Não, isso não podia estar acontecendo, qual é?!?! A família da velha tinha algum parafuso fora da cabeça né?

–Me mate se for necessário, não ele- disse a enfrentando, e me pondo na frente de Ty

–Que romântico!- ela rolou os olhos

–Yla?!? Diga-me o que esta acontecendo! – gritou Ty, ele parecia realmente nervoso. E me puxou de volta para trás de suas costas.

–Resumindo?! Estão tentando nos matar- gritei o puxando para porta

–Aonde vai?!- a mulher parou na minha frente.

Eu imediatamente dei um passo para trás.

–O que você quer pra me deixar ir? – gritei

–O seu namorado- ela sorriu, como se isso fosse a coisa mais simples.

–Ele nem pode te ver!!- gritei novamente.

–E quem disse que eu o quero vivo?- ela perguntou, estremeci.

–Por favor- comecei a chorar. Não e que eu sou chorona!! Mas ah é supernormal as almas aparecendo pra você e ameaçando matar as pessoas que você ama não é? –deixe nos ir!

–Pegue papel e caneta- ela gritou, eu não sabia que ideia maluca ela estava tendo, mas então corri os olhos pela sala e achei um bloquinho de anotação.

–Ok, o que quer?- perguntei

–Comesse a escrever tudo, tudo o que eu disser.

Assenti e comecei a escrever.

“Adam,

O acidente da cozinha lá em Mertrisa não foi um acidente.

Sua mãe explodiu a cozinha para que me matasse já que ela não aprovava nosso namoro, a culpe! Ela nunca foi uma boa pessoa, a culpa toda da minha morte é inteiramente dela.

Sempre te amarei.

Loreay Nukls”

–E agora o que eu faço com isso? – perguntei tremendo. Meu deus que família psicopata!

–Coloque no correio e nunca mais apareça aqui!

–Pode ter certeza disso- então puxei Ty, coloquei a carta no correio e saímos de volta pra casa, já eram vinte para as cinco.

–O que tinha naqueles papeis?- perguntei a Ty lembrando que ele estava fissurado neles quando chegamos.

–Ah- ele demorou pra responder- relatos sobre almas, nada de mais.

–Hum- respondi meio desconfiada. – Pelo menos, pagamos nossas dividas, e estamos vivos- respirei fundo e parei de tremer.

–É- respondeu ele, ele estava muito estranho, mas sei lá, talvez fosse o psicológico...

–Ei você trouxe algum livro?- perguntei procurando em sua mochila.

–Sim, tá na parte da frente- então abri e peguei pra ler, e assim se estendeu a viagem, eu lendo, Ty dirigindo, e ambos escutando musica e cantando iguais loucos, ah até que foi divertido.

Sinceramente oito horas de viagem é muito cansativo, mesmo estando com Ty, argh, é muito chato viajar... No caminho eu e Ty conversamos um pouco, deixando de lado essa loucura de almas. Rimos bastante ao lembrar-se do que passamos no colégio quando éramos mais novos, no dia que quase explodimos a cara do professor de ciências com o nosso mini vulcão ou quando eu e Lea tentamos deixar Ty careca de tanto puxar seus cabelos (ele ficou bravo com a gente, mas depois de uma semana voltou ao normal), ou os nossos momentos de “fell like a ninja”... Quando chegamos era uma hora da manhã, Ty parou na frente da minha casa:

–Quer que eu entre?- perguntou Ty, mas senti que ele só foi gentil, pois ele precisava voltar pra casa.

–Não, obrigada, sua mãe deve estar preocupada- ele assentiu – Obrigada, por tudo Ty- o abracei.

–Yla- ele suspirou- não precisa agradecer, sabe que eu vou fazer tudo o que você pedir, porque eu, te amo.

–Eu também Ty- sorri e sai do carro.

Procurei as chaves da porta no meu bolso, a casa estava escura, talvez meu tio estivesse dormindo. Entrei e tentei fazer o mínimo barulho possível, mas quando se tenta isso, ai sim que você faz barulho, deixei as chaves caírem, e quase cai da escada, se não fosse pelo corrimão estaria no hospital, mas sobrevivi... Passei o corredor no maior silêncio, e a luz do meu quarto estava acesa, voltei ate o quarto do meu tio e vi que ele estava dormindo, junto com Clarie, eu teria de me acostumar com isso. “Lá vamos nós” pensei, achava que tinha uma alma me esperando para uma “conversinha”, mas, por sorte, avistei Abby olhando na janela na ponta dos pés.

–O que esta fazendo aqui?- perguntei com o tom de voz normal, mas mesmo assim ela levou um susto

–ah- ela suspirou- Minha mãe falou pra eu dormir no seu quarto,porque seu tio disse que você ia dormir na casa do seu namorado.

–Ah- tive vontade de rir- não, eu tive que fazer uma viagem. O que você faz acordada a esse horário?

–é que minha amiga veio aqui- ah além de meu tio chamar a madame Megan Fox e a filha dela chama a amiga da menina?!- e ai ficamos acordadas, até que você chegou com aquele menino bonito, e ela foi embora.

Primeiro eu ri da parte “ai você chegou com aquele menino bonito”, mas depois fquei pensando, como eu não vi a menina saindo.

–Que menina?- perguntei para esclarecer minha duvida, então ela chegou perto de mim e sussurrou em meu ouvido:

–Minha amiga imaginária

Eu havia quase me esquecido disso, quase me esqueci de que ela via almas, e bem, se ela estava ali, era uma boa oportunidade de convencer que aquilo era horrível, mas como?! Sentei na cama e fiz um gesto para que ela se sentasse em minha frente.

–Você sabe que eu também vejo “amigo imaginários” não é?- fiz gestos com aspas, ela assentiu- Só que pra mim não é uma experiência legal, é perigoso

Ela franziu a testa e hesitou em falar algo, mas me olhou como se dissesse “continue”.

–Então, muitos desses amigos imaginários, já tentaram me matar ou matar Ty, quer dizer, o meu namorado. Alguns são muito, muito, ruins.

Ela me encarou então falou:

–Eu sei que são almas, mas, elas não são más- a menininha balançou a cabeça incrédula.

–Abby- tentei parecer o mais convincente possível- acredite, não é nada bom falar com as almas.

Contei todas as historias que eu tinha passado até agora, a da minha mãe, meu pai, Mylla, a velha, as almas em pencas, e cavalheiro, a tempo eu não tinha noticias dele mas sei que uma hora ele vai voltar.

–Mas por que eles são assim- ela me olhou, acho que pode ter se convencido.

–Olhe você uma garotinha ainda, mas quando crescer tenho certeza que as almas vão atrás de você.

–Por que contou isso pra mim, quer dizer, você confia em mim?- ela perguntou

–Claro que confio- abri um sorriso

Mas eu me surpreendi, seus olhos começaram a lacrimejar.

–O que foi?- perguntei

–E-eu, vi almas más- então ela veio mais perto e me abraçou.

–Você quer contar?

Ela me olhou e limpou as lágrimas.

–Eu fui abandonada quando nasci, foi na frente da casa da Clarie, minha mãe me contou tudo depois.

–Sua mãe?! A Clarie?

–Não. Minha mãe de verdade morreu no meu parto eu também quase morri, e é por isso que vejo almas, depois que minha mãe morreu pra me dar a luz, meu pai me abandonou, por que não queria nenhuma lembrança da sua falecida esposa, foi um erro eu ter nascido eu sou um erro!- ela começou a chorar, fiquei sem respostas, essa garotinha cheia de graça ter uma historia tão horrível dessas, e eu achando que a minha era difícil, tentei conforta-lá

–Ei, tem pessoas que te amam, sua mãe... Mesmo não sendo de sangue, ela é de coração- coloquei a mão em seu peito, “no seu coração”- e tem seus amigos.

–Eu não tenho amigos- sussurrou ela, respirei fundo.

–Por quê?- eu sei que só pioraria a situação, mas precisava saber.

–Uma alma me ameaçava de morte, e todos as pessoas me olhavam como se eu fosse louca.

Eu fiquei sem palavras.

–Vai ficar tudo bem, sempre fica, mas agora dorme amanhã vou te levar pra conhecer uma pessoa.

Ela sorriu, mesmo sem animação.

–Ah eu durmo na sala, sem problemas- sorri, ela se deitou na minha cama.

–Ei- ela me chamou- Boa noite

–Boa noite- apaguei as luzes e desci.

Fiquei encarando o sofá por um tempo, é isso não vai ser nada confortável, mas como eu estava muito cansada, consegui dormir.

–Oooooi???- acordei com cutucadas, abri o olho levemente era Abby, com seus cabelos loiros todos bagunçados.

–Oi- levantei- que horas são

–Eu não sei ver horas nos ponteiros!- ela riu

Fui até a cozinha e vi 8:30.

–Porque me acordou tão cedo?!- eu ri

–Porque seu celular estava tocando- então eu subi as escadas pra ver que me ligou. Obviamente, eu não precisava nem ver quem era... Uma chamada perdida Tyler Owen. Retornei a ligação:

–Oi- ele atendeu

–Você me ligou?- perguntei sentando na minha cama do lado de Abby

–Ah sim- ele disse sem jeito, alguma coisa havia acontecido. Abby colocou o ouvido do outro lado do telefone, nem liguei.

–E qual o motivo?

–É que minha mãe esta preocupada com você Yla

–Mas como assim?

–Eu contei sobre as almas em pencas, como você disse... Almas pecadoras, ela disse que precisa falar com você, eu passei a noite em claro olhando os papeis e... quer dizer eu passei a noite em claro tentando- então ele começou a se enrolar

–Que papeis? Ty, esta escondendo alguma coisa?- perguntei, e Abby arqueou as sobrancelhas, como se a conversa fosse bem interessante.

–Não é que, ah minha mãe precisa falar com você, tem como você vir aqui?- ele mudou de assunto, deixei passar.

–Tudo bem, pode ser agora?

–Estou te esperando- ele riu

Desliguei o telefone e procurei uma roupa para vestir

–Você vai sair- Abby perguntou

–Vou, mas eu acho que não vou demorar- sorri e ela retribuiu. - Volte a dormir se quiser, ou pode mexer no computador, ah faça o que quiser, só não quebre nada, vou tomar um banho. Após ficar pronta sai do banheiro, By estava mexendo no meu celular, tinha tanta coisa pra ela fazer, justo no meu celular ela ia mexer?!

–By, o que esta fazendo?- Ela me olhou e riu

–Vendo as suas fotos!- então ela virou o visor e me mostrou uma foto que eu tinha doze anos, eu, Ty e Lea.

–Ah- eu sentia falta de Lea, por mais que eu achei errado o que ela fez comigo, eu sentia falta de uma amiga, uma amiga que não parta, igual Mylla fez. –Eu preciso dele- estendi a mãe e peguei o celular- Tchau By

–Tchau... Como é seu nome mesmo?- ela perguntou

–Kayla- respondi

–Layla?!

–K-a-y-l-a- soletrei

–Ah tchau Kayla, posso te chamar de Ayla?- assenti com a cabeça e sai.

Fui até a casa de Ty correndo, olhe a grande vantagem de ele morar perto. Porém vi três almas no meio do caminho, um homem com perfil de lutador de box, uma mulher negra e um adolescente punk, eles pareciam zumbis olhavam pra frente, seus olhos pareciam de vidro, pois eles mantiam sua visão em um só lugar, caminhavam lentamente, isso me deu arrepios, mas eu tinha que meacostumar com isso, tentei pensar “são só pessoas” mas logo eu mesmo ironizei “são só pessoas mortas que já cometeram pecados graves”. Avistei a casa de Ty, era muito bonita. Bati na porta e foi May que atendeu, ela meio que me deu um susto, pois logo que abriu a porta me sufocou, quer dizer me abraçou.

–Yla eu estou tão preocupada!- disse ela me soltando

–Porque May?- fui direto a que queria saber.

–Entre conversamos lá dentro- eu entrei na porta e Ty estava no sofá sentei-me do lado dele sua mãe do lado oposto no outro.

–Ayla – ela respirou fundo- eu não sei mais como posso te ajudar

–Como assim?- perguntei sem entender nada

–Eu sabia uma cura pra você, ficar com as pessoas que você gosta impediria de que você atraísse as almas, mas agora não é necessário você atrair para elas chegarem. Yla talvez isso possa fazer parte da sua vida para sempre, e-eu não sei como posso te ajudar

Tive arrepios pelo corpo todo, não queria aquilo para sempre, todos os dias vivendo um pesadelo. Ty fintava o chão como se estivesse pensando seriamente quais palavras usaria em algo que iria dizer, então ele disse algo que me deixou com mais arrepios ainda:

–E-eu acho que eu sei como te ajudar.