Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 58
Capítulo 54 - A Adaga


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, vim postar mais um capítulo. Gente, a fic chegou a 18 recomendações e mais de 10.000 acessos, algo que eu não esperava. Falando nisso, tenho que agradecer a fofa da Agente Foster pela recomendação que ela deixou. Amo vocês demais, minhas leitoras



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Capítulo 54 – A Adaga

Ela piscou com dificuldade. Estava escuro, mas uma luz fraca penetrava por uma fresta na janela. Escutou vozes de algum lugar ali perto e tentou entender o que diziam. Piscou mais algumas vezes, tentando-se acostumar com a escuridão. Algo apertava seus pulsos. Seus pés foram atados juntos. Ela estava amarrada a uma cadeira. Desesperou-se quando sentiu o pano enfiado em sua boca e desejou que Killian aparecesse para salvá-la. Por um momento, esperou que ele fosse aparecer magicamente, mas nada aconteceu.

– Mmmmmm! – alguém gemeu – Mmmmmmm!

– Calada! – veio a voz de Cora, de algum lugar na escuridão.

Uma luz foi acesa e finalmente Ruby viu onde estava. A biblioteca. Então se lembrou: Cora fingira ser Tinker Bell e a levara para longe do Granny’s, capturando-a em seguida. Ela arregalou os olhos quando viu Belle, também amarrada e amordaçada. Cora e Regina vieram até elas, notando que Ruby estava acordada.

– Bem, mamãe – disse Regina, olhando de Ruby para Belle – Parece que a bibliotecária não vai colaborar.

– Vamos tentar por uma última vez – falou Cora, aproximando-se de Belle – Vou lhe tirar a mordaça, querida, mas se gritar vou ser obrigada a machucá-la. - Cora lhe tirou a mordaça e Belle respirou fundo, assustadíssima.

– Por favor... eu já disse tudo o que sei... – ela chorava – Por favor, por favor, nos deixe ir...

– Não vai ser tão fácil, querida – Cora sorriu maldosamente – Você poderia ter livrado sua amiga disso se tivesse colaborado. Se nos dissesse onde a adaga está, nada disso seria necessário.

– Ainda pode livrar a senhora Jones disso – Regina ajeitou o casaco – Apenas diga onde está a adaga e libertamos vocês.

– Mas eu não sei onde está! – Belle exclamou, as lágrimas molhando sua blusa – Eu já disse, Rumple não revelou onde a escondeu. Ele não me disse nada, eu não sei nada sobre a adaga.

– Oh, é claro que não! – Cora riu – Sabemos que ele confia em você. Sabemos que ele jamais deixaria a cidade sem deixar a localização da adaga a alguém confiável. Acha que somos tolas, menina? – Cora se aproximou do rosto de Belle e agora estava quase gritando – Você nos subestima? Pois saiba que não somos idiotas. Onde está a adaga?

Belle caiu no choro e Ruby se desesperou. Regina já a machucara uma vez e agora estava acompanhada de Cora. Ela não pensava nela, mas nos bebês. Se elas machucassem os bebês...

– Vão em frente, me matem! – Belle falou, em meio aos soluços - Eu nunca vou trair o Rumple!

– Oh, mas que amor! – debochou Cora e Regina cruzou os braços, impaciente. – O que a faz pensar que vamos matá-la? Se importa com seus amigos, não é? Me parece que vocês duas são muito próximas – Cora encarava Ruby, que tremia – Diga-me, querida, seria capaz de sacrificar o amado Rumple por uma amiga?

A bibliotecária arregalou os olhos quando percebeu do que se tratava. Trouxeram Ruby para fazer com que ela falasse. Elas sabiam que as duas tinham se tornado muito amigas, sabiam que Belle jamais deixaria que machucassem um amigo seu.

– Não, não a machuque... – pediu Belle – Deixe a Ruby em paz.

Ruby chorava em silêncio e Cora estendeu a mão pra tocar na barriga dela. Ruby tentou gritar, mas a mordaça lhe impedia e ela só conseguiu soltar gemidos guturais. Cora gargalhou.

– Oh, não se preocupe, querida, não vou machucá-la. Soube que espera trigêmeos – ela sorriu, acariciando a barriga de Ruby – Ah, o milagre da maternidade... Eu detestaria machucar um bebê... Não, não chore, meu bem, vou lhe tirar a mordaça.

– Por favor, meus bebês não... meus bebês não... – Chapeuzinho implorou, tão logo Cora removeu a mordaça – Eu faço qualquer coisa, mas não machuque meus bebês...

– Tudo vai depender de sua amiga – disse Regina, aproximando-se. Logo Ruby se viu cercada pelas duas bruxas e chorou mais ainda. Regina se abaixou, de modo a ficar na altura de seu rosto – Sabe que posso lhe causar dor...

Cora passeou pela biblioteca, admirando os livros nas estantes altas. Virou-se para Belle em seguida, aproximando-se da garota e a encarando.

– Pela última vez, querida Belle, onde está a adaga de Rumplestiltskin? – perguntou pausadamente.

Belle hesitou. Olhou Regina parada ao lado de Chapeuzinho. A prefeita estendeu a mão, pronta para machucar Ruby caso Belle não cooperasse. Chapeuzinho implorava com os olhos. Estava aterrorizada, qualquer um podia ver isso, mas Belle conseguiu ler sua expressão. Ela implorava pra que Belle dissesse o que sabia, mesmo que isso prejudicasse Rumplestiltskin. Bem, ela amava Rumple, mas não podia sacrificar uma amiga por ele.

– Está bem! Está bem! – exclamou Belle, bem na hora em que Regina ia botar uma mão na barriga de Ruby – Ele deixou um mapa. Há um mapa...

– Onde está? – Regina recolocou a luva que tirara.

– Na terceira estante, entre os livros.

Cora e Regina se afastaram e Ruby respirou aliviada. Ela e Belle se olharam, desesperadas, e Ruby balbuciou um “obrigada”. Chapeuzinho tentou soltar suas mãos, mas o esforço era inútil. A corda cortava seus pulsos e ela sentiu dor nas costas pela posição em que estava amarrada. Se ao menos Gancho a encontrasse...

***

Não muito longe dali, Killian vagava pela cidade, atrás de Ruby. Ele sabia que algo de errado acontecera e rezava pra que a esposa estivesse bem.

Quando ele chegou ao apartamento e não encontrou Ruby, achou que ela podia estar no apartamento ao lado. Bateu na porta de Tink e Will e Tinker Bell atendeu.

– Oi, Killian! – ela cumprimentou alegremente – Entra, o Will está preparando o jantar.

– Ah, agradeço o convite, mas só vim buscar a Ruby.

– A Ruby não está aqui.

– Como? – Killian desesperou-se – Como não está aqui? Ela não veio com você?

– Do que está falando? – Tinker Bell ficou confusa e preocupada – Eu não vejo a Ruby desde hoje de manhã.

– Espera... está dizendo que não veio com ela pra casa?

– Não. Eu fiquei em casa a tarde toda... Killian, o que está acontecendo?

– Ah meu Deus! Ah meu Deus! – Killian pôs as mãos na cabeça e caminhou de um lado para o outro.

– Que foi? Que está acontecendo? – Will apareceu atrás de Tink – Aconteceu algo com a Ruby?

– Ela saiu do Granny’s com a Tink – explicou Gancho, tentando ficar calmo – E Tink disse que você tinha ido ao supermercado e que viriam pra casa juntos. Foi só por isso que eu deixei a Ruby vir sem mim.

– Eu não fui ao supermercado hoje – falou Will – Tink e eu ficamos aqui a tarde toda.

– Cora e Regina – concluiu Tinker Bell - Uma delas deve ter se passado por mim. Elas pegaram a Ruby, Killian.

– O que eu faço? O que eu faço? – Gancho ainda caminhava de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Ele não tinha magia e Gold estava fora da cidade. Não poderia enfrentar Cora e Regina sozinho.

– Calma, nós vamos ajudar.

Gancho pedira a ajuda de David e Mary também viera.

– O que vamos fazer? – Branca desesperou-se – Se elas machucarem minha irmã... ah, eu mato elas!

– Temos que agir com consciência – David pensava no que fazer – Sabemos o quanto elas podem ser perigosas.

– Por que elas iam querer a Ruby? – indagou Killian, mas ninguém sabia responder.

Separaram-se e cada um foi pra um lado. Enquanto eles rodavam a cidade procurando por Ruby, na biblioteca Cora encontrou um mapa escondido entre os livros. Eram apenas rabiscos desenhados em papel de seda, mas mãe e filha vibraram.

– É isto! A localização da adaga. Agora sim, Regina, agora teremos poder sobre o Senhor das Trevas.

Ruby estava chocada. Então era disso que se tratava? Encontrar a adaga de Rumplestiltskin e controlá-lo?

Belle estava lívida. Odiava Regina pelo sofrimento que a mulher tinha lhe causado e agora também odiava Cora. Ela encarava as duas mulheres com exasperação.

– Já têm o que queriam, agora nos deixem ir – falou, irritada.

– Ainda não, querida. – Regina examinava o mapa, virando-o e tentando entendê-lo. Voltou-se para a mãe, entregando lhe o mapa – Consegue ler isto? Porque eu não faço ideia de como lê-lo.

– Oh, parece o tipo de trabalho para um pirata – Cora abriu um sorriso, depois encarou Ruby – Espero que seu marido saiba ler mapas, querida – e desapareceu numa nuvem de fumaça roxa.

Gancho caminhara até a mansão de Regina, esperando encontrar as duas bruxas ali. Sabia que não tinha chance contra elas, mas também não ia permitir que machucassem Chapeuzinho. A casa, porém, estava vazia e com as luzes apagadas. Ele voltou ao centro de Storybrooke, sem saber o que fazer. Talvez devesse pedir a ajuda da Fada Azul, mas não devia ter muito que ela pudesse fazer. Acabou por encontrar Ruby vindo em sua direção.

– Onde esteve? – ele correu até ela, abraçando-a – Te procurei por toda parte. Achei que Cora e Regina a tinham pego.

– Belle precisou de mim e eu fui até a biblioteca – a falsa Ruby explicou, sorrindo gentilmente. – Desculpe, não queria te assustar.

– Por que não atendeu o celular?

– O que é um celular? – a falsa Ruby se transformou em Cora e Gancho deu um passo pra trás quando viu a bruxa – Esqueça, não estou mesmo interessada em saber – ela fez um movimento com as mãos e os dois foram engolfados por uma fumaça roxa, aterrissando na biblioteca em seguida.

– Belle! – ele exclamou quando viu a pobre bibliotecária amarrada à uma cadeira. Depois percorreu o lugar com os olhos e deu com Regina parada ao lado de Ruby, também amarrada – Ruby! – ele caminhou na direção da esposa, mas Regina o prendeu contra uma das estantes, derrubando alguns livros com o baque.

– Não, você não vai a lugar algum – ela disse e sorriu malvadamente – Temos um trabalho pra você.

– Não a machuquem! – gritou, tomado por fúria - Se ousar tocar nela eu...

– Vai fazer o quê? Me atacar com seu gancho? – debochou a Rainha - Eu não contaria com isso, Capitão. – virou-se para a mãe – Mamãe, o mapa.

– O que querem de mim? – Gancho lutava para se livrar do feitiço que o prendia. Já assistira Regina machucar Ruby e não queria que isso acontecesse de novo - Façam o que tiverem de fazer, mas não toquem na Ruby. Estão ouvindo? Deixem as garotas em paz.

– É claro, querido – Cora passou o mapa para Regina – Não vamos machucar as garotas, se você colaborar.

– O que querem de mim? – ele perguntou novamente e Regina desdobrou o mapa, mostrando-o ao ex-pirata.

– Consegue ler isto?

– É claro que consigo, sou um pirata.

– Decifre-o para nós e então os libertaremos. Ninguém precisa sair machucado, Capitão. A escolha é inteiramente sua.

Gancho olhou de Regina para Ruby e de Ruby para Belle. Seja lá o que fosse aquele mapa, não podia ser coisa boa. Pela expressão no rosto da pobre bibliotecária, ele podia dizer que aquele mapa tinha a ver com Rumplestiltskin.

– Me deixe adivinhar – ele falou – Este mapa tem a ver com o Senhor das Trevas... Por que precisam que eu o leia?

– Isto não é da sua conta! – Regina o empurrou mais contra a estante – Leia-o ou sua querida esposa vai sofrer as conseqüências. Já fiz vocês perderem um filho antes e odiaria ter que fazer isto de novo.

– Que tal me descer para o chão, aí penso na sua proposta?

Regina desfez a magia que o prendia e Killian caiu no chão, levantando-se em seguida. Encarou Regina.

– Então basta que eu decifre este mapa para vocês e vão nos deixar ir? Como vou saber que não estão mentindo?

– Um acordo é um acordo – Cora caminhava de um lado para o outro, impaciente – Tem nossa palavra.

– Está bem. – ele lançou um olhar a Belle – Desculpe, Belle, mas tenho que fazer isto.

Killian caminhou até a mesa, depois pediu por um mapa de Storybrooke. Enquanto ele trabalhava em silêncio, Regina e Cora o observavam e Belle e Ruby temiam por suas vidas.

– Acha que vão mesmo nos deixar ir? – Ruby sussurrou para Belle, que não estava muito longe dela.

– Acho que sim – a outra respondeu – Mas Rumple está em apuros... elas vão... elas vão matá-lo...

– Pensei que quisessem a adaga para controlá-lo.

– Não... – lágrimas grossas escorriam pelo rosto de Belle – Cora vai matá-lo e então vai se tornar a Senhora das Trevas.

Um arrepio de medo percorreu o corpo de Ruby. Cora como Senhora das Trevas? Ela nem queria imaginar o que seria daquela cidade se isso acontecesse. Gancho terminou de ler o mapa de Rumple e marcou um X no mapa de Storybrooke, no lugar em que a adaga possivelmente estava escondida.

– Bom trabalho, Gancho! – Cora elogiou, pegando o mapa – Vamos, Regina!

As duas desapareceram e Killian correu a desamarrar as garotas.

– Depressa, temos que ir! – ele disse, após soltar Belle.

– Ir? Ir para onde? – ela perguntou, confusa.

– Mandei Cora e Regina para o lugar errado – ele explicou, enquanto desamarrava Ruby – Enquanto elas estiverem na floresta teremos tempo de pegar a adaga.

– Você as enganou – Ruby sorriu, mais uma vez orgulhosa da esperteza de seu marido.

– Querida, não se esqueça, sou um pirata – ele sorriu pra ela e os três correram para a rua, onde encontraram os outros.

– O que aconteceu? Ruby, Belle, vocês estão bem? – Mary abraçou as duas, encarando-as com preocupação.

Belle explicou o que acontecera e todos ficaram muito alarmados quando descobriram os planos de Cora e Regina. Pelo menos estavam em vantagem. As duas agora cavavam na floresta, pensando que Rumple enterrara a adaga. Killian nem queria saber o que fariam com ele quando descobrissem que ele as enganara.

– E onde é que está a adaga, então? – perguntou Mary.

– Na torre do relógio – disse Killian – Vamos, temos que encontrá-la antes delas.

Subiram a escada circular da torre correndo. Lá em cima, os ponteiros se moviam como de costume, mas não havia nem sinal da adaga.

– Rumplestiltskin é esperto – falou David, iluminando cada canto com sua lanterna – Ele deve ter usado um esconderijo esperto.

– Killian, você decifrou esse mapa direito? – perguntou Tink.

– É claro que sim – ele revirou os olhos, irritado – Sou um pirata, não sou? Não é de se esperar que eu saiba ler um mapa?

– Talvez Rumple tenha feito um mapa falso – Belle pensou alto – Ele sabe que a adaga não está segura enquanto Cora estiver aqui.

– Bem, é uma possibilidade – falou Ruby – Ele não te disse nada? Nenhuma dica de onde pudesse estar?

– Não. Ele só me deu o mapa. Disse que eu devia esconder muito bem.

– Olhem – foi Will quem viu a adaga primeiro – Está no ponteiro do relógio.

– Eu não disse? Um esconderijo esperto – David ergueu a mão para alcançar o ponteiro que girava. A adaga estava colada atrás dele. Ninguém teria encontrado se não soubesse onde estava.

– E agora, o que faremos? – perguntou Mary, admirando o brilho da adaga. A lâmina era meio retorcida, com desenhos gravados nela e o nome de Rumplestiltskin – Eu odiaria ver o nome da Cora nessa coisa.

– Temos que ir pra um lugar seguro – disse David – Tão logo elas descobrirem que foram enganadas, virão atrás de nós.

– A loja do Gold – disse Belle – Podemos lançar feitiços, elas não vão conseguir entrar.

Correram em direção à loja de penhores, mas Rumple já tinha lançado um feitiço na porta que bloqueava a entrada de qualquer um. Talvez ele fosse o único que pudesse removê-lo. Belle resolveu contatá-lo e Rumple, ainda em Nova Iorque, ficou muitíssimo alarmado ante a possibilidade de Cora pegar a adaga.

Guarde-a em um local seguro – ele disse a Belle pelo celular – Confio em você, Belle. Em breve estaremos de volta à Storybrooke.

– Seu filho, você o encontrou? Encontrou Baelfire?

– Sim, eu o encontrei – a voz de Rumple soou triste – Mas ele não gostou de me ver... Preciso ir. Nos falamos depois.

– Você disse Baelfire? – Killian perguntou, depois que Belle devolveu o celular à Mary. – Baelfire é filho do Rumplestiltskin?

– Sim, você o conhece?

– Conheci...

Ruby olhou pra Gancho, fazendo menção de perguntar de onde ele conhecia o filho do Senhor das Trevas, mas não havia tempo pra isso. Belle disse que precisava encontrar um esconderijo seguro e Tinker Bell sugeriu que levassem a adaga ao convento das freiras/fadas. Elas poderiam protegê-lo com sua magia do bem.

– Isso é tão legal da parte de vocês – Belle agradeceu sorrindo – Ajudar o Rumple dessa forma. Ele pode ser um homem bom, vocês sabem.

– Sim, querida, nós sabemos – Cora e Regina apareceram em sua nuvem de fumaça e suas caras não estavam nada boas.

Antes que pudessem fazer qualquer coisa, Regina agarrou Ruby, segurando uma pequena adaga contra seu pescoço e Cora usou seu poder para erguer Mary Margaret, prendendo-a bem num dos ponteiros do relógio.

– A adaga – ela estendeu a mão para Belle, encarando-a de forma ameaçadora – Me dê a adaga, ou veja suas amigas morrerem.

– Não as machuque! – David puxou sua espada, mas aquilo foi inútil porque Cora mandou a espada para um lado e o príncipe para o outro.

Mary Margaret gritava, segura apenas pela gola da blusa. O ponteiro de metal não ia agüentar muito tempo e ela ia despencar, arrebentando-se na calçada. Ruby tremia, sentindo o metal frio da adaga contra seu pescoço. Gancho caíra quando Cora jogara David em cima dele. Tinker Bell bem que tentou fazer alguma coisa, mas já não tinha seus poderes de fada.

– Deixe-nos em paz! – ela gritou, numa onda de raiva.

– Cale-se, menina tola! – Cora a mandou voando pra cima de Will e os dois despencaram no asfalto.

– Pare! – Belle gritou – Não precisa machucar estas pessoas! Por que vocês são tão cruéis?

– Oh, você não entenderia, querida – Cora riu – Quanto tempo até nossa querida Branca cair? – ela olhou pra cima, onde uma Mary Margaret desesperada tentava se agarrar a algo. – Pelo menos o ponteiro não está girando...

– Se eu lhe der a adaga vai nos deixar em paz? – Belle agarrava a adaga com tanta força que sua mão já estava vermelha - Não vai machucar ninguém?

– Pouparemos as vidas de seus amigos – respondeu Regina, ainda apertando a adaga contra a garganta de Ruby – Por que não salva o dia? Entregue-nos a adaga e ninguém precisa se machucar.

Enquanto tudo isso acontecia, Gancho se recuperava do tombo. David caíra por cima dele e desmaiara, assim como Tink e Will, que estavam caídos ali perto. Ruby estava em perigo! Ele daria sua vida por ela, mas não havia muito o que pudesse fazer, tudo dependia de Belle agora. O homem olhou pra cima, pra Mary Margaret. Ela ia cair. Ele tinha que fazer alguma coisa, precisava defender aquelas pessoas, elas eram sua família. Mas ele não tinha magia, não havia como lutar contra Cora e Regina sem magia.

“O que eu faço?” perguntou a si mesmo “O que eu faço?”.

Talvez pudesse machucar Regina com seu gancho, mas aí ela ia cortar a garganta de Ruby. O gancho... Era isso, o gancho! Ele se lembrou de quando Regina o encantara, vinte e oito anos atrás. Lembrou-se de quando ela o mandara por um chapéu pra matar Cora. “Seu gancho está encantado, assim vai poder arrancar o coração dela” Regina dissera “Mas cuidado, só vai ter uma chance, só pode arrancar um coração. Não desperdice a oportunidade”.

Uma chance, ele tinha uma chance. Afastou David para o lado e se levantou de um pulo. Uma chance. Ele ia fazer isso por Ruby. Por ela Gancho faria qualquer coisa. Aproximou-se de Regina por trás enquanto ela mandava Belle lhe entregar a adaga. Ninguém precisava se machucar, Regina dissera. Belle estava prestes a entregar a adaga a Cora quando Killian, num movimento rápido, enfiou seu gancho nas costas de Regina, arrancando-lhe o coração. Ela soltou um grito, um misto de surpresa e dor. Ruby não teve tempo de ver o que acontecia, mas aproveitou que Regina afrouxou a mão que segurava a adaga e inverteu os papeis. Agora era Ruby quem estava segurando a adaga contra a garganta da rainha.

– Regina! – Cora arregalou os olhos.

Tudo acontecera tão depressa que nenhuma das duas bruxas teve tempo de revidar. Agora Regina estava sem coração e sob a mira de uma adaga. Mary Margaret viu tudo de lá de cima. Ela conseguira se segurar no ponteiro e agora estava agarrada nele, tentando encontrar um meio de descer. Gancho segurava o coração negro de Regina. Bem, não era inteiramente negro, ainda havia alguns indícios de vermelho, o que significava que ela não era de todo má. Talvez Regina ainda tivesse salvação, já Cora...

– Regina, desça Mary Margaret para o chão – falou Killian – ou eu esmago seu coração.

A Rainha não tinha escolha, já que Ruby segurava uma adaga contra sua garganta. E além do mais, como Henry dissera, quando se tinha o coração de uma pessoa era possível controlá-la. Gancho agora controlava Regina e ela não teve alternativa a não ser fazer Mary descer. Branca ajeitou a roupa no corpo e correu para o lado de Gancho e Ruby.

– Nos deixe em paz, Regina – disse, encarando tanto Cora quanto Regina – Você já perdeu o amor de seu filho, não vai querer perder a vida também.

– Mamãe – disse Regina, pela primeira vez vulnerável diante daquelas pessoas – Faça alguma coisa...

Cora parecia meio indecisa. Sabia que Regina estava ameaçada, mas ainda queria a adaga. Regina poderia muito bem atirar Ruby e todos os outros pra longe, mas Gancho ainda segurava seu coração e poderia esmagá-lo a qualquer momento.

– Sei que não tem um coração, Cora – falou Gancho, segurando o coração firmemente pra evitar que caísse – você me disse isso uma vez, no País das Maravilhas. Sei que não é capaz de sentir sem ter um coração e talvez nunca tenha amado sua filha, mas duvido que a deixaria morrer apenas para ter poder em suas mãos. É isto que você quer? Quer que Regina morra? O que será que realmente vale à pena? Poder ou amor?

Cora o encarava. Enquanto isso, David recobrou a consciência e se levantou, ainda zonzo. Ficou aliviado ao ver que Mary já estava no chão e surpreso por ver Killian segurando um coração e Ruby com uma lâmina no pescoço de Regina. Mas que diabos estava acontecendo?

– Ruby, solte a Regina – pediu Killian.

– Sabe que ela pode nos machucar – Ruby estava aturdida – Ela já fez isso antes, Killian.

– Eu sei, querida, mas não vamos nos rebaixar ao nível dela, não é? – ele suspirou – Solte-a. Ela não pode nos machucar mesmo, não enquanto eu tiver seu coração.

Ruby largou Regina, mas continuou segurando a adaga por segurança. A prefeita cambaleou para o lado de Cora e encarou os outros. Seu coração pulsava na mão de Gancho. Ela não sabia o que fazer e mesmo Cora parecia meio paralisada.

– Vamos, Regina – foi tudo o que ela disse.

– Mas... mas meu coração...

– Vamos, não podemos fazer nada.

– Eu o devolverei a você se tiver certeza de que não vai machucar mais ninguém – disse Killian.

Regina o encarou por uns minutos, depois ela e a mãe sumiram, envolvidas pela fumaça.

***

– Sim, está tudo bem, Rumple. O Killian é um gênio, ele arrancou o coração da Regina. Sim, sim ele salvou a todos nós...

Belle conversava com Rumplestiltskin pelo telefone, tranqüilizando-o. Estavam no apartamento de Mary Margaret e ela entregava uma bolsa de gelo a Tinker Bell.

– Aquela maldita bruxa – Will resmungou, sentindo dores por todo o corpo.

Killian guardara o coração de Regina numa caixa e a caixa agora estava escondida no armário de Mary Margaret. Ele puxara Ruby para seu colo e agora ela descansava com a cabeça apoiada sobre seu ombro.

– Você foi muito esperto, sabia? – ela sorriu, acariciando a barba do homem.

– Eu só fiz o que tinha que fazer – ele sorriu de volta. Estava se sentindo muito bem. Derrotara Regina e agora todos o parabenizavam por seu feito. – Fiz isso por você e por nossos bebês. Não achou que eu fosse deixar a Regina te ameaçar daquele jeito achou?

– Você foi tão corajoso! – ela lhe deu um beijo na bochecha e voltou a se deitar sobre seu ombro.

– Sabe de uma coisa? Ele devia saber que alguma coisa assim ia acontecer. Rumplestiltskin. Lembra quando ele pediu meu gancho em troca de informações? Acho que estava se certificando de que o gancho ficaria seguro, ele sabia que um dia eu ia precisar dele pra nos defender da Regina.

– O Gold é tão esperto que até me assusta!

– Como? – Belle ainda estava no telefone – Como assim o Henry é seu neto? Então ele é filho do Baelfire?

Todos arregalaram os olhos, menos David e Mary Margaret, que já sabiam da história.

– Esqueci de contar a vocês – disse Mary, preparando chá para todos – Emma me ligou mais cedo, tinha acabado de descobrir que o pai do Henry é filho do Gold. Pobre Emma... não foi nada fácil reencontrar seu antigo amor.

– Isso é uma loucura! – Gancho exclamou – Baelfire é pai do Henry?

– De onde você o conhece, afinal? – Belle perguntou, já desligara o telefone.

– O garoto estava na Terra do Nunca, na primeira vez que estive lá, num dos meus sonhos. Todos conhecem a história de Peter Pan, não é? O garoto levou Wendy Darling e seus irmãos pra Terra do Nunca. Acontece que Baelfire estava vivendo com os Darlings e foi junto. Isso foi antes de Peter Pan ser corrompido pelo mal. Eu os conheci e Bae me falou de seu pai, que ele o abandonara, mas não chegou a mencionar que era filho do Senhor das Trevas. Depois disso eu nunca mais o vi, mas sei que ele viveu na Terra do Nunca por um bom tempo.

– Eu me lembro dele – Tink sorriu – Não o vi muitas vezes, vocês sabem, Pan não me deixava sair do Refúgio das Fadas. Mas ele parecia um bom garoto. Depois arrumou um jeito de escapar e nunca mais soube dele.

– Depois ele veio pra cá, cresceu e conheceu a Emma – Ruby bocejou – Que coincidência!

– Eu chamaria de destino – falou Mary – Se Henry não nascesse e viesse parar em Storybrooke, não ia descobrir a história da maldição e ir atrás da Emma.

Ficaram calados por uns instantes, pensando sobre como o destino era engraçado. Depois Will levantou o assunto do coração.

– O que faremos? Devolvemos a Regina?

– Não sei se é seguro – disse Killian – No momento em que tiver seu coração de volta, Regina pode nos matar. Talvez devêssemos esperar por Gold.

– Eles vão pegar outro avião amanhã – informou Belle – Parece que Baelfire também está vindo.

– Se Rumplestiltskin é avô do Henry, então Regina e Cora não podem machucá-lo. – David pensou alto – Elas não podem matá-lo, isso devastaria Henry.

– Cora não tem um coração – Mary estava pensativa – Vocês viram como ela ficou quando viu que Regina estava em perigo? Qualquer mãe teria defendido o filho, mas Cora ficou paralisada. Se ela não tem um coração, não pode amar a Regina. Por isso ela é tão cruel. Talvez, se recolocássemos o coração de Cora...

– Acha que ela ficaria boa? – Will arqueou a sobrancelha – Porque Regina tinha um coração e isso não a impedia de fazer maldades.

– Sim, mas ainda há coisas boas nela... Poderíamos tentar, não é? Acho que Cora deve ter passado por coisas muito dolorosas, pra ter tirado o próprio coração.

– Eu concordo com a Branca – Ruby bocejou mais uma vez – Talvez ela não fosse tão cruel se tivesse um coração.

***

– Poderiam ter me matado, mas não mataram – disse Regina, parada à porta de sua mansão. – Por quê?

– Não somos como você Regina – Branca respondeu, devolvendo-lhe a caixa que continha seu coração – Acreditamos que ainda há algo de bom em você.

Regina segurou a caixa e olhou de um para o outro, aturdida.

– Isso é algum tipo de brincadeira? – a prefeita estava desconfiada – Algum tipo de armadilha?

– Não – David respondeu – Estamos lhe devolvendo seu coração porque é o certo.

– Tomei a liberdade de entrar no seu cofre – falou Branca – Encontramos o coração de Cora. Você sabe que ela não o usa, não sabe?

– Entraram no meu cofre? Como ousam...

– Fiz isso pelo bem maior – Branca não parecia nem um pouco amedrontada, mesmo Regina a encarando daquele jeito – Ele está aqui. O coração de Cora – Mary apanhou a pequena caixa de madeira que David carregava – Sabe que ela não pode te amar se não tiver um coração.

Branca passou a caixa para Regina, que ainda estava muito desconfiada. Por que Branca de Neve e Príncipe Encantado estavam lhe devolvendo seu coração? Por que fazer isso quando tiveram a oportunidade de matá-la?

– Cora nunca te amou, Regina.

– Ela sempre quis o melhor pra mim. Isto é amor!

Mary balançou a cabeça.

– Não é amor de verdade. Você nunca sentiu que ela a amasse, sentiu? Isso é porque ela não ama. Imagine o amor verdadeiro... Vocês poderiam ser uma família, nós... nós seriamos uma família. É disso que Henry precisa, Regina, uma família. A escolha é sua...


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