Acompanhar Cheyenne era um desafio. Isso porque o ex-líder da aldeia era bastante acostumado com a floresta e a neve de Ice Orion. De ravinas a riachos, de aclives a declives, o homem sabia de tudo. E mesmo com a temperatura beirando os 12 graus negativos, apenas carregava sobre o seu corpo o casaco de pelo branco. Não havia uma roupa térmica ou algo do tipo. Apenas usava uma calça branca e botas de couro. Seu dorso era incrivelmente musculoso e cheio de cicatrizes. Incrível para um homem com seus 42 anos.

— Ali. A cachoeira. Atrás dela fica a gruta que dá passagem direta ao interior de Koju.

De fato, com pouco mais de 100 metros, uma queda d'água. Era, segundo os aldeões, a água milagrosa, pois nunca congelava na queda e na lagoa logo abaixo.

— Nunca mais tive a oportunidade de voltar aqui desde adolescente. E o máximo que cheguei foi antes do lago congelado quando descubri o cristal de gelo — falou Nicolau.

Jason perguntou a Cheyenne se ele sabia algo acerca da invasão da Equipe Black na montanha. O homenzarrão, porém, negou.

— Somos um povo que preza pelo isolamento das questões da cidade. Acredite, nenhuma pessoa estranha pisou do lago congelado para cá.

Nicolau viu o semblante do colega e pediu desculpas por ter trazido Iceburgh para Permafrost. O homem revelou que o traidor havia sido o seu colega de escola em Moscold. E quando o seu pai viajara para um outro distrito, ele insistiu que contratasse Iceburgh para trabalhar no ginásio.

— Tentei ajudá-lo financeiramente, mas eu apenas abri a caixa de Pandora. Se não fosse por minha insistência, sua esposa ainda estaria viva.

As palavras de Nicolau soavam melancólicas. Ele se culpava pelas ações de Iceburgh. Mas Jason rechaçou essa cosmovisão distorcida do patriarca Romanov. Segundo o garoto, cada um carregava o seu fardo e a sua culpabilidade.

— Um ladrão não se torna menos ladrão porque a sua vítima facilitou que ele roubasse. Nem a vítima se torna menos vítima por causa disso. Eu aprendi com um homem chamado Grande Bruce que não importa se a vítima facilitar mil vezes, o ladrão continuará sendo ladrão. Não importa se o senhor trouxe Iceburgh. No final, ele que é o único culpado por todo o mal que fez.

Os dois se assustaram com as palavras de um menino de 12 anos. Jason era tão jovem, mas tão maduro. Nicolau gargalhou e esfregou a sua mão sobre o cabelo do guri, despenteando-o. Cheyenne também riu. E Jason ficou puto pensando que não estava sendo levado a sério.

...

Membros da Equipe Black e da Equipe Kumo instalaram 5 gigaremos por toda a extensão do caminho que tomaram na montanha. Desde o topo até o palácio.

— O que foi? — perguntou Lady Kumo ao chefe de operações da Black em Permafrost.

— O general El Charco está na linha — respondeu com um celular.

A líder dos kumos atendeu.

O helicóptero vermelho com o símbolo do fogo se aproximava de Permafrost pelo oceano. Já dava para ver as luzes da cidade Moscold.

Dentro da aeronave, os "escarlates" observavam o seu líder direto: El Charco. O chefe da ilha vulcânica particular de Yamashida e 2° general da Black recebeu uma ordem direta para entrar em Permafrost e receber os 3 cristais das mãos de Lady Kumo.

— Aguarde a minha chegada.

— Mas é claro que sim. Estarei ansiosa para terminarmos o nosso acordo.

Ambos desligaram.

Lady Kumo recebeu outra notícia de que o terceiro cristal havia sido detectado. O sinal captado dias antes pela Equipe Black foi essencial para terem a exata localização do objeto.

— Então aqui vivia um rei? — Lady Kumo viu um salão nobre com um altar e um trono. O trono era semitransparente, feito de diamante frio, com pedras coloridas no encosto. Em cada lado, estátuas de dois cavalos; os mesmos da entrada do topo, mas em proporções menores.

Elza ficou admirada. Leu em algum livro da biblioteca de Moscold que um ser chamado Calyrex dominava Permafrost séculos antes. Antes mesmo até que os indígenas.

— Sinto cheiro de poder — Kumo subiu as escadas e sentou no trono. — Aqui será o centro das atividades ilegais da Equipe Kumo.

O chefe de operações da Black discordou e não acreditou ser uma boa ideia transformar o palácio em sede de operações.

— Você trabalha para a equipe do Yamashida, não para mim. Não precisa tentar me dissuadir, senhor Hawkins.

Piero se aproximou da sua tia e revelou do achado. O cristal finalmente estava em posse deles.

— Levem-me até lá.

...

Pyro não quis mergulhar na água da lagoa, pois estava muito fria. O jeito era Jason ter que utilizar Tyrantrum para servir de carga. Nicolau mostrou o imponente Kyurem.

— Suba. Não vai pensar em mergulhar — Nicolau chamou Cheyenne.

— Sem ressentimento?

— Ainda tá nisso? Sobe logo.

Kyurem era bastante resistente ao frio. Passou confortavelmente pela água da cachoeira. Já Tyrantrum sofreu até entrar na gruta.

— Essa água é fria demais — resmungou Jason.

Cheyenne acendeu fogo num chumaço com um isqueiro e criou uma fogueira a fim de esquentá-los antes de explorarem a montanha por dentro.

No grupo de Lorelei...

As orquídeas foram mortas e espalhadas pelo chão. Quem causou a devastação das árvores também havia feito isso.

— Olhem. O brilho continua lá — apontou Lorelei à entrada alternativa entre as pedras.

...

Os soldados kumos e blackers abriram o caminho para a rainha aranha passar. Havia uma câmara bem menor que o salão anterior. No meio, havia o cristal em forma de gota de água (muito parecido com a insígnia da cascata de Cerulean).

— O terceiro cristal escondido em Permafrost finalmente foi achado. Sabe o que isso significa, Piero?

— Não, titia. O quê?

— Ganharei os meus muitos milhões. Além disso, eu gostei da "brincadeirinha" do tal Dark Ling em governar um distrito. Pedirei ao Yamashida para me ajudar a governar Permafrost. Já pensou?

Piero aplaudiu. A sua tia queria virar rainha de Permafrost.

Um soldado apareceu e falou que havia descoberto outra câmara chamada "Entei". A mulher pediu para ver.

MAIS MISTÉRIOS!