Sophia escrita por Ana Carol M


Capítulo 10
Capítulo 10




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Eu congelei e Peter já sabia o que havia acontecido – Vamos buscá-los ok?

Me sentia tão culpada, só por ter nascido eu já havia causado estragos. Meus pais estavam mortos, meus amigos estavam desaparecidos e eu havia transformado a vida de Peter em um inferno. Eu deveria ter ficado com meus pais biológicos, nunca deveria ter saído de perto deles. Eu tinha outra certeza, o conde havia me mantido longe por algum motivo maior. Ia além de proteção e sobre voltar e continuar o seu legado. Eu era importante por algum motivo, e naquele momento me perguntei o por que de ser eu. Eu tinha uma vida perfeita em casa, e agora lutava para manter aquela vida viva. O mundo de Peter estava destruindo o meu próprio, não era culpa dele, e talvez fosse minha. Mas se eu pudesse voltar no tempo teria fugido para longe com minha família e nunca ter lido aquela carta.

Nós chegamos até a loja, colocamos o carro em uma garagem privada e andamos pela rua de pedras irregulares e entramos em um beco estranho. Eu não podia descrever aquele dia, eu estava preenchida de medo e ódio. Não sabia qual era maior, e na verdade nem queria saber. Eu precisava salvar meus amigos em primeiro lugar. Depois pensaria em vingança e no quanto doloroso era perder meus pais. Peter arrastou uma tampa de ferro do esgoto e pulou para dentro. Eu fiz o mesmo, depois ele fechou o buraco com um estalar de dedos, e com mais um acendeu uma luz que flutuava à nossa frente.

Eu carregava minha enorme mochila nas costas e ele a dele. A diferença é que ele andava com o mapa rente aos olhos e caminhava com calma. Estávamos em lugar feito de pedra, diferente do que eu esperava, na verdade esperava caminhar por tuneis de esgoto.

– Logo chegaremos a Tarath. Vai ficar tudo bem. - eu realmente não me importava em ficar bem, contando que Thomas, Poliana e Oliver estivessem.

Chegamos a um lugar onde passava um riu, completamente limpo.

–  Como assim vamos ter que pular ? – perguntei indignada, eu achava aquilo ridículo enquanto espiava o mapa.

– Vamos pular juntos, não solte minha mão – disse ele, lutei contra todo os meus princípios e segurei.

Nós apertamos as mãos com força e pulamos. Por um momento achei que fossemos morrer, tanta água, nos debatíamos com os cantos de pedra. Até que chegamos a um porto. E conseguimos respirar.

Vi todas aquelas pessoas andando com roupas estranhas, como se fossem camponeses, lembrava uma vila medieval que eu havia visto em um livro de história na escola.

Subimos em um canto bem escondido e Peter tirou da bolsa dois conjuntos de roupas secas. Alcançou a feminina para mim e de costas um para o outro nos vestimos.

– Vamos andar muito ainda. – disse ele.

Nós dois guardamos nossas coisas em nossas mochilas. Vi Peter me olhar de um jeito estranho após me ver com aquele vestido preto com capa cor de sangue. Mas também não comentei o fato de ver um principe em minha frente, muito mal humorado e rude, mas definitivamente ele era um príncipe.

Ele me ajudou a subir os degraus de pedra da pequena escada. Havia diversas pessoas, com animais variados e das quais me causou espanto. Havia uma série de barraquinhas com uma variedade imensa de objetos estranhos, duas senhoras de idade admiravam um vidro com um pó azul. Parecia caro e raro, me deixou fascinada.

– Veneno- responde Peter com apenas uma olhada no vidro. Era como se ele tivesse lido minha mente.

Já fazia uns vinte minutos que andávamos pela cidade, com as mesmas pedras irregulares da rua da loja de Peter, havia pessoas rindo, outras tão misteriosas que faziam um arrepio percorrer pelo meu corpo. Observando aquelas pessoas foi que vi onde eu havia me metido. Naquele momento um estampido soou por todos os cantos. Peter agarrou meu pulso, puxando os capuzes de nossas capas com a outra mão. Ele nos enfiou num beco escuro, do qual eu não tinha ideia de que estava lá. Havia muito barulhos, eram cavalos que se aproximavam do local onde estávamos.

– São os soldados, se eles virem você vamos ter mais problemas – disse Peter compartilhando sua raiva. Mas uma porta se abriu atrás de nós, no mesmo beco.

– Hator? – perguntou um homem que parecia um açougueiro careca.

Peter o encarou por um momento, depois acentiu com a cabeça.

– Entrem – disse o homem olhando para os lados.

Não havia outra saída, entráramos no lugar e realmente era um açougue. Havia carne pendurada por todos os cantos. Era nojento e fedia.

– Subam todas as escadas, vocês sairão na cidade dos humanos. E não voltem aqui hoje. – Falou o homem.

Peter me puxou pelo braço com muita agressividade, e fez com que eu tropeçasse varias vezes durante a subida.

– Peter, faça o favor de não arrancar meu braço – resmunguei enquanto tentava me soltar.

Chegamos em uma casa totalmente comum. Peter já se dirigia a porta de entrada quando consegui me livrar e chamar a atenção do garoto.

– Você realmente vai querer sair na rua com essas roupas? Achei que seriamos discretos – zombei enquanto cruzava os braços.

O garoto fez um barulho com a boca e puxou as roupas da mochila, enquanto eu fazia o mesmo. Com um pouco de magia era fácil carregar aquela enorme mochila e nem senti-la. Eu tinha certeza de que ele havia enfeitiçado minha mochila, nem parecia que eu a carregava.

Nós saímos quase correndo da casa. Eu coloquei meus tênis novamente e Peter colocou a famosa cara emburrada.

– Dá pra você esperar? – murmurei com Raiva.

Peter parou e entrou em um restaurante ali perto Nos sentamos e ficamos encarando os pratos a nossa frente.

– Olha... – falei

– Nós temos que... – dizia Peter ao mesmo tempo.

Nós trocamos olhares rápidos e eu suspirei deixando ele falar.

– Nós temos que resolver logo isso, vai ficar cada vez mais arriscado andar pela cidade se não soubermos o que fazer.

– Pela primeira vez concordo com você.

– Há dois amigos da minha família na cidade abaixo. Se conseguirmos nos comunicar com eles ficará mais fácil encontrar o Conde.

– Não podemos voltar lá hoje. Você ouviu o homem dizendo. E quem era aquele?

– Ele fornecia a carne para minha casa quando eu era pequeno.

– Bem, acho melhor nós encontrarmos algum lugar para ficar, ou voltar para a sua casa. Já esta escurecendo.

Peter revirou os olhos e riu

– Por que toda vez que sinto alguma emoção mais forte meu ombro dói?

– Tantas perguntas. Você nunca cala a boca? .

– Vai me responder ou terei que torturar você? – falei com o mesmo tom.

– Por que é uma coisa do seu sangue. Sua família é cheia dessas coisas com sentimentos e emoções. Já a família de seu pai é toda ligada com maldiçoes e coisas idiotas.

– Quem eram aqueles soldados?

– Os soldados de Hórus. Eles mantem a ordem do jeito deles. Se vissem sua marca estaríamos mortos agora.

- Achei que a sua sociedade tinha se dissipado.

- Eu também achava. 

O dono do restaurante já nos olhava de forma estranha. Foi quando levantamos e saímos do lugar.

– Meus tios tem uma casa aqui perto. – disse Peter secamente.

– Quantas casas sua família tem aqui em cima?

– Várias.

– Ótimo.

– Ótimo.

Dobramos na primeira rua depois do restaurante, depois a direita, a esquerda, direita e direita. Os meus pés já começavam a latejar quando chegamos a um prédio abandonado. Havia uma porta velha, mas intacta. E as vidraças das janelas estavam rachadas, mas ainda inteiras.

– Tem certeza que isso é uma casa?

Peter me lançou um olhar repugnante e eu o encarei com desdém.


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