The Fallout escrita por Jules, Marina Temporal


Capítulo 2
Limitless


Notas iniciais do capítulo

Yeyyyyyy! Mais um capítulo! Bem, começamos a fazer os capítulos com um tamanho mais... comum para os capítulos da fic. Eles vão ter esse tanto de palavras e por ai vai indo. Espero que gostem da Scarlet!
Boa Leitura! :}



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/308386/chapter/2

Scarlet

“Redecorar o quarto”. Esse era o pensamento constante que eu tinha, repetindo várias e várias e várias e VÁRIAS vezes, para ver se eu conseguia fazer com o que sair com ela fosse ao menos... Não nauseante. Não importava o que pensava, as palavras do meu pai continuavam vindo o tempo inteiro na minha cabeça. “Nós vamos nos casar!” Ele falou com a voz mais feliz do mundo. Aquilo não podia acontecer! Ela tinha idade para ser minha irmã! Como ele ia casar com alguém que mal sabe o que é criar um filho? Se bem que isso não vem ao caso, já que minha mãe também não soube nos criar direito, mas em fim. A questão era: meu pai ia casar-se com uma mulher que podia ser minha irmã! Maldita crise da meia idade. Ele não podia comprar uma moto? Seria mais útil que ela.

Meu despertador já estava tocando há alguns minutos, o que me fez sorrir com o toque perfeito de Backstreet Boys. Ai, fala sério, eles eram maravilhosos! Uma peninha que nunca os conheci. Ainda sonhava em um dia em que estaria caminhando e um deles me olharia... E simplesmente se apaixonaria. E eu por ele. Éramos perfeitos um para o outro! Sempre. Os cabelos arrumadinhos, os sorrisos delicados, a voz sedosa... Não existia paraíso maior que aquele. Era a minha fantasia.

Levantei minha cabeça, arrastando meu corpo mole para fora da cama e esfreguei meus olhos, os mantendo-os fechados por um bom tempo. “Redecorar o quarto. Do seu jeitinho.” O pensamento não me apetecia nada. Eu preferia ter que escutar aquelas... ‘bandas’ que a Skylar escuta do que ter que aguentar aquela mulher... Digo, garota... Por um segundo sequer, quem diria um dia inteiro! Pois é, olha como a minha situação é grave. O cheiro de ovos e bacon subiu ao meu nariz, o que fez o meu estomago gritar. Mas não. Eu não podia me descontrolar agora. Não em uma cidade nova onde faz as famílias de filmes americanos parecerem perturbadas e descontroladas. Minhas mãos deslizaram a tela do celular, desligando um alarme e logo mandei uma mensagem de bom dia para as minhas amigas. Minhas amigas. Elas ficaram do meu lado até quando eu falei que teria que ir para Londres morar com o meu pai. E eu não poderia pedir amigas melhores. Sorri ao olhar a foto no grupo do WhatsApp, me lembrando a nossa viagem de despedida para Cancun. Ah... Como sentia falta daquele tempo!

-Callie?

Ouvi a voz forte do meu pai falando atrás da porta de madeira que separava o meu quarto do gigante corredor com mais três quartos, o que me fez revirar os olhos. Travei meu celular deixando o sorriso sumir, junto com as minhas lembranças da viagem.

-Sim?

Respondi sem emoção e pude o ouvir suspirando. Ótimo. Pelo menos ele tinha entendido o recado. Eu não seria obrigada a suportar aquela mulher, e ele tinha que ter essa ideia bem clara em sua cabecinha de meia idade. Nada nesse mundo ia me fazer gostar de Ellen. E eu não tinha o porquê de gostar dela. Agora de odiá-la...

-Se arrume. O café já está na mesa. Pode acordar sua irmã?

-Claro.

Coloquei meu celular em cima da mobília nova e intacta. Bem, acordar Skylar era quase uma missão impossível, mas eu aceitava o desafio. Abri a porta de correr do banheiro e o atravessei, me olhando no espelho. “É, precisamos eliminar esses quilinhos ainda.” Repeti para mim mesma e assenti. A balança estava mentindo para mim com toda a certeza. Ela indicava três quilos a menos de que eu necessitava, mas mesmo assim me via sempre podendo perder alguns a mais... Bem, sempre podemos melhorar, certo? Olhei para minha esquerda e entrei no quarto da Skylar, que era mais ou menos do mesmo tamanho que o meu, e pelo o que eu via, iria mudar muito. Ok, o meu também ia... Mas a Sky, tem um estilo bem... Único, e diferente do meu, isso para eu não precisar usar algum outro adjetivo que poderia ser considerado ofensivo para descrever o gosto da minha irmã. Algo naquela berração toda que sequer entendemos uma palavra do que o cara diz, isso não pode ser chamado de música! E ela ainda reclamava das minhas Boy Bands. Não dava para entender. Apesar de sermos gêmeas, tivemos a ‘sorte’ –se é que se pode chamar assim –de nascermos mais diferentes do que o Yin e Yang, mas assim como eles, nós nos completávamos.

-Skylar, acorda.

Falei em bom tom, mas nenhum músculo fora mexido. Sempre foi assim, a casa podia estar pegando fogo ou sendo demolida, meteoros podiam cair e os dinossauros voltar a andar que ela não acordaria. Já eu? Acordo com o mais leve dos movimentos. Deixa eu explicar, quando Sky estava sozinha, ela se infiltrava em sua bolha e ninguém conseguia ultrapassá-la. Isso só acontecia em duas ocasiões: quando ela estava desenhando, ou quando ela estava dormindo, o que era o caso.

-Skylar?! Skylar!

Nada. Às vezes eu me preocupava se ela havia entrado em coma. Olhei bem para minha irmã tentando ver se ela respirava. Revirei os olhos, impaciente.

-Caralho Skylar! –Falei agora mais alto e peguei um travesseiro que estava jogado no chão. –Já falei para você acordar!

O travesseiro agora voava na loira de cabelo na cintura –por falar nisso, eu morria de inveja, porque o meu nunca crescia –que dava um pulo em resposta ao choque do travesseiro em seu rosto. Eu sorri vitoriosa e ela já começou a resmungar.

-Precisa ser azeda desse jeito Scarlet?

Ela franziu o cenho enquanto jogava o travesseiro no chão mais uma vez.

-Primeiro, -Fiz o numero um com o dedo –sim, porque eu te chamei três vezes e você não acordou. Segundo, -levantei outro dedo –para de franzir a testa que você vai acabar ficando cheia de rugas antes dos 30. A pele é nossa amiga Sky, eu não sei por que você trata a sua tão mal.

-Vai se foder, Scarlet.

Resmungou minha irmã coçando os olhos, com um lado do cabelo apenas amassado pelo travesseiro. Tentei não rir com a cena.

-Bom dia para você também irmãzinha.

Voltei para o banheiro e tomei um banho rápido, só para tirar o peso do sono do meu corpo e me esquentar já que Londres era mais frio que o Alaska de manhã... Ok, talvez nem tanto. Vesti uma blusa, uma jaqueta, uma calça skinny, e claro, meus melhores amigos: os saltos. Olha, eu não era a maior pessoa do mundo, então eu dava graças a Jesus que alguém tinha inventado esses saltos –apesar de Skylar dizer que foram inventados por homens para aumentar a nossa bunda- justamente de empinar minha bunda, como me deixar também com as pernas mais bonitas e em benefício ainda ficar maior. Skylar andou até o banheiro –ou melhor, se arrastou –como fazia em todas as manhãs e me deu olhar ainda no meio entre o dormir e o acordar. Revirei os olhos enquanto ela soltava um gemido irritado e ligando as torneiras entrava sob a água gelada que a fez pular de uma vez só. Balancei a cabeça negativamente enquanto sequer tentava segurar a risada. Minha irmã era uma pessoa peculiar, devo admitir. Se fosse de falar mais, talvez pudesse fazer mais amigos.

Depois do banho revigorante de Sky, –e de eu brigar trezentas vezes com ela por insistir em calçar suas Uggies -descemos as escadas e papai já nos esperava com... Ellen. Sentamos uma ao lado da outra na mesa, de frente para os dois “adultos” da casa.

-Animadas para um dia de garotas?

Ellen sorriu para nós e eu só pude dar um sorriso falso, enquanto Sky concordava com a cabeça como um maldito cachorrinho feliz. Revirei os olhos enquanto dava um gole em meu suco de laranja, que, aliás era a única coisa que colocaria no estômago, já que queria perder alguns quilinhos. Recebi olhares curiosos de papai, pelo jeito por querer controlar o que eu comia ou deixava de comer, mas ele deve ter percebido que esse assunto não era de sua conta, já que assim que Sky começou a distraí-lo com uma discussão onde debatiam como a Land Rover era melhor que a Range Rover, ele se esqueceu completamente de que eu estava ali. Olhei para minha irmã em agradecimento. Ela sabia como falar desse assunto era complicado para mim e pelo menos para me salvar de conversas constrangedoras ela servia. Ellen me abriu um sorriso enquanto comia uma garfada de ovos. Revirei os olhos. Queria só ver quando ela ficasse gorda e velha, papai não iria a querer novamente e partiria para mais uma menina de vinte e dois anos. Ergui uma sobrancelha ao ver que a Land Rover ganhava a discussão. Ah não, não, eu sempre gostei mais da Range Rover, ele era claramente um carro de maior estilo. Sky sempre me deserdou por dizer isso, mas tenho certeza que no fundo ela sabe que digo a verdade. As pessoas nunca acreditavam o quanto éramos diferentes.

(...)

A viagem até o armazém foi um absurdo de tão infernal. Hoje eu iria sentada na frente, o que significava que Sky poderia escolher as músicas... Péssimo acordo. Ela colocava umas músicas com uma gritaria insuportável, que dava dor de cabeça em qualquer ser humano normal. Ela apresentou essas bandas para Ellen, enquanto eu tentava fugir dessa faladeira toda conversando com as minhas amigas. Se Ellen tivesse pelo menos um pedaço de cérebro, –o que eu imaginava que não tinha –iria, assim como eu, perceber que isso não era música e sim um grande pedaço de lixo.

-Bom meninas –Ellen sorriu estacionando o carro. –Vocês podem comprar o que quiserem para decorar o quarto de vocês. Procurem direitinho e assim que terminarem estarei esperando no caixa.

-No caixa? Mas estava realmente contando com sua ajuda... Tem bom gosto.

Como sempre a puxa saco infernal da minha irmã, recebeu meus olhares irritados ao convidar a pessoa não digna de nome para se juntar a nós. O que aquela vadia de mesmo sangue que o meu estava tentando fazer? Ela estava se divertindo com minha raiva, não estava? Cachorra! Não iria dar esse gostinho para ela... Pelo menos não agora. Tentei manter minha expressão o mais normal possível e sorri, fingindo que sequer tinha ouvido seu convite. Ellen olhou-me pelo retrovisor enquanto dava de ombros.

-Tudo bem então. –Sorriu para Sky. –Vou adorar ajudar.

Desfivelou seu cinto enquanto junto de mim e minha irmã, descia do carro em direção à loja. Não discuti. Sky e saímos do carro, indo quase correndo para dentro da loja gigante, pois afinal: Não é todo o dia que ganhamos uma decoração livre e totalmente de graça para o nosso quarto. Parei por um momento imaginando as mil opções que poderia ter em meu quarto! Estava tão entretida que até mesmo consegui esquecer a presença de minha irmã e da minha insuportável... Futura madrasta. Tentei afastar o pensamento. O meu quarto ia ser um quarto típico de uma adolescente americana: um quadro de cortiça gigante para colocar as fotos, luzes do tipo natalinas, mas que não piscam, e são de cores normais, vários abajures de mesa e de teto e algumas cartolinas coloridas para eu escrever uma frase ou duas na parede, ou seja, eu ia recriar o meu quarto. Uma coisa artística! Diferente! Minha cara! Eu já até mesmo conseguia vê-lo em minha mente. Abri um sorriso enquanto olhava em volta. Ok... Agora à caça.

Nunca imaginei que essas coisas fossem fáceis de achar, mas já que tudo era separado em categorias, minha vida foi bem facilitada. Peguei um carrinho para colocar as coisas e sem dó do bolso do papai, -afinal, ele me devia isso –coloquei tudo o que eu queria e até mesmo algumas coisas que não tinha certeza se queria lá dentro, só para deixar o meu quarto mais fabuloso ainda do que eu queria. Depois de muitas discussões, filosofadas, estudo de moda e estilo dos quartos, e vários “Sky, você é uma menina! Isso é coisa de menino! Larga agora!” e “Para de ser princesinha Callie! Olha quanta coisa rosa você comprou! Escolhe outra cor!” e as vezes um “Ah, eu gostei disso.”, Skylar comprou um banco que pendurava no teto, uma daquelas coisas psicodélicas que parece que você fumou alguma substancia... Não legal, e algumas tintas de cores muito loucas e escuras. Talvez Sky tivesse demais do papai. Aquele mais se parecia com um quarto que ele faria para a sua filha. Seria mais fácil se já tivesse deixado o quarto da minha irmã pronto. Só me faltava ela comprar um quadro com aquele monstro horrível estampado no braço do nosso pai para colocar na parede. Qual era o nome dele mesmo? Qureitous? Não importava.

Mas isso tudo era o básico. Nós compramos ainda mais acessórios de mesa para nossos computadores e mesas de cabeceira. Fora a lanterna, abajur, seja lá o que aquela gosma era, eu escolhi um despertador para ela, e alguns aparadores de livros. Sky escolheu um abajur que você conseguia escrever nele e um despertador novo, depois de muito insistir e reclamar que não aguentava mais acordar com Backstreet Boys para mim. Como assim? As músicas eram tão viciantes. Mas Ellen parecia me defender, então fiz questão de ceder aos desejos irritantes da minha irmã de acordar com um alarme típico. Aquela coisa gostava de Backstreet também? Mas é claro que sim! Assim como eu, Ellen também era uma adolescente. Aposto que em sua lista de leitura havia Harry Potter.

-Acho que isso é tudo.

Skylar torceu o nariz enquanto olhava em volta provavelmente tentando ver se não estava se esquecendo de nada, fiz o mesmo. Tínhamos três carrinhos cheios, isso contanto com os móveis, enfeites e tudo mais. Se papai não tivesse tido o bom senso de colocar uma cama de casal em nossos quartos, eu teria o feito comprar uma nova também.

-Acabou?

Perguntou ela curiosa.

-Sim, sim! Obrigada! Acho que não falta nada, a não ser uma playlist de fundo melhor.

Olhei para Ellen com a mesma alegria de um corvo, enquanto Sky agradecia por aquilo e levava nossas coisas para o caixa, que passou nossas coisas com muito mau humor e falta de carinho. É, não era ela que estava pagando mesmo. Ellen passou o cartão que meu pai provavelmente tinha dado para ela e nós seguimos para sua BMW X1 –aposto que outro ‘presente’ do meu pai. Eu ia ficar tão feliz com esses presentinhos se ele me desse –rezando para que coubesse tudo lá dentro. Ok, eu havia ganhado uma decoração, mas... Bem! Não era uma BMW!

Chegando em casa, papai nos ajudou a tirar as coisas do carro e levá-las cada uma para o nosso quarto. Como era fim de semana, ele havia conseguido voltar mais cedo para casa e ficar com a gente para não nos matarmos tentando montar todos os móveis novos.

-E então... Se divertiram?

Perguntou esperançoso, revirei os olhos enquanto entrava em meu quarto para arrumar minhas coisas, deixando para trás um “sim, sim” nada convincente e mais uma vez tentava o castigar do meu jeitinho por ser tão... Inconveniente e estragar nossas vidas.

O resto do dia passou rápido, já que a tarde eu e Sky aproveitamos para arrumar os nossos quartos e ajudar uma a outra a completar o serviço, mas é claro, sempre sendo atrapalhadas por nosso pai ou por Ellen, que ao nos interromper uma vez quase fez o banco que estávamos pendurando no quarto de Sky cair sobre a minha cabeça. Depois me perguntam por que eu não gosto dela. Eu achei bem interessante o que Sky fez em seu quarto no final das contas. Estava uma coisa bem legal, combinou bem com o carpete branco e tudo mais... Bem anos 70. Tenho que admitir que eu adorei aquela cadeira redonda erguida no teto por uma corrente. Eu poderia ficar sentada nela o dia todo... Isso se ela não caísse. Papai disse que não iria cair, mas caso acontecesse, o móvel em formato de ovo viraria omelete.

Quando nós acabamos, já estava quase na hora do jantar, só nos dando tempo para tomar um banho para tirar o suor e cansaço do nosso corpo por ter trabalhado o dia inteiro. O jantar era bem... Comum, não posso reclamar. Ellen tinha feito frango, vegetais e arroz, e assim que descemos papai nos serviu, logo, colocando um prato cheio para nós duas. Eu me sentei e encarei aquele prato cheio de comida e balancei negativamente a cabeça. Ele estava a favor de mim ou não? Realmente pensei que ele soubesse dos meus problemas, por que estava fazendo aquilo? Olhei para ele de forma intuitiva, mas ele me olhou de forma tão inocente que foi quase ridículo. O odiava por fazer isso comigo. Eu sabia que precisava comer eu só não... Queria. Dei duas mordidas no frango e comi uma folha de alface, já estava satisfeita. Não demorou muito para os olhares de Ellen me caçarem.

-Não gostou da comida Callie? Eu sei que não sou uma cozinheira, mas...

-Não. Está ótimo, -Garanti olhando frustrada para meu prato. Engoli em seco. -Eu só estou sem fome...

Nove. Esse era o número de vezes que eu já tinha falado essa frase em dois dias, porém, todas elas uma mentira. Meu pai deixou a mão cair pesadamente na mesa, e Sky olhou para mim preocupada, enquanto brincava com seu garfo na mão.

-Scarlet, você não pode...

-Pai!

Falei com a voz mais alta que a dele e mais séria. Ele levantou os olhos para encontrar os meus e eu ‘fechei a cara’ como diria a minha avó toda vez que falávamos sobre comida. Um momento de silêncio tomou conta do espaço e o clima de repente ficou pesado, desagradável. Ele olhou para mim e me pareceu que estava prestes a falar algo, mas eu não queria ouvir. Não hoje. Nem nunca.

-Boa noite.

Tirei o meu prato da mesa e corri para o meu quarto com todas as forças em minhas pernas, batendo com a porta e olhando para a nova decoração. Por que ele estava fazendo isso comigo? Não poderia fazer por meu bem. Ele sabia que esse era um pesadelo para mim. Por que tinha que me fazer passar por essa desgraça? Senti meus olhos arderem, mas disse para mim mesma que não iria chorar. Prendi a respiração enquanto olhava séria para meu quarto, pousando os olhos em minha parede. Senti meus batimentos cardíacos diminuírem o ritmo quando fiz e de repente, a saudade tomar conta do meu peito.

Eu tinha feito a frase ‘AND AFTER ALL, YOU’RE MY WOLDERWALL’ em tinta preta na parede e tinha colado as milhões de fotos que eu tinha com meus amigos, com o papai, e com a Sky em volta da frase. As luzes eram fracas, e faziam o contorno das letras perfeitamente. As fotos eram engraçadas e fofas e me faziam lembrar o quanto eu sentia falta de casa, e dos meus amigos, e da minha vida, que foi tirada um pedaço quando eu tive que me mudar para esse país de clima frio que só serve para dar espinhas e... O que diabos é isso? Tive meus pensamentos melancólicos e lindos tirados de minha mente de uma vez só, quando escutei um barulho infernal vindo do lado de fora da casa. Arregalei os olhos surpresos. Skylar havia ligado o seu rádio novo? Escorreguei a porta do banheiro, colocando a cabeça para dentro, mas me surpreendi ao não ver movimento em seu quarto. Na verdade, o barulho estava vindo do outro lado... Mas onde? Ótimo! Será que agora tínhamos vizinhos maloqueiros?

Andei até a minha janela do quarto e olhei bem para a grande janela ao lado, não muito longe de onde a minha estava. Torci o nariz. Do outro lado do vidro, pude ver um menino magro com um piercing em cima da boca, tocando violão e gritando feito um louco pelo quarto. Qual. Era. A. Dele? Fiquei por um momento observando a cena e tombei a cabeça para o lado. Ele fazia uma espécie estranha de voz normal com aqueles gritos horríveis que Skylar gostava de ouvir em seus fones de ouvido, ou então me torturar ao conectar seu iPod no som do carro. Quando cantava normal, sua voz era bem bonita, devo dizer... Mas não para estar em uma Boy Band, é claro. Porém, ele logo estragava com aqueles gritos que me davam nada além de tique nervoso. Meus olhos estavam arregalados. Mas era só o que me faltava! Antes que eu pudesse sequer pensar em uma reação, ele pegou o meu olhar, coisa que por reflexo, me fez revirar os olhos, fechando a cortina logo em seguida e voltando para a minha cama, tentando arduamente dormir. Isso... Dormir! Era exatamente o que eu precisava. Eu tive um dia cheio, estava cansada e meu corpo já cantava por cansaço... É claro que não cantava mais alto do que meu vizinho.

Coloquei o travesseiro nas orelhas e fiz uma careta tentando abafar o som infernal. Pelo amor de Deus, aquilo não é música! Será que alguém pode avisá-lo? Bufei fechando os olhos com força e mordendo a língua, forçando meu corpo a entrar em um lugar de paz e conseguir finalmente relaxar, já que havia falta de silencio que o meu querido vizinho fazia questão de me presentear com. Soltei um suspiro irritado enquanto virava de um lado para o outro. Será que morando ali do lado dele eu conseguiria dormir novamente? Eu duvidava. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? Comentem! Comentem e nos digam o que acharam!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Fallout" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.