Luke passou seu braço por minha cintura, me levantando alguns centímetros do chão de modo que eu pudesse ficar quase na sua altura, minha mão foi para sua nuca, brincando com os fios cacheados e segundos depois, nossos lábios já estavam colados, antes que pudéssemos aprofundar o beijo, a voz autoritária nos fez saltar.

- Os dois para a diretoria. Agora.

~~

Capítulo 7 – Ops, Lena loves Harry.

- O problema é – começou o diretor – Ambos sabiam das regras. No pátio do colégio é proibido beijos ou qualquer relação física entre pessoas de sexos diferentes.

- Então se eu quiser beijar uma mulher eu posso? – perguntei revirando os olhos.

- Srta. Campbell! – ralhou.

- O que? Só estou perguntando, porque de acordo com suas palavras são pessoas de sexo diferentes e...

- Eu entendi – cortou-me – É proibida toda e qualquer relação física entre os alunos.

- Tudo bem, diretor – falei – Nós sabemos disso.

- Mas se beijaram em sala de aula! Srta. Campbell, sabemos que provavelmente a culpa não foi sua, mas...

- A culpa foi totalmente minha – digo.

- Não, Annelise... – Luke tentou dizer, mas eu o interrompi.

- Sinto muito se lhe desapontei, diretor. Mas você sabe, Luke é um aluno novo, muito lindo e eu estou perdidamente apaixonada por ele. Não pude me controlar.

- Tudo bem. Vocês só ficarão dois tempos detidos. Ou seja, esse e o próximo. No segundo intervalo já serão liberados e que isso não se repita.

[...]

- Como funciona a detenção aqui? – Luke perguntou assim que o diretor fechou a porta.

- Nós ficamos sentados em uma sala sozinhos durante dois períodos com a visita da inspetora a cada vinte minutos – informei me sentando em cima da mesa e buscando meu celular no bolso. 

- E podemos fazer qualquer coisa nesse tempo? 

- Qualquer coisa, não. Se fizer algo que desrespeite as normas do colégio seremos suspensos. 

Luke sorriu, pude perceber suas intenções e tive certeza delas assim que ele atravessou a sala e se pôs na minha frente. Segurando seu rosto com as duas mãos, deu início ao beijo. Não conseguiria afasta-lo nem se eu quisesse, então, minhas mãos migraram para sua nuca, sentindo a textura dos fios cacheados.

- Você é filha do prefeito Campbell – Luke afirmou após a inspetora sair da sala pela primeira vez.

- Exato. Ou, naquela noite, você achou que eu conhecia a casa do prefeito por quê?

- Porque você é patriota? – perguntou retoricamente.

- Vai nessa, americano.

- Então... Para namorar você eu preciso “conquistar” seu irmão, é verdade?

- Não. Tyler é um idiota e, além disso, eu não namoraria você.

- Nossa, meu ego foi ferido.

- Que bom – sorri sarcasticamente para ele.

      Passamos o resto do tempo ali, conversando e rindo. Assim que o sinal bateu, anunciando o segundo intervalo, fomos para o refeitório. Os primeiros a chegar fomos nós, de modo que eu fui direto para a fila para o almoço, sendo seguida por Luke.

      Peguei qualquer coisa e fui logo para a nossa mesa, a espera dos outros. A primeira a chegar foi Alice, que sorria de modo estranho, logo atrás dela estava Lena, com o mesmo sorriso. Não demorou a uma bandeja ser jogada do meu lado e Tyler se sentar, com um sorriso malicioso no rosto.

- Então... Aproveitaram a detenção? – perguntou o idiota.

- Eu juro que se você falar mais uma palavra eu te esfaqueio com essas facas inúteis de plástico – ameacei.

- Ui, agressiva – zombou.

      Revirei os olhos e tomei um pouco do meu suco. Olhei para a porta que dava acesso ao refeitório, mas ela estava fechada, sinal de que – pelo menos a maior parte - os alunos já estavam ali. Sem sinal de Harry, antes que eu pudesse verbalizar, Lena perguntou.

- Onde está Harry?

- Não sei. Ia fazer a mesma pergunta. Vou procura-lo, alguém me acompanha?

      Lena se ofereceu e juntas saímos do refeitório. Procuramos por tudo quanto é canto e só faltava a biblioteca. Entramos rindo de uma coisa que ela tinha falado, mas parei imediatamente ao ver Harry. Ele beijava uma garota, que parecia ser do mesmo ano que ele. Juro que se não fosse por Lena, que saiu correndo, eu teria voado até eles.

      Virei a cabeça para trás e pude ver Lena ainda correndo. Com Harry, eu conversaria em casa. Precisava mesmo era saber o que tinha acontecido com Lena.

      Do jeito que deu – por causa dos saltos e saia – eu corri atrás dela e pude vê-la indo em direção a quadra, mas precisamente a arquibancada. Aquele lugar era praticamente vazio. Ninguém ia até lá, a não sermos nós, quando precisávamos conversar ou ficarmos sozinhas.

      Subi os degraus quase na mesma rapidez que ela, me sentando ao seu lado e vendo-a secar uma das lágrimas. Sem pensar, apenas a abracei enquanto ela soluçava baixinho.

      Uma coisa que eu aprendi sobre Lena é que se ela estava mal, gostaria de alguém para abraça-la, sem perguntar ou fazer mais nada, apenas abraça-la. E se, mais tarde, ela quisesse dividir com você o que tinha acontecido, ela contaria, mas apenas se ela quisesse, não adiantava perguntar, ela não responderia.

      Em certo momento, o sinal tocou, anunciando a volta às aulas, mas nenhuma de nós se mexeu ou pareceu se importar com esse fato. Apenas continuamos ali.

      Lena, mesmo não demonstrando isso, é uma pessoa frágil e tímida, extremamente tímida. Quando ela começou a estudar aqui no St. Paul’s, ela mal falava com ninguém e custou fazê-la conversar comigo e com Alice, mas quando conseguimos, nos tornamos praticamente inseparáveis.

      Aos poucos, os soluços foram passando e ela se levantou, limpando a maquiagem que tinha borrado. Tentou sorrir, mas saiu mais como uma careta. Eu ri e ela acabou me acompanhando. Sentou-se novamente e virou-se para mim.

- Sempre achei que você iria descobrir isso – comentou.

- O que?

- Eu amo o Harry, Annelise.