Sophia escrita por Ana Carol M


Capítulo 2
Capítulo 2




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Me peguei tão interessada no assunto que me aproximei da escada e quase cai em uma dobra do tapete, alertando a todos que eu estava lá.

– Sophia? È você? – chamou meu pai, eu tinha certeza que minha mãe estava paralisada de pavor na sala.



– Oi pai, escutei alguns barulhos aqui em baixo – respondi ao chegar a sala e fingir um bocejo, como quem acabava de ser acordada.



– Me desculpe só estou preocupada com a nova edição da revista que está atrasada, e aqueles estagiários não colaboram – Minha mãe tentou contornar a situação enquanto servia um copo de uísque. Suas mãos tremiam tanto que ela desistiu e foi pegar suas pastas no sofá.



– Vai ficar tudo bem, mãe. Agora eu vou dormir. Boa noite.


– Boa noite – responderam os dois e voltei para o meu quarto sem escutar mais conversas.

Alguns minutos depois minha mãe passou no corredor com uma enorme xícara de café e abanou para mim com a mão desocupada, meu pai passou pela porta do meu quarto se arrastando com os olhos quase fechados e me deu um sorriso meio abobalhado.

È claro que eu não consegui dormir com facilidade como normalmente, meus pais estavam escondendo algo. Além do choque de saber que havia algo, eu estava irritada. Odiava ser excluída de alguma coisa, principalmente de algo que deixava minha mãe nervosa e meu pai irritado.

Mesmo parecendo impossível eu havia adormecido, e acordei irritada com o despertador, no entanto o que ecoava em minha cabeça era a conversa da outra noite. Mas afinal era o dia do meu aniversário, algo que eu tinha até esquecido, por fim sentia que era uma data importante. Só por aquele dia eu não pensaria em meus pais e sobre o que eles escondiam.


Pela primeira vez arrumei minha cama em pouco tempo. Logo depois de sair do banho encontrei um vestido roxo e simples que minha mãe havia me feito comprar. Ao olhar no espelho vi uma garota um pouco fora do comum, branca demais pela falta de sol, com os cabelos negros e lisos ainda úmidos, e acabei decidindo apenas dar uma realçada nos meus olhos com lápis preto, algo bem natural.

Um carro preto buzinou na entrada da casa e eu fui até a janela ver meus amigos saindo com cara de satisfeitos do automóvel de Thomas. Dei uma apressada e consegui terminar de me arrumar a tempo de ver minha mãe abrir a porta de casa com um sorriso enorme no rosto esperando os convidados. Eu vi uma mulher linda no hall de entrada. Uma modelo de revistas famosas, cachos perfeitos, a pele com um ar de saúde e levemente bronzeada, um vestido de lã que destacava o corpo com suavidade e sapatos realmente bonitos que mantinha a postura e alguns centímetros a mais que eu. Alguém que eu jamais seria.

Nós nos olhamos por alguns segundos e eu vi que ela realmente desprezava meus tênis, mas aprovou o vestido. Então ela me deu um abraço apertado e me desejou um feliz aniversário. Logo depois Oliver, Poliana e Thomas entraram na casa, sorrindo e me distraindo.

– Feliz aniversário, baixinha – disse Thomas enquanto me abraçava.

– Obrigada, bochechas rosadas. E parabéns pela carteira de motorista.

– Obrigada, fui retirar ontem à tarde. Meu avô me deixou o carro de herança – contou ele com orgulho. Thomas havia repetido de ano duas vezes o que o fazia mais velho que eu. Já eu disputava a posição de segunda mais velha com Oliver que assim como eu havia entrado tarde. Junto com Poliana que era a mais nova.

Antes de fechar a porta mais três carros chegaram trazendo o resto da minha família. Durante as boas vindas pude notar os olhares estranhos que minha avó lançava para minha mãe a todo tempo. Mas havia muitas pessoas, então não era necessário fazer alarde sobre isso, contei até 10 e apenas deixei pra lá mais uma vez.

– Então o que aconteceu entre você e sua mãe? – Perguntou Thomas enquanto comíamos uns bombons da caixa que eu havia ganho e não tinha esperado para começar a devorá-los.

– Ela está me escondendo algo. Ela e meu pai estão mentindo sobre alguma coisa. Eu sei quando eles mentem...Como você descobriu?

– Ei, eu observo muito. Não sei como explicar. Conheço vocês duas.

– Acho que você anda vendo filmes demais.

– É o que posso oferecer hoje. – respondeu ele. E eu comecei uma guerra de papeis usados de bombons. Oliver veio correndo da cozinha para se juntar a nossa batalha.

Depois de toda a bagunça da chegada e do almoço, meus tios estavam organizando um acampamento, conversavam entusiasmados na volta da mesa no pátio.

– Acampamento? – Perguntei quando cheguei até rodinha rindo com Poliana.

– É. Barracas, fogueiras e etc. Gostaria de ir? – perguntou Tio Fred. Sempre era ele que organizava as coisas malucas da nossa família.

– Claro. Pode contar com minha ilustre presença.

O acampamento ia ser no outro final de semana, pois iam aproveitar o final das férias de Tio Fred e o inicio das do meu pai. Sim, o acampamento ia ser no meio da neve. Como iriamos nos manter aquecidos era um mistério para mim.

Eu estava lá, sentada organizado os preparativos, quando fui surpreendida. Como se tivesse me lembrado de alguma coisa. Levantei da cadeira sem pensar e segui direto para o escritório. Abri o único armário que não era decorado com vidro e contei as pastas. Puxei exatamente a décima terceira.

Voltando ao controle de minha mente, sentei em umas das poltronas e comecei a olhar uma série de documentos, eram meus documentos. Minha certidão de nascimento, alguns atestados e provas de que eu realmente estava no hospital no dia em que nasci. Porque daquilo eu não fazia a menor ideia, até que um envelope vermelho que parecia não pertencer a aquela pilha me chamou a atenção. Dentro havia uma carta já envelhecida com o tempo.


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