Skyscraper escrita por Constantin Rousseau


Capítulo 10
"I'll never let you go"


Notas iniciais do capítulo

"Eu jamais irei deixar você ir"



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As entrevistas são feitas um dia antes de os Jogos serem oficialmente iniciados. Se dissesse que não pensei muito no que diria, no que faria, eu estaria mentindo descaradamente. Afinal, minha suposta personalidade sob os holofotes irá decidir quem eu sou, e até onde sou capaz de ir. Se não tiver sangue quente e uma boa estratégia, não haverá nenhum patrocinador, e as coisas podem se tornar um pouco complicadas sem eles.

Não no que diz respeito a matar. Não no que diz respeito a caçar os outros tributos. Mas, se quisermos ser os melhores, apenas a força de vontade não basta, apenas o desejo de matar não é o suficiente. E, se for preciso ser o que eles querem para permanecer vivo até o final do jogo, que assim seja. Nada disso vai mudar quem eu sou, ou o que farei dentro da arena. Portanto, quando me metem num maldito terno, e me fazem usar sapatos desconfortáveis, tento simplesmente ignorar, concentrando-me nas possíveis perguntas de Caesar, e nas prováveis respostas que darei. É um passatempo divertido, mesmo quando me uno a todos os outros tributos, e nos dirigimos em fila única aos nossos assentos.

À minha frente, Clove anda com graça e feminilidade, as mãos balançando lentamente ao lado do corpo pequeno. Talvez eu nunca tenha me dado conta, mas... Bem, ela é uma garota, se é que me entendem. Nunca a imaginei dessa maneira, usando vestidos e saltos, até porque, em nosso Distrito, esse não é o tipo de vestimenta que as mulheres usam até depois da maioridade, quando já não podem mais participar dos Jogos. Até então, eu não prestava muita atenção na aparência de minha melhor amiga. Ou em como ela aparentava ser delicada.

Continuo a observando mesmo quando Caesar Flickerman entra, faz as palhaçadas costumeiras, e inicia as entrevistas. Observando seu cabelo longo, as sardas salpicando a pele não somente das bochechas, mas também dos ombros; observando o vestido, e como Clove parece estranhamente frágil dentro dele.

Mas, por mais incrível que isso soe, naquele momento...

— Está muito bonita. — soltei meio que sem pensar, antes mesmo de ter a chance de escolher melhor as palavras que usaria.

Ela me encara. Por um momento, tenho a impressão de que receberei um soco, e terei de conter uma pequena furiosa; o que é tecnicamente ilegal, considerado o fato de que brigar com qualquer tributo fora da arena é contra as regras. Mas, então, Clove simplesmente desvia os olhos, fitando Marvel ainda no palco. A observo, sem conseguir deixar de notar o leve rubor que toma suas bochechas e destaca suas sardas, antes de ela responder num tom baixo:

— Obrigado.

É quando a campainha soa, e a vejo caminhar em direção a Caesar. E, por algum motivo, a cada passo que ela dá, a cada pequeno centímetro que se afasta de mim, meu coração bate mais rápido. Estou com um pressentimento ruim, uma sensação esquisita na boca do estômago.

Como se jamais devesse deixá-la partir.


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Notas finais do capítulo

Depois de tanta "raiva", chega a ser até estranho fazer um capítulo assim. Não me culpem, foi mais forte que eu! ^^