Sophia escrita por Ana Carol M


Capítulo 9
Capítulo 9




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Ao chegar a um antigo cemitério reconheci os carros e todos começavam a se agrupar ao redor dos túmulos. Eles já estavam enterrados. Isso daria mais problemas, eu tinha certeza.

Vi minha avó e desmoronei ao abraçá-la.

– Sophia, por onde esteve? Se estava aqui porque não foi dormir em nossa casa?

– Eu não queria colocá-los em perigo vovó. Veja o que aconteceu com meus pais, só por tentarem ajudar – respondi em meio aos soluços.

– Não foi culpa sua, seu pai perdeu o controle do carro – respondeu ela.

– Achei que só coisas especificas poderiam nos matar – eu a olhei com curiosidade.

– Você e Peter sim, por causa de seu sangue de origem egípcia. Mas nós somos comuns, apesar de sermos especiais. – Ele tentou sorrir, mas também chorava.

Já estávamos nos despedindo quando um assunto muito importante veio a tona. Eu havia chorado mais do que em toda minha vida. Porque sim, a culpa era minha.

– Vocês nunca se sentiram tentados? Os boatos podem ser reais. Vida eterna é o que muita gente quer. Seria apenas uma morte.

– Fiz nossa família fazer um pacto de proteção. Jamais teria um traidor nela. Você vale mais do que a vida eterna. – Apesar de ser muito gentil, não me senti confortável com aquilo. Foi ameaçador na verdade. Ela me mostrou um “S” tatuado em seu pulso. O que me deixou mais perturbada ainda.

E lá estavam Oliver, Poliana e Thomas. Eles me abraçavam de uma forma tão boa, que esqueci o porquê de que estava sendo abraçada. Eles não falaram nada, apenas ficaram ali, durante o resto da cerimônia. Eles eram a unica coisa normal que existia pra mim, era confortável ficar ali, seguro.

Depois de todos irem embora, eu sentei na frente do tumulo de meus pais e fiquei um tempo lamentando e jurando vingança.

Já estava anoitecendo e nada de Peter vir me buscar, eu já estava prestes a ligar para ele. Onde ele havia se ido? Depois de ver minha avó, fiquei tão distraída com todos os acontecimentos que não notei a presença dele, muito menos a falta.

Então vi as luzes do meu carro e lá estava ele. Ele desceu e trouxe uma pá junto com ele.

– O que você vai fazer? Enlouqueceu?

– Vou ter que desenterrá-los. Confio em você, mas precisamos ter certeza de que essas imagens na sua cabeça não foram forjadas por outra pessoa.

Ele cravou a pá bem em frente aos meus pés.

– Não vou desenterrar meus pais. – resmunguei.

– Não, não vai. Nós vamos – disse Thomas ao sair do carro, seguido por Poliana e Oliver.

Eu os olhei, e um frio percorreu todo meu corpo parando em meu peito.

– O..o que vocês estão fazendo aqui?

Peter parecia mais perturbado e irritado do que eu, mas não surpreso.

– Estamos aqui para te ajudar Sophia – disse Poliana.

– Como?

Então os três mostraram suas novas tatuagens o mesmo “S” estava tatuado.

– O que isso significa? – perguntei mais confusa ainda.

– Sanakth. Somos seus protetores também, a partir de agora. – disse Oliver, orgulhoso.

– Não! Peter, como você permitiu? Você é meu guardião – eu estava tendo um ataque histérico como minha mãe fazia.

– Você acha que eu quis isso? Acha que fui eu? Sua avó fez isso com eles. – murmurou ele com raiva.

Eu queria bater em alguém, minha avó não tinha o direito de fazer aquilo com eles. Peguei o celular e entrei no banco do carona. Tentei ligar trezes vezes para minha avó e nada. Mas quando percebi Peter, Thomas e Oliver já levantam o primeiro caixão do chão. Já estava escuro e vários lampiões estavam espalhados pelo chão e perto do buraco. Meu coração começou a acelerar, desci do carro automaticamente e fiquei ao lado de Poliana. Ela segurava um livro com um escaravelho todo detalhado.

Ao abrir o caixão, havia um saco preto. Oliver e Thomas se afastaram e Peter, provavelmente o mais corajoso, abriu o saco e puxou a mão do meu pai. Ela estava toda queimada, mas ainda inteira. E Lá estava, nas costas da mão. Um escaravelho idêntico ao do livro.

– Foi Hórus – disse Peter.

Eu sai correndo. Não conseguia controlar minha raiva e meu ombro começava a doer. Me escondi entre alguns túmulos. E comecei a gritar e chorar, como eu odiava aquele homem. Eu nunca havia perdido ninguém, e agora havia perdido aqueles que eu mais amava no mundo. Eu queria chorar mais, e matar aquele homem. Ele não tinha o direito. Escutei passos e me fiquei em silêncio, eu ainda não queria ir embora. Precisava ficar mais um pouco.

Mas algo de metal balançava junto aos passos. Espiei por cima de uma lapide e um homem vestido como um muçulmano e com uma espada presa na cintura caminhava procurando algo. Não era algo. E novamente aquela certeza tomou conta. Ele estava atrás de mim. Peguei o telefone e comecei a discar para Peter. Ele havia me dado seu numero na ida até o cemitério. E comecei a engatinhar devagar indo para trás. Pretendia pegar um pouco de distancia e sair correndo. Mas depois de algumas engatinhadas para trás meu pé bateu em algo. E ele riu.

Havia outro homem, vestido igualmente como aquele da espada. Seu rosto estava coberto pela burca. Levantei e sai correndo e gritando. Claro, em um cemitério enorme ninguém iria  me escutar. Mais homens surgiram por entre as lapides. Eu ia tentando desviar, mas apesar da luz da lua ajudar, ainda estava escuro. Meu corpo tremia, o medo me sufocava e eu não fazia ideia pra onde eu estava indo.

Fui olhar para trás e bati no peito de alguém que perdeu o equilíbrio. Eu já sabia, estava morta, fechei os olhos. E esperei o próximo golpe.

– Sophia? – ele me chacoalhou como sempre fazia. – Para com isso, vamos logo!

Abri meus olhos e era Peter. E eu o abracei. Tudo ficaria bem, ele já tinha matado tantos que estavam perto de mim. Ele quase me jogou longe por causa do abraço e depois me pegou no colo e saiu correndo. Eu não fazia ideia porque não podia correr sozinha. Mas quando chegamos perto do carro estava tudo vazio. Como se aqueles homens não estivessem estado lá. Estava tudo vazio. Vazio. Poliana, Oliver e Thomas.

Peter me jogou dentro do carro e deu ré. Até sair do bairro.

– Onde estão eles? Poliana, Oliver e Thomas?

– Não posso pensar neles agora, precisamos sair daqui – murmurou ele entre os dentes.

Eu não fazia ideia de quanto tempo ficamos andando, não fazia ideia de onde estávamos. E meus amigos não atendiam o telefone. È claro que eu só precisava de mais uma vírgula para ter certeza de que eles haviam sido pegos. E foi quando tentei mais uma vez ligar para Thomas. E alguém atendeu.

– Estamos com eles, você sabe o que fazer – disse a voz computadorizada.


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