Sentimentos? Milagres? escrita por Airi van der Horst


Capítulo 6
"Obrigada..."


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo ^^
Espero q gostem ~♥



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Acordei sob sons de máquinas. Não sabia de nada, não sabia a razão de minha existência... Não sabia por quem estava sendo criada. Eu nunca sabia que era um "Milagre".

Kodoku no kagakusha ni, tsukukareta robotto (um robô feito por um cientista solitário)

Dekibae to iu nara "kiseki" (Ao terminar disse "Milagre")

-Bem. Eu sou seu criador e pai. Me chamo Len,  pequena. - Extendeu a mão com um sorriso no rosto.

Não sabia o que fazer, então fiquei apenas olhando o dorso de sua mão, com manchas negras e avermelhadas. Então parou de sorrir e ficou normal.

-Bem, antes de seus dias começarem, tenho algo a lhe dizer.

-Tudo será guardado em minha memória, sensei. - Respondi, sem mudar minhas expressões.

-Ótimo. - Sorriu. - Você tem um órgão, digo, programa... O qual não pode ser criado. O nome deste é "coração".

-Um... Programa?

-Sim. Quer saber algo mais? - Perguntou, afagando meus cabelos.

-Qual a razão de meu nascimento? O que é você?

-Bem, isso você saberá depois.

-Mas... Acabou de me perguntar se queria saber algo mais... Por que está a esconder isso?

-É algo que será melhor você ver mais no futuro.

Dakedo mada tarinai (Mas continuava a faltar algo)

Hitotsu dake dekinai (Uma coisa que não podia ser feita)

Sore wa "kokoro" to iu, puroguramu (Um programa chamado "coração")

Ele me criou na base da música. Me obrigava a cantar todo dia, por minha voz ser bela. Ele recitava versos junto de mim. Sua voz também era maravilhosa, mas eu não expressava nada. Eu simplesmente não sentia.

Aquele homem me chamava de Rin a todo momento. Será que era esse meu nome?

Aquele homem passou diversos anos me ensinando a ter "sentimentos". Mas ele foi muito extasiado e num dia, saiu com uma muda de cerejeira para o jardim que havia na frente do laboratório.

-Aonde vai com esta árvore?

-Não se preocupe, volto já já.

Meu criador já estava envelhecido e com os cabelos, antes louros, estavam prateados e sua pele enrugada.

-Aonde vai, sensei? - Perguntei, vendo-o sair pela porta mais uma vez.

-Não se preocupe, volto já.

Que mentira. Que lástima! Ele passou séculos lá fora! A cerejeira já crescera o bastante para cento e cinquenta anos.

Ikuhyaku toshi ga sugi (Vários anos se passaram)

Saí de casa e fui direto à árvore. Ela tinha 13,47m de altura exatamente. Pesava oitocentos e noventa e três quilos. Era preciso, aqueles programas todos me davam essa possibilidade. Mas tinha uma coisa a qual ele nunca me explicara: O que é esse "coração" que ele tanto falara sobre?

Hitori no nokosareta (Então um simples pedido fez)

Kiseki no robotto wa negau (O robô que era um milagre)

Shiritai ano hito ga (Realmente quero saber)

Inochi wa owari made (Sobre essa tal coisa)

Watashi no tsukutteta (Que a pessoa fez pra mim)

"Kokoro" (Esse "coração")

Na minha opinião ele me abandonou! Eu fui criada pra nada. Se eu era o milagre dele, por que eu estava sozinha agora? Há muito para se aprender, por quê? Eu não sei. Ele deveria ter me contado isso há tempos!

Encontrei um de seus computadores. Havia vários programas diferentes, contudo, somente um estava ali na hora. Estava escrito "coração - deseja fazer esta operação?". Então me lembrei de algo que ele dissera há alguns anos, quando tentei alcançar aquele nome.
 

#PAST POV#

-Rin, por favor. - Segurou minha mão. - Não quero que olhe esse programa.

-Por quê? Ele diz coração. É algo que você sempre quis que eu tivesse, certo?

-Sim... Mas isso seria demais para você por enquanto... Por favor, não olhe.

Seu rosto sorridente tinha desaparecido. Papai começou a tremer e lacrimejar.

-Anata wa naze naku no? (Por que está a chorar?)

Ele não disse mais nada. Segurou minha mão e, secando as lágrimas com a outra, sorriu.

--O que você esconde de mim, afinal...?-- Pensei, inquieta.

#PAST POV OFF#
 

-Hoje saberei a verdade. - Murmurei, tocando o grande "SIM" que estava na janela.

Então minha cabeça latejou. Memórias vieram à minha mente. Eu realmente estava começando a entender o porquê de eu ser um "milagre".

Algo que pensei ser estranho também foi o fato de eu começar a chorar e tremer. Por quê? Se eu sou um robô, por que eu tenho esse tipo de sentimento? Será... Que é esse tal coração que desejei?

Ima ugoki hajimeta kasoku suru kiseki (Agora o milagre começara a mover)

Nazeka namida ga tomaranai? ( Por que as lágrimas não param de cair?)

Naze watashi furueru? (Por que estou tremendo?)

Kasoku suru kodou? (O que são essas batidas?)

Kore ga watashi no nozonda kokoro? (Esse é o coração que tanto desejei?)

Que sensação maravilhosa... Era uma coisa extremamente perfeita. Agora eu finalmente podia ter sentimentos, sejam eles felizes, tristes, ignorantes... Eu sei que posso sentir, sei o que é se sentir feliz, se sentir triste... Mas... Era algo tão pesado, são lembranças tão... Profundas e gritantes....

Fushigi kokoro, kokoro fushigi (Coração maravilhoso, maravilhoso coração)

Watashi wa shitta yorokobu koto o (Agora sei como me sentir feliz)

Fushigi kokoro, kokoro fushigi (Coração maravilhoso, maravilhoso coração)

Watashi wa shitta kanashii koto o (Agora sei como me sentir triste)

Fushigi kokoro, kokoro mugen (Coração maravilhoso, eterno coração)

Nande fukaku setsunai? (Por que tão profundas e gritantes?)

-Então... E-Eu... Tenho uma razão para viver... - Cambaleava pelos lados, procurando a cerejeira.

Quando saí, sentei-me perto do extenso tronco. Ao pousar minhas mãos no gramado, a esquerda ficou irregular. Olhei para ela e vi uma mão fina. No mesmo instante as lágrimas rolaram mais uma vez. Fitei o tronco e ele estava ali ao meu lado.

-S-Sensei... - Fitei-o, sorrindo tristemnte. - Então é por isso que você não quis que eu soubesse de meus sentimentos agora, certo? Você era solitário e quis me criar como ela era, certo...? Deve ser por isso que a solidão não me afeta mais. D-Deve ser por isso que... - Mais lágrimas caíram. - Eu não conseguia sentir seu afeto por mim! - Segurei forte sua mão, já franzina.

Ima kizuki hajimeta (Agora começo a compreender a razão)

Umareta riyuu o (de meu nascimento)

Kitto hitori wa sabishii (Ser sozinha deveria ser triste)

-Rin... Não me leve a mal, mas ainda há muita coisa para aprender, pequena. - Ouvi uma voz familiar.

-S-S-Sensei?! - Olhei para frente e vi seu rosto jovem no alcance de meus olhos.

Ele sorriu e assentiu. Sorri de orelha a orelha, como ele dizia, e pulei em seus braços, marejando mais ainda. Ele retribuiu, acolhendo-me em um abraço caloroso.

-Senti tanto sua falta! Por que sumiu por tantos anos? Eu não gostei de ficar sozinha! Você é meu criador, tinha que... - Ele pousou indicador em meus lábios gelados, me silenciando.

-Rin... Eu te deixei sozinha para por em prática o que eu tinha te ensinado. - Acariciou meu rosto, secando um cristal que caía dele.

-E quanto ao coração? Você me disse que era demais para mim, por que ele está dentro de mim agora? Por que ele não veio antes de desaparecer? - Segurei suas palmas.

-Fufu... Você é bem ingênua, minha pequena. Você nunca o notou dentro de você? - Tocou meu peito, que no mesmo instante, senti algo batendo forte lá dentro.

Então era verdade... Desde o instantemque nasci meu coração sempre esteve lá.
 

Sou, ano hi, ano toki (Sim, continuo a lembrar, o dia que nasci)

Subete no kiouku no yadoru (O "coração" sempre esteve lá)

"Kokoro" ga afuredasu (E esteve evoluindo).
 

-Então... - Levantei-me, mas fui brusca demais e acabei caindo.

Mas ele me segurou.

-Opa, tudo bem, pequena? - Ele sorria para mim.

-S-Sim. Obrigada, sensei.

-Não é nada. Bem, agora que me encontrou, acho que teremos que ficar juntos, certo? - Sorriu mais uma vez.

-Claro! Eu sempre quis colher as flores da cerejeira, admirar o céu, comer algo e...

-Se acalme. Vamos ficar aqui fora, não aguentaria ficar lá dentro mais uma vez. Passei anos à fio para criar-lhe. Não quero despediçar o dia lá dentro de novo.

-E-Então está bem...

Passamos a tarde nos divertindo. A cerejeira ora deixava cair alguma flores, que eu aproveitava e juntava junto do sensei. Eu pulava sobre uns montes de folhas e puxava-o junto de mim.

No início da noite, sentei-me ao seu lado mais uma vez perto do por-do-sol. Ele aparentava cansado, então repousei-o sobre minhas pernas, acariciando seus fios louros naturais.

-Rin... Obrigado.

-Pelo quê?

-Por sua existência... Caso não saiba, eu tinha quatro milagres em mente. O primeiro, foi o dia que você ganhou vida. O segundo foi o tempo que passei junto de você. O terceiro foi a canção sincera que veio de seu coração. E o quarto... Bem, não precisei dele.

-Sensei... Obrigada...

-Pelo que?

Levantei-me e disse:

-Hoje dedicarei as minhas palavras a você. Meus verdadeiros sentimentos, minhas verdadeiras frases.
 

Ima ni ieru hontou no kotoba (Agora posso dizer verdadeiras palavras)

Sasageru anata ni (Que dedicarei a você)

-Arigato, arigato... Kono yo ni watashi o unde kurete (Obrigada, obrigada... Por trazer-me a este mundo)
Arigato, arigato... Isshoni sugoseta hibi o (Obrigada, obrigada... Por todas as vezes que estivemos juntos)
Arigato, arigato... Anata ga watashi ni kureta subete (Obrigada, obrigada... Por tudo que me deu)
Arigato, arigato... Eien ni utau (Obrigada, obrigada... Cantarei eternamente)

Ao terminar de recitar, ele sorriu e desapareceu junto das cerejeiras ao vento. Sorri e chorei mais uma vez, mas de alegria. Ele era de fato a pessoa mais especial para mim.

Então minha visão dava piques. Meu corpo estava travando.

-Acho... Q-Que... Foi demais para mim... - Sorri. - O-Obri... Obrigada... Pa... Papai... - Sorri uma última vez, antes de meu corpo perder as forças e eu cair, gravando um último sorriso.

Obrigada...

 

Era exatamente um milagre... O robô que obteu o coração continuou cantando. Cantou todos seus sentimentos.

Mas o "Milagre" durou pouco tempo. O "coração" era algo muito além do que podia, sem conseguir acompanhar aquele peso.

Então a máquina parou, sem nunca mais se mover. Contudo, sua face mostrava um belo sorriso.

Ela realmente parecia um anjo...


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Notas finais do capítulo

Até a próxima fic :3
Kissus da Dory~☆



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