Sophia escrita por Ana Carol M


Capítulo 8
Capítulo 8




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Ele abriu a boca e ficou ali me encarando.

– Nós temos que ir pro cemitério – disse ele depois.

– Eu não quero ir ao enterro dos meus pais – falei já mais calma.

– Mas nós precisamos, há essa hora eles já devem estar levando seus pais pra lá. Se for mesmo Hórus que os matou eles vão estar marcados.

Eu concordei com a cabeça e peguei meu celular, havia mais de 50 chamadas perdidas. Liguei para meus avós e eles me deram o endereço do cemitério na cidade em que estávamos. Pedi para minha avó que cuidasse das coisas e da venda da casa.

– Depois teremos que ir direto do cemitério até a aldeia mais cheia, talvez alguém tenha alguma informação. – comentou Peter já concentrado.

– Como eles nos darão respostas?

– Eu tenho meus métodos – e ele riu. Pegando um mapa em uma de suas estantes.

O garoto pegou um frasco com pó branco e assoprou em cima de um mapa. Os grãos rolaram e se aglomeraram em certos pontos do mapa. Havia um lugar, um bairro, onde havia mais pó do que nos outros cantos com apenas pequenos grãos espalhados.

– O que é isso? – sussurrei. Meu nervosismo acabara de cessar, eu faria alguma coisa para ajudar.

– É um mapa radar. Quando a pessoa fez parte da sua vida por um bom tempo, você as encontra ou o ultimo lugar em que elas estiveram. Certamente iremos para essa aldeia – apontou ele para o montinho de pó. Depois espalhando com o dedo e o nome pôde ser visto. Tarath. - Fica do outro lado da cidade, não imaginei que teriam tantos em um mesmo lugar. Provavelmente devem estar em baixo da cidade.

– Isso significa que...?

– Partiremos em breve, se você quiser manter sua cabeça grudada no pescoço.

– Acha que eles vão querer me decaptar?

– Acho que você pode tomar um banho se quiser, enquanto organizo o que vou levar – disse ele.

Peguei minha mochila e fui para o banheiro, eu já sabia que a antiga Sophia havia morrido junto com seus pais, eu queria vingança. Queria sangue, morte. A morte de Hórus. Eu não havia feito nada para ele e ele tirou a vida de inocentes. De pessoas que me amavam e que eu amava. Minha raiva começou a tomar conta do meu corpo novamente. Eu entrei para baixo do chuveiro, mas a água parecia fria, pois meu corpo estava quente. Eu revi a cena toda do acidente, a risada, o sorriso. Tudo. Eu imaginei várias formas de matá-lo, mas nenhuma parecia suficiente.

Então, como uma resposta aos meus pensamentos meu ombro começou a ser retalhado. Eu sentia uma faca cortando, arrancando minha pele. Soltei um grito. Me enrosquei na toalha e olhei no espelho. Estava em carne viva. Foi tudo que eu vi nitidamente. Depois escutei ao fundo Peter me chamando e batendo histericamente na porta. Acho que eu gritava porque doía demais e ele cada vez aumentava o volume da voz.

– Sophia? Sophia? SOPHIA VOCÊ ESTA BEM?O QUE ESTA ACONTECENDO?- o volume de sua voz foi aumentando conforme seu nervosismo e o barulho do chuveiro ligado era audível.

Ele deu um chute na porta que arrancou a tranca e me encontrou, enrolada numa toalha no chão do banheiro. Notei que minha mão ao tocar a ferida saiu sangrando, e foi ai que fiquei meio inconsciente.

Senti Peter controlar a raiva e desligar o chuveiro. Ele me pegou no colo mas a dor era tanta que eu não conseguia protestar. Eu me sentia mole e meio alucinada, ele me colocou na cama de ombro pra cima e com uma frasqueira limpou meu ombro com algo que ardia. Lembro-me de gravar as unhas no braço dele. Ele colocou três gotas de algo verde fluorescente no meu ombro e senti cheiro de queimado. Depois a dor passou. Eu me sentia exausta. Ele havia enfaixado meu ombro, por alguma razão eu não conseguia me mexer. Ele estava na cozinha e colocava algo no fogo. Ele voltou e retirou a toalha molhada por baixo das cobertas, como um cavalheiro. Eu tentei dizer que não, mas onde estava minha voz? Ele me colocou uma camisa preta seca dele. E depois com um monte de cobertores por cima, compressas de água na cabeça eu adormeci.

Acordei com o sol bem quente no meu rosto. Meus olhos estavam pesado, minha boca seca e tinha a sensação de estar muito fraca. A primeira coisa que vi foi o garoto de cabelos escuros e pele pálida me encarando com irritação.

– O que houve?

– Nada demais – disse ele no seu tom grosseiro.

Ele me deu água e depois um remédico com gosto de pêssego. Em pouco tempo eu já estava melhor e já de recostava na cama.

– O que aconteceu…?– perguntei novamente mais envergonhada.

– A marca da sua família surgiu em suas costas – disse ele rudemente.

– Achei que não fosse doer.Mas porque isso aconteceu logo agora?

– Você ficou tão preenchida de raiva e ódio que desencadeou uma parte sua que não precisava no seu mundo comum e sem graça. Mas no meu mundo, e no seu, é assim. Tudo de ruim, mas tudo de bom também.

Olhei para a camisa branca em meu corpo e por um momento queria sumir. Levantei da cama e procurei minha mochila, precisava de roupas.

– Ela ainda esta no banheiro – disse Peter de costas pegando mais coisas para a viagem.

Deixei a porta entre aberta, já que a porta estava sem tranca e o medo de desmaiar de novo estava ali. Vesti minhas roupas e sai de lá nova em folha e o ombro tapado por uma jaqueta de couro.

Peter tomou um banho enquanto eu me aquecia na lareira. Ele saiu de lá como aqueles garotos metido a mal, como sempre foi. Vestido de preto dos pés a cabeça, com coturnos e roupas resistentes. Eu o observei revisar o que levava. Já eram sete horas quando terminamos o jantar e saímos com o carro até o cemitério.

Eu precisava me concentrar em minha vingança.


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