Sophia escrita por Ana Carol M


Capítulo 14
Capítulo 14




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Alguém estalou os dedos e varias luzes se acenderam junto a lareira que aquecia toda a casa. Me mostrando uma fantástica casa de chá. Com sofás fofos e pinturas claras.

- Merit, minha querida – falou um homem velho, mas de postura firme e cara risonho.

 Nos dois, atochados na parede, suspiramos com alivio. Ele era carinhoso demais para ser alguém perigoso. Nós nos desgrudamos da parede. Então naquele pequeno momento percebemos que estávamos de mãos dadas e tão apertadas que cortava minha circulação sanguínea. Soltamos o mais rápido do que pensamos, e desviamos os olhos. Com as minhas bochechas coradas me lembrei do homem a minha frente que parecia me conhecer muito bem.

- Desculpe, mas eu o conheço? – perguntei enquanto olhava a sala ajeitada do lugar. Era como um castelo em miniatura. Havia varias coisas de aparência cara e vindas de vários lugares do mundo.

- Ah mil perdões, eu havia esquecido que você foi criada longe de nós. É que você ainda não deve ter o sexto sentido dos Sanakht, e nem a memória fotográfica. Eu jamais esqueceria esse rostinho – falou ele com carinho - Sou seu tio-avô Sir Ramsés. Mais avô na verdade, eu tenho cuidado do seu pai desde que ele foi deserdado por seu verdadeiro pai. – Falou ele meio desconcertado. – Mas a que devo a honra de sua presença?

- Precisamos encontrar o Conde. – disse Peter monotonamente. Como se fosse obvio. Eu apenas sorri.

- Bom, se você conseguiu entrar nessa casa já é prova suficiente de que não foi clonada e você é realmente Merit Sanakht Montu– disse Sir Ramsés rindo graciosamente, ele me lembrava o papai Noel, barrigudo, com bochechas rosadas, barba rala e branca e um pouco careca.

- Pode nos ajudar? – perguntou ele novamente. Eu podia ver que todo aquele encontro familiar estava dando enjoos em Peter.

-Mas é claro que sim, afinal é por isso que estou aqui, para poder ajudar a herdeira ir até o conde. – disse ele orgulhosamente. Batendo no peito.

- Então? – perguntei – Podemos ir? – Tanta ansiedade, misturada com medo. Fora o cansaço. Eu estava exausta.

- Já? Vocês não querem trocar de roupa? Tomar um banho? Dormir? Menina você precisa trocar de roupa para ver o Conde?

 Eu não havia penteado o cabelo após ter quase morrido afogada, e a roupa de suposta camponesa já estava completamente suja, tanta poeira e correria havia causado vários danos em minha aparência. Já Peter estava sujo, cansado, mas os cabelos ainda estavam no mesmo lugar que antes.

- Não posso deixar que vocês cheguem ao Conde desse jeito. Seria falta de respeito. Vão tomar um banho, dormir e amanha bem cedo nós partiremos – Peter já abria a boca para recusar, mas Sir Ramsés o cortou -  Mas vocês devem estar com fome. Bom, eu vou pegar café para todos nós – ele virou e entrou em uma porta do outro lado da sala. – Nós estávamos com muita fome, o café da manhã foi nossa ultima refeição. E também precisávamos descansar um momento.

- Acha que podemos confiar nele? – perguntei nervosa.

 Peter movimentou a mão e dela saiu um fogo azul, ele assoprou na direção da cozinha em que Sir. Ramsés estava. O fogo se retorceu e virou vermelho sangue fazendo o símbolo de Ankh. O homem já havia nos liberado para fazer magia o que me deixou mais confiante.

- Podemos. Lembro vagamente desse homem, me parece uma boa pessoa. E ele vai nos ajudar com toda a formalidade. Sem falar que estamos correndo o dia inteiro hoje.

Eu o encarei incrédula. Depois de toda correria, ainda teria que me comportar como uma legitima herdeira para me apresentar ao meu pai. Acabei engolindo o que pensava. O fato de que dormiria e tomaria um banho compensava o resto.

Então Sir Ramsés voltou com café, bolachas e alguns sanduíches, nós sentamos para comer em frente à lareira e conversar sobre como as coisas andavam. E por um momento esqueci dos problemas.

Descansamos um pouco, aquecendo o corpo em frente a lareira.  E depois Sir Ramsés nos acompanhou até um quarto diferente para cada um subindo as escadas. Peter foi logo tomar um banho, Sir Ramsés entregou um pijama para ele antes. E eu usei uma camisola de algodão depois de tomar um longo banho quente. Meu quarto era simples, como toda a casa era amarelo claro, havia uma cama grande e de lençóis brancos e um pequeno armário do lado da porta do banheiro simples. Deitei na cama macia e adormeci instantaneamente.

 No outro dia, pouco antes do sol nascer, o homem risonho me acordou, e quando cheguei ao andar de baixo o café estava posto e o homem vestido e com uma pequena mala pronta. Já Peter estava de pijama ainda abobado por a recém ter acordado.

Conversamos brevemente enquanto comíamos e logo o homem nos levou para um quarto de casal mais amplo, fez com que Peter tomasse outro banho enquanto com o meu tio-avô eu escolhia um vestido no armário do quarto. O homem separou roupas de príncipe para Peter e entregou no banheiro para ele. Que não fez objeções. Acho que ele sabia como funcionava a regras da nobreza.

Eu estava distraída, não sabia o que escolher, estava tão preocupada com o que viria a acontecer que ia passando os vestidos pelo armário sem ao menos nem olhá-los direito.

- Acalme-se querida, tudo ficará bem. – Sr. Ramsés, ele pegou um vestido verde escuro e sugeriu, ei aceitei sorrindo. Não estava com cabeça para procurar vestidos. Ainda precisava salvar meus amigos.

Peter saiu do banheiro como um novo homem. Depois foi minha vez de ir para o banho.

Eu podia ouvi-los do banheiro.

- Sabe jovem Hator, eu costumava ensinar aos mais novos as regras da família e como se comportar. Sinto falta daquela época. Minha mulher era uma excelente dançarina. Pena que não sobreviveu para ver a herdeira voltar ao seu lugar - falou suspirando depois..

Então sai do banheiro, com o cabelo escuro trançado apenas para um lado, com aquele lindo vestido verde que ressaltava os meus olhos.  Sorri sem graça ao ver o jeito com que os dois me olhavam.

- Maravilhoso – suspirou Sr. Ramsés

- É, hum... – Peter tossiu e massageou algo na garganta – é um vestido muito bonito.

Eu sabia que não era só aquilo, ele me achava linda, mas não conseguia dizer. Apenas agradeci com um aceno.

- Sir Ramsés, o senhor sabe algo sobre o Conde Hórus? Acabei não perguntando aos outros.

- Bom, o Conde invadiu o castelo e não encontrou nada como vocês já sabem. Acredito que tenha voltado para seu reino e deixado vários soldados no castelo por algum tempo, só por precaução. Nada acontece durante anos então ele deve ter retirado a maioria. Bem talvez tenha um ou dois soldados dele no castelo, entediados eu presumo. Mas o Conde esta ai, ainda querendo mais terras, provavelmente deve estar em guerra em algum lugar. E claro que ainda está atrás de seu filho e de você Merit. O seu pai conseguiu esconder você e a ele próprio muito bem. Felizmente. Aqueles Mumianos são pior do que se pode pensar. Bom... todos prontos?

Nós concordamos e passamos nossas mochilas e bolsas pelos braços. Enquanto Sir. Ramsés pegava sua pequena mala.


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