Viviane e senhora Chá sempre ouviram a respeito do pai da Victoria. Os diálogos da campeã, sempre carregados de mágoas, foram tratados como exagero. Viviane nunca levou a sério o que a amiga falava e nunca se importou de verdade. Entretanto, ver o homem pessoalmente foi uma experiência e tanto, pois jamais conhecera um ser humano tão sórdido antes. As reclamações de Victoria eram a realidade.

— Falei milhares de vezes para o senhor não pisar nessa terra. Aqui é um lugar sagrado, pois as lendas dizem que o Santuário dos Dragões foi um pedaço do que restou de um planeta criado por São Dialga e São Palkia. Por isso os dragões se sentem atraídos. Apenas domadores de dragões são autorizados.

Yamashida olhou com desdém para a filha e sentou à mesa. Ordenou que todos, exceto Vicky, saíssem da taverna.

— Sou ateu. Você sabe disso. Vocês, domadores de dragões, adoram um deus pokémon dragão como se fosse a última bolacha do pacote. Eles não passam de pokémons também.

Vicky bateu com as duas mãos na mesa.

— Lave a sua boca para falar dos meus santos Dialga e Palkia! 

— Senta! Sou o seu pai. Eu ordeno que sente!!

Os seguranças se aproximaram e ficaram na saída da taverna. Impediriam qualquer fuga da Victoria.

Senhora Chá ficou muito irada com o fato de ter sido expulsa do seu próprio local de trabalho. Foi preciso Viviane acalmá-la.

— O que tá havendo? — um homem com cabelos azuis, penteados para trás, cavanhaque e bandana. Era o chefe da Casa Landra. Seu parceiro era um Garchomp.

O fiscal do ministério da justiça entregou o papel da ordem de procura ao homem.

— Rand! Vem comigo — falou Viviane ao deixar a avó com outra pessoa e se ausentar para outro lugar.

Yamashida não fora convencido desde a sua visita ao apartamento de Vicky. Ele ainda desconfiava que ela estava envolvida com o desaparecimento de Britney.

— Não sabe do que sou capaz.

— Vai me bater?

— Nunca fui homem de bater em alguém. Jamais faria isso com a minha filha. Mas talvez eu pedisse para fechar esse santuário.

Vicky se levantou, horrorizada com o que o pai disse.

— Para que o espanto, garotinha? Soube que se encontrou com o detetive Arthur Poirrot em White City. Você acha que eu não tenho olhos naquela cidade? Sou praticamente onipresente. Tenho muita influência no governo. Por exemplo, este santuário tem as suas próprias leis autônomas, mas ainda está sujeito à lei federal de White City. Posso pressionar o governador-geral a usar a polícia para fechar tudo aqui.

— Eu não faço ideia onde está Britney. Ela desapareceu faz tempo e não deu as caras. O senhor pode mandar o exército, a polícia, os alienígenas ou qualquer outra coisa para tentar achá-la aqui. Não vai conseguir. E o meu encontro com o Poirrot foi por que ele connheceu uma pessoa que eu tava atrás há tempos, e não era a Britney.

— Quem era?

— Simplesmente o meu irmão. Aquele que o senhor apagou da minha vida. 

Yamashida descobriu que Victoria havia descoberto sobre os Krueger. Ele suou frio. 

— Vai cumprir a sua ameaça? Vai fechar o santuário porque descobri um segredo familiar? O governador tem muito o que fazer. Ele não faria tal ousadia só por causa disso. Mas talvez ele descubra que o pai do Jason foi sequestrado. Que foi, papai?

O homem olhou com ódio.

— O que a sociedade diria se soubesse que "Anthony Yamashida é o líder de um grupo criminoso e que sequestrou um civil"?

Yamashida deu uma bofetada na cara de Victoria. Foi embora.

Enquanto isso, Viviane e Rand foram até uma caverna e pediram que Dragonite e Garchomp levassem Britney e Robert aos seus respectivos lugares. Britney seria levada para Aqualaguna, cidade do ginásio de água, para receber proteção da líder de ginásio de lá. Robert seria enviado para Beehive para se reencontrar com Jason.

— O endereço de vocês está nas mochilas. Por favor, levem eles com segurança — falou Viviane.

Os dois dragões assentiram e voaram. Robert nas costas de Dramione e Britney nas costas de Landra.

...

Pântano de Beehive

Jason não suportou o calor e a umidade e preferiu voltar. Shingo tentou argumentar, mas o rapaz foi irredutível.

— Essas criancas de hoje em dia são todas criadas com leite de berry.

O jovem olhou para a pokédex e viu a localização para o carro. Mas o veículo estava depredado.

— Mas o que...

Antes de se aproximar do carro, Jason foi abordado por uma gangue diferente dos motoqueiros. Eram pessoas usando roupas de jeans (jaqueta e calça) com uma logo da caveira de boné nas costas.

— Oh droga. Mais um bando de gente maluca doida para me ferrar...

— Somos a gangue jovem — falou a mulher loira com uma tiara. — Meu nome é Dana.

— Você tá no nosso território, moleque — falou o rapaz com um boné rosa, vesgo e cheio de sardas. — Eu sou Ralph.

A apresentação não surpreendeu Jason, pois nem sequer pareciam ameaçadores.

— O que é Gangue Jovem?

A tal Dana não quis conversa e liberou um pokémon chamado Beautifly. Ralph usou uma mariposa chamada Dustox.

— Pyro, pode cuidar deles? Py... ro? — Charmander nem estava ali.

Charmander havia ficado com Shingo e aproveitou para comer um sanduíche. 

...

White City

Uma van de produtos de limpeza parou um quarteirão de distância da sede da PokéBlack. Dentro do veículo, Poirrot e o seu Detetive Pikachu. Ambos decidiram investigar o local de trabalho de Yamashida.

— Hastings, conto com você.

— Pikaa!

Pikachu segurou um controle remoto e saiu da van. Correndo entre as pessoas na calçada, Pikachu chegou perto da lateral do prédio. Subiu num poste sem chamar a atenção de um policial. Mexeu no controle e moveu o drone minúsculo no formato de um Ledyba.

O inseto saiu da van e subiu toda a parede de vidro do predio. A missão era filmar o escritório do Yamashida, que ficava no 50° andar. Não era fácil, pois todas as janelas de vidro possuíam sensores, e qualquer contato mínimo seria o fim da investigação.