Sophia escrita por Ana Carol M


Capítulo 4
Capítulo 4




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– Eu vou viajar, mas sozinha. – minha mãe ia retrucar, mas ela desistiu. Eu precisava voltar para minha cidade natal, ou pelo menos a cidade que eu achava ser minha cidade natal, e encontrar essa tal pessoa que iria responder minhas perguntas. 

– Em pouco tempo acabam suas aulas Sophia. Logo você já vai estar livre do colégio e poderá ir. – disse meu pai.

– Pai vou pedir para adiantar as provas que faltam. Em uma semana estou livre do colégio. Esse é o meu limite. Preciso saber mais e não quero arriscar a vida de vocês.

Eles concordaram após algumas discussões. Pouco a pouco minha família foi indo embora, com sorrisos amarelos no rosto. Eles sabiam de toda história, e como meus pais estavam envergonhados por mentir. 

Meus pais ficaram com a parte de resolver a escola e a minha viagem. Eu realmente não estava interessada em me preocupar com isso. Passei horas dentro do meu quarto, lendo e relendo aquela carta. Tentando fazer com que tudo aquilo se encaixasse no meu mundo. Mas isso não aconteceu. Eu também não sabia o que sentir, só sabia que estava confusa. Acabei adormecendo.

Na manhã seguinte descendo as escadas encontrei meus pais tomando café tipicamente como se nada tivesse acontecido, apesar da curiosidade estar exalando da pele de minha mãe ela não perguntou nada. Ela queria saber como eu me sentia e se já a havia perdoado. Mas eu não tinha resposta para essas perguntas. 

– Sophia já está tudo certo com a escola, falei que precisamos viajar e eles permitiram adiantar as suas ultimas provas. Você tem até sexta-feira para fazê-las. – disse minha mãe.

– ok.

– Mandei o seu carro no mecânico, ele já está em ótimas condições. Vamos retirar uma boa quantia de dinheiro banco para que você viaje sem qualquer transtorno. – disse meu pai.

– Tudo bem.

Tomei um banho rápido e procurei as roupas mais confortáveis para vestir, jeans, botas de couro pretas e meu casaco preferido de inverno. Não me demorei em arrumar o cabelo e fazer o tradicional ritual de maquiagem. Quinze minutos depois estava descendo com o trabalho de geografia na mão e a mochila quase escorregando do ombro.

– Estou saindo – falei antes de bater a porta.

Naquela semana estudei tudo que eu pude, não porque precisasse, sempre fui meio nerd. Mas porque queria ocupar minha cabeça. Meu pai havia implantado um GPS no carro para o caso de me perder. Eu não achava necessário, eu conhecia a cidade muito bem, desde pequena íamos passar as férias lá. Mas ao mesmo tempo eu não queria pensar nisso e realmente ignorava quando falavam sobre isso comigo, o que me fez andar com os fones de ouvido no volume máximo. Foi difícil fugir das perguntas principalmente dos meus amigos, mas toda vez que eu conseguia distraí-los pensava que estava salvando-os de algo ruim e de toda loucura que aquilo parecia.

– Finalmente é sexta-feira – disse Oliver – essa foi a semana mais longa que eu já tive.

– Na verdade eu acho que foi a mais estranha de todas – comentou Thomas.

– Hoje é meu ultimo dia aqui. Vamos viajar amanhã. – murmurei.

Eles me abraçaram e no meio de tanto choro eu sentia que estava perdendo minha própria casa, meu lugar seguro. Eu estava indo pra cidade que eu amava, mas não por um bom motivo.

Após o almoço meu pai organizava meu carro, ele colocou todas as coisas possíveis e impossíveis para uma viagem. Minha mãe andava nervosa e preocupada e acabou deixando que meu pai organizasse o necessário, mas para ele o exagero ainda não era suficiente. Meia hora depois o carro estava pronto. Eu descia as escadas com uma animação diferente. Aproveitei bem a ocasião para abraçá-los e dizer que os amava. Nunca me arrependi disso. Entrei no carro e sai pela estrada. Eu queria dizer que os perdoava e entendia , eles me amavam e isso era o que importava. Mas não consegui dizer.

Na pequena cidade o céu estava nublado e aquele vapor morno irradiava do chão. Com toda certeza choveria a qualquer momento. Localizei pelo GPS a loja Marie enquanto colocava gasolina no carro, não era uma cidade muito grande e era de fácil localização. Porém eu nunca havia visto essa loja e não queria estar falando com pessoas desconhecidas. O GPS já estava sendo útil.

Avistei a loja pela enorme placa envelhecida. Havia um garoto de pele pálida e cabelos carvão, parado ao lado da porta da loja. Ele jogava uma moeda prateada para o alto e a pegava no ar. Seu rosto estava sem vida, como se estivesse doente.

Desci do carro e escutei meu salto alto bater nas pedras irregulares da rua. Naquele momento achei que estar de salto não era apropriado.

– Com licença. Acho que pode me ajudar – pedi confiante ao parar na frente dele.

Foi então que ele levantou o rosto e riu. Eu paralisei. Ele era Peter. Eu quase tive um ataque cardíaco e minhas pernas ficaram bambas. Mas não era uma sensação boa. Era raiva.

– Sophia Beteenford, o que faz aqui? – perguntou ele sempre com o mesmo tom, rabugento e hostil.

– Nada do seu interesse, e você o que faz aqui? Fugindo da justiça? – falei em tom de ameaça.

Ele riu – Acho que isso também não te interessa.


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