ZEUS

Eu estava completamente sozinho na sala dos tronos. Nenhum dos deuses estava presente. E isso era ótimo!

Mas eu não estava nem um pouco feliz.

Imagine ver sua única filha chorar por sua causa. Chorar por não estar presente. Por não ser querida. Chorar por desconhecer o sentimento conhecido como amor.

Mas Thalia era muito forte. Mas forte que qualquer garota da sua idade. Ela se negava sofrer. Não chorava por nada. Isso mesmo N-A-D-A.

Mas agora tudo veio à tona. Toda magoa, toda dor e sofrimento a atingiam com força. E o pior de tudo isso: a culpa por fazer aquela criança chorar era toda e completamente minha.

Não pude me conter. Simplesmente não pude.

Dissolvi-me em uma brisa suave e me dirige ao quarto da minha menina.

Ao chegar La... Bom, como descrever essa sensação? Meu mundo havia desabado. Ruído sob meus pés.  Eu não tinha como acalma-la e ela estava inconsolável. Deitada de bruços há minha frente Thalia chorava. Ela virou o rosto em minha direção, mas não podia me ver. Ela deixava as lagrimas rolarem por seu rosto delicado. Em seus olhos azuis, eu já não via o brilho de sempre.  Eles estavam vermelhos de tanto ela chorar!

Mas como eu disse, ela se negava sofrer. Fechou os olhos na tentativa de dormir. Eu sabia que ela não conseguiria dormir tão depressa.

Havia uma ideia em minha cabeça. Uma ideia louca, arriscada e completamente maravilhosa que deixaria ambos: pai e filha, felizes.

Materializei-me em seu quarto como um executivo de terno e gravata. Ajoelhei ao lado de sua cama e pude notar que mesmo com os olhos fechados lagrimas teimavam em cair. Enxuguei suas lagrimas e acariciei seu rostinho.

Thalia, por incrível que pareça não se assustou. Ela sorriu ao meu toque enquanto seu corpo todo relaxava. Ela se sentia protegida e amada, como, eu tinha certeza, nunca se sentira antes. Dirigi minha mão para a dela e a segurei. Para minha surpresa Thalia apertou minha mão de volta.

Comecei a cantar cantigas de ninar. Todas em grego antigo. Depois cantei inúmeras vezes a musica que com que havia conquistado sua mãe. Cantei a noite inteira.  Quando vi o sol nascendo percebi que não poderia ficar mais tempo com minha filha.

... E que a essa altura os deuses já sabiam quem era aquela garotinha e a quão poderosa e perigosa ela seria.

Como tudo já estava feito, eu beijei-lhe a testa e susurei :

- Boa sorte, Thalia.

E novamente me dissolvi em uma brisa suave ,recuperando minha forma no salão dos tronos, onde todos olhavam para mim. Alguns como Afrodite, sorriam (talvez porque nunca demonstrei afeto a ninguém) e outros por outro lado, como Hera... Bom, eu sabia que uma discussão estava por vir.