assim que Draco se afastou dela, o fazendo flutuar de cabeça para baixo. Ela se aproximou do garoto chegando perto de seu rosto que já estava vermelho por causa do grande fluxo de sangue vindo para a cabeça do garoto.

- Isso é para você aprender com quem está mexendo, Draquinho. – Ela sussurrou o apelido que a chata da Pansy havia dado a ele na tentativa de irritá-lo. Mas para Draco aquilo pareceu incrivelmente sexy. Sexy e errado. Liberacorpus pensou Hermione se afastando dele. O garoto caiu no chão e acabou se sujando um pouco mais. Ele se levantou e passando a mão nas roupas para ver se limpava um pouco mais e acabou pensando “Garota maluca”.

- Petrificus Totalus – Gritou Hermione que já estava uns passos a frente, o garoto caiu novamente, desta vez totalmente petrificado. A castanha se aproximou dele e disse totalmente calma, como se estivessem conversando num dia normal. Mas claro que uma conversa civilizada de Draco e Hermione simplesmente não acontecia. – Sabe, eu poderia te deixar assim a noite inteira e só vir te tirar quando os trouxas estiverem perto de aparecer por aqui. Ou sabe o que é melhor? Te deixar aqui coberto com a capa da invisibilidade do Harry e deixar de caminhões, carros e pessoas passem por cima de você. Mas não, não irei fazer isso. Cabe a mim ser a pessoa sensata, certinha.  Droga.

A menina no fim da conversa parecia estar pensando alto, o que apenas demostrou ao loiro o quanto ela estava próxima de cair. A castanha lançou um contra feitiço não-verbal que permitiu o loiro se mexer novamente.

- Vamos logo. – E puxou a mão do garoto e aparatou para um lugar não muito longe dali. Um bar, pelo que Draco percebeu.  No letreiro se lia: Fifty Five Bar and Lounge. Era muito mais arrumado do que o outro bar em que estava e por isso percebeu que haveriam Martinis.

- Só uma coisa: Você não vai beber. Não tenho paciência de cuidar de uma pessoa mais bêbada do que você já está.

- Então qual a finalidade de me levar a um BAR – O garoto procurou dar o máximo de atenção para a palavra “bar” -  se eu não posso beber?  Gênio! Como você estava sendo cotada para ir para a Corvinal mesmo? – O loiro retrucou irritado, é claro que ele ia beber e não ia ser uma sangue-ruim que iria impedir ele de fazer isso. Humanos, cada vez se provando mais malucos. Uma coisa eu nunca entendi, e por favor me expliquem. Qual a finalidade de uma pessoa sair para se esbaldar de beber? Nunca vi graça. Mais também nunca necessitei de um entorpecente para emoções.

- Isso não é apenas um bar, mais um restaurante também. E além disso tem um local para os clientes ficarem bebendo, sem ser diretamente no bar – percebendo o olhar do loiro, logo respondeu – E é claro, você não vai beber ok?

- Não era isso que iria perguntar, mais afinal se eu que vivo bebendo sabia da existência desse bar como você, toda certinha e que com certeza não bebe sabe?

Hermione apenas se limitou a dar um pequeno sorriso e responder:

- Não é apenas você que tem seus dias de trevas, Malfoy.

O garoto ficou em choque por míseros segundos, e então sorriu malicioso.

- Então a sabe-tudo bebe? Duvido. Pode ser que você aguente uma guerra, mais uma bebida? Isso iria contra todos os seus conceitos, castanha.

- É mesmo? Que bom que pensa isso, não tenho que discordar de você então, já que você sabe de tudo. – A garota não ia se entregar facilmente, não era o tipo de pular nos desafios. Precisava de algo mais.

- Sabia que era irritante, mas covarde Hermione? Disso eu não sabia. Como é que foi parar da Grifinória? A casa dos corajosos como tanto vocês se orgulham?

A castanha se irritou profundamente. Poderia chamar-lhe de tudo menos covarde. Ela ainda era da Grifinória e isso ela não podia aceitar.

- Um Tom Collins, por favor. E uma água para ele. – Pediu a garota suavemente par um garçom que estava passando ali perto.

- Parece que você não é tão selvagem assim, um Tom Collins é a coisa mais fácil do mundo.

- Você não queria que eu bebesse? Pronto.                                                              

Draco sorriu levemente e ficou calado. Os únicos sons que se ouviam no lugar eram as baixas conversas dos poucos grupos que estavam ali. Afinal, quem estaria em um bar as três horas da manhã?  Pouquíssimos. O garçom chegou com o pedido e assim que ele colocou sobre a mesa, Hermione pegou o Tom Collins e o bebeu em dois longos goles. A bebida rasgava sua garganta, mostrando a garota que pelo simples fato dela beber uma vez isso não iria acabar com os efeitos da bebida.

- Selvagem –  ele sussurrou –, eu gosto. – Isso foi o que bastou para Hermione começar a rir.

- Fala sério, Malfoy. Bem, acho que você já está melhor não é? Temos que ir, acho que Rony deve estar tendo uma síncope nervosa .

- Ah, sim. Você está namorando ele não é? – Draco falou sorrindo e essa não era a reação que Hermione esperava. A garota esperava algo mais parecido com raiva, ciúmes. É claro que Draco não gosta de mim, pensou ela amargamente o que já era comum. Mais amargura e menos sorrisos.

- Sim, então vamos? Vou deixar você em casa. – Ela pegou a bolsa indo em direção ao caixa, enquanto Draco esperava do lado de fora. Ele não era muito adepto ao sistema “cavalheirismo”, então deixou Hermione pagar. Não foi ela que bebeu?  Assim que os dois saíram, aparataram para a Mansão Malfoy que estava vazia e obscura.

Hermione tremeu quando chegou perto da casa, já que ali havia passado alguns dos piores momentos da sua vida. Draco, involuntariamente, apertou suavemente a mão da garota.

- Bem, estou indo. Tchau Hermione. – Sem perceber, ele havia chamado a garota pelo nome.

- Tchau Malfoy.  – disse a garota se afastando dos portões, onde pavões majestosos estavam circulando perto.

- E o que eu disse é verdade, eu realmente gosto das selvagens, castanha. – Porém era tarde de mais e a garota já havia aparatado em direção a Toca, onde estava passando as férias.

• Dica mais do que importante •

É bom você se acostumar comigo, mesmo não sabendo quem eu sou, e com esse novo ser: Draco Malfoy. Um beijo se sua querida narradora, Mia.