Como Irritar Um Capitão Pirata escrita por Mrs Jones


Capítulo 26
Capítulo 22 - Tinker Bell e novas leis no navio


Notas iniciais do capítulo

Olá, Feliiiiz Nataaaal! Eu ia fazer um capítulo maior como presente de Natal pra vcs, mas acabou que com a correria aqui em casa eu não tive tempo. Talvez eu faça um capítulo maior depois de amanhã, e se der já posto aqui, mas de todo jeito vou tentar postar o próximo ainda essa semana. Espero que gostem desse, tem menos diálogos e mais narrações. E eu não encontrei um nome melhor para o capítulo, então se alguém tiver uma sugestão, pode me falar que depois eu mudo. Também aceito sugestões para a história. Eu já sei praticamente tudo o que vai acontecer até a maldição, mas se vocês tiverem alguma ideia, me falem que talvez eu coloco na história. E tenho que agradecer as recomendações de Ruby Jones, Nana Cookies, Feh97 e Baker Street (desculpem se tiver esquecido alguém), fiquei muito feliz quando li as recomendações de vocês, é por isso que eu amo minhas leitoras. Espero que gostem...



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Capítulo 22 – Tinker Bell e novas leis no navio

Dois dias depois...

Desde a chegada de Elizabeth, Will estava agindo como um bobo apaixonado. Isso causou ciúmes em Tinker Bell e a fada estava mais irritada do que nunca.

– Mas o que aconteceu com ela? – o Capitão perguntou a Ruby. Não pudera deixar de notar que Tink tinha mudado muito nos últimos dois dias: estava sempre impaciente, tratava os outros com ignorância e, além disso, reclamava de tudo. Nem parecia a mesma garota animada de antes.

– Digamos que ela está passando por um período ruim... – a Princesa respondeu. Não podia dizer ao Capitão o verdadeiro motivo do comportamento de Tink.

Ruby sempre cumpria com suas tarefas de criada-de-bordo, mas ultimamente ela não tinha muito o que fazer já que Ariel e Mabel tinham virado ajudantes do cozinheiro e a cabine estava sempre arrumada. Então a Princesa simplesmente subia ao convés e ficava por ali conversando com Killian enquanto ele a ensinava algumas coisas sobre navegação. Ela já estava até aprendendo a ler mapas estelares.

Elizabeth ainda se recuperava. Felizmente agora eles sabiam exatamente o que acontecera no dia em que ela foi encontrada.

– Fomos atacados por corsários – ela contou a Ruby, Killian e Will, quando estes foram interrogá-la – Ao que parece eles tiveram ordens para destruir qualquer navio pirata que passasse por ali. Vocês tiveram muita sorte.

– E o que você estava fazendo num navio pirata? – Will perguntou, sem poder tirar os olhos da moça.

– Ah bem, eu estava fugindo... Meu pai queria que eu me casasse com um homem que eu não amo – ela acrescentou quando viu as caras que eles fizeram, como que esperando que talvez ela fosse uma ladra ou assassina – Eu não estava pensando direito quando resolvi me juntar aos piratas. Todos morreram sem que eu pudesse fazer nada... Um deles tentou me matar e quase conseguiu – ela apontou para a atadura em sua barriga que escondia um corte grande, mas superficial. – Felizmente eu o matei antes...

Elizabeth passava o tempo todo na cabine, de forma que Tinker Bell era vista em qualquer lugar menos nos aposentos do Capitão. Desde que aquelas pessoas haviam se tornado parte da tripulação, havia sempre uma confusão ou outra. O Capitão já estava ficando cansado de resolver tanta coisa.

– Isso está uma bagunça – o Capitão suspirou meio irritado por seu navio ter se tornado algo que ele mesmo não conseguia controlar. Ruby deu uma olhada pelo convés, alguns marujos estavam sentados bebendo e conversando. Geralmente todos ficavam muito ocupados cuidando de suas tarefas, mas ultimamente não faziam nada além de comer e dormir. Apenas Thomas e Beto esfregavam o chão, como castigo por terem brigado e quase destruído a cozinha. O Capitão os sentenciara a passar uma semana esfregando o convés e agora os outros marujos se divertiam ao zombar deles.

– Talvez eles mereçam um descanso – Ruby falou e o Capitão teria concordado não fossem as circunstâncias.

– Vamos ter tempo o suficiente para descansar quando chegarmos às Ilhas Maravilha, agora temos que estar preparados. Não se esqueça de que há corsários por aí...

Ruby já ouvira falar dos corsários, eram como piratas, só que agiam sob as ordens de um rei. Eles saqueavam navios inimigos e causavam destruição por onde passavam. Diziam que eles eram piores até do que os próprios piratas.

Na noite do quarto dia, uma tempestade os pegou de surpresa. A chuva forte açoitava as velas e elas tiveram de ser recolhidas e amarradas. As moças estavam amedrontadas e o Sr. Smee tentava tranqüilizá-las dizendo que já haviam passado por tempestades piores antes e o Jolly agüentara muito bem.

– Killian está lá em cima – Ruby falou preocupada. O navio balançava de um lado para o outro e tanto Ellanor quanto Tinker Bell reclamavam de enjôo. Antes que alguém pudesse impedi-la, a Princesa subiu ao convés para ver o Capitão.

O chão estava muito escorregadio e ela quase caiu, mas correu até o Capitão, que estava encharcado e lutava com o leme. Raios cortavam o céu tempestuoso e de tempos em tempos, trovões reverberavam por ali.

– Mas que raios está fazendo aqui em cima? – o Capitão berrou por cima do som da chuva.

– Vim ver se está bem – ela gritou de volta ao mesmo tempo em que se encolhia de frio.

– Vai acabar pegando uma pneumonia.

– Não me importo, me preocupo mais com você.

– Ruby, estou falando sério.

– Eu também estou.

O Capitão balançou a cabeça e riu. Como ela era teimosa! Preferia pegar chuva e fazer companhia ao Capitão a ficar lá embaixo na cabine com as outras garotas.

– Eu vou ficar bem. Agora vá trocar de roupa e fique bem aquecida.

– Eu não vou! Você não manda em mim.

– Vá logo, mocinha, antes que eu fique bravo com você. Ruby apenas cruzou os braços, decidida a ficar ali. O Capitão começou a ficar bravo com ela e a princesa apenas ria.

– Smee! Assuma o comando! – ele gritou a Smee quando este veio andando pelo convés.

O marujo substituiu o Capitão no leme e Ruby ficou surpresa por ver que o Capitão tinha falado sério quando ameaçara arrastá-la até a cabine. Killian a levantou com facilidade e então simplesmente jogou a Princesa sobre o ombro e caminhou tranquilamente em direção a cabine.

– Mas o que está fazendo? Me põe no chão! – ela esperneava.

Quando chegaram à cabine, as outras moças riram ao ver que o Capitão carregava Ruby e ela protestava. Killian atirou a princesa na cama sem a menor cerimônia e então procurou por uma muda de roupa no armário.

– Vá se trocar antes que fique doente – ele ordenou em seu típico jeito mandão – E vocês fiquem de olho nela. Tranquem a porta se for necessário. – ele saiu fechando a porta e as garotas suspiraram.

– Ele é tão atencioso! – disse Ariel

– Tão protetor! – falou Mabel

– Eu preciso de um homem assim – Elizabeth sonhou alto.

– Ele é um mandão isso sim – Ruby resmungou enquanto se trocava. Depois se enroscou entre as cobertas e fingiu estar dormindo apenas para evitar falar sobre Killian. As outras garotas acabavam deixando Ruby sem graça às vezes e ela realmente se sentia confusa, ainda mais agora que o Capitão andara falando em casamento. Será que ela queria isso mesmo para sua vida?

Ela fechou os olhos, mas levou um tempo até dormir. Ficou escutando o som dos trovões enquanto o navio chacoalhava e pensou no Capitão, disposto a fazer qualquer coisa apenas para que ela tivesse uma festa de aniversário. Quando ela finalmente dormiu, sonhou que Killian a pedia em casamento e ela aceitava, mas seu pai aparecia e acabava prendendo o pirata...

Quando acordou na manhã seguinte, a princesa encontrou o sol entrando pela janela. As moças conversavam baixinho para não acordá-la, e Ruby sentiu seu corpo pesado. Ela espirrou e Mabel logo notou que ela não estava com uma aparência boa.

– Xi! Acho que você pegou um resfriado. E está tão pálida...

– Vou pedir ao cozinheiro para preparar um chazinho – Ariel foi à cozinha e Elizabeth disse que faria companhia a Ruby enquanto as sereias ajudavam o cozinheiro.

– Você se preocupa mesmo com o Capitão, não é? – ela perguntou a Ruby quando as duas ficaram sozinhas. Liza já estava recuperada, embora ainda tivesse que trocar as ataduras de seu ferimento, e agora queria se fazer útil no navio.

– Ah, me preocupo sim – a princesa respondeu meio rouca e sorriu – Levou um tempo até eu perceber que realmente gostava dele, mas hoje sei que faria qualquer coisa por esse imbecil.

– Bem, ele também se preocupa com você, ou não teria te carregado até aqui para impedir que ficasse na chuva.

Ruby riu e se encolheu mais entre os cobertores, ela realmente estava com frio e tinha dormido no chão, já que Elizabeth ainda estava se recuperando e ocupava a cama do Capitão. Logo a moça disse que estava bem e então cedeu a cama à Ruby, que protestou um pouco, mas logo foi se aconchegar no macio. Pouco depois o Capitão apareceu.

– Está resfriada? Eu sabia que isso ia acontecer – ele colocou a mão na testa da moça para verificar se ela não estava com febre e Ruby espirrou, mas tratou de dizer que estava bem.

– Você não está nada bem. É melhor ficar de repouso.

Ela não teve escolha a não ser obedecer, até porque, ela mal conseguia se levantar de tanto que seu corpo doía. Ficou a manhã toda de cama e o Capitão vinha visitá-la de tempos em tempos, quando era substituído por Smee. O cozinheiro preparou um chá forte de ervas e isso a animou um pouco, mas ela ainda se sentia como se uma manada de elefantes tivesse passado por cima dela.

– Como é que você não se resfriou? – ela perguntou ao Capitão com a voz rouca – Ficou mais tempo do que eu na chuva.

– Isso porque já estou acostumado. Você nunca deve ter tomado chuva antes...

Era verdade. Fora a primeira vez que ela tomara banho de chuva, pois em sua vida de princesa ela jamais pudera fazer algo parecido. Ruby sentia se livre para fazer o que quisesse, agora que não era mais uma princesa, e às vezes ela exagerava um pouquinho.

No fim da tarde, ela subiu ao convés para respirar ar puro e assistir ao pôr do sol. O Capitão ficou feliz de ver que ela estava melhor.

– Por que você insiste em se preocupar tanto comigo? Eu já lhe disse que estou bem. – ela disse irritada com o excesso de preocupação do Capitão e ele riu.

– Eu não posso evitar. Você é minha mulher e tenho obrigação de cuidar bem de você.

Ela sorriu. Embora o Capitão estivesse parecendo um tanto quanto possessivo, ela gostara de ser chamada de sua mulher.

Ao cair da noite, depois de tomar a sopa que o cozinheiro preparara, Ruby acabou indo pra cama, já que o Capitão insistia que ela devia descansar. Ela não teve certeza de quanto tempo dormiu, mas estava tão cansada que só acordou na manhã seguinte quando o Capitão apareceu na cabine todo animado.

– A viagem atrasou por causa da chuva, mas já estamos bem perto. Ah, você vai adorar as Ilhas Maravilha – ele ia dizendo enquanto remexia nuns mapas e anotações – Acho até que vai querer ficar por lá e... Ruby?

A princesa não dissera nada e estava tão encolhida entre as cobertas que o Capitão ficou preocupado. Ele se aproximou e viu que ela estava muito pálida e trêmula, parecia estar lutando para ficar acordada.

– Estou bem – ela balbuciou fracamente.

Killian se abaixou ao lado da cama e só de encostar a mão no rosto da moça viu que ela estava com febre. Ele ordenou que lhe preparassem um banho frio e ela nem chegou a reclamar, tão fraca que estava. Elizabeth e Ariel a ajudaram no banho e o Capitão fora a cozinha pedir ao cozinheiro que preparasse algo forte o bastante para combater a gripe, pois pelo visto o chá de ervas de nada adiantara.

Quando retornou à cabine, Gancho ficou aliviado ao saber que a febre abaixara, mas a moça tossia muito e se queixava de dores pelo corpo. Protetor, ele a envolveu em seus braços e ficou cuidando dela o dia todo.

– Não tinha que estar lá em cima? – ela murmurou contra o peito do Capitão, que a abraçara carinhosamente e tentava aquecê-la.

– Meu lugar é aqui, cuidando de você. Smee pode se virar lá em cima, agora que não tem mais que fazer as vontades da Ellanor.

– Hum – ela murmurou e pensamentos ruins passaram pela cabeça de Killian. Ele se lembrou de sua mãe e de como a doença a arrastou para a morte, levando-a a decadência a cada dia que passava. Ele não podia suportar aquilo de novo. Não com sua Ruby. Ele ia cuidar dela até que ficasse boa.

Houve uma breve batida na porta e em seguida Ellanor entrou trazendo uma xícara de chá fumegante.

– Vocês são tão burros! – ela exclamou alto – Deviam ter me dito logo que a menina estava doente. Isto aqui vai fazer você melhorar rapidinho.

Ruby bebericou o chá e o Capitão olhou a bruxa, meio desconfiado.

– Ah, não me olhe assim. Eu não vou cobrar nada por isso...

A cor foi voltando ao rosto de Ruby aos pouquinhos e ela sentiu seu corpo esquentar. Ela logo se livrou dos cobertores e começou a suar como se fosse um dia quente de verão. O Capitão ficou assustado, mas a bruxa o tranqüilizou:

– Esta poção vai dar febre, mas é normal. Só não vá mergulhar na água fria ou a poção não vai surtir efeito... – e dizendo isso ela saiu, deixando Ruby e Killian sozinhos.

– Você está queimando de febre! – Killian se desesperou, apesar do que a bruxa lhe dissera.

– Está muito quente! Eu preciso de água! – ela tentava se abanar com as mãos.

– Não! Não viu o que ela disse? A água vai cortar o efeito da poção.

– Eu não agüento mais! Vire-se de costas! – ordenou, e antes que o Capitão conseguisse entender o que ela ia fazer, Ruby já estava se despindo. – Vire-se logo!

– Você não vai entrar na água! – ele já ia impedi-la de se atirar na tina cheia d’água, mas pelo visto a intenção da moça era outra.

– Eu não vou. Só quero me livrar dessas roupas quentes. – ela disse ao mesmo tempo em que fazia o Capitão se virar de costas. Continuou a retirar as roupas que usava: primeiro um casaco pesado de couro que Killian a obrigara a vestir, depois uma camisa de mangas compridas que ela costumava usar em dias mais frios e por fim a calça preta também de couro.

– Eu já estou com calor só de ver você assim – o Capitão falou e Ruby se enrolou num lençol antes que ele se virasse para olhá-la. Killian começou também a se abanar e a princesa foi para perto da janela, por onde entrava uma leve brisa.

– Isso não acaba mais? – ela disse ainda calorenta e o Capitão se virou para olhá-la. Quando se deparou com aquela garota enrolada apenas num lençol, ele não pode deixar de sorrir safado.

– Uh! Como eu queria que esse lençol caísse...

Ela estava vermelha e ele não sabia se por vergonha ou por calor. Ruby não disse nada e o Capitão se aproximou:

– Talvez eu possa ajudá-la...

– Sai pra lá. Sei bem o que está pensando – ela se afastou, agarrando o lençol mais perto do corpo. Embora usasse as roupas de baixo, ela não queria que o Capitão a visse quase nua. Killian riu:

– Você sempre pensa coisas pervertidas...

– Você é quem sempre insinua essas coisas...

– Eu só ia sugerir que você ficasse debaixo da janela – ele disse inocentemente.

– Mas era exatamente o que eu estava fazendo.

O Capitão a arrastou para perto da janela, ao mesmo tempo em que a porta abriu e Ariel pôs a cabeça pra dentro.

– Ei, Capitão... Ah! Céus! Me desculpem! – ela enrubesceu ao notar Ruby enrolada no lençol e o Capitão ainda segurando no braço dela. Pelo visto, a sereia teve uma ideia errada do que estava acontecendo ali.

– Não é nada do que você está pensando! – Ruby se apressou em dizer.

– Nós... hum, não estávamos fazendo nada – disse o Capitão ficando muito sério de repente, e a Princesa notou que ele estava envergonhado.

– Hum... ahn, eu só vim dizer que o Sr. Smee está chamando... – Ariel falou meio constrangida e logo depois fechou a porta, sem esperar que algum dos outros dois dissesse ou fizesse algo.

– Ela achou que nós tínhamos... – o Capitão falou risonho e Ruby não esperou que ele completasse a frase, já imaginando o que ele ia dizer.

– Vire-se! Eu vou me vestir.

– Pensei que estivesse com calor – ele riu.

– E estou. Mas não quero que pensem coisas a meu respeito...

Killian riu.

– Oh, não se preocupe. Isso não vai acabar com sua reputação de boa moça. Eu posso dizer a eles que nos consideramos casados...

– Pare com isso. O que ainda está fazendo aqui? Smee quer falar com você.

O Capitão riu mais uma vez e piscou para a moça antes de sair.

– Da próxima vez, não se dê ao trabalho de usar um lençol...

***

Como esperado, a poção realmente surtiu efeito. Depois de sentir aquele calor todo, Ruby ficou feliz ao constatar que a gripe fora embora. Ela subiu ao convés, mais radiante do que nunca, e o Capitão sorriu ao vê-la assim tão bem. Por outro lado, as outras garotas a olharam maliciosamente e Ruby ficou completamente sem graça e envergonhada.

– Ah, olá. Ficamos sabendo umas coisas a seu respeito – Mabel sorriu e Ruby ficou mais vermelha do que já estava.

– O que você andou dizendo a elas? – perguntou a Ariel, que riu e deu de ombros.

– Nada. Só comentei que você estava sozinha com o Capitão, usando apenas um lençol.

– Mas, eu só estava...

– Eu disse a vocês que isso logo ia acontecer – Mabel disse maldosamente – Espero que o Capitão tenha sido gentil.

– Ei, nós não fizemos nada...

– E eu realmente pensei que você era inocente demais pra essas coisas – Liza comentou de um jeito sinistro e Ruby tratou de ir explicando o que realmente acontecera.

– Ah bom. Por que não disse antes? – Mabel indagou depois que a Princesa esclareceu tudo.

– Eu bem que tentei. Acham mesmo que eu faria coisas tão... tão pervertidas com o Capitão? – Ruby encarou o chão e apertava as mãos enquanto falava.

– É claro que não. Só estávamos brincando. – Liza riu e logo as quatro estavam rindo como adolescentes.

– O que é tão engraçado? – Killian apareceu atrás delas e todas se calaram – O que foi? Vocês são mesmo doidas...

O Capitão balançou a cabeça e saiu em direção à cabine enquanto que as garotas começaram a rir de novo.

– Devia ver sua cara – Mabel ria alto apontando para Ruby.

– Parem com isso – ela colocou as duas mãos no rosto – Já estou com vergonha.

– Ei, alguém viu a Tinker Bell? – Will veio até as garotas – Eu não a vejo desde cedo.

– Acho que ela está no porão com a Ellanor – disse Ariel e Will agradeceu descendo para o porão.

– Vejam só quem está toda apaixonada... – Mabel disse olhando para Liza e foi a vez da moça ficar envergonhada.

– Eu não estou... – disse, mas seu olhar para Will revelava outra coisa...

***

– Acha que ele está gostando dela? – Tink perguntou a Ruby quando esta veio lhe visitar no porão. Will tinha acabado de sair de lá e Ruby, preocupada com a fadinha, foi ver o que estava acontecendo a ela. Tink voltara a seu tamanho normal e agora se refugiara num barril vazio, que servia de casa. Ruby ficou impressionada por ela realmente ter transformado aquilo num lar: havia uma pequena cama feita de retalhos de tecido; um pedaço de espelho quebrado pendurado num canto; rolhas serviam de banco; uma lata virada de ponta cabeça fazia papel de mesa e a porta era um buraco redondo tapado por um rolha (ela não queria se arriscar a ser atacada por ratos e baratas).

– Eu não sei, Tink, eu realmente não sei.

Elas conversavam sobre Will e Tink passara de enciumada para chateada. O marujo quase não aparecia para vê-la e ela também não fazia questão de ir procurá-lo, já que ele ficava quase o tempo todo com Elizabeth. Quando viera vê-la, há uns minutos, Will só falara de como Elizabeth era legal e simpática. Ele sequer a chamava pelo nome, usava o apelido...

– Liza para lá e Liza para cá... – bufou Tink. – Eu não agüento mais ouvir o nome dela. O que ele viu nela afinal?

– Bom, ela é mesmo simpática. Mas você também é, então eu realmente não sei o que pensar. Por que não diz a ele o que está sentindo?

– De jeito nenhum! – ela arregalou os olhos – E você não abra a boca!

– Ei, eu não vou contar a ninguém. É nosso segredo – Ruby sorriu tentando passar confiança.

– Mas você devia dizer a ele...

– Ele riria de mim... – Tink encarava o chão. Ela agora estava no tamanho adulto, mas se pudesse teria convidado Ruby a entrar no seu barril, para que não precisasse sair de seu refúgio.

– Eu conheço o Will. Ele não faria isso.

– Tem certeza?

Ruby assentiu e Tink sorriu.

– Bem, acho que não tenho nada a perder se me arriscar. O máximo que pode acontecer é ele me dizer que só quer ser meu amigo...

Confiante, a fada subiu ao convés para falar com o marujo. Não havia ninguém por ali a esta hora, todos estavam no andar de baixo, cochilando, ou bebendo na cozinha. O Capitão estava meio distraído com o leme e seus mapas e Will observava a imensidão que era o mar.

– Ele está bem ali – Ruby veio atrás de Tink – Essa é a hora!

– Ah, mas e se...

– Vai logo! Antes que ele vá embora, ou alguém apareça.

– Ah, está bem – Tink respirou fundo e já ia caminhando na direção de Will quando Elizabeth apareceu. Ela veio da cozinha e Will sorriu para ela. Tink ficou frustrada, mas antes que pudesse dar meia volta e retornar ao porão, Will fez uma coisa que ela jamais pensou que ele fosse fazer... Ele beijou Elizabeth! Os olhos da fada se encheram de lágrimas e ela correu para o porão, com o coração partido...

***

– Ela não quer falar comigo. Está lá trancada no barril e não quer nem me ouvir... – Will ia dizendo a Ruby e Killian. Depois de se decepcionar com Will, Tinker Bell se trancara em seu barril/casa e não havia ninguém que a fizesse sair. Mas Will não sabia o verdadeiro motivo de ela estar assim. – O que deu nela afinal?

– Eu não sei. – Ruby respondeu tentando disfarçar ao máximo o fato de ela saber muito bem o que acontecera.

– Ah você sabe sim. São amigas. Ela certamente deve ter te contado alguma coisa...

– Ela não quer falar comigo também. Parece que está realmente chateada.

– Ora, mas não é óbvio? – O Capitão se intrometeu na conversa e Will e Ruby se viraram para olhá-lo, esperando que ele tivesse uma explicação para o comportamento de Tink. – Ela está apaixonada. Enciumada para ser mais exato. Levou um tempo, mas eu finalmente percebi...

– Apaixonada? Por quem?

– Por você, meu caro. Era de se esperar que tivesse percebido.

Will olhou para Ruby como que para confirmar o que o Capitão acabara de dizer.

– Ela está...ela está mesmo apaixonada por mim? – perguntou.

– Ah, bom...

– Mas é claro. Eu mesmo notei o brilho no olhar dela. E obviamente, ela pediu a Ruby que não contasse nada a ninguém – o Capitão continuou a dizer e Ruby arregalou os olhos por ele ser tão esperto a ponto de ter entendido o que estava acontecendo – Mas então, ela acabou por se decepcionar quando viu que você já encontrou outra pessoa... Não pense que eu não vi você e Elizabeth se agarrando por aí. A coitada da Tink deve ter visto aquele beijo e agora está arrasada.

Tanto Will quanto Ruby estavam boquiabertos. Quando foi que o Capitão se tornara especialista naquele assunto?

– Ei, não me olhem assim. Sou um pirata, não se esqueçam, e, além disso, eu posso estar sempre aqui no convés, mas sei bem o que acontece no meu navio...

– Ah droga. Eu magoei a Tink – Will suspirou – Mas eu não fazia ideia de que ela gostava de mim.

– Não há nada que você possa fazer agora. – disse Killian e Ruby lançou a ele um olhar reprovador – Que foi? Só estou sendo realista. Agora que você destruiu o coração dela, não há nada que possa ser feito. Sugiro que vá atrás de sua namorada.

– A Liza não é minha namorada... ainda.

Tinker Bell ficou o resto do dia em seu esconderijo. Will ia até lá de vez em quando pra lhe levar comida, mas era a mesma coisa de estar falando com o barril porque ela não respondia. O clima entre eles continuou ruim.

Quando anoiteceu, todos se reuniram no convés – exceto Tink -, pois o Capitão os convocara a uma reunião. É claro que os marujos acharam estranho, já que Killian nunca fizera algo do tipo. Acharam mais estranho ainda quando Smee mandou que se enfileirassem um ao lado do outro.

– Vamos logo, o Capitão tem algo a dizer – o Imediato fez com que ficassem quietos e então substituiu o Capitão no leme.

– Eu chamei vocês aqui, pois como devem ter percebido, este navio se tornou uma completa algazarra nos últimos dias – Killian disse enquanto andava de um lado para o outro, encarando os marujos e as moças. – Decidi que era melhor botar ordem nisso antes que as coisas se tornassem ainda mais bagunçadas. Para começar, vocês não estão cumprindo com suas tarefas – ele parou e olhou sério para os rapazes – É claro, John e estas belas moças têm se esforçado bastante, mas ultimamente tudo o que vocês fazem é beber e bater papo, quando na verdade há muito trabalho a cumprir.

Joe levantou a mão:

– Eu acho muito injusto termos de trabalhar quando Beto não faz nada.

Os outros marujos concordaram com a fala de Joe e um burburinho se instalou por ali.

– Acalmem-se – pediu o Capitão – Tanto Beto quanto Thomas foram punidos por seus atos. Mas a partir de agora terei de ser severo. Devo lembrá-los de que há regras por aqui, mas suponho que certamente tenho sido bom demais para vocês. Foi por isso que eu resolvi adicionar algumas leis ao nosso Código de Conduta – o Capitão puxou um papel do bolso e começou a ler.

Código de conduta dos piratas

• Todo pirata presente neste navio deve cumprir com o código. O indivíduo que não cumprir com as leis está sujeito à punição;

• Todo pirata tem o dever de cumprir com suas obrigações, tendo direito a descansar quando não estiver em seu turno;

• Todo pirata tem direito a argumentar e votar. Este navio seguirá um regime democrático e todas as decisões serão tomadas em conjunto;

• Todo pirata tem direito a uma porção igual de provisões, inclusive quando o racionamento se faz necessário;

• Jogos de carta ou dados são proibidos quando têm por objetivo apostar dinheiro. Quem for pego apostando será punido;

• Espadas e armas devem estar sempre limpas e bem cuidadas para as batalhas;

• Não é permitido fumar em locais fechados. O marujo que desejar fumar seu cachimbo deve fazê-lo no convés;

• Roubo é considerado crime nesta embarcação. Se um pirata roubar de outro pirata será abandonado numa ilha deserta portando apenas uma arma contendo uma única bala;

• Assassinato também é considerado crime. Quem cometer assassinato será julgado e sentenciado de acordo com a democracia do navio;

• Aquele que tentar fugir, tramar contra o capitão ou guardar segredos do resto da tripulação, será abandonado numa ilha deserta portando apenas uma garrafa de pólvora, uma garrafa de água e uma arma contendo apenas uma bala;

• Todo pirata tem o direito de deixar a pirataria se assim o desejar, não havendo intervenção de terceiros;

• Desertores serão punidos;

• Lutas são proibidas a bordo do navio, a menos que se tratem de treinamento;

• Marujos que se acidentarem deverão ser indenizados de acordo com a gravidade do ferimento. Caso perder um dos membros, deverá receber a quantia de 800 moedas de prata. Se ficar cego de um olho, perder uma orelha ou um dos dedos, deverá receber 600 moedas de prata;

• Será permitido aos piratas ter um papagaio ou um macaco como bicho de estimação, com a condição de que os animais não causem problemas;

• O homem que desrespeitar uma mulher sem seu consentimento será morto;

• Jóias e moedas adquiridas em saques serão divididas de acordo com a hierarquia do navio: o capitão tem direito à maior parte; o Imediato, o Mestre, o Carpinteiro, o Cozinheiro e o Mestre Artilheiro tem direito a um quinto e o restante será dividido em partes iguais para o resto da tripulação;

– Como devem ter percebido, algumas leis são as mesmas, eu só acrescentei algumas coisas e mudei outras – o Capitão disse depois de ler tudo – Estão todos de acordo com estas leis? Há algo que queiram mudar ou acrescentar?

Todos se entreolharam. Ruby achou que o Capitão exagerara um pouco, mas ela sabia que aquilo era necessário para que todos se comportassem bem. Beto levantou a mão:

– Hum, já que podemos ter animais de estimação, será que eu posso ter uma tartaruga? É que eu sempre quis ter uma.

– Certo. Mas eu não vou me responsabilizar se algo acontecer a ela – disse o Capitão enquanto adicionava tartarugas como bichos permitidos no navio.

– Capitão, nós agora vamos ter turnos para o trabalho? – Thomas perguntou. Antes eles trabalhavam o dia todo, acabavam indo dormir tarde e sempre tinham que acordar cedo para o trabalho. Muitas vezes eles mal dormiam e se sentiam cansados e apáticos.

– Ah sim, e vocês mesmos poderão escolher. É claro que vamos precisar de algumas pessoas para trabalhar à noite como vigias, mas fora isso, estarão livres para escolher o melhor horário.

Os marujos murmuraram em sinal de animação, finalmente o Capitão resolvera beneficiá-los em alguma coisa. Ariel pareceu um pouco tímida, mas acabou por perguntar:

– Nós mulheres também somos consideradas como parte da tripulação?

– Mas é claro que sim, o que significa que estas regras também valem para vocês.

– Hum, Capitão? – Jack chamou – Eu notei que mencionou um Mestre e um Mestre Artilheiro, mas pelo o que sei, não há ninguém nesses cargos.

– É verdade, que bom que me lembrou disso, Jack. Eu o promovo a Mestre, e não por ser meu irmão... – e Jack ficou bastante surpreso, já que ele tinha sido o rapaz dos canhões há tanto tempo - ... você tem sido realmente muito atencioso, honesto e sempre cumpriu com suas tarefas. Você agora irá coordenar o trabalho dos marujos e também deve vigiar as velas.

– Mas e quanto aos canhões?

– Thomas e Joe serão responsáveis pelos canhões e outras armas. Vocês terão de manter os canhões e armas limpos e em bom estado. E quanto ao Mestre Artilheiro, este será Will.

Foi a vez de Will ficar surpreso. Desde que chegara ao navio, ele andara fazendo pequenas tarefas como esfregar o chão, consertar e limpar armas, ajudar o cozinheiro, mas nada sério como aquilo. Bem, pelo menos ele imaginava que ser Mestre Artilheiro fosse um posto muito importante, embora não soubesse exatamente qual ia ser sua tarefa.

– Já que você é tão experiente com armas e espadas, vai chefiar os marujos quando estivermos em batalha e preparar os canhões. E, além disso, agora que há corsários por aí, acho bom todos nós estarmos bem preparados. Quero que ensine a essas moças tudo sobre armas, elas têm de estar preparadas caso precisem lutar.

As garotas arregalaram os olhos, mas Ruby achou aquilo muito interessante.

– E falando nisso, vou dar a vocês pequenas tarefas para que não se esforcem demais. Ariel e Mabel se mostraram boas cozinheiras, então acho que vai ser bom vocês continuarem ajudando na cozinha – o Capitão olhou para John, que sorriu. Elas realmente estavam sendo de grande ajuda. – Tinker Bell não está aqui, mas acho que ela não vai se importar de ser minha Criada-de-bordo, assim posso pedir que ela arrume minha cabine, costure minhas roupas e coisas assim... Ellanor, já que curou a Ruby com aquela poção, acho que você vai ser muito útil como curandeira, pode até curar ferimentos.

Ellanor, que até então estava calada, abriu um sorriso e ficou toda convencida.

– Ah é claro que posso. Não sei como sobreviveram por tanto tempo sem alguém para curar seus marujos...

– E Liza, eu não sei o que fazer com você... – o Capitão estava pensativo e Elizabeth logo encontrou algo que pudesse fazer.

– Eu posso ajudar o Will e também posso cuidar das armas. Era o que eu fazia quando era tripulante no outro navio.

– Certo. E quanto a você, minha querida Ruby, acho que vai ser muito útil como Imediato, ou Imediata, como preferir...

– Mas o Imediato não é o Sr. Smee? – Ruby não ia aceitar tomar o cargo de outra pessoa.

– Sim, e ele vai continuar sendo meu Imediato, já que sempre foi meu braço direito. Mas você vai ser como uma Segunda Imediata, vai comandar o navio quando Smee e eu estivermos ocupados. Nos últimos dias você tem aprendido muito sobre navegação, até assumiu o leme por uns instantes... mas é claro que eu não vou exigir muito de você. E vai continuar sendo Criada-de-bordo, quando não estiver sendo Imediata, você e Tink podem dar um jeito na bagunça da cabine.

Ruby riu.

– Está bem. Se você confia em mim como Imediata...

– Eu confiaria minha vida a você. Agora, se todos estão de acordo com o Código de Conduta, peço que assinem aqui embaixo e façam o juramento.

Todos assinaram e juraram sobre a espada do Capitão que iriam cumprir com as leis do navio. O Capitão disse que ia falar com Tinker Bell mais tarde e então deu a reunião por encerrada.

Finalmente todos pareceram satisfeitos com a repartição de tarefas e com o modo que as coisas iam funcionar dali para frente. O Capitão realmente havia mudado, embora eles já o considerassem como um bom capitão.

Na manhã seguinte, Ruby exibia um sorriso radiante ao apreciar a paisagem. Eles finalmente haviam chegado à Ilha das Maravilhas, e ela já considerava aquilo como o melhor presente de aniversário que ela poderia ganhar...


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Notas finais do capítulo

Comentem e me façam feliz (acho que eu mereço uns comentários como presente de Natal, né? rsrs). E leitores fantasmas, eu sei que vocês estão aí, graças ao contador do Nyah. Comentem também *-* Beijos meninas e um feliz natal (espero que ganhem muitos presentes)



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