Felipe estava com raiva. Seus amigos foram mortos e agora ele estava sozinho no jogo. Tudo o que lhe restava era entrar no jogo e vencê-lo. Mas para isso ainda precisava de uma arma boa.

Decidiu usar estratégias para isso. Lembrou que Thiane tinha uma arma relativamente boa, e sabia que ela não seria uma oponente difícil. Nem precisaria mata-la para isso e ele não tinha essa pretensão.

Assim, Felipe começou a procurar por Thiane e Iara. A última vez que as viu foi entre a praia e o conjunto de casas. Julgou que não teriam ido muito longe, afinal estavam provavelmente sozinhas desde que Yago morreu.

Seguiu na direção da praia, torcendo para não ter que encontrar nenhum dos bem armados enquanto ele mesmo não estiver com uma boa arma. Sentia fome e dificuldade para caminhar, afinal estava baleado. Mas se sentia disposto para vencer o jogo.

O sol já estava quente. O suficiente para dar calor. Isso só aumentava a sede e a fome. Decidiu beber o último gole de água que tinha em sua garrafa. Boa parte da água tinha derramado em sua perna tentando limpar. O ferimento ainda estava inflamado, mas a febre tinha baixado.

É quando seu localizador indica que duas pessoas se aproximavam. Ele esconde-se por trás de uma árvore. Reconhece a voz de Alisson. Queria se vingar dele. Sabia que tinha que tê-lo matado quando teve a oportunidade. Mas agora não deixaria passar. Então, quatro pessoas apareceram. Era Alisson, Kelly, Thiane e Iara. Viu que tinham pelo menos duas boas armas.

“Como é possível?”, ele pensa. “As regras proíbem grupos maiores de três pessoas e o localizador só está indicando duas pessoas”.

Deu a volta por trás deles. Para sua sorte estavam desatentos e nem notaram seus localizadores apitando. Apanhou uma pedra pontuda e saltou em cima de Kelly, que estava armada.

Felipe agarrou Kelly pelo pescoço e a ameaçou com a pedra. Alisson e as meninas olham para ele, espantados. A arma de Kelly cai no chão. Felipe ia abaixar-se para pegar, mas a garota chuta a colt a alguns metros longe.

– Solta ela Felipe! – diz Thiane apontando a arma para ele – Ou eu atiro em você!

– Eu não quero machucar vocês Thiane... – diz Felipe olhando para a arma de Thiane. – Só quero sobreviver... E para isso preciso de uma arma.

– Não vamos te dar arma nenhuma! – fala Alisson, se aproximando de Felipe com a faca em punho.

– Mais um passo e ela morre... – Felipe ameaça, com a pedra na garganta de Kelly.

É quando Kelly dá uma cotovelada na altura do estômago do garoto, o forçando a lhe soltar. No entanto, mais forte, ele consegue agarrá-la novamente. Agora com raiva, Felipe pressiona a ponta da pedra no pescoço de Kelly, que logo começa a sangrar.

Por impulso, Thiane atira ao ver o sangue. Kelly grita. Alisson e Iara olham para Thiane apavorados. Thiane fica trêmula e cai de joelhos, largando a arma e chorando.

Felipe analisa a cena e nota que o peito de Kelly sangrava. Ele a solta e a menina desaba no chão, não podendo se sustentar com as próprias pernas.

Alisson corre até a colt de Kelly e a apanha, no mesmo momento em que Felipe pega a arma de Thiane e mira no garoto. Enquanto isso, Iara e Thiane vão até Kelly. A menina agonizava, tentando respirar.

– Fica pressionando! – fala Iara apavorada, enquanto Thiane tentava parar o sangramento no peito de Kelly.

– Me desculpa... Me desculpa... Me desculpa... – diz Thiane fazendo pressão no local do sangramento.

– Sei... Que não... Foi culpa... Sua... – diz Kelly pausadamente, cuspindo sangue.

Alisson e Felipe apontam suas armas um para o outro. Alisson estava preocupado com Kelly, mas não podia tirar os olhos de Felipe ou ele poderia atirar.

– Sabe que sou mais forte... – diz Felipe – E atiro melhor que você! É bobagem me enfrentar.

– Você é o culpado! – afirma Alisson.

– Não sou não! – fala Felipe – A Thiane atirou por que quis!

Thiane e Iara choravam desesperadas. Iara segurava a mão trêmula e fria de Kelly. É quando a menina para de respirar e seus olhos ficam fixos num só ponto, como se fitassem o infinito. Morreu com uma expressão serena.

– Não! – grita Thiane – Eu não posso ter matado ela!

– Não foi por que você quis... – Iara a abraça.

Nesse momento Alisson se desconcentra e olha para o corpo de Kelly. Esperando o momento certo, Felipe atira. A bala atinge o ombro de Alisson, e o garoto cai para trás.

– Felipe para! – grita Thiane para o garoto – Isso tudo é culpa sua! Nós íamos escapar!

– Não foi culpa minha! – Felipe afirma com raiva, ameaçando atirar nela também.

Eles escutam um barulho de motor e percebem um carro se aproximando. Felipe reconhece Walber no volante. O carro avançava rapidamente e por pouco Felipe não é atropelado. Walber freia, abre a porta do carona e grita:

– Thiane, Iara... Entrem!

Felipe havia se jogado para o lado para não ser atropelado. Acabou machucando a perna baleada, o que o impediu de impedir as meninas. No entanto ele decidiu não atrapalhá-las, pois já tinha a arma que precisava. Pensou que em breve alguém, provavelmente o Wilgner ou a Taline encontraria a eles e os mataria.

Thiane e Iara entraram no carro. Iara sentou-se na frente, ao lado do banco do motorista e Thiane acomodou-se no banco traseiro.

Walber já ia pisar no acelerador quando Iara pergunta:

– E o Alisson?

– Ele está vivo? – quer saber Walber, descendo do carro e indo busca-lo. Alisson se apoia nele e sorri grato. Eles passam pelo corpo de Kelly e os olhos de ambos se enchem de lágrimas.

Walber ajuda o amigo a entrar no carro. Quando Alisson se senta no banco Walber olha para Felipe, em duvida se devia ajudá-lo, mas decidiu que não. Entra e pisa fundo no acelerador.

12 alunos restantes...