— Coloque-se no seu lugar, garoto. Não há como fugir. Você devia ter ficado preso e aguardado o julgamento ao meio-dia de hoje pelos crimes de invasão e tentativa de captura de pokémons protegidos pela Aldeia Geada — disse Cheyenne enquanto era rodeado pelos guerreiros armados.

— Peço desculpas pelo que houve no lago, mas eu tive que me proteger daquele Avalugg. E nossa vinda não é para prejudicar vocês, e sim salvar uma pessoa que foi sequestrada por uns bandidos.

Yakutia ouviu as palavras de Jason e se meteu no meio da multidão. Pediu licença para passar e explicar o motivo de ter ido ao local da prisão.

— O senhor devia cuidar dos assuntos espirituais, xamã. Não cabe a você tomar decisões...

— Não quero tomar decisão. Mas é inegável o fato de você estar sendo hostil com essas pessoas por causa dos eventos que ocorreram no passado envolvendo Cherokee.

— Meça as suas palavras, xamã!

— Cherokee morreu nas mãos de um traidor. Aquele homem que a matou não trabalhava em nome da família dele — Yakutia apontou o seu cajado na direcão de Nicolau.

Cheyenne ignorou as palavras do xamã e ameaçou prendê-lo por traição.

— Escute o seu xamã, Cheyenne. Aquele homem me traiu e sequestrou a minha filha. A família Romanov cumpria 100% do acordo de não interferir em Ice Orion. Você tem que acreditar — falou Nicolau.

O Pele Vermelha fechou os olhos e cruzou os braços. Tomou uma decisão: prender o xamã. A população ficou impressionada com o ato do líder, mas nada puderam fazer (Cheyenne era um bom governante).

— Papai, tem certeza que pode fazer isso?

— Para trás, Dakota. Isso é um assunto político. Prendi o xamã Yakutia por trair a aldeia e ajudar os prisioneiros a escaparem. Terá direito a defesa.

Jason gritou de indignação. Falou que Iceburgh era um traidor e que Nicolau e a sua família não tinham culpa. Também revelou que odiava a injustiça, acusando Cheyenne de ser um líder injusto.

Dakota quis brigar com Jason, mas Cheyenne segurou a filha.

— Vejo que é uma criança tola. Está disposto a brigar por esse velho xamã?

— Estou sim, e daí?!!

— Então me enfrente num duelo pokémon. Se vencer, eu solto o velho e deixo que voltem para o rumo de vocês.

As palavras de Cheyenne eram músicas para os ouvidos do garoto. Jason estava interessado numa batalha.

— Espera, Jason. Tem certeza?

— Seu Nicolau, relaxa. Meu Pyro é efetivo contra aquele Ninetales.

— E como você sabe que ele usará o Ninetales?

Cheyenne liberou espaço e usou a própria praça como local de duelo. Assobiou. Em seguida, o chão começou a tremer. Algo muito pesado se aproximava.

— Não vai usar o Ninetales?

— E quem disse isso? A gente tem um pokémon que serve de guarda. Usarei ele.

Os guerreiros que rodeavam a praça abriram espaço para a criatura passar. Era um pokémon bem gordo e alto. Cada passo que dava, o chão tremia.

— É ele?

— Vai desistir? — provocou Cheyenne.

— Nunca.

O menino pegou a sua pokédex e viu os dados daquele pokémon roliço.

Nome: Snorlax

Designação: Pokémon adormecido

Número: 143

Tipo: Normal

Sexo: Macho

Grupo de ovos: monstro

Peso: 1,02 ton

Altura: 2,50 metros

Razão de gênero: 87,5% masculino; 12,5% feminino

Estado: Energia

Snorlax era um pokémon bem gordo, com olhos totalmente fechados. Seus pelos eram azuis quase na totalidade, exceto na área da barriga, rosto e pés. Era uma criatura que passava 80% da sua vida dormindo, que poucos possuíam controle sobre o pokémon (talvez por isso eram raros os treinadores dessa espécie). Oriundo de Kanto, se instalou em Hokkaishin há pelo menos 50 anos quando os circos ainda utilizavam pokémons como espetáculo, e um circo de Kanto havia levado alguns Munchlaxes para Hokkaishin. Quando dormia, Snorlax era impossível de ser acordado, exceto por algumas técnicas especiais. A mais conhecida era por meio da melodia da flauta azul.

CHARIZARD X SNORLAX

A batalha começou no meio da aldeia. Os aldeões foram afastados e um limite foi formado pelos guerreiros. De um lado, Jason e Pyro; do outro, Cheyenne e Snorlax.

O primeiro golpe foi um pulo de Snorlax, caindo no chão e causando um tremor (Earthquake) que abalou todo o local.

— Você vai acabar destruindo as casas!! — exclamou o xamã.

— Cale a boca, velho. Não tem o direito de opinar. É um traidor.

Nicolau apenas assistia calado.

O ataque não foi nem um pouco efetivo contra Pyro, haja vista o pokémon era imune por ser voador. Ficou sobre a arena.

— Não pense que escapará só porque tem um par de asas. Atirem nele — Cheyenne ordenou para os guerreiros atirarem flechas com as suas bestas.

— Você é um covarde! Não pode envolver terceiros nessa luta — reclamou Jason ao ver Pyro desviar dos objetos.

— Cala a boca. Esse é o meu território, portanto eu que faço as regras. Continuem!!

Dakota não gostou do pai usar um truque sujo só para ter vantagem no duelo. Desejou falar com ele, mas não teve coragem.

Charizard desceu, mas levou uma cabeçada do pokémon normal. Ele caiu em pé, mas foi arrastado por alguns metros.

...

O grupo de Lorelei não achou nenhum obstáculo após o evento das árvores caídas. Mas as pegadas intrigavam.

— Elas acabaram. Desapareceram — disse Lorelei aos dois.

— Definitivamente não é algo que um ser humano comum possa fazer — respondeu Simon.

Luiza pisou em algo. Era uma orquídea rosa. Ela mexeu na sua bolsa e pegou a resina circular com uma flor dentro. Ambas emitiam um brilho.

— O que é isso? — perguntou Simon.

— Acho que estamos perto da outra entrada da montanha — Luiza sabia que estava perto.

Enquanto isso, duas sombras conseguiram derrotar com tamanha facilidade o casal de Abomasnows. Uma sombra era bem alta e cabeluda, a outra era baixa, roliça e de longas pernas finas. Ambas seguravam pokébolas misteriosas e as usaram na captura. A luz delas era azul em vez de vermelha.

O par de Abomasnows foram capturados.

As sombras pisaram na neve (ambas flutuavam antes) e caminharam para a base da montanha.

O filhote dos pokémons sequestrados conseguiu escapar. Ia na direção do grupo de Lorelei.