Mercedes P.O.V

Minha cabeça está explodindo. Eu estava jogada no sofá quando acordei e tentei abrir os olhos, mas meu cérebro ardeu com a luz, então fechei novamente, para logo depois tentar uma vez mais. Santana dormia em cima de Sebastian no sofá, Mike e Tina estavam aninhados no outro sofá e eu podia ouvir alguns barulhos vindos da cozinha. Olhei em volta e constatei que a casa estava um verdadeiro caos.

Me levantei meio tonta por causa da dor de cabeça e cambaleei até a cozinha, onde Rachel falava insistentemente sobre como fomos irresponsáveis, como beber antes dos 18 é errado e blá blá blá. Deus, essa menina nunca cala a boca? E Sam, o bocudo que é até bonitinho, estava sentado na bancada com uma cara de “me mate logo, pelo amor de Deus”.

_ Cala a boca projeto de Barbra. – eu mandei, entrando na cozinha - Se você não tem uma vida, ou tem e não tem vontade de vivê-la, não é culpa nossa. Então poderia calar a boca um pouquinho e tentar não irritar ninguém? O Sam já deve estar querendo se matar. - eu finalizei sentando do lado do loiro, que me lançou um olhar agradecido.

_ Mercedes, isso foi cruel. – ofendeu-se a baixinha – Pessoas que agem assim mostram que tem auto-estima baixa. – ela completou, dando uma de dona da razão.

_ Cara, você é sempre chata assim mesmo ou é só com a gente? Olha pro Sam e me diz se você acha que ele tá afim de te ouvir falar?

_ Obvio que ele está, porque ele é responsável e se interessa pela nossa segurança. Não é Sam? - ela perguntou enquanto colocava café em uma xícara com uma estrela dourada e o nome dela.

_ Eu... Ah... - ele começou a gaguejar, com medo do olhar dela.

_ Tá vendo? Ele tá querendo morrer com a sua ladainha. Então, cala a boca e vá caçar o que fazer. E libera a cozinha, porque enquanto eu tiver que agüentar esse inferno de morar com uma diva judia nariguda maluca, uma asiática gótica que eu suspeito ser uma vampira e um monte de adolescentes malucos amantes de tequila, espero que os espaços públicos da casa sejam tratados assim. Então que se foda seu amor pela segurança ou amor ao país, ou seja lá o que você queira dizer. Cale sua boquinha que canta muito bem pra alguém tão irritante, sente esse traseiro com saia horrível e cale sua boca até que alguém peça sua opinião, ou então agüente balas no seu cérebro. Capitche? – eu rosnei, tentando me lembrar onde estariam os remédios para tentar diminuir minha dor de cabeça.

Ela abriu a boca algumas vezes, mas desistiu de falar o que quer que fosse e saiu dali com sua xícara estranha. Eu suspirei, tomando coragem e indo até a geladeira apanhar alguns ovos.

_ Ovos com bacon? – ofereci a Sam que tinha a cabeça deitada no balcão, encarando fixamente o cereal.

_ Não...  Mas obrigado mesmo assim. Pelo ovo e por ter me livrado da matraca ambulante ali. – ele disse e eu sorri.

_ Tem certeza? Acho que seu cereal já virou papa. – eu apontei a tigela que parecia cheia de gororoba rindo, enquanto colocava pão na torradeira.

_ Eu gosto de papa. – brincou ele – Mas estou preocupado que Rachel vá fazer uma caneca com estrelas douradas para mim. E bom, meu parceiro de quarto já pensa que eu sou gay o suficiente.

_ Pera... Ele acha que... – eu comecei a rir e ele me acompanhou.

_ Pois é. Ele disse que sabe dessas coisas, mas eu acho que não... – ele respondeu, dando de ombros.

_ O Kurt é uma figura. Mas aquela garota Berry é um pesadelo! - eu reclamei e ele riu – Ria porque não é você que divide o quarto com ela.

_ Tem garotas mais legais... – ele lembrou enquanto eu punha ovos, torrada e o bacon requentado em seu prato - A Santana, a Brittany, a Quinn e a Kitty.

_ Mas elas nunca gostariam de mim, porque elas são lindas e populares demais. – eu lembrei a ele, sentando a sua frente.

_ Você também é linda, e engraçada e talentosa. – ele elogiou e eu corei.

_ Acha mesmo?

_ Ooh, só aquela dura que você deu na Rachel ontem... - ele disse e eu ri.

_ Obrigada.

_ Bom dia. - resmungou Santana, entrando na cozinha com uns óculos escuros estranhos.

_ Bom dia. – cumprimentou Puck, entrando no cômodo quase carregando Quinn – Ela exagerou um pouquinho.

_ Olá vocês. – eu disse rindo da situação das meninas. Depois de comer e tomar café, já me sentia melhor – Querem café? Acho que a loirinha botou pra fora tudo o que comeu na ultima década.

Eu coloquei café em suas xícaras e Santana logo esvaziou a dela, enquanto Quinn parecia ruim demais para sequer erguer os olhos para a sua.

_ Acho que a Quinn tá morta. – sussurrou Sam e eu ri.

_ Quem morreu? – perguntou Sebastian, entrando no cômodo e dando um beijo na cabeça de Santana antes de pegar uma tigela pra comer cereal.

_ A Barbie Girl se intoxicou de tequila. – brincou Puck, enquanto comia cereal direto da caixa.

Quinn P.O.V

Parece que meus músculos estão se desgrudando do corpo e tentando sair pela minha pele. Meu cérebro está se batendo contra as laterais do crânio. Meu estômago está embrulhado e eu não sei o que eu fiz ontem à noite. Se soubesse que ressaca era assim, teria ficado bem longe daquele negócio.

_ Bom dia galera! - gritou Finn, fazendo minha cabeça latejar e todos olharem para ele, assustados.

_ Como você pode estar tão alegre? - perguntou Marley, entrando logo atrás dele.

_ Liga não Hudson, é tudo fracote. – brincou Puck, colocando cereal no pote de Sebastian e voltando a comer – Aos 13 anos eu já bebia duas garrafas de tequila e acordava bem no outro dia. Bom dia amiguinhos. – gritou para Kurt e Blaine, que entravam.

_ Pra mim não tá tão legal. - disse Blaine, sentando e deitando a cabeça no balcão.

_ Só pros dois pinguços ali ta. – resmungou Santana – Vem Q, vamos dormir um pouco antes que eu morra. 

Chegando ao quarto dela e de Marley, ela me deitou na bicama dela, dizendo que se eu quisesse vomitar novamente, era só avisar. Ela se deitou em sua cama e começou a alisar meus cabelos, como minha mãe fazia, até que eu caísse na inconsciência.

Fui despertada por um barulho e abri os olhos, vendo Marley entrar com Britany e Tina.

_ A Mercedes trancou a Rachel na sauna pra galera ter um descanso. – explicou Marley, deitando em sua cama, enquanto as outras duas dividiam a segunda bicama – Agora está lá aproveitando o sossego do quarto para dormir.

_ E é melhor fazermos o mesmo. – disse Britt – Porque aquela lá não vai calar a boca para sempre.

Eu ri e isso fez minha cabeça doer. Santana voltou a fazer cafuné, e eu sorri para ela, sabendo que eu já tinha uma amiga naquela casa.