POV Sam
Sento-me no sofá de veludo da sala, bufando em um provável desespero.
Sinto as mãos suaves de alguém em meu ombro nu, então, logo depois de um infarto, digo:
- Lais.
Ela sorri suavemente.
- O que está fazendo na sala da minha casa ás 06:00 da manhã?
- Só você está acordada. Pensei em fazer companhia. Tenho dificuldades em dormir na casa dos outros.-Ela responde,fazendo uma curva e se sentando ao meu lado.
-Sim - eu concordo.
Um silêncio um tanto desconfortável se fixa entre nós duas, até ser quebrado por um ser chamado Tobias, o mesmo desce as escadas usando um pijama do Superman.
Eu rio.
- O que foi? – pergunta Tobias, sua voz ainda meio rouca por conta do sono.
- Belo pijama, Clark - zomba Nico, descendo as escadas.
Tobias joga uma almofada em Nico que desvia e ri debochadamente:
- Um superman um tanto quanto péssimo em minha opinião – completa Nico ironicamente o que faz eu e Lais termos um ataque de riso.
- Porra Lais, até você? – Tobias pergunta com cara de magoado.
Ela se levanta ainda rindo e vai até Tobias:
- É só brincadeira, amor – ela lhe da um beijo na bochecha, que causa diferentes reações em todos: Tobias cora, Nico torce o nariz e eu rio baixo.
Ficamos em um silencio constrangedor e esmagador novamente até que Tobias o quebra pra variar:
- Alguém quer café?
- Eu! – Lais levanta a mão e sorri.
Tobias retribui o sorriso. Eles formam um casal muito bonito, nunca vi Tobias sorrir por uma garota. Ela é especial pra ele.
Lais monta em suas costas e eles seguem em direção a cozinha, fingindo ser Clark e Lois Lane sobrevoando uma cidade inteira.
- Enfim sós – Nico diz enquanto se joga no sofá bem ao meu lado.
Nós suspiramos ao mesmo tempo.

Sinto sua mão gelada encostar-se a minha perna. Um arrepio sobe minha espinha e eu cruzo o olhar com ele. Nos encaramos até ele desviar o olhar e passar os dedos pelos meus cabelos. Ele se aproxima, sem dizer uma palavra.E eu não protesto. Deixo-o chegar cada vez mais perto, e a atmosfera fria que estava a pouco entre nós, se dissipa como névoa.
- Ah Sammy, eu te amo tanto – ele sussurra como se estivesse me contando o maior segredo do mundo e eu sorrio.
- Eu também te... – Não tenho tempo de terminar a frase e nós ouvimos passos vagarosos e doídos na escada. Nos desgrudamos instantaneamente.
- Samantha? – uma voz rouca me chama de cima das escadas.
- Sim, vovó? – respondo.
Ouvimos mais uma vez o som de pés velhos batendo contra os degraus que rangem na enorme sala e então vovó se faz visível para nós. Ela para na porta da sala de um jeito cansado, de quem já andou muito e aperta seus olhos verdes contra os óculos garrafais:
- Quem bom que você acordou, meu bem – ela dá seu velho sorriso enrugado. Não havia percebido até agora o quanto sentia falta de seu sorriso– Eu vou até a padaria buscar algo para você e seus amigos e não me importaria nada de ir à padaria do outro lado da cidade pra deixar você e seu... “amigo” – dando ênfase na palavra - sozinhos.
Acho que minhas bochechas estão vermelhas.
- Obrigado, sra. Eaton – Nico responde o que me faz ficar ainda mais vermelha.
Ela pisca e eu ponho a mão na cabeça enquanto ela sai em meio a risinhos,Nico sorri:
- Sua vovó é maneira.
- Sim, ela é.
- Você disse que não era – ele diz.
- Eu sei o que eu disse.