Bruce riu. A curiosidade de Jason era engraçada. Gostava de provocar o garoto.

— Não conto.

— Por quê? Outra vez com isso!

— Moleque atrevido. Por acaso esqueceu do seu treinamento? Sim, eu falei que há um possível jeito de evoluir o seu Charmander. Mas falarei apenas quando concluirmos a primeira etapa desse treino.

Jason ficou tristonho, mas não compadeceu o coração astuto de Bruce. Recebeu uma bronca por ser preguiçoso demais e não correr conforme o previsto.

— Você tem 1 minuto para se levantar e voltar a correr, seu peste!

A resposta de Bruce não foi imediata. Toda aquela conversa acerca de uma forma de ficar mais forte e evoluir Pyro não prosseguiu como Jason esperava. E Bruce era um deus muito teimoso, portanto não insistiria na obtenção da resposta. A sua estratégia era aguentar a primeira etapa do treinamento para saber melhor disso.

E assim o dia foi puxado para Jason e os seus pokémons. Apenas caminhada e corrida. Mas Bruce afirmou que o exercício de musculação começaria na semana seguinte. Por enquanto era apenas o aeróbico.

— Peste... você já parou? Nem são seis da tarde ainda! — Bruce viu Jason dormir sobre a grama. Segurou o menino no braço e pediu que a mucama fizesse a cama do garoto.

Celebi voou para perto do deus e usou o seu poder para levitar Jason e levá-lo para o seu quarto. Naquela noite, Jason dormiu feito uma pedra.

E os dias foram passando. O treino de caminhada e corrida durou uma semana. Aos poucos o menino deixou o sedentarismo, mas ainda precisava de bastante prática.

Jason entrou num salão cheio de objetos de academia. Segurou um haltere e quase morreu por conta do peso.

— Que foi? Não consegue levantar um peso desse com a mão? — brincou Bruce.

O homem arregaçou a manga da camisa do menino e revelou o braço fino dele.

— Isso é um braço ou um cipó?

— Para de caçoar!

— Já vi que vou ter muito trabalho.

1 Mês depois...

Jason corria com mais facilidade e levantava os halteres sem nenhuma dificuldade. Grande Bruce até mesmo aplaudiu o feito da criança. Dez anos e já tinha todo esse espírito de nunca desistir.

A mucama chamou o rapaz e raspou o seu cabelo com uma máquina. Nunca que os seus fios cresciam abaixo das sobrancelhas.

E Charmander, Tyrantrum, Galvantula e Eevee também treinaram com Celebi durante esse um mês. Todos fizeram as suas partes.

Amanheceu. Jason acordou às 5h22min. Tomou banho e fez a higiene. Preparou uma mochila com alguns suprimentos como comida e bebida. Remédio não precisava, pois Bruce tinha o poder de cura.

— Já tá pronto? — indagou Bruce ao chegar na sala de jantar.

— Acabei de comer. Agora estou.

Jason entregou as pokébolas para Celebi. Charmander também iria com o pokémon mítico. A diferença era que eles flutuariam com o poder psíquico de Celebi, enquanto Jason teria que correr.

— O senhor pode dizer logo que lugar é esse?

— Não me apresse. Aliás... você viu a Ryūjin por aí?

— Não.

— Droga... haham! Vamos.

As portas externas do muro foram abertas. Celebi levou Charmander e os outros com o seu poder. Jason e Bruce começaram a corrida. Saíram da área externa e desceram a escadaria do templo. Passaram pelo muro e foram pela cidade. As pessoas olharam os dois e até cumprimentaram o deus.

— Agora vai me dizer?

— Existe uma montanha chamada Montanha da Aurora Azul. Lá será o local em que você vai morar e treinar nos próximos dois anos.

— Como assim? Pensei que ficaria no templo.

— O templo é um local sagrado e é limitado pela cidade. A montanha é bem maior e o seu cume é mais extenso em área territorial do que a cidade. Um verdadeiro colosso. A maior montanha desse planeta. E aí? Quer voltar?

Jason balançou a cabeça negativamente. Sonhou com o seu pai na noite anterior e no rosto de Bernardo.

— E o que é exatamente aquilo que pode ajudar o meu Charmander evoluir?

Ambos continuaram a correr.

— Uma pedra mágica. Não sei se tem no cume daquela montanha, mas talvez sim.

Bruce repreendeu o garoto por fazer várias perguntas e não se concentrar no treinamento.

Fora da cidade havia uma floresta. Uma estrada de terra cruzava de ponta a ponta e era o caminho inicial para irem até a famigerada montanha.

Cerca de dois quilômetros percorridos. Ainda estavam na floresta. Jason pediu para parar um pouco. Bruce ficou impaciente, mas concordou. Jason pegou um pouco de água e bebeu. Comeu mais uma barra de proteína.

— Pronto?

— Pronto.

Voltaram a correr.

Cinco quilômetros percorridos. O Jason suava pouco. Em 1 mês se acostumou com o treino aeróbico e fortaleceu as pernas. Ainda era a floresta, mas logo atravessariam uma ponte de madeira.

Dez quilômetros percorridos. Bruce sequer demonstrava esforço. Jason ofegava um pouco, mas era suportável. A floresta estava apenas na metade.

Vinte quilômetros percorridos. As pernas de Jason começaram a pesar. Correr uma maratona era bem diferente de correr dando voltas no templo. Bruce reclamou que o menino custava muito a correr. Mais uma vez houve a parada para um descanso curto. A floresta acabava ali.

A partir dali era uma paisagem totalmente diferente. O solo era de coloração branca e com rachaduras. Não havia árvores nem nada que lembrasse "vida".

— Se eu te disser que a região da floresta é um círculo e que a cidade no meio é um círculo pequeno dentro? A partir daqui a região não é mais área pertencente a cidade. Aqui a selvageria come solta. Pode suportar?

— Sim!!

— Aguente as consequências e o calor de mais de 40 graus. Vamos.

Eles desceram um pequeno barranco e puseram os pés no chão duro. Jason sentiu que era um chão quente e que a quentura subia avassaladora.

— Percebeu, não é? Essa é uma defesa natural contra os espíritos malignos que vez ou outra tentam chegar na minha cidade. É o famoso deserto de sal. A temperatura sempre é quente e sem umidade.

Jason engoliu em seco. Precisava enfrentar aquilo.