The Fallout escrita por Jules, Marina Temporal


Capítulo 4
Menace


Notas iniciais do capítulo

Yeeeeeeeeeeey! Mais um capítulo! Amei a animação de vocês para ler a fic! Os comentários nos deixam muito animadas mesmo!
Eu gostaria de avisar que a Manu foi para um interior do fim do mundo onde tem internet só em cima de uma árvore, então não se preocupem, ela irá responder os seus reviews!
Boa Leitura! :}



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Scarlet 

O dia hoje amanheceu como sempre: frio. Essa era uma das coisas que eu mais sentia falta de onde eu vinha: o Sol. O clima ensolarado e os fins de semana na piscina. Agora eu tinha que ficar com um bronzeado de neve. Pois é. Eu teria que viver com bronzeado de lâmpada fosforescente. O toque típico me acordou, pela primeira vez de mal humor. Porque a escola aqui começava tão cedo? Não podia começar as oito como toda escola normal? Enfim, levantei ainda com a cabeça pesada pela barulheira do vizinho... Alex, se não me engano. Aquele menino não dormia não? Ontem mesmo ele tinha passado a noite inteira tocando... E logo na minha janela. Porque não podia ser o quarto da Skylar? Era ela a gêmea que gostava desse tipo de... Música

Andei em direção ao meu armário torcendo o nariz ao ver que minhas roupas para o primeiro dia de aula já haviam sido escolhidas. Veja bem, o uniforme da escola era até bonitinho... Estiloso se quiser minha opinião, principalmente que nós poderíamos customiza-los do jeito que quiséssemos. Eu fiz o meu uma saia de cintura alta e sim, nós tínhamos que usar gravatinhas. Inferno. Era tão melhor se eu pudesse usar minhas roupas. E agora sim, olhei-me mais uma vez no espelho conferindo o resultado e satisfeita descendo as escadas. O meu reinado estava prestes a começar. 

Papai foi quem nos deixou na escola aquela manhã. Meus olhos caíram curiosos sobre a construção que mais me parecia um castelo do que aqueles colégios meia boca que víamos perto de casa nos Estados Unidos. Adorei. Olhei para o lado podendo ver a careta formada no rosto de Skylar. Minha irmã torceu o nariz. 

-Quem que vai nos dar aula? A rainha Elizabeth? 

Revirei os olhos com o que ouvi. Skylar poderia ter tanta falta de classe... A saia de Skylar até estava em uma altura aceitável para uma menina, mas... Ela estava realmente usando um All-Star? Bufei indignada. Como poderíamos dividir o mesmo DNA? Papai nos abriu um sorriso, enquanto destravava as portas. 

-Bom, busco vocês as duas então. Tenham um bom dia de aula! 

-Sério mesmo que vamos estudar nesse lugar? 

Skylar repetiu indignada. Bufei. Papai nos olhou com um sorriso divertido no rosto.  

-Ah, Sky, essa é a melhor escola por aqui! 

-Como sabe disso? –Sorri. –Ellen estuda aqui? 

Papai me olhou pelo retrovisor e juro que pude ver um olhar intuitivo. Suspirou. 

-Scarlet, por favor... 

Revirei os olhos enquanto abria a porta do carro e saltava para fora, o que? Eu só estava falando a verdade. Skylar veio logo atrás de mim. 

-Tanto faz. –Resmunguei enquanto andava em direção a porta do colégio. Me virei para minha irmã. –Eu te encontro lá dentro. 

-Ok. 

Sky deu de ombros enquanto andava com passos apertados para dentro da escola. Suspirei. Era agora. Entrei na grande construção de tijolos e os adolescentes já corriam de um lado para o outro em desespero para achar os seus armários. 139. Pensei comigo mesma, esse era o número do meu armário. Segundo o que meus pobres olhos mortais viam, eles eram bem no meio do corredor. Ergui a cabeça. Eu era uma das meninas mais arrumadas por ali. O que tinha acontecido com o senso de moda das pessoas? 

-1, 5, 7, 4, 9. 

Repeti baixinho enquanto colocava os números no meu cadeado. Porque sempre tinha que ter um nove no meio? Acho que aquele era o meu numero da sorte. Os meus pensamentos histéricos foram interrompidos por uma voz feminina, parecida bastante com uma das minhas amigas dos Estados Unidos. Me virei assim que senti uma mão no meu ombro. 

-Você que é uma das gêmeas americanas não é? Eu sou Claire. Essa é a Mildret é Josh. 

Olhei para a menina de cabelos ruivos. Inferno. Porque eu não podia ter um cabelo daquela cor? Não me entenda mal, eu não tenho o que reclamar do meu cabelo, mas eu tinha uma queda por cabelos ruivos. Em meninas, eu queria o delas, em meninos... Vocês já entenderam. 

-É... Eu sou a Scarlet. Podem me chamar de Callie. 

Os três mosqueteiros sorriram e retribui o ato. Eles pareciam ser os manda chuvas daquela escola. Eles se vestiam bem, todos davam oi quando passavam e eu tinha quase certeza que esse tal de Josh era gay. Um típico trio popular de escolas... 

-Você é a primeira pessoa que entra aqui e se veste bem. Você pode almoçar com a gente mais tarde. 

A ruiva falou com o nariz empinado. Típico. Eu podia? Mas é claro que sim! Abri um sorriso para os três garotos dando de ombros. Joguei o cabelo para o lado cuidadosamente para não estragar o penteado que havia elaborado nos fios loiros. Olhei para os lados enquanto tirava do bolso um papel amassado onde havia escrito os meus horários, aquele lugar era tão grande! 

 -Então... Claire. –Falei com um sorrisinho olhando em volta o mar de pessoas que abria um espaço para não nos atingir ao passar. –Onde fica a sala 23? 

-É no segundo andar. –Sorriu a ruiva arrumando as mangas da camisa da escola, ela estava vestida de uma forma bem parecida comigo. Havia definitivamente simpatizado com ela. –Josh, você tem aula de que agora? 

-História. 

Falou o garoto de cabelos loiros com um sorrisinho. Claire sorriu satisfeita. 

-Mesma sala que a sua! Acho que pelo menos já tem um colega de turma. –Brincou enquanto dava uma piscadinha para o garoto. –Eu por outro lado tenho matemática. 

Grunhiu revirando levemente os olhos, dei uma risadinha enquanto assentia. Abri um sorriso para o garoto chamado Josh, bem... Se meu gaydômetro estivesse certo, tenho que dizer que seria uma pena... O garoto era realmente bonito com os lisos cabelos loiros e os olhos azuis. Tinha um sorriso tão simpático... 

-Matemática é uma droga. –Revirei os olhos concordando com a ruiva. –Então ela fica no segundo andar? 

Josh assentiu. 

-Não se preocupe, eu lhe acompanho, milady. –Brincou enquanto me dava um beijo na mão e fazia uma reverência. Dei risada. É... Complete gay. –Afinal, você é nova e está na mesma sala que eu... Pode ser a solução para o fim do meu tédio nessa matéria. 

Dei risada com o que escutei e assenti agradecida. Logo acima de minha cabeça pude ouvir um barulho de sino sendo tocado pelos autofalantes não muito longes. Fiz uma caretinha confusa. Aquele era o nosso sinal? Genial!

-Então acho que nos vemos mais tarde! Vai almoçar com a gente, certo? 

Sorriu a ruiva. Assenti enquanto lhe dava um pequeno aceno. 

-Claro! Até já! 

-Você vai adorar a escola! –Exclamou Josh enquanto subíamos as escadas de pedra em direção ao segundo andar. –Aqui é tipo, o melhor lugar no mundo! 

Uma escola? O melhor lugar no mundo? Ok... Meus olhos rodaram encantados o que ainda seria o meu reino. Oh Deus, Skylar nunca esteve tão certa em toda a sua vida! Aquilo era um castelo! Composto com paredes brancas e escadas de pedra que abria espaço para enormes janelas de vidro que iam até o teto de cada andar. E quantos andares aquele lugar deveria ter? Eu chutava sete, no mínimo! Era como se fosse uma Hogwarts das princesas da Disney! Incrível! Meus olhos pararam em Josh, animados. Eu só esperava que os restos dos garotos por aqui não fossem gays como ele... E realmente esperava que tivéssemos elevador. Adorava essas coisas de realeza e tudo mais, mas seria cansativo subir sete lances de escada a pé. 

-Espero que sim. 

Sorri no modo mais simpático que consegui. Eu havia realmente gostado daquele pessoal, todos que passavam por Josh o cumprimentavam e junto dele a mim também. Era maravilhoso! Mal tinha chegado e já havia dado mais oi para pessoas do que a Madonna em um dos seus shows! E eles pareciam ser realmente legais. Acho que eu me daria muito bem naquele lugar. Josh me ergueu a mão para só então eu perceber que ele estava pedindo por meu papel de horários. O entreguei sem hesitar. 

-Hm, deixe-me ver... História, Biologia, Sociologia... Uh! Teremos Física juntos. –Me abriu um sorriso revirando os olhos. –I-N-F-E-R-N-O. 

Soletrou para mim fazendo uma expressão de desdém dei risada. Deus! Eu poderia me virar muito bem naquele lugar. Já tinha um “amigo” preferido! 

-Nem me fale! Simplesmente não faz sentido! 

-Pois é! –Concordou Josh arregalando os olhos. Dei uma risadinha. –Mas me diga, Callie... Ai! Como adorei esse nome! Em fim... Me diga, Callie, eu simplesmente a-m-e-i o sapato que está usando! Não me diga que é PRADA! 

Abri a boca para responder, mas por um momento não saiu som da minha boca. Um garoto que era bonito, tinha estilo –pois cá entre nós, Josh havia feito magia com seu uniforme sem graça de garoto -, simpático e que entendia de moda? Por que não encontrávamos heteros desses por aí? Olhei para o garoto, atônita, com um sorriso estampado no rosto. 

-Case comigo? 

-Só marcar a data. 

Piscou para mim dando uma risadinha que fiz questão de acompanhar. Paramos finalmente pelos corredores em uma porta de madeira que levava a uma enorme sala. Josh abriu um sorriso enquanto me erguia a mão. 

-Primeiro as damas. 

E antes que eu pudesse passar, me ultrapassou entrando antes de mim. Não consegui deixar de gargalhar com a cena, o garoto fez o mesmo. 

-Brincadeirinha! Onde quer sentar? Pegarei o seu lado! 

Piscou para mim, balancei a cabeça negativamente com um sorriso bobo no rosto. Oh céus. Meus olhos correram a sala examinando o lugar. Hm... Onde sentar? Nas primeiras cadeiras não, pois era onde os Nerds ficavam, no fundo não, pois era onde os vagabundos vendiam maconha, nos cantos não, pois era onde as pessoas excluídas com medo de se socializar se sentavam, então... Caminhei em direção a uma das cadeiras mais para o centro da sala e sorri para ele, batendo no lugar vago na fileira ao lado da minha. Josh colocou seus livros ali antes de se sentar. 

-Boa escolha, garota. 

-Obrigada. 

Pisquei. O loiro apoiou os cotovelos na carteira enquanto acompanhava um garoto adentrar a sala, soltou um suspiro mordendo o lábio. Tive que me virar para presenciar a imagem. Ergui uma sobrancelha para o garoto apaixonado ao meu lado. Sem essa. O homem para quem ele olhava tinha os cabelos ruivos, penteados para trás, que mesmo molhados insistiam em escorregar lisos por seu rosto. Seu sorriso era mais brancos do que as paredes impecáveis da sala de aula, e seus olhos eram de um verde tão brilhante que poderia comprar com uma esmeralda sem problemas com calúnias. Em fim, acabei de descrevê-los um anjo, ou uma pessoa que simplesmente serviria perfeitamente para ser membro de uma das minhas Boy Bands amadas. Acho que até eu suspirei um pouquinho ao o ver... Mas não queria que Josh notasse. 

-Ah... Jeremy Schneider. –Arfou Josh derretendo-se onde estava. O olhei curiosa. –Ele é tipo, o meu sonho desde o ano passado. 

O sorriso se abriu em meu rosto e mais uma vez olhei para o garoto que cumprimentava outros em um aperto de mão. Bem... Ele não me parecia gay, mas nunca se sabe. Josh balançou a cabeça como se estivesse voltando de um transe. Dei risada. 

-Mas em fim, já sabe que tem dono. 

Ergui as mãos em rendição. 

-Nunca tentaria nada com ele. 

Josh me abriu um sorriso agradecido. 

-Obrigado. –Piscou. –Mas se está procurando alguns caras legais, sei bem quem apresentar. 

-Eu estou bem por enquanto. –Garanti dando uma risadinha. –Mas veremos. 

-Só avisar! Estou aqui para essas coisas! 

-Bom saber. 

Sorri para o garoto da forma mais sincera possível. Era bom saber que “ele estava ali”, mesmo que fosse apenas para algumas coisas. Pelo menos eu tinha alguém em meu primeiro dia de aula e isso já era perfeito, ainda mais por ter um lugar para me sentar na hora do almoço. Por hora as coisas estavam indo as mil maravilhas, só estaria melhor se não tivesse física como uma aula do dia, mas isso era de menos. Logo o colégio estaria se curvando aos meus pés e como sempre teria o meu reino para governar. Isso se não sofresse desvios. Como o desvio que estava destinado para mim, logo após a hora do almoço. 

(...) 

A lanchonete não era menor do que o salão de festa onde Sky e eu havíamos feito nossa festa de dezesseis anos. E vá por mim quando eu digo: O lugar não era pequeno. Haviam mesas redondas espalhadas por toda a sala e no canto um enorme balcão onde ficavam expostos alguns alimentos. Fiz uma caretinha enquanto olhava bem para o que eu poderia comer, Josh estava ao meu lado como havia feito durante todo o dia e estávamos ambos indo em direção a fila de alunos que se preparavam para pegar suas refeições, já eu? Pensava nas coisas que poderia comer e ser sútil, sem parecer que estava desesperadamente em busca de uma forma de emagrecer. Josh pegou uma maçã em uma das tapas lá, fiz o mesmo. 

-Quer uma dica de amigo? –Perguntou o garoto quase como em um sussurro. –Se for querer se alimentar bem, coma o frango assado, mas nunca, eu repito, nunca pegue o bolo de carne. A não ser que queira visitar o Raul. 

-O bolo de carne nos faz vomitar? 

Perguntei surpresa, Josh balançou a cabeça negativamente enquanto se servia de um pequeno sanduíche. 

-Não, não... Nosso enfermeiro se chama Raul, mas mesmo assim não acho que queira passar mal. 

Olhei para ele por um momento tentando processar a informação. Ah... Olhei para o balcão tentando escolher o que eu comeria. Peguei um prato de salada com dois pequenos pedaços de frango assado para acompanhar as folhas, e me servi de um pequeno suco de laranja em caixinha. Sorri para Josh que me observou por um momento. 

-Hm... Saudável. Gostei. Você será uma boa influência para mim, preciso largar da minha paixão platônica: Os Cupcakes. 

Dei risada com o que o garoto disse e assenti. Eu nunca, repito, nunca comeria um Cupcake em toda a minha vida Eu engordava oito quilos só de olhar para aquelas coisas. Josh e eu caminhamos em direção a uma das mesas que ficava mais no centro. Das pessoas sentadas ali pude reconhecer Claire e Mildret, de resto eram os mais completos estranhos, mas não me importei. Sorri para cada um deles depositando minha bandeja e recebendo os olhares divertidos de Claire. Josh lhe deu uma piscadinha. 

-Adorei nossa nova amiga. Podemos ficar com ela? 

Brincou fazendo uma vozinha de bebê. Demos risada. 

-Mas é claro que podemos. –Brincou Claire. –O que está achando do primeiro dia, Callie? 

-Muito bom. –Sorri enquanto pegava uma garfada da minha salada. –Josh está se encarregando de me dar todos os detalhes de tudo e todos. 

-Hm... Não duvido. –Sorriu a garota. –Ele sabe de tudo e todos. É assustador. 

-Ei, ei, ei! –Josh ergueu as mãos em rendição chamando-nos a atenção. –Só sou um observador nato, obrigado. 

Claire e eu reviramos os olhos e demos risadas ao mesmo tempo. Ok, se estava dizendo. Por um momento, ao olhar para a ruiva, pude ver de uma hora para a outra a sua expressão mudar de feliz, ou era com me parecia estar, para um certo de angústia e até mesmo nojo. Franzi a testa, me virando para trás para tentar localizar que imagem havia a incomodado tanto, mas nada vi, além de um grupo de garotas que entrava com um uniforme do que me parecia ginástica com o brasão da escola. Claire revirou os olhos em total e completo desdém. 

-As garotas do time de vôlei. Se acham a última bolacha do pacote. 

Josh olhou para o mesmo ponto que olhávamos e revirou os olhos com a mesma expressão. Bufou. 

-Nojentas, definitivamente não sabem qual é o seu lugar. 

-Garotas do time de vôlei? –Perguntei confusa. –Por quê? 

-Elas acham que... –Claire levantou as mãos fazendo uma careta e uma vozinha aguda que definitivamente não era a sua. –Só porque temos um troféu da liga estadual, somos melhores. 

-Ah.  

Revirei os olhos junto dos meus amigos, logo no momento em que uma das garotas com uniforme de ginástica parou ao nosso lado fazendo uma expressão “superior” como a própria Claire havia dito. A ruiva lhe ergueu uma sobrancelha afastando-se para o outro lado do banco tentando ficar longe da garota, como se tivesse algo contagioso. A menina de cabelos negros em um rabo de cavalo nos abriu um sorriso divertido, mas tão cínico que me deu vontade de chamar o Raul... E não me refiro ao enfermeiro. Ergui uma sobrancelha já sentindo meu corpo entrar em defensiva só pela expressão da garota. 

-Então... –Me dirigiu o sorriso plástico. –Você é a aluna nova? Vejo que já arrumou alguns... Amiguinhos. 

-Pois é, pelo menos tenho alguns. 

Sorri também cínica, coisa que fez a menina hesitar na expressão por um momento. Franziu o cenho. 

-Isso se pode chamar eles de amigos. –Deu uma risadinha. –Mas quem sou eu para julgar? 

-O que quer, Davenport? 

Perguntou Claire já em tom irritado. A morena a olhou por um momento, abrindo o sorriso cínico mais uma vez. 

-Ah nada! Só falando com os novatos, sabe como é. Eles não tem muita noção das coisas por aqui, então só vim alertar. –Sussurrou para mim em seguida. –É bom ficar longe das plásticas. –Olhou para Josh em seguida. –Incluindo essa plástica afetada aí. 

-Ah garota! 

Josh revirou os olhos a olhando em desprezo. A garota sorriu. 

-A única plástica que vejo aqui é... Hm... –Olhei em volta por um momento como se estivesse procurando alguém. Meus olhos caíram na garota enquanto eu me levantava da mesa lentamente. Sorri parando de frente para ela. –Você. 

A garota morena ergueu uma sobrancelha e recuou um passo olhando-me surpresa. Acho que ela não esperava uma reação dessas vindas de mim, mas o que posso fazer? Aquela galerinha sentada na mesa ali eram meus amigos, e mexer com meus amigos era a mesma coisa que mexer comigo. Depois de se recuperar do susto pela minha resposta, a garota me olhou com o mesmo desdém que olhava para qualquer um dos meus amigos sentados na mesa e balançou a cabeça negativamente, em desaprovação. Levei as mãos até a cintura a observando, descrente. 

-Outra alma perdida, eu tentei. 

-Tentou o que, minha filha? 

Perguntei em um tom irritado, a garota balançou a cabeça negativamente. 

-Tentei te se salvar desse pessoal, mas fazer o que? Cada vadia já nasce etiquetada. Acho que achou sua ralé. 

Vadia? Ralé? Eu não sabia quem aquela garota pensava que era, mas uma coisa era certa: Nem mesmo nos seus pensamentos mais loucos ela era alguém para falar comigo daquela forma. Por um momento senti a raiva brotar em meus ouvidos e a adrenalina tomar conta do meu corpo. Você é a vadia! Com todas as forças no meu braço direito, ergui-o e de uma vez só virei um tapa no rosto da garota que logo se virou para mim com a pura surpresa estampada em seu rosto. Levou a mão até a marca vermelha, para só então parecer raciocinar e avançar sobre mim, dando-me vários tapas e puxando meus cabelos. Fiz o mesmo usando o poder de minhas unhas para arranhá-la. Eu não sei bem o que estava acontecendo em volta por causa do calor do momento, mas acho que havia ouvido uma galera gritando “Briga”. Poxa... Já estamos brigando? Só pude perceber isso quando senti meu corpo ser puxado para trás e de uma vez só, fui descolada da morena. Tentei ao máximo me libertar e socar mais aquela cara de piranha, mas as mãos eram fortes o bastante para me conterem. 

-Katie Davenport! Scarlet Hudson! As duas! Diretoria! Agora! 

Ótimo. Eu estava ouvindo certo? Meus olhos giraram confusos pela cantina onde várias pessoas me observavam em surpresa. Meus olhos caíram em meus amigos, que no local eram os únicos que tinham sorrisos incentivadores no rosto. Tentei não rir, mesmo estando nervosa e irritada como estava. Bom, pelo menos eu havia conseguido chamar a atenção que queria. Soltei um suspiro irritado enquanto em passos leves, acompanhava a monitora para fora da cantina, em direção ao meu próximo paradeiro: A diretoria. 

*** 

A diretoria não era diferente da dos Estados Unidos. Não que eu tivesse ido lá várias vezes, mas já havia ido buscar algumas amigas lá. Geralmente elas eram as encrencas, não eu... Mas pelo jeito as coisas haviam mudado. Katie e eu andamos cabisbaixas, sendo acompanhadas pela mulher que nos olhava de forma rígida enquanto caminhávamos pelos corredores gélidos da escola em direção ao complexos de salas do diretor, monitores e professores. Meus olhos pararam quando a mulher carrancuda olhou para outra atrás do balcão, que lhe abriu um sorriso, indicando-nos as cadeiras vagas do lado de fora da sala onde deveria estar o diretor. Meus olhos vagaram pelas cadeiras, onde pude ver um garoto de cabelos longos e... Skylar? Arregalei os olhos, completamente confusa ao ver minha irmã. O que Skylar estava fazendo ali? Ela também havia resolvido arranjar confusão? Que dia!

Senti mais uma vez a surpresa brotar em meu rosto, quando minha irmã me olhou confusa e em seguida abriu um sorriso para Katie, que retribuiu o cumprimento, abrindo pela primeira vez no dia um sorriso que ao meu ver não foi cínico. Se não soubesse que minha irmã estava aqui há apenas um dia, poderia dizer que eram até mesmo amigas. Senti vontade de vomitar. 

-Katie... 

-Sky. 

Se cumprimentaram. Sky? Olhei feio para a morena em quem havia batido há pouco tempo? Que intimidade era essa para chamar a minha irmã de Sky? Minha família e os amigos dela a chamam de Sky! Não você! A mulher carrancuda que havia nos trazido até ali, apontou para os bancos e obedientes nos sentamos, –eu, claro, o mais longe possível da “Katie”.  

-O que você está fazendo aqui? E como conhece ela?

Perguntei para minha irmã, indignada, enquanto esperávamos pela morte certa do outro lado da sala. Sky deu de ombros. 

-Problemas com o professor. –Sorriu. –E Katie? Fizemos aula de espanhol juntas. 

-Problemas com o professor? 

-Sim. –Me encarou claramente não querendo falar sobre o assunto. Ergueu uma sobrancelha. –E você? 

-...Briga? 

Minha irmã me olhou surpresa, e em seguida olhou para Katie, e depois para mim de novo parecendo só então fazer a ligação. Abri um sorriso forçado para ela tentando amenizar a situação, a surpresa em seus olhos era irritante. Eu posso ser durona também! Quando quero... 

-Uau. 

Grunhiu minha irmã fazendo uma caretinha. Revirei os olhos com sua surpresa enquanto víamos a porta do diretor se abrir, e logo em seguida sair um garoto de cabelos loiros de cabeça baixa e andando em passos lentos. Parecia desolado. Oh céus... O que nos esperava lá dentro? Olhei para Sky nervosa, relaxando ao ver que a expressão da minha irmã não estava tão aflita assim... Coisa que durou pouco tempo, pois, assim que olhei para a loira, sua face mudou completamente e além dos olhos arregalados, sua boca se abriu na maior surpresa, mantendo os olhos fixos na porta de entrada, coisa que me fez virar lentamente, com medo da imagem que poderia surgir... E estava certa. Adentrou a sala, assim que olhei, nosso pai, vestido em suas roupas sociais que usava para lecionar e nos olhos em total desaprovação assim que nos encontrou. Abaixamos as cabeças juntas. Papai caminhou até o diretor que apareceu na porta, apertaram as mãos. 

-Olá Sr. Hudson. 

-Olá Sr. Chevalier. Muito prazer. 

-Igualmente. Por favor, pode chamar suas filhas para entrar. 

Papai nem precisou e já estávamos ambas de pé e marchando de forma fúnebre em direção ao homem que nos condenaria. Sério? Primeira escorregada e já chamaram nossos pais? Papai olhou para mim confuso, em seguida olhou para o diretor. 

-Pensei que o chamado tivesse sido por Skylar. 

-Pelo jeito o senhor deu sorte. –Falou o diretor em um tom sarcástico. –Resolveram brigar em uma mesma hora. Isso lhe poupa uma viagem sobressalente até a escola. 

Papai nos olhou em reprovação enquanto nos sentávamos os três em cadeiras na frente da mesa do diretor. Engoli em seco sem conseguir sequer olhar para nenhum deles. Acho que estava constrangida demais com a situação. 

-Bom, Sr. Hudson. Como eu disse, Skylar está aqui por responder e insultar a um dos seus professores... 

-O que? -Papai perguntou indignado para minha irmã, Sky deu de ombros. –Skylar não é de fazer isso. Nunca foi. 

Garantiu para o diretor que deu de ombros. Sky abriu um sorriso sem graça. 

-Desculpe? 

Papai a olhou feio enquanto balançava a cabeça. O diretor limpou a garganta. 

-Não pareceu de grande agrado ao professor. Quais foram as palavras usadas? –Olhou por um momento para o caderno. –Ah sim... Hipócrita maldito? 

-Hipócrita imundo... 

Corrigiu Skylar em um murmuro. O diretor a observou por um momento junto com papai. Sr. Chevalier balançou a cabeça negativamente soltando um suspiro. 

-Em fim. Agora o que era um problema se tornou dois. Scarlet entrou em uma briga com uma de suas colegas na lanchonete. Quero deixar claro, que somos muito rígidos no colégio em relação a brigas. Muito, muito rígidos. 

-Mas eu estava me defendendo! –Protestei. –Ela que chegou... 

-Não importa, Scarlet! –Papai me chamou a atenção. –Eu não te criei assim! Sabe o que achamos de agressão! 

-Ah é claro! Agressão tudo bem! Mas pedofilia por outro lado! 

-SCARLET! 

Papai me silenciou surpreendendo-me completamente com seu grito, até mesmo Skylar se encolheu na cadeira. Meus olhos pararam no diretor, que tinha os dedos entrelaçados sobre sua boca com os cotovelos apoiados na mesa. Seus olhos pararam em mim, meu pai e em Skylar lentamente. Engoli em seco sentindo minha pressão cair. Acho que ia vomitar. 

-Me perdoe por isso, Sr. Chevalier. Não acontecerá de novo. Nenhum dos dois casos. 

-Assim espero, Sr. Hudson, já que um próximo deslize poderá ser dado como infração mais grave. Penalidade de até expulsão. Relevaremos os acontecimentos de suas filhas por entendermos que é apenas o primeiro dia de aula de ambas e que devem estar sobre pressão. Mas que não volte a acontecer. 

-Não irá. 

Garantiu meu pai enquanto se levantava da cadeira. Sky e eu fizemos o mesmo, enquanto matinha meus braços cruzados e a expressão irritada no rosto. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo, mas que inferno! Papai olhou curioso para o diretor que por uma última vez chamou nossa atenção. 

-Preciso que leve suas filhas para casa por hoje. 

-Entendido, senhor. 

Concordou meu pai enquanto com um aceno, saíamos todos da sala apertada. Skylar e eu tínhamos os olhares caídos no chão. Eu estava deixando a escola mais cedo, era um ponto positivo. Mas por que não me sentia vitoriosa? Skylar olhou para nosso pai cuidadosamente enquanto em passos largos caminhávamos em direção ao carro. Nenhum de nós tinha sequer um pingo de felicidade no rosto. 

-Hm... Pai? 

-Entrem no carro. –Mandou destravando as portas. –Vocês duas estão muito enrascadas.


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Notas finais do capítulo

Ok meninas, então é o seguinte: Só continuaremos a postar a fic com no mínimo 5 comentários. É, eu sei que é chato, mas, contudo, temos 7 leitoras, e só 3 comentaram no último capítulo...
Espero que tenham gostado! Reviews?



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